O antes e o depois Tt 3.1-7
Introdução
Habitamos um mundo visível e tangível que experimentamos por meio dos sentidos e medimos em unidades de tempo e espaço. Também habitamos. Também habitamos um mundo eterno e intangível, invisível. Portanto, para os cristãos temos duas cidadanias, a terra e a do reino de Deus. Contudo, estamos cegos pelas preocupações temporais ou escravizados pela tirania da urgência.
recebeu a tarefa de revelar o universo invisível
para nossa família, amigos, colegas, vizinhos. O mundo está cerceado pelo que
vê, por aquilo que enxerga. Então, fomos comissionados, chamados, temos o “ide
por todo mundo e pregai o evangelho a toda criatura (Mc 16.15)” e levar o conhecimento da “graça que se manifestou salvadora para todas as pessoas” (Tt
2.11).
1)
E
as autoridades?
O apostolo Paulo exorta os cretenses quantos as autoridades constituídas. “Lembra-lhes...” (ARA) , “Recorda-lhes”(A21), “Admoesta-os...” (ARC), e emenda “...que se sujeitem aos que governam, às autoridades...”. Os governantes em todas suas esferas são autoridades constituídas por Deus e devem ser respeitadas e obedecidas. O apostolo Paulo, escrevendo aos Romanos “...Não há autoridade que não venha de Deus” (Rm 13.1).
Essa exortação, ou ordem, de Paulo foi dada em virtude das tensões sociais e políticas que pairavam na ilha de Creta. Políbio, historiador grego, diz que os cretenses estavam constantemente envolvidos com “insurreições, assassinatos e guerras destruidoras”.
No entanto, a obediência civil tem limites. O Estado não é
dono da consciência dos homens. Sempre que o estado se torna absolutista e
opressor, invertendo e subvertendo a ordem, promovendo o mal e coibindo o bem,
os cristãos tem o direito e até o dever de desobedecer. O Apostolo Pedro e
João, diante das autoridades que tentavam calá-los, respondeu: “Antes, importa obedecer a Deus do que aos
homens” (Atos 5.29).
Temos que orar pelas autoridades, mas, não aceitar
passivamente atos condenáveis. O governo atual defende o aborto e nós, como
cristãos, devemos pautar nossas convicções na Palavra de Deus. O governo atual
defende cirurgia redesignação sexual, tudo bancado pelo imposto do brasileiro.
O governo atual defende os terroristas, países com viés ideológico comunista.
Como cristão, nossa mente não está aprisionada numa ideologia politica mas na
Palavra de Deus.
2)
Sendo
igreja
“Não promovam a calúnia de ninguém.” (Tt 3.2), “Não difamem ninguém...”, “Não destruir a reputação de ninguém”. A palavra “difamar”, “caluniar” é a tradução da palavra grega “blasphemo”, que vem da palavra “blasfêmia”. Ela significa “amaldiçoar, caluniar, ou tratar alguém com desdém”.
A difamação é um assassinato moral. É usar a espada da língua
para ferir e destruir a reputação das pessoas. O cristão não deve caluniar
ninguém. O pecado da língua é um dos mais devastadores da sociedade. A língua é
fogo e veneno. Ela mata e destrói.
“...que ninguém
difame...”. Talvez a
forte tentação que um cretense novo convertido ao cristianismo tivesse fosse
ridicularizar os pagãos em sua forma de adoração. Não é sábio difamar, injuriar
as coisas que as outras pessoas reputam sagradas. Conquistaremos as pessoas
mediante uma vida graciosa, santa e cheia do poder do Espirito Santo.
“Não sejam contenciosos...”, “Não sejam altercadores...”, “nem ser dados a brigas...”. Altercar é criar confusão, provocar contendas, envolver em discussões que ferem as pessoas e acabam com os relacionamentos. Os cretenses eram acostumados, pela cultura da ilha em atacar os outros em seus hábitos, sempre querendo arrumar confusão com outras pessoas.
“Mas moderados...”, “ou cordatos...”. A palavra grega é “Epiekes” combina as ideias de
“dignidade” e “razoabilidade”. Descreve a pessoa que não se atém somente a lei.
O homem cordato está sempre pronto a temperar a justiça com a misericórdia. O
espirito cordato honra o espirito da lei, em vez de se ater rigidamente à letra
da lei.
“mostrando genuína mansidão para com todos os homens”. A palavra grega “prautes” usada pelo apostolo vem de praus, “manso”. Essa palavra descreve uma pessoa cujo temperamento está sempre sob controle. Ser manso, não é um atributo natural, não é uma virtude mas é GRAÇA! É possível se levantar para alguém que atormenta os outros sem partir para a briga ou sem responder de forma irracional.
3)
Antes
e o depois
“Pois antigamente nós mesmos”, diz o apostolo Paulo, acentuando o antes e o depois da vida cristã. O antes da vida dos cretenses, ou vida de qualquer um de nós era sem salvação, sem esperança e sem Deus. O grande pregador do século XVIII, George Whitefield, quando via alguém caído na sarjeta, dizia: “Ali estaria eu, não fora a graça de Deus’.
“Éramos insensatos...” ou “Éramos néscios...”, “Não tínhamos juízo”. Nossa mente estava
corrompida pelo pecado. No grego a palavra “anoetos” significa “ignorante”,
“sem inteligência”, “embotados”, “insensível espiritualmente”. Nossos conceitos
estavam errados, nossos valores distorcidos e nossos desejos corrompidos.
“Éramos
desobedientes...”.
Ou “Éramos rebeldes...”. No grego é aquele “que não dá ouvidos”. Nosso coração
além de insensato, néscio, sem juízo, não ouvíamos a voz de Deus, não tínhamos
sensibilidade para ouvir Deus falar. Toda nossa inclinação era para o mal.
“Éramos desgarrados...”, “Éramos desencaminhados”, “Éramos extraviados”, “Vivíamos enganados”. O profeta Isaias descreve nossa situação: “todos nós andávamos desgarrados como ovelhas...” (ARA). “...cada um de nós seguia o seu próprio caminho...” (NTLH). Cada pessoa que relacionávamos nos afastava mais da presença de Deus.
“Servíamos a várias paixões e prazeres”. “Escravos de toda sorte de paixões e prazeres”. Nós estávamos com a coleira do diabo no pescoço. Andávamos “...segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar... que agora atua nos filhos da desobediência”. (Ef 2.2). Vivíamos presos com grossas cordas, sujeito a toda sorte de desejos pervertidos e embriagados por todas as taças dos prazeres mais aviltantes, desprezíveis.
“Vivendo em malicia e
inveja, odiosos, odiando-nos uns aos outros”. Nossa mente era cheia de maldade e sujeita. Viviamos
rendidos à inveja, cobiçando o que não nos pertencia. A malicia é espirito
maligno, é má vontade, é querer o mal do seu próximo. A inveja é uma atitude de
desprezo pelo que o outro tem e você não tem. A inveja é o mau secreto, que
nunca se conforma com a felicidade do outro.
Conclusão
Primeiro a salvação vem de Deus. “Ele mostrou sua bondade e seu amor por todos, ele nos salvou por que
teve compaixão de nós”. Bondade, amor e compaixão são as colunas de sustentação
da nossa salvação.
Segundo a salvação é pela graça. “...justificados por sua
graça, nos tornemos seus herdeiros...” (Tt 3.7). A salvação não é resultado das nossas boas
obras para Deus, mas da obra de Deus por nós em Cristo. A base da nossa salvação
é a morte expiatória de Cristo. Cristo morreu em nosso lugar, agora pagou a
nossa divida e satisfez as demandas da lei e da justiça de Deus por nós.
Terceiro “nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espirito Santo” (Tt 3.5). A regeneração acontece dentro de nós, em nosso coração. Pela regeneração, somos transformados e feitos filhos de Deus e somos novas criaturas (2 Co 5.17).