O apóstolo da China - irmão Yun: "o homem do céu".
Um dos
principais líderes da Igreja clandestina chinesa, Liu Zhenying, o Irmão Yun,
tem uma trajetória marcada pelo sofrimento por amor a Cristo.
Nascido em
1958, Yun veio ao mundo numa aldeia pobre da província de Henan, região central
da República Popular da China. Era uma época de extrema repressão política no
país, quando a Guarda Vermelha da Revolução Cultural espalhava o terror entre
os considerados inimigos do regime. Como a Bíblia era um livro proibido e
pregar o Evangelho, um crime contra o Estado, só mesmo uma evidente
manifestação do poder de Deus poderia levar alguém a crer em Jesus. E ela
aconteceu quando o pai de Yun, abatido por um câncer mortal, teve a saúde
restabelecida, fato atribuído pela família a um milagre divino. A partir dali,
a casa da família virou uma igreja doméstica, onde o nome de Jesus era pregado
entre portas trancadas e janelas cerradas. Uma congregação sem bíblias, mas com
extremo ardor missionário, nasceu.
Nasce um
pregador – “Eu tinha 16 anos de idade quando o Senhor me chamou para segui-lo”,
lembra Yun. Seus primeiros passos na fé foram marcados por situações inusitadas
– como certa vez em que sonhou que dois homens lhe davam uma Bíblia. Por toda a
China, pouquíssimos exemplares das Escrituras resistiram às fogueiras do
Partido Comunista. Apenas a leitura do Livro Vermelho de Mao Tsé-Tung era
permitida. Após orar e jejuar semanas a fio por uma Bíblia, os dois homens que
vira no sonho foram sorrateiramente à sua casa e lhe entregaram um exemplar da
Palavra de Deus. Após ler e decorar passagens inteiras, o jovem Yun ouviu
alguém lhe dizer, no meio de uma noite, que seria enviado a pregar o Evangelho.
Pensou que era sua mãe quem o chamava, mas após ouvir a voz mais duas vezes,
entendeu, à semelhança do que ocorreu com Samuel, que era o próprio Deus que o
comissionava como sua testemunha.
Em pouco
tempo, a história do rapaz que havia recebido “um livro do céu” correu a
região. Yun começou a ser chamado a várias vilas, sempre encontrando pessoas
ávidas por ouvi-lo. Batizava os novos convertidos às escondidas, durante as
madrugadas. “Multidões se convertiam todos os dias”, relata em seu livro.
Começou a ser perseguido, e à semelhança dos apóstolos do Novo Testamento,
compartilhava a Palavra de Deus por onde ia ou era levado – inclusive na
cadeia. Chegou a passar três anos preso, e numa dessas detenções conseguiu
fugir inexplicavelmente pelo portão principal da penitenciária. Esteve com a
vida por um fio diversas vezes, como na ocasião em que jejuou por mais de 70
dias. “Tenho fome de homens e almas”, dizia resolutamente aos que lhe
aconselhavam a comer.
Para Yun, os longos períodos de prisão, embora o afastassem
da igreja, da mulher, Deling, e dos dois filhos, eram uma oportunidade e tanto
para evangelizar os companheiros de cela. “Eu fiz um acordo com o líder da
prisão, que se eu fizesse bem as minhas tarefas, ele me deixaria ficar com a
minha Bíblia”, lembra. “A maioria dos prisioneiros não eram criminosos perigosos
e descobri que muitos deles tinham membros da família que eram cristãos”. Após
sucessivos processos, foi solto pela última vez em 1999 e fugiu da China com a
família, primeiro para Myanmar e depois para a Alemanha, onde obteve a condição
de refugiado. Mesmo no Ocidente, Yun mantém contato frequente com a Igreja
clandestina chinesa e atua mobilizando a comunidade evangélica internacional em
favor dos crentes perseguidos de seu país. Ele fundou a missão Back to
Jerusalem (“De volta a Jerusalém”), que treina missionários para pregar o
Evangelho na chamada Janela 10-40, região imaginária situada entre aqueles
paralelos geográficos e que inclui as nações menos evangelizadas do mundo,
inclusive a China.
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