terça-feira, 23 de abril de 2024

 Oferecer o corpo como sacrifício vivo a Deus Rm 12.1.1-2 

Introdução

O capitulo 12 marca uma virada, pois nos capítulos 9,10 e 11 de Romanos a temática foi o povo de Israel. Agora, o apostolo inicia um novo assunto. Começa traçando o perfil da vida cristã que deve brotar do conhecimento e da confiança no evangelho. Assim, os versículos 1 e 2 são um resumo de toda vida cristã!

1)     Por que obedecer?

Qual é a motivação para a vida cristã? O versículo 1 nos dá a principal delas, resumida em duas palavras, primeira: “Portanto...”, ou seja, indica que nos entregamos a Deus pelo fato de sermos justificados (pecados perdoados) só pela graça, só por meio da fé, só por causa de Cristo. A segunda palavra é “...misericórdia...” que aparece em “...pelas misericórdias de Deus...” (NVI). Ou seja, as muitas e variadas manifestações da misericórdia divina sobre nós. 

O que é o evangelho? É a demonstração da misericórdia de Deus aos pecadores indignos e indesculpáveis, dando-lhes seu filho, para morrer por eles, justificando-os graciosamente pela fé, enviando-lhes o seu Espirito de vida e tornando-os filhos seus. Pois o apostolo afirma que a salvação “não depende do desejo ou do esforço humano, mas da misericórdia de Deus” (Rm 9.16). Resumindo, a única motivação suficiente para a vida cristã é a gratidão pela graça.

Em seguida, o apostolo exorta os irmãos a fazerem duas coisas. Uma está no versículo 1, e a outra, no versículo 2. A primeira é: “...apresenteis o vosso corpo como sacrifício vivo....” A metáfora “sacrifício vivo” é do adorador que chega ao templo com uma oferta. No Antigo Testamento algumas ofertas eram “pelo pecado”, quando o adorador derramava sangue e pedia perdão dos seus pecados. 

No Novo Testamento, Jesus é a nossa oferta pelo pecado, no entanto, a oferta pela qual Paulo aponta não é pecado. Mas o aponta para a “oferta queimada”, na qual se sacrificava um animal valioso do rebanho. Ele tinha de ser sem defeito (santo e sem mácula). Por quê? Um animal desses era caro! Indicava que tudo que você tinha estava à disposição de Deus. A oferta era sempre queimada por completo e representava a total consagração e devoção a Deus. 


Portanto ser um “...sacrifício vivo...” é estar à disposição de Deus por inteiro. Significa se dispor ativamente a obedecê-lo em qualquer coisa que ele diga em relação a qualquer área da vida, isto é, uma obediência absoluta a Deus e sua palavra; e, passivamente, estar disposto a agradecer a Deus por tudo que ele envia em qualquer área da vida, gratidão por tudo. Nunca se esqueçam: “Todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam e agradam a Deus...” (Rm 8.28). 

E ofereçam o próprio “...corpo...”. os gregos pensavam, que “o corpo é uma tumba”, nessa “tumba” o espirito humano viveria aprisionado e dela ansiavam escapar. Mas, o apostolo afirma que Deus não deseja somente uma adoração só para dentro de si, mas prática e completa. Quer que lhe demos tudo o que fazemos! Temos que oferecer todo nosso corpo a Deus como “instrumento de justiça” (Rm 6.13).

Usar os nossos pés para anunciar as boas novas de salvação em lugares distantes para que o reino de Deus e a sua justiça cresçam. Usar nossos lábios, como profetas, para falar que Jesus Cristo é o caminho, a verdade e a vida; em cima do céu e embaixo na terra não há outro nome para alcançar a salvação. Usar nossa língua para trazer cura, trazer vida, levar os caídos e usar nossas mãos para envolver o solitário e o não amado, nossos ouvidos ouvirão os gritos dos aflitos e nossos olhos olharão com humildade e paciência para Deus. 

“...vivo e santo...” Vivo significa que o sacrifício é constante, temos que renovar o tempo todo nossa posição em obediência completa e estar à disposição de Deus. Jesus exorta que o discipulo precisa negar “...a si mesmo, (tomar) a cada dia a sua cruz (diariamente) e siga-me....salvará a vida” (Lc 9.23-24). “Santo” é ser separado, ser de Jesus, consagrado, vive para Deus e não para o mundo.

“agradável a Deus”. O Espirito nos transforma de pessoas cuja mente era “...inimiga de Deus...” (Rm 8.7) em pessoas cuja real natureza deseja amar e servir a Deus, ou seja, uma mentalidade espiritual. Assim como o Pai se agrada do Filho, também se agrada de nós. Então, vivemos de um modo que agrade a Deus, em gratidão, em alegria por tudo que tens feito em nossas vidas.

2)     Culto racional

Todas essas coisas fazem parte do “culto racional”. O sentido do termo aqui é “lógico”. O fato de oferecer a Deus o culto espiritual é a única resposta sensata, lógica e apropriada aos olhos de Deus, tendo em vista sua misericórdia. É um culto oferecido de mente e coração, é um ato de adoração inteligente, contrapondo-se, um culto cerimonial, um culto sem vida, religioso. John Stott coloca uma ilustração: “Se eu fosse um rouxinol, faria que é próprio de um rouxinol. E, se eu fosse um cisne, faria o que é próprio de um cisne. Como eu sou racional tenho de adorar a Deus”. 

“Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente” (Rm 12.2). Paulo exorta “não se amoldem ao mundo”. Moisés também exortou o povo no deserto: “Não procedam como se procede no Egito...nem como se procede na terra de Canaã...Não sigam as suas práticas” (Lv 18.3). Não devemos ser como camaleão, que assume as cores daquilo que o cerca.

E essa mesma intimação Paulo lança agora ao povo de Deus, desafiando-os a que não se acomodem, ou amoldem à cultura predominante, mas sim que sejam transformados. “Não permitam que o mundo os esprema para dentro do seu próprio molde, mas deixem que Deus remodele as mentes de vocês a partir de dentro” (J.B. Philips). Então existem dois modelos: o modelo deste mundo (literalmente “esta era”); e o modelo da vontade de Deus, que é boa, agradável e perfeita. 


O texto exorta: “Não se amolde” é algo externo, mundano, desta era, é midiático, que se vê e ouve, ou seja, que vem de fora. Mas é para “transformar”, já é algo interno, mudança que acontece interiormente. Então seria: “Não adotem o padrão exterior e transitório deste mundo, mas sejam transformados em sua natureza intima”.

Outrossim, transformados no grego é metamorphoo, que é o verbo que Mateus e Marcos usaram quando descreveram a transfiguração de Jesus. Marcos escreve que o próprio Jesus “foi transfigurado diante deles” (Mc 9.2). Ocorreu-lhe uma mudança completa, o interno sobrepôs o externo. Seu corpo inteiro tornou-se translucido: suas vestes ficaram resplandecentes e brancas, seu rosto resplandecia como o sol. 

Assim, também, os cristãos têm que ser “transfigurados” mudados, renovados, de dentro para fora. Éramos pecadores, vivíamos a mercê do pecado, enganados pelo diabo e iludidos pelo mundo e conduzidos pela carne. Mas, agora, fomos transformados, aconteceu uma metarformose, uma mudança em nossa natureza. Estávamos mortos, mas fomos vivificados pelo poder de Deus. Agora, andamos em novidade de vida, na presença de Deus Pai, Deus Filho e Deus Espirito Santo.

Portanto, diz Paulo, não assuma a expressão externa, as modas, aos hábitos, aos trejeitos, as expressões de linguagem (todas e todes) e a artificialidade dessa geração corrompida, uma geração que endeusa o corpo. Mas, deixa o Espirito Santo nos mudar, nos transfigurar, nos renovar...

Conclusão

Como se dá essa transformação? Primeiro, acontece pela regeneração por intermédio do Espirito Santo, todo nosso ser interior é renovado e nos tornamos nova criatura. Segundo, pela Palavra de Deus, ela é “lâmpada para os nossos pés e luz para os nossos caminhos” (Sl 119) ; ela “é a palavra viva e eficaz e mais cortante do que espada de dois gumes e que penetra na dvisão da alma e do Espirito e de juntas e medulas, e discerne as intenções e os propósitos do coração” (Hb 4.12);  ela “é como fogo, diz o Senhor, e como um martelo que despedaça a rocha”(Jr 23.29). E, por fim, “Assim será a palavra que sair da minha boca, ela não voltará para mim vazia, antes fará o que me apraz e prosperará naquilo que a enviei” (Is 55.11).

 


 

terça-feira, 16 de abril de 2024

 Se Deus é por nós - Rm 8.28-39 

Introdução

Estamos meditando no livro de Romanos, capitulo 8. Começamos com os versículos iniciais (vs 1-4), afirmando que “Nenhuma condenação há para aqueles que estão em Cristo” (Rm 8.1). Em seguida, os versículos subsequentes (vs. 7-13), que diferencia a mentalidade carnal e a mentalidade espiritual. E, na terceira seção do capitulo, vimos o privilegio de sermos filhos de Deus, chama-lo de “Abba Pai”. Por fim, na ultima mensagem, fizemos a comparação dos sofrimentos atuais com o peso de gloria que “que em nós será revelada” (Rm 8.18).

1)     Tudo coopera para o bem

“Sabemos que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam...” (Rm 8.28), diz o apostolo Paulo. O Espirito Santo nos socorre quando não sabemos como orar, ou nos ajuda em nossa fraqueza (Rm 8.26). Mas mesmo nessas ocasiões em que as palavras nos fogem, existe algo, de que o cristão pode ter certeza: “...Deus faz com que todas as coisas concorram para o bem daqueles que o amam...”. 

Primeiro, veja bem, o apostolo Paulo não diz que as “coisas” operam por si mesmas para o bem! Só Deus faz os fatores da vida concorrem para o nosso bem. Portanto, não esperamos que as coisas da vida “...concorram para o bem...” por si mesmas. Quando vemos as coisas acontecendo de modo a nos beneficiar é tudo por Deus, por graça, por misericórdia, por milagre...enfim, tudo é bondade de Deus.

Segundo essa verdade afasta o medo e a ansiedade quando “tudo dá errado na vida”. Sabemos que nada deu errado, em absoluto! Se Deus opera em “...todas as coisas”. Afinal para o cristão não existe acaso. “A sorte se lança no colo, mas do Senhor procede toda a decisão” (Pv 16.33). Não estamos na mão do acaso e do destino. Nós não! O universo não é um mecanismo governado pelo acaso; ele é governado por uma pessoa – e não é uma pessoa qualquer, mas nosso Pai. Não precisamos ter medo da vida e das circunstancias. 

Mas você diz: Está difícil, está insuportável, eu acho que não irei aguentar tal aperto. Mas, na verdade, o que está acontecendo tem um papel importante em sua vida. Está lhe ensinando, lhe moldando, lhe enriquecendo, abrindo os teus olhos, lhe dando discernimento, tornando-o mais humilde e assim por diante. Romanos 8.28 nos ensina a olhar as circunstancias da vida como parte do proposito de Deus para nós. 

Terceiro, esse versículo nos dá a confiança de que não podemos arruinar os bons propósitos de Deus para nós. A palavra “...todas...”. Significa todas mesmo! Ou seja, isso inclui até nossa recaída e nosso pecado. Ora, o pecado é sempre ruim, amargo, sempre uma coisa terrível, e sempre viveremos para lamentar suas dolorosas consequências em nossa vida. Ele usa nossos pecados e fracassos para nos trazer humildade e para nos ensinar a ter uma visão correta de nós mesmos e um grande apreço por Cristo.

Se caiu é para levantar, não para ficar parado, estagnado. Estou com vergonha dos irmãos, não importa, é para levantar e voltar pro seu lugar. Não pares. Eu fui caluniado, mas continua. Perdi meu cargo na igreja, mas não pare, não desanima. Só consigo andar de joelho, ande de joelho, mas não pare. Consigo somente rastejando, rasteja, mas não pare, em nome de Jesus. Somente vou se for rolando, vai rolando, insista, mas vai. Todas as coisas cooperam para o bem... 

Quarto, “...aqueles que amam...”. Ou seja, se refere às pessoas que assumiram um compromisso de viver para Deus. “Aqueles que tem meus mandamentos e a ele obedece é o que me ama” (Jo 14.21).  Se você ama a Deus por quem ele é, assume um compromisso e suporta a dificuldade. Para as pessoas que não assumiram um compromisso com Cristo as circunstancias boas podem enganar, promover e levar a pessoa para o egoísmo. Já as circunstâncias ruins podem leva-las ao ressentimento, rancor e a amargura.

2)     O bem que Deus está operando

Uma pergunta: “O que podemos esperar confiantemente ver Deus fazer em “...todas as coisas...”? Os versículos 29 e 30 dão a resposta. Paulo afirma que tudo que acontece conosco está cooperando para a nossa satisfação, santidade e salvação. Tudo colabora a fim de que sejamos “...conforme à imagem de seu filho” (Rm 8.29).

Primeiro, Deus está nos conformando. Isso significa que ele tem um desenho mestre ou forma definida (“...seu filho...”), e agora toda circunstância – “todas as coisas ....” é projetada para formatar, polir, amolecer, suavizar, esculpir, moldar segundo esse desenho mestre. Estamos sendo refeitos de dentro para fora, desde as profundezas. “Mas todos nós, com o rosto descoberto, refletindo como um espelho a gloria do Senhor, somos transformados de gloria em gloria na mesma imagem, que vem do Espirito do Senhor” (2 Co 3.18).

Segundo, seremos seus “...irmãos...” (Rm 8.29). Não fomos apenas adotados legalmente na família de Deus; também estamos recebendo sua “semelhança familiar”. Quando nascemos de novo, recebemos a própria natureza de Deus, seu “DNA” – somos “participantes da natureza divina” (2 Pedro 1.4). Por meio das circunstancias da vida, Deus está desenhando isso, moldando-nos em irmãos e irmãs de Cristo, que se assemelham a ele e ao nosso Pai.

3)     Uma cadeia gloriosa

“...aqueles que antecipadamente conheceu, também os predestinou para serem semelhantes a imagem do seu filho...e aos que predestinou, a estes também chamou; e aos que chamou a estes igualmente justificou; e aos que justificou, a estes também glorificou” (Rm 8.29-30).

“...antecipadamente conheceu...”. Significa que Deus está acima do tempo que conhecemos, seu tempo é kairos, tempo eterno. E firmou seu amor sobre nós. Ele nos amou de antemão, antes do inicio do mundo. 

“...predestinou...” Estabeleceu um destino para nós. Significa traçar um plano antecipado, ou determinou um horizonte...que é estarmos com ele na gloria.

“...chamou...” nos chamou, nos escolheu, nos iluminou, abriu nossos olhos, abriu nossos corações, nos persuadiu da “justiça do pecado e do juízo”. Paulo fala aos irmãos de Tessalonica: “...Sabemos que fostes escolhidos por ele...”. Como ele pode saber isso? “Porque o nosso evangelho não chegou somente a vós com palavras, mas também com poder e com absoluta convicção” (1 Ts 1.4-5). 

“...glorificou...” ser glorificado significa que todo pecado será erradicado, tirado, que temos um corpo glorificado, aperfeiçoado em corpo e alma. É a certeza de fé, de crença, mais ousada do Novo Testamento.

Conclusão: que podemos dizer diante dessas coisas? Paulo faz Cinco perguntas

Se Deus é por nós, quem será contra nós” (Rm 8.31). quem é maior do que Deus? Nossos inimigos, nossas dificuldades, nossas enfermidades, o pecado, a carne e o diabo? Mesmo que todos os poderes da terra e do inferno se ajuntem contra nós, eles nunca prevalecerão, pois Deus está do nosso lado.  

“Aquele que não poupou o seu próprio filho... como não nos dará com ele todas as coisas?” (Rm 8.32). Se o Deus que nos amou antes da existência do mundo e que planejou nossa gloria está disposto a abrir mão de seu bem mais precioso, o filho, unigênito, por que nos preocupamos tanto?

“Quem fará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica? (Rm 8.33). O diabo pode te acusar? O difamador ou caluniador? Mas nenhuma acusação há, uma vez que Deus, nosso juiz, já nos declarou justos, sem pecado, sem iniquidade, sem penalidade.

“...quem nos condenará? Cristo Jesus é quem morreu...ressuscitou... e também intercede por nós” (Rm 8.34). Se o Cristo quem levou uma vida perfeita e teve uma morte perfeita está diante do Pai em nosso favor, por que nos sentirmos culpados ou não perdoados?

“Quem nos separará do amor de Cristo? (Rm 8.35). “Será a tribulação, ou angustia, ou perseguia, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada”. Então, o apostolo afirma: “...Por amor de ti enfrentamos a morte todos os dias; somos considerados como ovelhas destinadas ao matadouro” (Rm 8.36).

Então, termina fazendo uma afirmação pessoal: “Pois estou convencido...”, ou seja, certeza absoluta, diz o apostolo que “...nem a morte nem a vida, nem os anjos nem demônios, nem o presente nem o futuro, nem quaisquer poderes, nem altura nem profundidade, nem qualquer outra coisa na criação será capaz de nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 8.38-39). 


domingo, 14 de abril de 2024

 Uma decisão para Cristo – Ap 3.13-20 

Introdução

Holman Hunt, no século XIX, traduziu o verso 20, numa famosa pintura, intitulada: “A luz do mundo”. A descrição da pintura é: “do lado esquerdo do quadro é vista essa porta da alma humana. Está bem trancada, bem fechada, suas grades e pregos, estão enferrujados; em toda sua porta tem trepadeiras da hera. Mostrando que tal porta nunca foi aberta. Um morcego voa por cima dela; seu limiar está coberto de mato e urtigas. Mas Cristo se aproxima dali à noite. Ele está vestido de branco com um manto real e usa uma coroa de espinhos; em sua mão esquerda ele segura uma lanterna, porque ele é a luz do mundo, enquanto que sua mão direita está erguida para bater na porta...”

1)     A alma humana

Laodiceia era uma cidade rica, empoderada, diferente da igreja de Filadélfia, uma cidade pobre. Aconteceu no ano 60 d.C um terremoto que devastou toda aquela região da Asia Menor, atualmente Turquia. O império romano enviou ajuda financeira para todas as cidades, mas Laodiceia não aceitou. Como se quisesse dizer: “Somos autossuficientes”, não precisamos dá esmola de Roma.

 Em Laodiceia havia bancos, onde todos vinham trocar suas moedas. Em Laodiceia havia industrias têxtil, por causa da lã preta, muito famosa e vendida na região. Em Laodiceia havia uma medicina dos olhos, aliás, a invenção do colírio. Também, em Laodiceia, havia um aqueduto que trazia água de Colossos e Hierapolis.  Aliás, a água de Colossos era fria, enquanto que a água de Hierapolis era quente...quando chegava em Laodiceia era morna.

Jesus olha para a igreja e diz: “Conheço as suas obras, sei que você não é frio nem quente...voce é morno, nem frio nem quente...” (Ap 3.15-16).

Era uma cidade imponente, rica, consumista, seus habitantes viviam uma vida confortável. Interessante que esse espirito de soberba, de orgulho, de materialismo impregnou a igreja de Laodiceia. “Você diz estou rico, adquiri riqueza e não preciso de nada” (Ap 3.17). MAS, A COISA perigosa que um ser humano pode dizer é: “Não preciso de Deus na minha vida, o que eu tenho me basta”.

Apesar de todos os bancos você é miserável e pobre. Apesar de toda fábrica de lã preta, você esta nu. Apear da medicina, apesar do pó frígio, é cego. Sim, você também é morno, sua água não presta para nada....

Em Genesis 2.25 na criação do homem e da mulher, Deus diz: “O homem e a mulher estavam nus, mas não se envergonhavam”. Mas em Genesis 3.17 diz: “O homem e a mulher estavam nus e envergonhados”. O que mudou? No capitulo 3 fala que a serpente é “astuta”, astucia no original é “nu”. A primeira nudez era a nudez da pureza, e a segunda nudez é a nudez do pecado, da morte da serpente. E a maldição da serpente é que ela escorregaria a barriga no chão!

O homem arrasta a barriga no chão como a serpente: eu tenho dinheiro, eu tenho roupa e eu tenho medicina.

2)     Jesus aparece como um vendedor

Como se Jesus fosse na praça principal de Laodiceia, em um dia de sábado, dia de movimento, dia de feira e dissesse: “Dou-lhe este conselho: compre mim ouro refinado no fogo e você se tornará rico; compre roupas brancas e vista-se para cobrir a sua vergonha nudez; e compre colírio para ungir os seus olhos e pode enxergar” (Ap 3.8).

Ou seja, vocês são pobres, mas Cristo tem ouro; vocês estão nus, mas Cristo tem roupa para vesti-los; vocês estão cegos, mas Cristo tem colírio espiritual, colírio para os olhos.

Mas, enquanto todo mundo quer enriquecer, quer ganhar dinheiro, quer se tornar mais rico, vendendo os seus produtos. Em Isaias diz: “Sim, vinde e comprai sem dinheiro e sem preço, vinho e leite” (Is 55.1). Sim, a salvação é de graça, a salvação custou o sangue de Cristo. Em Genesis depois do pecado afirma que Adão e Eva estavam nus e com vergonha. Deus lhes diz: “Eu posso cobrir a vergonha da sua nudez”.

Na presença de Cristo tem roupas para te vestir, roupas de justiça que lhe cobre o pecado; na presença de Cristo tem riquezas espirituais, dons espirituais, poder de Deus, alegria de Deus, presença de Deus, graça de Deus, não precisa de ouro para comprar, é de graça. E na presença de Deus tem colírios espirituais, Deus vai abrir os teus olhos e você verá anjos subindo e descendo, verá a presença de Deus, como Isaias.

Conclusão: dois passos a tomar.

O primeiro passo é o arrependimento. Arrependimento é metanoia, mudança de vida, mudança de direção. Está em direção ao pecado, mas volta-se para Deus.

O segundo passo é a fé: “Eis que estou a porta e bato. Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei e cearei com ele, e ele comigo”. Estás ouvindo a voz do Senhor? Ele fala. Fala pela pregação da Palavra de Deus, fala através da dor, do sofrimento, da doença, da dificuldade. Fala quando você sente uma fome espiritual dentro de você...ele está falando.

 

terça-feira, 9 de abril de 2024

O peso da gloria Romanos 8.17-26 

Introdução

O sofrimento é uma realidade presente na vida do cristão. Vemos pessoas sofrendo e morrendo quase todos os dias; vemos pessoas adoecendo com diversos tipos de enfermidades e às vezes, a mais temida, o câncer maligno. Hoje temos uma epidemia de dengue assolando os brasileiros. Vemos acidentes de carros, de motos. Pessoas com depressão profunda, pessoas com crises de ansiedade na alma. Enfim, todos os tipos de enfermidades, sofrimento, adversidades, tribulações, etc... 

1)     Vale a pena continuar?

O apostolo Paulo pondera: “Considero que os nossos sofrimentos atuais não podem ser comparados com a gloria que em nós será revelada” (Rm 8.18 NVI). Na versão de Eugene Peterson diz: “Não penso que seja possível fazer uma comparação entre os tempos difíceis de hoje e os bons tempos que virão” (A mensagem).

Muitos professam a fé e vivem a vida cristã por algum tempo – mas, infelizmente, em determinado momento, concluem que seus sofrimentos presentes não valem a pena e se afastam. Se afastam da igreja, se afastam da fé em Cristo Jesus, se afastam da esperança vindoura que teremos depois dessa vida. 

No livro “Cartaz de um diabo ao seu aprendiz”, C.S. Lewis, o diabo fala para o seu aprendiz: “Não haverá um perigo maior ... do que quando um ser humano, que não mais deseja, mas ainda assim pretende fazer a vontade de nosso Inimigo, olhar em redor, para um universo do qual todo traço dele parece ter desaparecido, e perguntar-se por que foi abandonado e ainda obedece” (pg. 54).

No entanto, Paulo responde à pergunta com um sim enfático. Sim, diz ele, na verdade “...os sofrimentos do presente não se podem comparar com a gloria que será revelada em nós”. Ele está dizendo: “Se você sabe para onde vai no futuro, nem lhe passa pela cabeça que seus sofrimentos e dores presentes não valem nada, em comparação com gloria (doxa) que há de ser revelada”. “...aquilo que sofremos agora é insignificante, sem compararmos com a gloria que ele nos dará mais tarde” (Bíblia Viva). 


a nova Jerusalém, que descia do céu, preparada como uma noiva adornada...ele enxugará dos nossos olhos toda lagrima. Não haverá mais morte, nem tristeza, nem choro, nem dor, pois a antiga ordem já passou...cidade santa, Jerusalém...resplandecia com a gloria de Deus, e seu brilho como de uma joia muito preciosa, como jaspe, clara como cristal...a cidade não precisa de sol e nem de lua para brilharem sobre ela, pois a gloria de Deus a ilumina...as nações andarão em sua luz...suas portas jamais se fecharão de dia, pois ali não haverá noite” (Ap 21).

 O apostolo continua: “Porque a ardente expectativa da criatura espera a manifestação dos filhos de Deus”(Rm 8.19). O texto fala da volta de Jesus, que se aproxima e será tão poderosa, retumbante a ponto de cegar e, quando ele vir, todos os santos serão envolvidos e todo céu será envolvido em cânticos em gloria ao criador e ao cordeiro.

 “...a manifestação dos filhos de Deus”. Será o dia da volta de Jesus, do arrebatamento da igreja “...a ultima trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis e nós seremos transformados” (1 Co 15.52). Seremos perfeitamente santos tanto quanto Cristo e, portanto, de uma beleza tão deslumbrante quanto a dele. Isso é gloria, é o peso da gloria que está reservada para nós.

Lhe faço uma pergunta: Você já parou para pensar no “peso da gloria”? Voce já parou para pensar nessa gloria? Em toda sua dimensão? Pensa no irmão mais simples da igreja, despojado, corpo debilitado, sem recursos financeiro, enfim, humilde...se víssemos em gloria, nos sentiríamos fortemente impelidos a adorar. Sim, todos nós, que fomos adotados por Deus e que somos coerdeiros com Cristo, seremos tomados da glória, seremos tomados de fulgor...um corpo imortal e incorruptível. 

De um lado se ouvirá: “Não vos conheço. Apartai-vos de mim” (Lc 13.27). Sim, serão banidos da presença daquele que é onipresente e apagados da memória daquele que é onisciente. Podemos ficar totalmente, absolutamente de fora – repelidos, exilados, separados e eterna e indizivelmente ignorados. As cinco virgens imprudentes bateram na porta, querendo entrar “Senhor! Senhor! Abra a porta para nós! Mas ele respondeu: A verdade é que não as conheço” (Mt 25.12). 


Por outro lado, podemos ser convidados, acolhidos, abraçados, recebidos e reconhecidos “Vinde benditos de meu Pai, possui por herança que vos está preparado desde a fundação do mundo” (Mt 25.34). Andamos todos os dias no fio da navalha, entre essas duas incríveis possibilidades. “As virgens que estavam preparadas para o banquete entraram com ele para o banquete nupcial. E a porta foi fechada” (Mt 25.10).

2)     O mundo que vivemos

Sabemos que toda natureza criada geme até agora, como em dores de parto”. A raça humana caiu em pecado quando o primeiro humano, Adão, pecou (Rm 5.21,22). Então toda natureza “...foi submetida à inutilidade” (Rm 8.20). Portanto, a natureza não é o que deveria ser ou o que foi criada para ser. O termo “inutilidade” é o mesmo traduzido por “vaidade” no livro de Eclesiastes. Significa que a natureza está alienada, tanto de nós, quanto de si mesma. Ela não é tão bela ou excelente quanto se pretendia. Tornou-se inutilizada, não por sua própria escolha, mas pela vontade “daquele que a sujeitou” (Rm 8.20), expressão referente a Deus. 

Assim como Deus expulsou Adão e Eva do paraíso, sujeitando-lhes a vida à inutilidade. Como afirmou C.S.Lewis, no seu livro “Peso de gloria”: “Somos criaturas divididas, correndo atrás de álcool, sexo e ambições...”. O escritor de Eclesiastes afirma: “tudo é vaidade, é como uma corrida sem fim atrás do vento” (Ec 1.14). No entanto, Deus deu uma esperança que nasceria o descendente da mulher (Gn 3.15). Nem tudo está perdido.

A criação está presa, limitada em um ciclo continuo de morte e decomposição. O tempo todo a natureza busca se renovar, trazendo nova vida da morte: as flores nascem, crescem e morrem; os animais nascem, crescem e morrem. Assim é a natureza criada, uma dicotomia de vida e morte. Aliás, o universo inteiro está se deteriorando e enfraquecendo, perdendo mais energia do que é capaz de gerar. Tudo na natureza se esgota e morre. 

Portanto, a natureza é um reino de dor e sofrimento. Ela “...geme e agoniza...como se sofresse dores de parto” (Rm 8.22). Semana passada tivemos um terremoto em Taiwam, de magnitude 7.4 graus, vários lugares adjacentes foram afetados por esse terremoto. E os Tsunamis de 2004 que matou mais de 230 mil pessoas! Sim, maremotos, vulcões...são gemidos da natureza. Quando a vida nasce (parto) e se perde (morte). Há dor e sofrimento ...a terra geme.

3)     Os primeiros frutos

Diante de um quadro medonho, o apostolo exorta: “...temos os primeiros frutos do Espirito” (Rm 8.23). Ou seja, mediante tudo “Até a criação motiva você a dizer: Sim!” A dor presente e a gloria futura explica porque nós cristãos “...gememos em nosso íntimo, aguardando ansiosamente...” (Rm 8.23). Como fazem a criação e a mulher em trabalho de parto. “...os primeiros frutos” fala da nossa adoção, nos dando liberdade gradual dos efeitos do pecado e da morte e nos torna parecidos ou semelhantes a Cristo.

O apostolo Paulo afirma que “...somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem” (2 Co 3.18). “O pecado não tem mais domínio sobre vós; pois não estais debaixo da lei, e sim da graça” (Rm 6.14). Fomos adotados como filhos sendo herdeiros de Deus e coerdeiros com Cristo; fomos regenerados, vivificados pelo poder do Espirito Santo, uma nova natureza se implantou em nós; fomos justificados, não existe condenação, penalidade, Jesus levou tudo na cruz do calvário. E, por fim, estamos sendo santificados todos os dias, nos consagrando.

Mas, sabemos que ainda não somos o que um dia seremos, que não temos tudo que um dia teremos. “Pois nessa esperança fomos salvos. Mas, esperança que se vê não é esperança. Quem espera por aquilo que está vendo? Mas o que ainda não vemos, aguardamo-lo pacientemente” (Rm 8.24-25).

Conclusão

“Da mesma forma o Espirito nos ajuda em nossa fraqueza, pois não sabemos como orar, mas o próprio Espirito intercede por nós com gemidos inexprimíveis” (Rm 8.26).

Há ocasiões da vida em que  “...não sabemos como devemos orar” (Rm 8.26). Diante de circunstancias desfavoráveis, perda pessoal, ou lutando com uma decisão que nos transformará a vida, ou confrontando nossos fracassos e defeitos “...o próprio Espirito intercede por nós como gemidos que não se expressa em palavras” 



  

sábado, 6 de abril de 2024

 

 A conversão de Saulo de Tarso – Gl 1.11-16 

Introdução

Sabemos de relatos de pessoas que foram mudadas, transformadas pelo poder de Deus. Uma doença, um acidente de carro, uma amizade, um livro, um filme, etc. Sim, alguma coisa, levou a pessoa conhecer Jesus Cristo, como salvador de sua vida.

1)     O que é o evangelho?

Não é algo humano, ou, criação humana, não! Paulo diz que o evangelho é o poder de Deus. E aqui em Gálatas ele diz que “...o evangelho por mim anunciado não é de origem humana. Não o recebi de pessoa alguma nem foi ele ensinado; pelo contrário, eu o recebi de Jesus Cristo por revelação” Gl 1.11-12). Ou seja, o evangelho “não...segundo o homem”; não era “invenção humana”.  E, também diz, o evangelho não é uma tradição, passada de geração para outra.

Mas, ele veio “mediante a revelação de Jesus Cristo”. A palavra revelação “apokalipsis” está relacionada, em sua origem, ao ato de “tirar o véu”. Ou seja, ele está afirmando que o evangelho não é seu, mas de Deus; que as suas palavras não são suas, mas de Deus.

Esse evangelho estava sendo colocado em duvida por alguns homens, ou seja, ensinavam que para ser aceito por Deus tinha que ser circuncidado, guardar o sábado e não comer certas comidas. Paulo nos diz, o evangelho não é uma invenção, muito menos uma tradição de homens, mas sim, uma revelação. A MENSAGEM NÃO É SUA, MAS DE DEUS; QUE O SEU EVANGELHO NÃO É SEU, MAS DE DEUS; QUE AS PALAVRAS NÃO SÃO SUAS, MAS DE DEUS.

2)     ANTES DA CONVERSÃO

“Ouviste qual foi o meu proceder outrora no judaísmo, como sobremaneira perseguia a igreja de Deus e a devastava...” (v.13). Perseguia a igreja de Deus “sobremaneira” ou “com violência”. Ele ia de casa em casa em Jerusalém, prendendo todos os cristãos que achasse, homens e mulheres, e arrastando-os para a cadeia (atos 8.3).

Quando esses cristãos eram condenados à morte, ele votava contra eles. Diz o texto: “Saulo estava aprovando o assassinato de Estevão” (Atos 8.1).

Ele fora igualmente fanático em seu entusiasmo pelas tradições judaicas. “Fui um dos judeus mais religiosos do meu tempo e procurava seguir com todo o cuidado as tradições dos meus antepassados” (v.14). Ele fora criado de acordo com a “seita mais severa da religião judaica”, ou seja, era um fariseu e vivia como tal. Ele fora circuncidado ao oitavo dia, pertencia ao povo de Israel, era da tribo de benjamim e severo perseguidor da igreja.

Esta era a condição de Saulo de Tarso antes de sua conversão: um fanático inveterado, completamente dedicado ao judaísmo e à perseguição de Cristo e da igreja. Um homem nessa condição mental e emocional de maneira alguma mudaria de opinião, nem se deixaria influenciar por outras pessoas.

Nenhum reflexo condicionado ou qualquer outro artificio psicológico poderia converter um homem assim. Só Deus poderia alcança-lo...

3)     Conversão

Quando, porém, ao que me separou antes de eu nascer e me chamou por sua graça, aprouve a revelar o seu filho em mim, para que eu pregasse entre os gentios” (V. 15).

Interessante que nos versos 13 e 14 Paulo está falando de si mesmo: “perseguia eu a igreja de Deus...e devastava...quanto ao judaísmo avantajava-me ...sendo extremamente zeloso das tradições de meus pais...” Mas nos versículos 15 e 16 ele começa a falar de Deus. Foi Deus, escreve, “que me separou antes de eu nascer”, foi Deus que “me chamou pela sua graça”, e a Deus “aprouve a revelar seu filho em mim”.

Primeiro, Deus me separou antes de eu nascer. Assim como Jacó foi escolhido antes de nascer; assim como o profeta Jeremias, escolhido antes de nascer. Também, Paulo foi consagrado, separado para ser apostolo. Consagrado, significa ser colocado em separado para o lado de Deus.

Segundo, Deus me chamou pela sua graça, isto é, por seu amor totalmente imerecido. Paulo estivera lutando contra Deus, contra Cristo e contra a igreja. Ele não merecia misericórdia, mas Deus foi ao seu encontro e lhe salvou. Assim como nós, não merecíamos misericórdia, graça, amor, longanimidade...não. Mas, sua graça nos chamou, nos escolheu, nos redimiu, nos tirou da escravidão do pecado.

Conclusão:

Aprouve a Deus revelar seu Filho em mim. Que maravilha! Me tornei um pregador, melhor, me tornei um apostolo, me tornei um arauto, me tornei evangelista da maior mensagem que o mundo deve ouvir: Jesus Cristo Salva! Jesus Cristo é maravilhoso, Jesus Cristo liberta do mal. Jesus Cristo é o caminho para o céu.

 

 

terça-feira, 2 de abril de 2024

 Filhos de Deus – Rm 8.1-17 

Introdução

Somos filhos de Deus! Fomos adotados na família de Deus. Nos tempos do apostolo Paulo, a adoção acontecia quando um adulto não contava com herdeiros para seus bens. Então, adotava alguém como herdeiro – podia ser uma criança, um jovem ou um adulto. No momento em que a adoção ocorria, várias coisas se tornavam verdadeiras de imediato em relação ao novo filho.

Primeiro lugar, suas antigas dividas e obrigações legais eram saldadas. Assim, também nós, não temos mais dividas, penalidades. Como afirmou o apostolo Paulo: “Não há nenhuma condenação para os que estão em Cristo Jesus” (Rm 8.1). Segundo ele recebia um novo nome, e se tornava instantaneamente herdeiro de tudo o que pai possuía. Sim, agora, “...somos filhos, então, também somos herdeiros; herdeiros de Deus e coerdeiros com Cristo” (Rm 8.17). Terceiro, o novo filho tinha as novas obrigações de honrar e satisfazer o pai.  Assim como nós, filhos de Deus, devemos viver em obediência a sua palavra. 

1)     Quem são os filhos de Deus?

O que nos torna um filho de Deus? “...todos os que são guiados pelo Espirito de Deus são filhos de Deus” (Rm 8.14). ou seja, todos que tem o Espirito são adotados pelo Pai, ninguém adotado pelo Pai deixará de ter o Espirito Santo ou de ser guiado por ele. Ser guiado é ser conduzido, ser guiado é entregar a direção da nossa vida para Deus.

Há uma conexão entre os versículos 13 e 14, ou, uma continuação da frase. No versículo 13, ele ensina que, com o Espirito podemos triunfar sobre o pecado em nosso interior. A seguir, ele explica por que esse grande poder – o poder sobre o pecado está a nossa disposição -. É porque somos filhos de Deus. Portanto, ser “...guiados pelo Espirito” deve ser a mesma coisa que “mortificar” as práticas do corpo. 

Em outras palavras, somos guiados para odiar as coisas que o Espirito odeia (o pecado) e amar as coisas que ele ama (Cristo). Assim, somos guiados pelo Espirito Santo. Mas tem uma ressalva no versículo 14, se o Espirito de Deus não entrou em você, filho de Deus você não é, nem tampouco pertence a Cristo “...se alguém não tem o Espirito de Cristo, não pertence a Cristo” (Rm 8.9).

Primeiro, o versículo 15 afirma que os cristãos receberam “...o Espirito de adoção...” A palavra “adoção” tem o significado literal de “filiar”. A imagem de “adoção” nos diz que ninguém nasce já em um relacionamento verdadeiro com Deus. O fato de que “recebemos” nosso status de filhos prova que houve um tempo que que estávamos perdidos; não somos filhos naturais. Antes, erámos órfãos e escravos.

Em segundo lugar, a imagem de “adoção” nos diz que nosso relacionamento com Deus se baseia inteiramente em um ato legal do Pai. Não se “conquista” nem se “negocia” um Pai, é um ato de graça. Não há nada que o Filho faça para conquistar ou fazer merecer esse status. Ele é recebido e ponto final.

Em terceiro lugar, Infelizmente, muitos afirmam: “todos os seres humanos são filhos de Deus”. Mas a Bíblia é enfática ao reservar toda a riqueza do termo “filho de Deus”. Só para aqueles que receberam Cristo como Salvador e Senhor, “Mas a todos que receberam, aos que creem no seu nome, deu-lhes a prerrogativa de se tornarem filhos de Deus” (Jo 1.12). 

2)     Os privilégios da condição de filhos

Paulo agora estabelece, em Romanos 8.15-17, sete privilégios de tirar o folego que os crentes possuem como filhos adotivos de Deus. Cada um deles é maravilhoso, digno de parar, meditar e apreciar.

Confiança. Não devemos temer, mas desfrutar da condição de filhos (Rm 8.15). O empregado ou o servo basicamente obedece por medo de ser castigado, ficar sem emprego etc. Mas o relacionamento filho/pai é caracterizado pela confiança de que você tem um Pai, alguém confiável, alguém que lhe ama, que lhe quer bem. 

Autoridade. Temos o status não de “escravo”, mas de “filhos”. Os filhos têm autoridade na casa – não são meros servos. Aos filhos de Deus é dada autoridade sobre o pecado e o demônio. Há um novo status maravilhoso conferido a nós.

Intimidade. “Espirito ...pelo qual clamamos: Abba, Pai” (Rm 8.15). “Abba” era uma expressão da maior intimidade. O filho chama o pai de “paizinho”, ou “papis”, ou “papai” ou numa linguagem baiana “painho”. “Abba” era uma palavra balbuciada pelas crianças pequenas. Observemos o termo “clamamos” ou: “...clamamos: Aba, Pai!” Significa exclamar fortemente, expressando emoção profunda. 

Deus não é mais distante de nós. Deus não é um more Deus em que cremos apenas intelectual, teórica, doutrinariamente ou religiosamente. Nossa adoração, nosso clamor, nossa oração, nosso louvor é fruto da intimidade que temos com Ele.

Segurança. “O próprio Espirito dá testemunho com o nosso espirito de que somos filhos de Deus” (Rm 8.16). Quando clamamos a Deus como “abba”, o Espirito de Deus de algum modo se coloca ao nosso lado (“...com o nosso espirito...”) e nos dá garantia de que pertencemos de verdade a família de Deus. Como sabemos que somos filhos de Deus? Paulo diz que o Espirito dá testemunho ou testifica junto nosso espirito de que somos dele. Sabemos que confiamos em Cristo, temos suas promessas, vemos nossas vidas sendo transformadas pelo poder de Deus.

Herança. “Se somos filhos, também somos herdeiros; herdeiros de Deus e coerdeiros com Cristo” (Rm 8.17). Isso quer dizer que temos um futuro maravilhoso. “Somos herdeiros de Deus...”. Antigamente, na cultura antiga, o filho mais velho herdava dois terços da herança do pai. Aqui, o apostolo Paulo, faz uma reviravolta impressionante. Ou seja, aquilo que nos está reservado é tão grandioso e glorioso que será como se cada um de nós fosse receber a maior parte da gloria de Deus.

Temos “...a nova Jerusalém, que descia do céu, preparada como uma noiva adornada...ele enxugará dos nossos olhos toda lagrima. Não haverá mais morte, nem tristeza, nem choro, nem dor, pois a antiga ordem já passou...cidade santa, Jerusalém...resplandecia com a gloria de Deus, e seu brilho como de uma joia muito preciosa, como jaspe, clara como cristal...a cidade não precisa de sol e nem de lua para brilharem sobre ela, pois a gloria de Deus a ilumina...as nações andarão em sua luz...suas portas jamais se fecharão de dia, pois ali não haverá noite” (Ap 21).

Disciplina. “Se somos filhos, também somos herdeiros...se é certo que sofremos com ele” (Rm 8.17). Pais sempre disciplinam seus filhos. “...tínhamos nossos pais terrenos para nos disciplinar ...mas Deus nos disciplina para o nosso bem” (Hb 12.9-10). Um pai bom disciplinará com amor.

Semelhança familiar. “...sofremos com ele...” (Rm 8.17). os cristãos sofrerão, não apenas nas dores deste mundo que todas as pessoas enfrentam, mas especificamente porque são irmãos e irmãs de Cristo. Jesus enfrentou rejeição por sem que era, advertir o juízo e oferecer a salvação por meio de si mesmo. O sofrimento por causa de Cristo é um privilegio (Atos 4).

Conclusão: dois espíritos

“...espirito de escravidão para vos reconduzir ao temor...” e “...espirito de adoção” que recebemos. São duas maneiras pelas quais podemos abordar a vida como cristãos: como um escravo ou como um filho.

Veja o caso do filho prodigo. Rejeita a família e sai a esbanjar toda a sua herança em uma vida desordenada. Até que caiu em si – reconhece o próprio pecado. Resolver voltar para casa, mas não tem nenhuma expectativa de ser digno ou ser chamado filho do Pai. Tudo o que espera é o que recebam como um servo contratado (Lc 15.19).

“Ah, com certezas não sou digno de ser filho de Deus! Tudo o que posso esperar é labutar como seu empregado. Se tiver um bom desempenho, Deus pagará o meu salário, atenderá as minhas orações, me concederá favor e me protegerá.

Contudo, o relacionamento com Deus não é baseado no desempenho, mas no amor, amor incondicional de Deus. O Espirito Santo traz ao nosso coração a segurança espiritual e emocional mais profunda possível, somos seus filhos amados. E por ele (O Espirito) que chamamos “Abba, Pai!” (Rm 8.15).