Libertando das cadeias do Egito Ex. 7.1-6
Introdução:
Estamos meditando ultimamente em milagres. A Bíblia contém quatro grandes eras de milagres. A primeira era dos milagres veio nos dias de Moisés, sim, com as pragas do Egito e tudo que Deus fez enquanto estavam o povo atravessava o deserto do Sinai. A segunda, na época de Elias, do profeta, que Deus usou poderosamente para realizar milagres. A terceira, na época de Jesus, quando realizou milagres maravilhosos no meio do seu povo. E, por último, atualmente, quando Jesus enviou o seu Espírito para nos batizar e nos fazer testemunha de Cristo e realizar milagres e prodígios “Em meu nome expulsarão demônios, falarão novas línguas...” (Mc 16.17).
1)
O império das
trevas
Os hebreus viviam no Egito como escravos, havia mais de quatrocentos anos. Nessa época o Egito era uma potência mundial, a mais temida pelos povos do Oriente Médio. Faraó era seu rei, governando com mão de ferro, era ditador, totalitário e que todos acreditavam que era filho do deus Hórus. Portanto, era um intermediário entre homens e os deuses egípcios. No palácio de Faraó havia esplendor, uma arquitetura suntuosa, arte deslumbrante, tudo magnificente, tudo feito de ouro.
No entanto, esse esplendor, era só do lado externo, estético. Por dento do palácio estava infestado de injustiça – abuso, crueldade, superstição, idolatria, degradação. Os hebreus estavam lá, no meio de tudo isso, mas alheios, impotentes, sem força para se levantar diante do poder de Faraó. Uma pergunta: será que alguns ainda perseveravam na fé dos patriarcas? Talvez sim, talvez não. Mas a fé dos hebreus com o tempo se desvaneceu, agora, o centro de todo poder era Faraó, rei do Egito. Depois de 430 anos naquela terra, a memória de Abraão, Isaque e Jacó caíra quase inteiramente no esquecimento.
Senão, vejamos a pergunta que Moisés faz a Deus: “Quando eu chegar diante dos hebreus e lhe disser: O Deus dos seus antepassados me enviou a vocês, e eles me perguntarem: qual é o nome dele? Que lhes direi? (Ex 3.13). Deus, então responde a Moisés: “Eu Sou o que Sou. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: eu Sou meu enviou a vós” (Ex 3.14). Ou seja, Yahweh, o Deus Todo-Poderoso, o criador de todas as coisas, o Senhor do Universo, aquele que está acima do tempo, aliás, o criador do tempo.
É
nesse ponto que entram em cena as dez pragas do Egito. Elas foram usadas para
revelar a futilidade do mal, para purificar a mente dos hebreus de toda
admiração invejosa do mal, ou para purificar as portas da percepção, mais
ainda, segundo o apostolo Paulo, abrir os olhos das pessoas por que “O deus
deste século cegou o entendimento dos descrentes para que não vejam a luz do
evangelho da gloria de Cristo” (2 Co 4.4). Então, cada uma das pragas
serviu de água, sabão e alvejante para efetuar uma limpeza completa na
percepção dos hebreus.
2) Discernimento
Quando nossa mente e nosso espírito sucumbem ao domínio do mal, e não apenas aos seus efeitos físicos, passamos a ser controlados por poderes demoníacos. As dez pragas foram uma forma complexa de exorcismo, libertar o povo de uma cultura, de um comportamento, uma forma de libertar o povo do domínio do mal. Discernimento é “discernir entre o bem e o mal, a habilidade de transpor as ilusões doces e fáceis do diabo e aceitar a verdade de Deus”. Como disse o apostolo Paulo: “Nossa luta não é contra seres humanos, e sim contra principados e potestades...contra as forças espirituais do mal nas regiões celestiais” (Ef 6.12).
Agora, os hebreus teriam liberdade de ouvir e seguir seu Salvador e adorar a Deus “...em espírito e em verdade” (Jo 4.24). quando Moisés começou a trabalhar com seus irmãos hebreus, eles sofriam de uma “ânsia de espírito”, ou “angústia” (Ex 6.9), e a única “realidade” a qual tinham acesso era essa grande mentira egípcia. Mas, o Egito e o Faraó não eram o “mundo real”. Mas, sim, uma realidade desfigurada, profanada, endemoninhada. O objetivo das dez pragas era descontruir essa mentalidade, item por item, peça por peça, até que não sobrasse nada para cativar a imaginação do povo de Deus. Como disse o apostolo Paulo: “Ele nos resgatou do domínio das trevas e nos transportou para o reino do seu filho amado” (Cl 1.13).
Quem
está no controle de tudo? Quem dirige os acontecimentos da vida? Quem é o Senhor
do mundo? Por acaso é o deus Rá – deus Sol, corporificado por Faraó, ou o deus
Hórus? Faraó disse: “Quem é o Senhor para que eu lhe ouça eu a voz, e deixe
ir a Israel...?” (Ex 5.2). Ou, Yahweh, o Deus Todo-Poderoso, “Eu sou o que
Sou”, o Criador de Todas as coisas, representando por Moisés? Cada uma das dez pragas
fala dessa questão, dessa disputa, dessa rivalidade, como se fosse um final de
Copa do Mundo, para saber quem será o vencedor. Dois modos de vida estão em
jogo, dois estilos de ver o mundo, e serão, ato total, dez confrontos.
3) As pragas
A primeira praga é quando o Nilo se transforma em sague. “...levantando a vara, feriu as águas que estavam no rio...toda a água do rio se tornou em sangue” (Ex 7.20). Hapi, que significa “fonte do Nilo”, é o deus da fertilidade, associado ao Nilo. Sem o Nilo, não havia fertilidade no Egito, não havia mais Egito. Contudo, no primeiro embate, o Senhor transforma o Nilo em sangue. Não havia mais peixes, não havia mais água para matar a sede, imagine sete dias, as aguas contaminadas pelo sangue!
A
segunda praga foi de rã “O rio produzirás rãs em abundancia, que subirão e
entrarão em sua casa, no teu quarto de dormir, e sobre o teu leito...nos fornos
e nas tuas amassadeiras” (Ex 8.3). A rã era a deusa Heket, e é ligada a
fertilidade. Ela tinha cabeça de rã, mas as rãs, na verdade, pertencem ao
Senhor, que lhes dá ordem (Ex 8.1). Em seguida, veio a praga dos piolhos, que
infestou toda terra do Egito. Era piolho em todo lugar, nos cabelos, no pescoço,
nos animais etc. A quarta praga das moscas...
Na quinta praga, a peste nos animais, “Eis que a mão do Senhor será sobre o teu rebanho...cavalos, sobre jumentos, sobre os camelos, sobre o gado, e sobre as ovelhas, com pestilência gravíssima...” (Ex 9.3). O touro era outro símbolo da fertilidade, com santuário em todo o Egito. O deus Ápis era venerado em Mênfis, contudo, não fora capaz de resistir à praga sobre os rebanhos. Enquanto, os animais dos egípcios morriam, os animais dos hebreus na terra de Gósen prosperava...
Talvez
se esperasse que Shekhmet, deusa das pragas, com a cabeça de leoa, curasse a epidemia
de feridas, sim, úlceras nos homens e nos animais (Ex 9.10-11). Nem
mesmo os “magos de Faraó não podiam ficar diante de Moisés, por causa dos tumores”
(Ex 9.11). E Nut, deusa do céu, não foi capaz de impedir as pragas de
granizo “...chuvas de pedras, e fogo misturado com a chuva de pedras, tão
grave, que nunca houve em toda terra do Egito...a chuva de pedra feriu tudo quanto
havia no campo, tanto a homens como animais “(Ex 9.24). E o texto nos diz: “Somente
na terra de Gósen, onde estavam os israelitas, não caiu uma pedra de granizo”
(Ex 9.26).
E as pragas das trevas? “Estendeu Moisés a mão para o céu, e houve trevas espessas sobre toda terra do Egito por três dias”. Acreditava-se que a cada dia, o deus Sol, navegasse pelo mar celeste em uma embarcação à noite, descia ao mundo dos mortos antes de ressurgir vitorioso ao amanhecer. Mas durante a nona praga (Ex 10.21-23) ele não ressurgiu. Os três dias de escuridão foram sinal claro de que havia sido derrotado. Cadê as divindades egípcias? Moisés, como Elias, ridiculariza o poder de Faraó: “Para que narres aos teu filho e aos teus filhos de teus filhos como zombei do poder que havia no Egito...todos vós sabereis que Eu sou Yahweh” (Ex 10.2).
Conclusão:
Faraó
fora sarcástico: “Quem é o Senhor para que lhe ouça eu a voz e deixe ir a
Israel? Não conheço o Senhor, nem tampouco deixarei ir a Israel” (Ex 5.2).
Cada praga é um golpe, é uma demolição, reduzindo, humilhando o poder de Faraó
e seus deuses. Todos estão atentos, todos estão prestando atenção em cada cena,
em cada praga e todos percebem que Faraó está desesperado, todo seu mito, caiu
por terra.
· Sangue
(Bam!)
· Rãs
(Bam!)
· Piolhos
(Bam!)
· Moscas
(Bam!)
· Pestilencia
(Bam!)
· Ulceras
(Bam!)
· Chuvas
de pedra (Bam!)
· Gafanhotos
(Bam!)
· Trevas
(Bam!)
· Morte
(Bam!)