terça-feira, 15 de julho de 2025

 Apelos a igreja cristã.  Tg 1.19-25 

Introdução

Há uma doença se espalhando pelo meio da igreja, infelizmente essa epidemia tem atingido a maioria dos irmãos. Essa doença tira toda imunidade do cristão e o deixa fraco, amarelo, sem vida e, principalmente, sem testemunho. Que doença é essa? Uma ruptura entre a confissão e a prática, ou seja, vem na igreja ouve a Palavra de Deus que é pura, reta, verdadeira, da qual fomos gerados (Tg 1.18) e no dia seguinte, na segunda feira, não a colocamos em prática, não vivenciamos em nosso trabalho, na escola etc. 

1)     Um apelo

Diante desse fato o apostolo Tiago inicia com um apelo: “Meus amados irmãos, tende certeza”; ou “Lembre-se disto, meus queridos irmãos...” (NTLH);  ou, “Sabeis destas coisas...” (ARA).  É um pastor velho falando para sua congregação, exortando, para que nunca se esquecesse do que já sabiam. E aqui, ele lembra de três coisas importantes para o plantio da palavra de Deus na vida do cristão. 

Em primeiro lugar, Tiago nos recomenda que estejamos prontos para ouvir (Tg  1.19) “...cada um esteja pronto para ouvir...”.  A palavra “pronto” no grego é “taxýs”, que literalmente significa rápido. Se o ônibus está demorando para chegar “apressa-se num táxi”. Portanto, para os cristãos, deve haver rapidez em ouvir, mas ouvir, para Tiago, do que falar. A grande dificuldade é, estamos ouvindo e não praticando, como Jesus disse aos fariseus: “Ouvindo, ouvireis, e nunca entendereis” (Mt 13.14).

Portanto, ouvir é mais do que uma função acústica, em apocalipse temos a exortação: “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas...” (Ap 2.7); ouvir é uma atitude espiritual. Jesus condenou um dos ouvintes na parábola do semeador, quando contou: “E o que foi semeado no solo pedregoso, esse é o que ouve a Palavra e a recebe imediatamente com alegria; mas não tem raiz em si mesmo e dura pouco. Quando vem a tribulação ou a perseguição por causa da palavra, logo tropeça” (Mt 13.20-21). Tiago nos falou da provação e do seu efeito positivo na vida do cristão; depois falou da tentação e do perigo na vida do cristão. Aqui, é um alerta, temos que ouvir a palavra de Deus com seriedade para não acontecer uma hecatombe na vida do cristão. 

Em segundo lugar, “...mas seja tardio para falar e tardio para ficar irado” (NAA). A palavra tardio no grego é “Bradýs”, que é o mesmo termo para estúpido, insensato e o que o apostolo Tiago está querendo nos dizer é: “Não fale de imediato. É preciso saber a hora de falar. Quem muito fala, muito erra”. Mas o que fazemos? Falamos antes de pensar; falamos antes de orar; falamos antes de pensarmos as consequências de nossa fala. Temos um ditado: “Falar sem pensar é o mesmo que atirar sem apontar...seja dono do seu silencio para não se tornar refém das próprias palavras”. 

No livro de provérbios lemos: “...na multidão das palavras não falta transgressão; mas o que refreia os seus lábios é prudente” (Pv 10.19). “O coração do justo medita no que há de responder; mas a boca dos ímpios derrama coisas más” (Pv 15.28). Portanto, devemos tomar muito cuidado com nossas palavras. Elas podem levantar ou, então, destruir a reputação de uma pessoa. Há um sábio provérbio que diz: “Tú és o Senhor da Palavra não dita; a palavra dita é o teu Senhor”.

O terceiro apelo de Tiago é: “...tardio para se irar”. Vimos tardio para falar e agora tardio para se irar, no original grego, não inclui a conjunção “e” entre esses dois apelos; elas se relacionam como se fossem elos de uma mesma corrente, uma causa e um efeito. “Tardio”, novamente, “Bradýs”, estúpido, insensato.  Com muita propriedade, provérbios diz: “Melhor é longânimo do que valente; e o que domina o seu espirito do que o que toma uma cidade” (Pv 16.32). E Tiago diz porque: “Pois a ira do homem não produz a justiça de Deus” (Tg 1.20 NVI) ou, “Porque a raiva humana não produz o que Deus aprova” (BLH). 

Como atender aos apelos do apostolo Tiago? O versículo 21 dá a resposta: “Pelo que, despojando-vos de toda sorte de imundícia e de todo vestígio do mal, recebei com mansidão a palavra em vós implantada, a qual é poderosa para salvar as vossas almas” (Tg 1.21) ou, “...deixem todo costume imoral e toda má conduta...” (NTLH). Primeiro que “despojar (grego é “apothémenoi), cuja idéia é “deixar, remover, afastar”. A expressão “apó” é algo que vem de dentro para fora; não é algo que é posto em cima, mas algo que está dentro. E o apostolo exorta: “A noite é passada, e o dia é chegado. Dispamo-nos, pois das obras das trevas, e vistamo-nos das armas da luz” (Rm 13.12). 

E mais: “Recebei com mansidão a palavra em vós implantada” (Tg 1.21). Tiago exorta-nos a tirarmos a roupa suja do passado – falar precipitado e a ira desmedida – e colocar a Palavra de Deus no seu lugar. A expressão “implantada” é também “...enxertada” (ARC), que é um implante, ou um enxerto no tronco origina (nossa natureza), para que os frutos sejam melhores. Então, quando implanto ou enxerto a palavra de Deus em mim, posso produzir bons frutos. Portanto, quando deixo que as Escrituras sejam guardadas dentro de mim e que brotem do meu intimo, do meu ser, então meu caráter é mudado. 

2)     Olhando no espelho

O apostolo Tiago continua falando da necessidade de termos a Palavra de Deus em nossas vidas e vai usar três figuras: A primeira figura está no verso 18: “Ele nos gerou pela palavra da verdade”. Nos tornamos novas criaturas por um ato divino. A segunda figura está no v.21, ela é enxerto, implantada no tronco da nossa vida, para produzir novos frutos. A terceiro figura está no v.23, a palavra é um espelho, pois o espelho reflete a imagem do que somos. 

Diante disso Tiago nos diz que existem dois tipos de ouvintes da Palavra. Há o tipo de ouvinte que se limita a ouvir. “Se alguém é ouvinte da Palavra e não cumpridor, é semelhante a um homem que contempla no espelho o seu rosto natural; porque se contempla a si mesmo e vai-se, e logo esquece de como era” (Tg 1.23). Aqui, a palavra é espelho. No tempo de Tiago o espelho era de bronze, diferente do espelho atual. Portanto, não se tinha em mente, com muita facilidade, os contornos do próprio rosto. A pessoa não se olhava no espelho todos os dias; somente para alguns eventos. O espelho nos mostrará como estamos.

A palavra de Deus é um espelho e nos mostra como que estamos; tem gente que se submete constantemente as Escrituras (participa dos cultos regularmente) e tem gente que é como os espelhos nos dias de Tiago, somente se vê uma vez por semana ou, leva mais tempo para se vê. Quanto mais olhamos para o espelho mais santos nos tornamos, quanto mais perto, mais próximo de Deus, mais santo! 

Será que temos santos nos dias de hoje? Estamos olhando mais celebridades, quem tem mais seguidores no Instagram, pastores populares, políticos,  jogadores de futebol, modelos, etc. Mas será que temos vivenciado nossa santidade? Quanto mais nos apegamos a Deus, quanto mais nos apegamos a sua palavra, quanto mais nos apegamos em oração, mais a santidade de Deus estará implantada em nossos corações.

O segundo tipo de ouvinte é “...aquele que atenta bem...não sendo ouvinte esquecido, mas executor da obra, este será bem-aventurado no que fizer”. É prometido aqui uma bem-aventurança em tudo àquele que é obediente à Palavra. A expressão “...atenta bem” nos traz a idéia de uma pessoa debruçada sobre a Palavra de Deus, examinando-a com muita atenção. Não é um visitante, alguém que aparece de vez em quando, que diz que está muito ocupado. Mas alguém que leva a sério, alguém que tem o compromisso, alguém que paga o preço, ele não somente escuta mas coloca  em prática.

Conclusão

Tiago chama o evangelho de “...a perfeita lei da liberdade” (Tg 1.25). Não há nada mais para se acrescentar ao evangelho. O evangelho, a revelação de Jesus Cristo, é a última palavra de Deus, sim, é a “lei da liberdade”. Não mais a lei do Antigo Testamento, mas o evangelho que nos dá a verdadeira liberdade. As regras nos aprisionam ao tradicionalismo humano, enquanto que o evangelho nos liberta. Obedecer ao evangelho  é encontrar o caminho da liberdade. 



 

sábado, 12 de julho de 2025

 Há feitiçaria contra o povo de Deus? Nm 23.19-26

Introdução

O livro de Numeros narra a saga do povo judeu no deserto do Sinai, depois de quarenta anos o povo está quase chegando na terra prometida. Os exércitos israelitas venceram os reis Seom e Ogue, agora estão quase acampados nas terras de Moabe. Então, o rei Balaque, com medo, com receio, envia emissários em busca de um velho profeta chamado Balaão, que residia na atual Siria, fronteira com o rio Eufrates. E manda um recado: “Vem, portanto, eu te suplico, e amaldiçoa por mim esse povo” (Nm 22.6). Depois de idas e vindas, depois de uma jumenta falar, finalmente Balaão acompanhou os emissários do rei Balaque.

1)     “amaldiçoa esse povo”

Os moabitas montaram todo o ambiente para a maldição contra o povo de Deus: subiram no Monte Balmote Baal, e edificaram sete altares e prepararam sete novilhas e sete carneiros para sacrificar. Depois de todo o sacrifício, de todo ritual, o velho profeta de Arã, virou-se para Balaque e os príncipes de Edom e disse-lhes: “...como amaldiçoaria eu, aquele a quem Deus não amaldiçoou?” (Nm 23.8). E mais: “Como posso pronunciar condenação sobre aquele que o Senhor não quis condenar?”

Mas o rei Balaque não se contentou, levou o velho profeta no topo do Monte Pisga, agora a visão do povo de Deus era panorâmica, dava pra ver toda a nação de Israel e disse ao velho profeta: “Amaldiçoa-a por mim...”

Novamente levantou-se mais sete altares e ofereceu em holocausto um novilho e um carneiro sobre cada altar, depois do sacrifício o Balaão olhou para Balaque e seus príncipes e disse-lhes: “Deus não é homem para que minta, nem filho do homem para que se arrependa. Acaso ele promete e deixa de cumprir, afirma que faz e não realiza” (Nm 23.19). E diz mais: “Portanto, recebi uma ordem para abençoar; e ele abençoou, e não posso mudar isso” (Nm 23.20).

Como assim? E os seus pecados? Mas o profeta respondeu: “Ele não olhou para as ofensas de Jacó, nem para os erros encontrados em Israel! O Eterno, o Deus de Israel, está com eles; o brado de aclamação do rei ressoa no meio desse povo” (Nm 23.21). E finaliza afirmando: “Não há feitiçaria que tenha poder contra Jacó, nem magia alguma contra Israel”.

Então chega, a terceira profecia de Balaão, desta vez em cima do Monte Peor. Novamente edificaram sete altares e preparam sete touros e sete carneiros. E de novo, o velho profeta, fala a Palavra de Deus: “Quão admiráveis são as tuas tendas, ó Jacó! E famosas as tuas moradas, ó Israel! Como vales que se estendem, como jardins que margeiam os rios, como plantas perfumadas e medicinais que Yahweh plantou, como cedro junto às águas cristalinas” (Nm 24.6).

E termina dizendo: “Sejam abençoadas os que os abençoarem, e amaldiçoadas os que os amaldiçoarem” (Nm 24.9).

Conclusão

Por fim, o velho profeta, chama Balaque ao seu lado e profetiza o futuro do povo de Israel. “Eu vejo, mas não agora; eu avisto, mas não de perto. Um rei, como uma estrela poderosa, surgirá de Jacó; um cetro se levantará dentre os filhos de Israel. Ele esmagará a cabeça dos moabitas e aniquilará todos os arrogantes...”

 

 

terça-feira, 8 de julho de 2025

 Quando a tentação vem Tg 1.13-18 

Introdução

No texto anterior vimos o apostolo Tiago falando sobre a provação e exorta os cristãos a se alegrarem quando são provados “...motivo de grande alegria” (Tg 1.2). Por quê? A provação cria a perseverança, ou seja, nos molda e nos aproxima de Deus. O patriarca Jó, depois de ter passado pela provação, expressou: “Antes eu te conhecia de ouvir falar, mas agora te vejo com os meus próprios olhos”. Diferente da provação, a tentação, é insidiosa, perigosa, tirânica; e o seu intento é humilhar, derrubar, colocar o ser humano na lona. É disso que Tiago está falando nesses versículos... 

1)     Quatro verdades sobre a tentação

Primeiro a tentação sempre está presente. Ninguém está imune a ela. Ele não diz: “Se alguém for tentado”, mas “...quando tentado” (Tg 1.13). A semelhança das provações às quais nossa fé é submetida, as tentações são inevitáveis. Não existem vacinas espirituais, nem garantias que nos livrem delas, nem rotas alternativas para escapar das armadilhas colocadas em nosso caminho. 

Em segundo lugar, Deus nunca é fonte de tentação. “Quando alguém for tentado, jamais deverá dizer: Estou sendo tentado por Deus” (v.13 NVI). Ou: “ninguém ao ser tentado deve dizer: Esta tentação vem de Deus” (VFL). Pois a santidade de Deus é absoluta. O mal é uma impossibilidade para Deus. Disse o profeta Habacuque: “tu és tão puro de olhos que não pode ver o mal” (Hc 1.13). Portanto, a santidade de Deus tem dois lados: a incapacidade de ser afetado pelo mal e a incapacidade de causar o mal. 

Em terceiro lugar, Tiago na introdução de sua declaração coloca a conjunção “mas” indicando assim um contraste. Esse contraste é estabelecido entre a visão errônea de que Deus é o autor da tentação e sua verdadeira origem. Tiago afirma que a tentação tem origem em algum tipo de objeto externo de desejo. Ele diz que cada um é tentado ao ser “atraído por seu próprio desejo”, ou “...atraído por sua própria concupiscência”, que significa “desejo intenso e ardente”.

O termo “atraído” faz parte do vocabulário de pesca e significa “atrair com isca”. Assim uma isca é colocada em nossa vida – algo externo. A Isca em si não é pecado. Mas no fundo do nosso ser, temos a natureza pecaminosa, que deseja morder a isca – o pecado que habita em mim. Depois de acalentado, de alimentado, esse desejo intenso, inflamado essa concupiscência impele-nos para o pecado. Aqui, nesse estágio, vemo-nos caminhando na direção da isca, motivado pelo desejo próprio de ter... 

“.... arrastados e seduzidos”. Logo, Deus não é responsável pela tentação, nem mesmo de forma indireta, mas o nosso desejo intenso é a causa direta do pecado. O teólogo alemão Dietrich Bonhoffer, escreveu um livrinho intitulado “Tentação”, ele consegue resumir o processo: “Em nossos membros, jaz latente uma repentina e violenta inclinação ao desejo. Com força irresistível, o desejo domina a carne... acende um fogo secreto e imperceptível...nesse momento Deus deixa de ser real para nós, e somente o desejo é real para nós...”.

Em resumo, em Tiago 1.14, temos os elementos indispensáveis à tentação: uma isca externa atraente (pode ser sexo, pode ser dinheiro, pode ser poder, pode ser jogos, pode ser drogas etc.); depois o desejo interior. Quando esses dois elementos se juntam: isca externa + desejo = cede a tentação, o resultado é desastroso, atordoante, vil. 

O quarto elemento é a palavra “então”. Então o quê? “Então a cobiça, tendo engravidado, dá à luz ao pecado; e o pecado, após ter-se consumado, gera a morte” (Tg 1.15 A mensagem). O rei Davi sintetiza todo esse processo citado pelo apostolo Tiago: Davi não foi na guerra, resolveu ficar em seu palácio. Numa noite sem sono, começou andando pelo terraço do palácio, os olhos do rei viram um pecado em si (uma isca). Mas seu desejo interior, sua natureza adâmica, desejou-a para si. A semelhança de alguém que cai numa armadilha, o salto que Davi deu da tentação para o pecado foi tão veloz quanto um fogo em mato seco: ele perguntou quem era, mandou buscá-la e deitou-se com ela – tendo plena consciência que a mulher era casada! 

O que é mais assustador no pecado de Davi é que ele foi cometido por “um homem segundo o coração de Deus” (1 Sm 13.14). Se esse grande homem de Deus, homem usado por Deus poderosamente, sofreu uma queda tão grave e repentina, não devemos pensar, nem por um momento sequer, que estamos imunes a algo desse tipo.

Mas podemos resistir ao desejo, voltar as costas para a isca e seguir outro caminho, interrompendo assim o ciclo. Mas se a pessoa que é tentada agasalha o desejo, abraça o objeto da tentação e corre para a armadilha, o resultado será o ato pecaminoso. Então, temos que tomar cuidado, primeiro, quando somos levados por alguma coisa que nos atrai, entramos no território da tentação. Segundo e quando o pecado é mantido sem que haja arrependimento, ele resulta em morte, uma morte espiritual, um afastamento da presença de Jesus. Em Cristo recebemos vida abundante, mas o pecado tem o poder de tirar essa vida de dento de nós. Por isso que precisamos nos arrepender... 

“...gera a morte”. Para os judeus a morte era uma trajetória não um destino. “Estar morto” é uma referência a um tipo de vida alienada, longe da presença de Deus. Em Deuteronômio lemos: “Vê que hoje coloquei diante de ti a vida e o bem, a morte e o mal”. Essa escolha entre “existência de vida” e “existência de morte”. Em Provérbios também diz: “A vida se encontra na vereda da justiça; não há morte em seu caminho” (Pv 12.28). E mais: “O ensino sábio é uma fonte de vida que protege dos laços da morte” (Pv 13.14).

As pessoas estão no caminho da vida, andando com Cristo, vivemos uma vida de santidade; ou as pessoas estão no caminho da morte, andando em pecado, em desobediência. Quem está andando no caminho da vida, anda em comunhão com Deus, tem prazer de estar reunido com os irmãos na igreja, medita nas escrituras e tem uma vida constante de oração. Quem está no caminho da morte já perdeu a vitalidade espiritual; não frequenta mais a igreja, não medita nas escrituras e não ora mais. Vive uma vida na sina do pecado.

O apostolo Tiago admoesta: “Meus amados irmãos, não vos enganeis”. Ou seja, não se desviem. Os encantos da tentação chegam sob muitas formas e em momentos diferentes. Não permitam que seus pensamentos se desviem da verdade e sigam pelo caminho do engano e da falsidade. O processo de tentação começa na mente e, por isso, precisamos fazer todo o possível para encarar os fatos e fugir da tentação

Conclusão

O apostolo Tiago termina essa sessão afirmando que “Toda boa dádiva e todo dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, que não muda como sombras inconstantes...” (Tg 1.17). Sim, Ele é o Pai das luzes que dissipa toda escuridão, todo pecado. Ele é imutável em seu ser, em quem não há “mudança nem sombra de variação”. Em Deus temos o que há de melhor na criação, seu amor, sua graça, sua presença, a paz que excede todo entendimento, sabedoria, discernimento, dons espirituais, amigos espirituais, uma igreja para adorar o Nome do Senhor, somos batizados com Espírito Santo, enfim...

Fora de Cristo, somos como o filho prodigo, insaciáveis, buscando, tateando, experimentando, raspando o tacho do pecado, uma angustia deprimente, sim, vivendo uma existência de morte e não de vida! Mas ele termina afirmando: “Por sua decisão ele nos gerou pela palavra da verdade, para que sejamos como que os primeiros frutos de tudo o que ele criou” (Tg 1.18).

Sim, a palavra de Deus, nos alimenta, nos abastece, nos purifica, nos levanta, o salmista expressou: “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno” (Sl 139.23-24). 

 

domingo, 6 de julho de 2025

 Três profetas corajosos Ez 2.1-3 

Introdução

Vivemos tempos difíceis, tempos cabulosos, nebulosos. Temos que não existe mais o certo e o errado, mas tudo se inverteu. Tempo que não existe verdade absoluta, porque o que importa é a minha verdade, o meu corpo e as minhas regras; o meu pensamento; a minha maneira de agir e comportar. Diante disso, convidamos três profetas do Antigo Testamento para sentar conosco e nos falar um pouco de seu período.

1)    Ezequiel fala a uma congregação volúvel (Ez 2:1-3,6-7). 

O profeta Ezequias estava no exílio, junto com mais de dez mil judeus:  “Junto aos rios da Babilônia, nós nos sentamos e choramos com saudade de Sião. Ali nos salgueros penduramos as nossas  harpas; ali os nossos captores pediam-nos canções, os nossos opressores exigiam canções alegres, dizendo: Cantem para nós uma das canções de Sião. Como poderíamos cantar as canções de Sião numa terra estrangeira” (SL 137:1-4).

         O chamado de Ezequiel exigia que se prestasse atenção a Deus, não às pessoas ao redor (2:1-3). “Filho do homem, fica em pé, porquanto desejo falar com voce...Atenta que o povo a quem Eu estou enviando é rebelde, obstinado, teimoso. Diga-lhe, pois: Assim diz o Senhor, o Soberano Deus”. Ez 2.1-3).

         A mensagem de Ezequiel deveria ser proclamada, quer as pessoas o ouvissem ou não (Ez 3:7-11). “eis que faço a tua testa tão forte quanto o diamante e mais resistente que a rocha mais dura” (Ez 3.9).

         Ezequiel deveria permanecer firme, independentemente da maneira como fosse tratado (33.30-33). “Quanto a voce, filho do homem, seus compatriotas estão conversando sobre voce junto aos muros e às portas das casas, dizendo uns aos outros: O meu povo vem a voce como costuma fazer, e se assentam para ouvir as suas palavras, mas não as põe em prática. Com a boca eles expressam devoção, mas o coração deles está ávido de ganhos injustos”

O   O povo diz: “fale o que eu quero ouvir, diga-me que sou legal. Apresente alguns princípios de autoajuda para que eu possa me sentir bem. Mas, pelo amor de Deus qualquer coisa, não fale do meu pecado. (Ez 33:30-31-33).

      “Voce é um simples entretenimento – um cantor popular com suas melancólicas canções e seu instrumento musical”. Eles consideram Ezequiel um orador eloqüente de voz agradável e excelente pronúncia. Contudo, depois dos aplausos, tudo voltava a ser como era antes. Esqueciam a mensagem; os pecados continuavam.

 

 2)    Amós adverte a respeito de uma fome vindoura .

      Um garoto do interior natural de TEcoa, cidade de Judá. Além de sua vocação de profeta, Amós também era pastor de ovelhas e plantador de sicômoros, qualidades que o tornavam um autentico caipira colhedor de figos .

      Quando Amazias, profeta do rei Jeroboão veio lhe confrontar, ele respondeu: “Eu não era profeta, não faço parte de nenhuma escola de profetas; sou apenas um criador de gado e faço colheitas de sicômoros, figos silvestres. Mas, Deus me chamou e me tirou do serviço junto ao rebanho e me ordenou: Vai agora! E profetiza a Israel, o meu povo”.

       Diante da perseguição Amós vira pra Amazias e lhe diz:  “voce precisa dizer ao rei que sua esposa em breve se tornará uma prostituta e todos os seus filhos serão mortos à espada”.

       Amos 8:11-12: Amós predisse a vinda de uma época em que a terra sentiria saudades dos grandes profetas de outrora, ansiando por uma voz poderosa da parte de Deus – ou seja, qualquer pessoa que defendesse a verdade de modo corajoso e politicamente incorreto. “...mandarei fome sobre toda a terra; não simplesmente a fome por comida, nem sede de água; mas a fome e a sede de ouvir e se alimentar da Palavra do Senhor. Os homens vaguearão de um mar a outro, do Norte ao Oriente, buscando a Palavra do Senhor, mas não lhes será possível encontrar”

         As pessoas anseiam por alimento para a alma, pelos nutrientes da Palavra de Deus; porém, não encontram esse sustento. Repito: há uma terrível escassez de alimento em nossa terra.

         Papa Leão X: “um porco selvagem está a pilhar a vinha de Deus” (Rm 16:17-18). Sempre existiram enganadores e impostores com sua esperteza e duplicidade, encrenqueiros que atacaram vários apóstolos e companheiros cristãos (Atos 20:28-31). Um inimigo implacável de Paulo era “Alexandre, o ferreiro” (2 Tm 4:14). O idoso apostolo João adverte que Diótrefes “gosta muito de ser o mais importante” (  3 Jo 9), um mandachuva na igreja.

       3)    Joel prediz um futuro promissor.

      O terceiro profeta é Joel que predisse uma fome terrível que aconteceria com o povo de Israel, uma praga de gafanhotos.    Todos os tipos possíveis de gafanhotos se puseram a destruir o solo: os que rastejam, os que migram, os que cortam e os que destroem. Joel escreveu a partir da fascinante perspectiva de Deus, referindo-se a esses insetos como “o meu grande exercito que enviei contra vocês” (Jl 2:25).

     No meio do julgamento Deus diz: “Fazei tocar a trombeta por toda Sião! Dai alerta no meu Santo Monte. Tremam todos os habitantes da terra, porque o dia do Senhor vem, e já está próximo” (Jl 2.1).

     Diante de tanta calamidade o que devemos fazer: “Agora, porém, diz o Senhor voltem-se para mim de todo o coração, com jejum, lamento e pranto. Rasguem o coração e não as vestes. Voltem-se para o Senhor, o seu Deus, pois ele é misericordioso e compassivo, muito paciente e cheio de amor; arrepende-se, e não envia a desgraça”. (Jl 2.12-13).

      Conclusão

     Diante das profecias de Ezequiel que aponta nosso pecado, nossa vontade de viver a vida que vivemos, do jeito que vivemos. Diante do profeta Amós que diz que virá tempos que a Palavra de Deus será escassa, não achará em canto algum. E, por fim, diante do profeta Joel que fala de um tempo de assolação, de juízo, julgamento. E nos convida ao arrependimento o que vamos fazer?

sábado, 5 de julho de 2025

 Quando sangramos 1 Sm 4

Introdução

Em 2003, numa apresentação do mágico Roy em Las Vegas com tigres brancos, a multidão encheu o espetáculo. Ele era mágico e ilusionista, tinha várias apresentações e a ultima e a mais esperada seria com o tigre. O tigre pesava mais de 180 kg, tinha um tamanho de 2 metros, era muito forte, rápido, uma mordida forte e sua patada podia esmagar um crânio de uma vaca.

Chega o grande dia, depois de todas as apresentações, chegou o grande numero – Roy e seu tigre branco -. Mas, de repente, algo de incomum acontece, porque o tigre pega o ilusionista pelo pescoço e o arrasta até o fundo do palco, depois volta pra sua cela. Muitos perguntavam: o que aconteceu? Depois disso Roy ficou com muitas debilidades físicas....e o show e o espetáculo acabou...

1)     Israel e os filisteus

No inicio do capitulo 4, vemos uma guerra entre os filisteus e o povo judeu. Eram tempos difíceis, tempos dos juízes, tempo sem rei, o povo fazia o que queria. O Sumo sacerdote neste tempo era Eli e os seus dois filhos – Hofni e Fineias – faziam o que queriam. Pegavam a melhor parte da carne e além disso, se prostituiam com mulheres que iam ao tabernáculo.

Os israelitas foram para batalha lutar contra os filisteus e acamparam em Ebenezer e os filisteus em Afeque. Israel sangrou, quatro mil homens morreram nessa peleja. E quando voltaram perguntaram ao Senhor: “Por que o Senhor deixou que os filisteus nos derrotassem? Por que o Senhor permitiu que todos esses homens morressem? Por que o Senhor permite o sofrimento? O patriarca Jó sofreu e sabia que o Senhor havia permitido.

Mas, quando lemos o livro do Pentateuco, temos serias advertências quanto a desobediência e sua consequências. Se o povo rejeitasse o seu Deus, virasse as costas para Deus, seguindo os deuses dos povos cananeus, o Senhor iria disciplinar o seu povo, o Senhor iria sangrar o seu povo. E, agora, vemos o povo de Israel sendo sangrado pelos filisteus. 

Nessas horas, o povo deveria ter feito um auto exame para saber porque havia perdido a batalha.

Então, pensaram: “Vamos a Siló buscar a arca da aliança do Senhor, para que ele vá conosco e nos salve das mãos de nossos inimigos”. Arca da aliança construída no deserto na época de Moises; continha dentro de si as tabuas da aliança, dos dez mandamentos. Era um símbolo da shekina, da presença do Senhor. Talvez o povo lembrou-se do que aconteceu em Jericó, quando os sacerdotes levaram a arca no meio deles....e venceram a peleja....

No entanto, os judeus estavam usando a arca da aliança como um talismã, numa tentativa de forçar a mão de Deus a dar vitória para eles. Tentando manipular o Santo, o Justo, o indomável. E diziam: Vai dar certo porque estamos levando a arca para o meio da guerra... Deus vai ter que nos dar a vitória.

2)     A arca no acampamento

No entanto, quando a arca de Deus chegou no meio do acampamento houve uma gritaria tão alta que quase estremeceu o chão. A arca de Deus está em nosso meio, viva, vamos vencer a guerra, Deus está conosco...vamos lutar....eles tinham a certeza absoluta da vitória....vamos ganhar, Deus está em nosso meio.

Quando os filisteus ouviram esses gritos temeram: o que são esses gritos? É a arca da aliança está com eles no acampamento. Temeram, mas tiveram coragem, sabiam que tinha que lutar, a liberdade deles estava em lutar corajosamente.

A batalha começou e os filisteus venceram a peleja, matando trinta mil homens israelitas. Não somente, Hofni e Finéias filhos de Eli, o sacerdote, morreram! Não somente, mas a arca do Senhor foi tomada e levada pelos filisteus....Deus conforme profetizou Samuel dizimaria a vida dos filhos de Eli... Deus estava cumprindo a sua palavra...

3)     Icabode

Um benjamita  correu a linha de batalha até Siló, com roupas rasgadas e terra na cabeça, sinal de humilhação, de calamidade nacional.  Entrou na cidade e contou a triste noticia e toda cidade começou a gritar, afinal foram trinta mil homens mortos na peleja.

Eli perguntou para ele: o que significa esse tumulto? Eli tinha noventa anos e oito anos de idade e foi juiz de Israel por quarenta anos. O que aconteceu, meu filho? Ele respondeu: Israel fugiu dos Israelitas, e houve uma grande matança entre os soldados. Também, os seus dois filhos, Hofni e Finéas estão mortos, e a arca de Deus foi tomada. Eli quando ouviu que a arca de Deus havia sido tomada, caiu da cadeira para trás, quebrou o pescoço e morreu, imediatamente.

Para piorar a situação, sua nora, gravida e próxima ao parto, quando ouviu a noticia de que a arca havia sido tomada, seu marido e sogro morreram, entrou em trabalho de parto, deu a luz, mas não sobreviveu. Mas, antes de morrer, sussurrou o nome do menino: Icabode! Foi-se a gloria de Israel, não gloria, não presença, não shekina.

A profecia se cumpriu, o Senhor estava desvencilhando o seu nome de Eli, Hofni e Finéias. Quanto a arca do Senhor, ele vai voltar. Deus é soberano, Deus é o Senhor da história. Eli morreu, mas temos Samuel. DEUS ESTAVA FAZENDO O SEU POVO SANGRAR, MAS ERA NECESSÁRIO.

Quanto a história do Tigre, de Roy, ainda não terminou. Enquanto Roy estava sangrando no hospital, ele consegue suspirar algumas palavras: Não machuque o tigre. Na verdade não foi um ataque, na hora Roy teve um derrame cerebral e instintivamente o tigre pegou seu dono e o arrastou pelo pescoço para o fundo do palco, aliviando o derrame e salvou a sua vida.

Na verdade, nos dias difíceis, nos dias que estamos sangrando, nunca é um ataque, é um resgate. Deus está nos resgatando, nos puxando...

Jesus sangrou na cruz, perante todos....todos pensaram que era o fim ....icabode, mas era um resgate em nosso favor....Deus meu, Deus meu....porque me desamparaste...era um resgaste.

 

 

 

 A sombra da cruz – Is 53.1-10 

Introdução

O sofrimento, ou a provação é uma realidade humana, é inerente ao ser humano.  O apostolo Tiago exorta: “...tende por motivo de grande gozo passardes por várias provações” (Tg 1.2). Todos já passamos por “várias provações”. O Nosso Salvador, também passou por provações, vivenciou situações difíceis. Existem duas pinturas, com o mesmo título: “a sombra da cruz”, elas antecipam a agonia de Jesus na cruz.

A primeira pintura retrata uma cena de carpintaria de José, em que Jesus está trabalhando ao seu lado. Nela, Jesus, retratado como um adolescente interrompe seu trabalho para olhar pela janela da carpintaria. Ele está de pé, com os braços abertos e estendido, e sua imagem projeta uma sombra escura sobre a parede atrás dele. Uma sombra em forma de cruz...

A segunda pintura retrata Jesus como adolescente ainda, correndo com os braços estendidos para sua mãe, com o sol batendo em suas costas. Projetada sobre o caminho diante dele, aparece uma sombra escura de uma cruz. Nessas duas pinturas a cruz está ligada a Cristo, desde o início... desde os seus primeiros dias...

1)     Os homens e Jesus

O profeta Isaias começa com essas palavras: “Quem creu em nossa mensagem? E a quem foi revelado o braço do Senhor? Ele cresceu diante dele como um broto tenro e como uma raiz seca. Ele não tinha beleza ou majestade que nos atraísse, nada havia para que o desejássemos. Foi desprezado e rejeitado pelos homens, um homem de dores e experimentado no sofrimento” (Is 53.1-3).

Como era Cristo para os homens? Setecentos anos antes dele nascer o profeta Isaias respondeu! Não era alto, moreno e nem bonito, mas como disse o profeta, o Messias prometido “nada tinha em sua aparência para que o desejássemos”; “nós o tratamos como se fosse alguém sem importância” (VFL). Ele não tinha esplendor ou elegância – nem era uma figura grandiosa ou majestosa.

E diz mais: “Ele cresceu como um broto tenro”; sim apenas um pequeno e tenro broto, a terra estava ressecada e oferecia pouca esperança de sobrevivência. Ele era completamente humano, completamente santo, completamente verdadeiro, completamente Deus, completamente compassivo, completamente amoroso, completamente sábio. Sentia repulsa pela religião dos fariseus, uma religião mascarada, que somente mudava o exterior. Ele era como “broto tenro”.

O profeta Isaias também diz que ele era “como uma raiz saída de uma terra árida e estéril”. Essa terra seca pode se referir a terra de Israel, uma terra invadida no decorrer dos anos por várias potencias mundiais, agora tinha sido invadida por Roma. Essa “terra árida e seca” também pode se referir a sua cidade, Nazaré, uma comunidade de 600 habitantes. De todos os sentidos, ele era um “broto tenro”, nascido numa terra “árida e estéril”.  Humanamente falando, era impossível esse broto evoluir numa terra seca....e árida.

Nele não havia “qualquer beleza ou majestade que nos atraísse”, ou como diz a Biblia Viva: “Nada que nos fizesse deseja-lo”. Os homens olharam para Ele e o rejeitaram. O apostolo João, que andou com Jesus,  disse em seu evangelho: “Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam”. Eles não aceitaram, eles rejeitaram... Portanto, Jesus não era celebridade, muito menos popular! Ele nunca teria sido a capa de nenhuma revista. 

Israel queria um Messias, mas totalmente diferente. Um Messias forte, vestido com sua armadura, montado em cima de um cavalo branco, seguido por ume exército e com glorias e poder para si...Mas Jesus não era assim...

Ele foi desprezado e rejeitado”. A palavra “desprezado” significa considerar alguém “como desprezível ou sem valor”. Em outras palavras, o que o profeta Isaias nos conta é que quando as pessoas viram Jesus, disseram: “Ele não tem valor”, “Ele é desprezível”. Este termo significa também “desaprovar e tratar alguém com desprezo”. Eles o desdenharam. Não somente desprezado, Ele também “foi rejeitado pelos homens”, o que literalmente significa “desprovido de homens”, abandonado pelos homens...sim, ele ficou sozinho... 

Quando os homens olhavam para Jesus viam como “um homem de dores e experimentado no sofrimento”. Ele era uma pessoa “de quem os homens escondem o rosto”, os homens lhe davam as costas ou o ignoravam...

2)     Deus e Jesus

O profeta Isaias descreve a concepção de Deus em relação ao seu filho, a partir do verso 4: “Certamente ele tomou sobre si as nossas enfermidades e sobre si as nossas doenças; contudo nós o consideramos castigados por Deus, por Deus atingido e afligido. Mas ele foi traspassado por causa das nossas transgressões, foi esmagado por causa de nossas iniquidades; o castigo que nos trouxe a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos curados. Todos nós, tal qual ovelhas, nos desviamos, cada um de nós se voltou para o seu próprio caminho. E o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de todos nós” (Is 53.4-6). Mas o verso 10 é mais categórico: “Contudo, foi da vontade do Senhor esmagá-lo e faze-lo sofrer”.

Os homens nos dias de Jesus podem ter considerado Jesus insignificante, desprezível, mas o Pai certamente não! Ele descreve os sofrimentos de seu Filho em termos vividos: “enfermidades”, “doenças”, “castigado”, “atingido”, “transpassado”, “esmagado”, “castigo”, “feridas”. Deus colocou sobre seu Filho toda nossa iniquidade e nos fala o quanto isso significou ...

Enquanto para o Filho de Deus foi tormento, aflição, para nós, libertação, cura, perdão. O texto diz: “suas dores eram as nossas próprias enfermidades”, “seu corpo levou todas as nossas doenças”, mas nós “o julgamos culpado e castigado por Deus”; Pois “pela mão de Deus foi ferido e torturado”; “ele foi transpassado por causa das nossas próprias culpas e transgressões”; “esmagado por conta das nossas iniquidades...” 

A despeito de todo o seu poder e de sua inquestionável majestade, Ele foi na verdade o Salvador Sofredor, Esmagado, quebrado, sangrando. Ele cumpriu sua missão, ordenada por Deus, quando foi levado à cru por nós.

Diz mais o profeta Isaias: “Ele foi oprimido e afligido; e, contudo, não abriu a sua boca; como um cordeiro foi levado para o matadouro, e como uma ovelha que diante dos seus tosquiadores fica calada, ele não abriu a sua boca”.

Sim, ele foi oprimido e afligido. Oprimido significa “ser duramente apertado, empurrado”, podendo até mesmo significar “ser atormentado”, ou “cobrado”. Afligido significa “ser dobrado para baixo, fazer baixar, ser forçado a submeter-se”. Mesmo assim, apesar de tudo isso, “como uma ovelha que diante de seus tosquiadores fica calada, ele não abriu a sua boca”.

Sua aparência estava desfigurada, Ele se tornou irreconhecível como homem; não parecia um ser humano. Todo seu corpo estava machucado, desfigurado, abatido, havia sangue por todo o seu corpo, estava todo ferido...

Conclusão

“Contudo, foi da vontade do Senhor esmaga-lo e fazê-lo sofrer...”. Jesus foi assassinado, entregou a sua vida voluntariamente. O esmagamento do Filho foi planejado pelo Pai. Aquele corpo completamente ferido, aquelas bofetadas torturantes foram todas projetadas por um Pai amoroso. Sim, tudo isso Deus permitiu que fizesse com seu Filho, para nos curar, salvar, justificar, nos conceder a remissão dos nossos pecados. 


 

terça-feira, 1 de julho de 2025

 Voce é sábio? Tg 1.1-8 

Introdução

Tiago é o meio irmão de Jesus, o irmão mais novo que conviveu com Jesus durante algumas décadas. De início, não acreditou que seu irmão pudesse ser o Messias, o Salvador do Mundo; era uma pessoa incrédula. Mas depois da ressurreição de Jesus, e que lhe apareceu pessoalmente, ele tornou-se um discípulo de Jesus. Não somente um discípulo, estava no dia do Pentecoste, não somente batizado com Espírito Santo tinha uma espiritualidade acima de muitos e se tornou o líder da igreja de Jerusalém.

Agora, nos versos subsequentes, Tiago fala sobre o nosso mundo, um mundo dissonante, cheio de ofensas, barulhos, funk, mágoas, desânimo, decepções, ingratidão, doenças, sofrimento, enfermidades e morte. Por mais que tentemos viver em um mundo com harmonia, sempre haverá uma nota dissonante doendo em nossos ouvidos, é o que ouvimos sempre: “O mundo é injusto”. O mundo está enfermo, as pessoas estão mais preocupadas com academia do que com Deus; mais preocupadas com o corpo do que com sua espiritualidade. 

1)   Provações

Ele inicia em tom de exultação: “Meus irmãos, tende por motivo de grande gozo passardes por várias provações...”(Tg 1.2), ou “...motivo de grande alegria” (chara no grego), que significa literalmente “alegrar-se”, como em Romanos 12.15: “Alegrai-vos (chairo) com os que se alegram”. Ou seja, tudo o que está acontecendo com vocês é “motivo de grande alegria”! Diante de uma teologia da prosperidade que impera em nossos dias, Tiago vai na contracorrente desse pensamento. A vida cristã não é somente vitórias mas enfrentamos provações, adversidades, lutas. 

“...por passardes por várias provações”. A palavra grega traduzida por “provação” é peirasmos, que pode denotar as provas que desafiam a integridade da fé. O apostolo Pedro segue o mesmo padrão de Tiago: “...alegrem-se com isso, ainda que agora, por algum tempo, vocês precisam suportar muitas provações” (1 Pe 1.6).  O apostolo Paulo enumera algumas provações: “...somos pressionados... perplexos...perseguidos...abatidos” (2 Co 4.8-9).  A palavra peirasmo no grego diz respeito as provas que desafiam a fé daquele que crê. O que nos ensina? 

 Primeiro, ele nos diz que as provações são inevitáveis. Observe que Tiago não diz: “Considerai motivo de grande alegria se passardes por várias provações”. Em vez disso, ele usa uma palavra que pode ser traduzida por “quando” (hotan), “...sintam-se felizes quando passarem...” (NTLH) ou seja, a semelhança da própria morte, não há quem consiga escapar das provações nem evita-las. Ou seja, as provações fazem parte da vida humana...

Segundo, Tiago nos diz que “várias” (poikilos) são as provações. Pense nessa palavra “várias”, pois a palavra poikilos pode significar diverso, variado ou multicolorido. Trocando em miúdo, as provações nos chegam em todas as formas e tamanhos. À semelhança de visita que não convidamos, elas chegam sem avisar e demora para ir embora! As provações podem ser frequentes e angustiantes, ou impressionantes, e mudar nossa vida. É impossível prevê-las...Mas Tiago vai um pouco mais longe, nos dando discernimento, como se nos levasse para cima de uma montanha nos mostrando uma visão panorâmica das provações. 

Ele diz “a prova da fé produz perseverança” (Tg 1.3). ou, “Quando sua fé vence essas provações, ela produz perseverança” (BLH). As dificuldades existem para serem vencidas. É possível vencê-las, não no poder da carne, mas no poder do Espírito Santo. É nas provações que o caráter se enrijece e se torna mais forte. Nas provações os músculos espirituais são trabalhados, alongados, esticados, melhorados e fortalecidos, assim produzindo perseverança – a força para não desistir, não parar... 

As pessoas que são donas de um caráter extraordinário são aquelas que aprenderam a enfrentar a vida dentro da fornalha. É aquela mãe que perde o filho e consegue dizer a Deus: “Tu o deste, tu o levaste. Bendito seja o Nome do Senhor”. É aquele pai que, depois de anos numa mesma empresa, perde o emprego e diz à família: “Hoje a noite, vamos juntos agradecer a Deus a oportunidade que Ele está dando para confiramos nele”. É aquele adolescente, ou jovem que diz: “Não vou abrir mãos dos meus princípios, vou manter meus padrões, mesmo que eu fique isolado e sem amigos”.

O patriarca Jó mesmo perdendo tudo não desistiu, não titubeou “O Senhor me deu, o Senhor me tomou, bendito seja o Nome do Senhor” (Jó 1.21). Os jovens Sadraque, Mesaque e Abdenego tinham que se curvar diante da estátua de Nabucodonosor, mas eles não quiseram se curvar “...não prestaremos culto ao seu deus, nem adoraremos a estátua de ouro que o senhor mandou erigir...”(Dn 3.18).

“...perseverança”. a palavra grega é hipomoné, que significa “ação de perseverar, sofrer, suportar calma e heroicamente”. Essa palavra é usada ao período de duração de um trabalho cansativo e alguém desempenhou debaixo de pressão. Hipomoné é aquela virtude que faz um homem avançando, mesmo sob golpes. O profeta Jeremias estava cansado, no Capitulo 12, Deus lhe disse se voce não está conseguindo correr com os que vão a pés, como correrá com os que vão à cavalo? Se não puder voar, corra. Se não puder correr, ande. Se não puder andar, rasteje. Mas continue em frente de qualquer jeito. Isso é Hypomoné! 

2)     Sabedoria

Por que muitas pessoas são abatidas pelas provações? Por que muitas pessoas desistem no meio do caminho? Quantas alicerces que encontramos de pessoas que começaram a vida cristã e desistiram, pararam? O que nos impede de ter alegria, gozo, no meio das provações? A resposta é: nossa falta de sabedoria. 

Quando vemos que temos dificuldade de lidar com uma provação, com uma adversidade, tribulação, temos uma alternativa: pedir sabedoria a Deus. Aqui, sabedoria, pode ser definida como a capacidade de ver a vida da perspectiva de Deus. O rei Josafá em meio a guerra contra o exército de Edom, decidiu buscar o socorro do Senhor e orou: “Eis que não sabemos o que fazer, contudo nossos olhos se voltam para ti” (2 Cro 20.12).

Não é fácil ter fé nos momentos de provação, o salmista em sua luta mais atordoada diz para sua alma: “Por que estás assim tão abatida, ó minha alma? Por que te angustias dentro de mim? Deposita toda a tua esperança em seu Deus! Pois ainda o louvarei por seu livramento; Ele é o meu Salvador” (Sl 42.5). Sim, diz o apostolo Tiago, “Se algum de vós tem falta de sabedoria, rogai a Deus, que a todos concede liberalmente, com grande alegria” (Tg 1.5).

Mas ele insiste: “Todavia, peça-a com fé” (Tg 1.6). Ele não se refere a fé salvadora, mas na fé que nos sustenta – o tipo de fé que nos permite perseverar no meio das provações, que alinha nossa vontade e nossa postura com a perspectiva divina e nos entrega à poderosa mão de Deus. O contrário de fé é dúvida. Tiago compara aquele que duvida com “onda do mar, agitada e levada pelos ventos” (Tg 1.6). A palavra “onda” é usada no Evangelho de Lucas na passagem em que os discípulos pensaram que iam morrer no meio da tempestade no Mar da Galiléia. Eles acordaram Jesus, que imediatamente, “...repreendeu o vento e a fúria da água” (Lc 8.24). Depois Jesus lhes disse: “Onde está a vossa fé?” (Lc 8.25). 

Uma pessoa que vacila  - é assim que Tiago se refere a alguém com duvidas tão profundas. A palavra usada por ele ao pé da letra “alguém com duas almas”. Vejam as traduções: “...uma vez que tem mente dividida...” (NVT), “...homem de ânimo dobre, inconstante em todos os teus caminhos” (ARA), “...sendo indecisa e inconstante em todos os seus caminhos” (NAA). É no livro de Tiago que a palavra pela primeira vez na literatura grega, e é possível que ele a tenha inventado. O termo é novamente empregado em Tg 4.8: “...vós, que sois vacilantes, purificai o vosso coração”. Onde deveria haver um só pensamento, objetivo, postura ou devoção, encontramos dois pensamentos que competem entre si.

Portanto, para o apostolo Tiago, uma pessoa vacilante é alguém que deseja atender à sua própria vontade e à vontade de Deus. Esse tipo de pessoa é inconstante em tudo o que faz

Conclusão

Diante desse texto que se vislumbrou diante de nós, o que fazer? Temos provação, lutas, adversidades, tribulações. Sim, passaremos muitas vezes pelo funil da vida. Mas, o melhor de tudo, é que nos momentos difíceis o Senhor estará conosco e nos dará sabedoria para vencermos nossas provações.