Disciplina do Jejum - Mateus 6.16-18
Introdução: Com que frequência e com que extensão temos
pensado a respeito disso? Que lugar o jejum ocupa em toda a nossa perspectiva
da vida cristã e da disciplina nela envolvida? Sugiro que a verdade provável é
que apenas mui raramente temos meditado sobre isso. Porventura já jejuamos
alguma vez? Porventura já nos ocorreu pensar demoradamente sobre a questão do
jejum? O fato é que toda essa questão parece haver sido inteiramente excluída de
nossas vidas, e até mesmo de nosso pensamento cristão, não é verdade? Martin
Lloyd-Jones.
1) O que não é o jejum.
Resultado das
excessivas práticas religiosas (Lc 18.10-14). É uma prática religiosa destituída de espiritualidade
(Mt 6.1: “Guardai-vos de exercer a vossa
justiça diante dos homens, com o fim de serdes vistos por eles; doutra sorte
não tereis galardão junto de vosso Pai celeste”). Um exemplo são as vigílias,
isto é, abstenção de dormir a fim de atender à oração. Paulo, nos adverte: “...com efeito, tem aparencia de piedade,
como culto de si mesmo, e falsa humildade, e rigor ascético; todavia, não tem
valor algum contra a sensualidade” (Cl 2.23).
2) O jejum da Bíblia.
Nas Escrituras o JEJUM
refere-se à abstenção de alimento para finalidades espirituais. É diferente da
Greve de fome, cujo propósito é adquirir poder político ou atrair atenção para
uma boa causa. É diferente, também, da dieta de saúde, cujo propósito é físico e
não espiritual.
Na Bíblia, portanto, os meios normais de jejuar envolviam abstinência
de qualquer alimento, sólido ou líquido, excetuando-se a água. No jejum de
quarenta dias de Jesus, diz o evangelista que ele “NADA COMEU” e ao fim de
desses quarenta dias “TEVE FOME”, e Satanás o tentou a comer, indicando que a abstenção
era de alimento e não de água (Lc 4.2).
Às vezes se descreve o que poderia ser considerado JEJUM PARCIAL. O profeta Daniel,
durante três semanas, não comeu “manjar
desejável, nem carne nem vinho entraram na minha boca, nem me untei com óleo
algum” (Dn 10.3). Temos, também o JEJUM
ABSOLUTO, ou abstenção tanto de alimentos como de água. Que parece ser uma
medida desesperada para atender a uma emergência extrema. Após saber que a
execução aguardava a ela e ao seu povo, Ester instruiu a Mordecai: “Vai, ajunta a todos os judeus....e jejuai
por mim, e não comais nem bebais por tres dias, nem de noite nem de dia; eu e
as minhas servas também jejuaremos” (Et 4.16). Paulo fez um jejum absoluto
de tres dias após seu encontro com o Cristo vivo (Atos 9.9).
O único jejum público anual exigido pela lei mosaica era
realizado no dia da expiação (Lv 23.27). Era o dia do calendário judaico em que
o povo tinha o dever de estar triste e aflito como expiação por seus pecados. Os
jejuns eram convocados, também, em tempos de emergência nacional: “Tocai
a trombeta em Sião, promulgai um santo jejum, proclamai uma assembleia solene”
(Jl 2.15). Quando o reino de Judá foi invadido, o rei Josafá convocou a nação
para jejuar (2 Cr 20.1-4).
Em 1756 o rei da Inglaterra convocou um dia de solene oração
por causa de uma ameaça de invasão por parte dos franceses. João Wesley
registrou este fato em seu Diário, no dia 06 de fevereiro: “O dia de jejum foi um dia glorioso, tal como Londres raramente tem
visto desde a Restauração. Cada igreja da cidade estava mais do que lotada, e
uma solene gravidade estampava-se em cada rosto. Certamente Deus ouve a oração,
e haverá um alongamento de nossa tranquilidade”.
3) Jesus e o Jejum.
“Quando jejuardes, não
vos mostreis contristados como os
hipócritas: porque desfiguram o rosto com o fim de parecer aos homens que
jejuam”(Mt 6 v.16).
Os hipócritas quando jejuavam não lavavam o rosto, nem ungiam suas cabeças;
alguns, colocavam cinzas sobre as cabeças. Queriam chamar atenção ao fato que
estavam jejuando, por isso mantiveram a aparência de miseráveis, infelizes.
As pessoas diziam: “Ele é uma pessoa de uma
espiritualidade fora do comum. Olhe para ele, olhe o que ele está sacrificando
e sofrendo por causa de sua devoção a Deus”. Jesus, no entanto, ensina: “Voce não deve soar a trombeta
proclamando as coisas que você irá fazer. Você não deve pôr-se de pé nas
esquinas das ruas ou em lugares proeminentes na sinagoga quando você for orar. E,
da mesma maneira, você não deve chamar atenção ao fato que está jejuando.
“Tu, porém, quando
jejuares, unge a cabeça e lava o rosto; com o fim de não parecer aos homens que
jejuas, e, sim, ao teu Pai em secreto” (VS.Mt 6. 17-18). Ou seja, a única coisa que importa é
que a nossa relação com Deus esteja correta, e que o nosso objetivo seja
agradar ao Senhor. “E teu Pai que vêm em secreto, te recompensará”: “QUE OS
HOMENS NÃO TE OUÇAM, NÃO TE AMEM E NEM TE LOUVEM”.
Conclusão: por que Jejuar?
Objetivo do Jejum
O jejum deve sempre centrar-se em Deus. Deve ser de
iniciativa divina e ordenado por Deus. Como a profetisa Ana, precisamos cultuar
em jejuns (Lc 2.37). Como no caso daquele grupo apostólico de Antioquia, “servindo
ao Senhor” e “jejuando” devem ser ditos
de um só fôlego (Atos 13.2). C.H. Spurgeon escreveu: “Nossas temporadas
de oração e jejum no Tabernáculo tem sido, na verdade, dias de elevação; nunca
a porta do céu esteve mais aberta; nunca nossos corações estiveram mais próximos
da Glória central”.
Deus interrogou o povo do tempo de Zacarias: “Quando
jejuaste... acaso foi para mim que jejuaste, como efeito para mim?” (Zc
7.5). João Wesley declarou: “Primeiro,
seja ele (O JEJUM) feito para o Senhor com nosso olhar fixado unicamente nele. Que
nossa intenção aí seja esta, e esta somente, de glorificar a nosso Pai que está
no céu”.
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