terça-feira, 12 de setembro de 2017

O erro de Pedro e o nosso. Gl 2.11-16.



Introdução: Uma situação da igreja do primeiro século

Os judaizantes-missionários confrontavam os cristãos da Galácia incisivamente:

_ Vocês são cristãos?
_ Somos – respondiam os cristãos gentios. _ Cremos em Jesus Cristo como Senhor e Salvador.
Os missionários judeus então diziam: _ Que coisa maravilhosa! Nós também somos! E vocês já foram circuncidados?
_ Não – informavam com estranheza os recém-convertidos.
_ Como não foram?! Quem pregou o evangelho para vocês? O apostolo Paulo? Já Imaginávamos! Vocês sabiam que Paulo não pertence aos Doze? Ele veio depois. Não faz parte do grupo original dos apóstolos de Cristo. Ele não ensinou que vocês deviam ser circuncidados?
_ Não. Ele disse que pela fé estamos salvos e não precisamos de mais nada. O que devemos fazer, depois de ter sido salvos, é obedecer a Deus, perseverar na verdade, pregar o evangelho a outras pessoas e fazer parte da igreja.



_ NÃO, NÃO. Paulo ensinou tudo errado! Vocês não são cristãos completos ainda. Para que sejam cristãos de fato e possam entrar no reino de Deus, é preciso ir além de somente crer em Jesus. Voces precisam ser circuncidar, deixar de comer carne de porco e sangue, ou seja, parar de viver dessa maneira que vocês vivem. Voces tem que se tornar judeus, porque Jesus era judeu. Refutando essas idéias temos:  (Hb 9.9-10), Colossenses 2.16: “Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber,ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados”. E Marcos 7:14,15.

1)    Paulo e Pedro. 


   Tanto Paulo como Pedro eram cristãos, homens de Deus; ambos eram apóstolos de Jesus Cristo; ambos eram respeitados nas igrejas por sua liderança; ambos haviam  sido poderosamente usados por Deus. Na verdade o livro de Atos está virtualmente dividido no meio pelos dois, a primeira parte contando a história de Pedro e a segunda parte, a história de Paulo.

1)    A conduta de Pedro (VS. 11-13).

 Quando Pedro chegou a Antioquia, ele comia com os cristãos gentios. Na verdade, o tempo imperfeito de verbo indica que este era o seu comportamento regular. “Pedro tinha o hábito de se sentar à mesa com os gentios”.  Então, um dia, chegou a Antioquia um grupo de Jerusalém. Eram todos crentes cristãos professos, mas eram de origem judaica, escrupulosos fariseus (At 15:5) e vinham “da parte de Tiago”, sem a sua autoridade (At 15:24). E diziam, que era impróprio sentar junto para cear. Eles se apresentaram como delegados apostólicos e ensinavam: “que era incorreto que os CRENTES JUDEUS CIRCUNCIDADOS praticassem da mesma mesa com os crentes gentios INCIRCUNCIOSOS, ainda que esses últimos cressem em Jesus e fossem batizados.

Por que ele o fez? Lembremos que havia pouco tempo (At 10:9-16), Pedro recebera uma revelação direta e especial de Deus exatamente sobre esse assunto. Ele estava no terraço de uma casa em Jope, uma tarde, quando entrou em êxtase e teve uma visão de um lençol que descia do céu segurado pelos quatro cantos, contendo uma variedade de criaturas impuras (aves, vermes e repteis). Então ele ouviu uma voz que dizendo: “Levanta-te, Pedro; mata e come”. Quando ele objetou, a voz continuou dizendo: “Ao que Deus purificou não consideres comum”. A visão se repetiu três vezes, com ênfase. Pedro concluiu que devia acompanhar  os  mensageiros gentios que foram enviados da parte do Centurião Cornélio e foi à casa deste, atitude que lhe era proibida, por ser um judeu. No sermão que pregou na casa de Cornélio, ele disse: “RECONHEÇO POR VERDADE QUE DEUS NÃO FAZ ACEPÇÃO DE PESSOAS”. 


Será que Pedro havia se esquecido dessa revelação? “Ele veio apartar-se, temendo os da circuncisão”. “ E também os demais judeus dissimularam com ele, ao ponto de o próprio Barnabé ter-se deixado levar pela dissimulação deles” (v.13). “Pedro estava mais desejoso de agradar do que edificar, e visava mais ao que gratificaria os judeus do que ao que seria conveniente a todo o corpo de Cristo”. (Calvino). V. 13: “dissimulação” é “hipocrisia” , que significa “fazer fita”. Eles fingiram. O mesmo Pedro que negou o seu Senhor com medo de uma criada, negou-o agora com medo do partido da circuncisão. 
  
2)    A conduta de Paulo (VS. 14-16). 
   O versículo 11 diz que Paulo “resistiu” ou “enfrentou” a Pedro “face a face”.   A razão da atitude drástica de Paulo foi que Pedro “se tornara repreensível”. Ou seja, Paulo diz que Pedro não estava “andando” com o evangelho. O prefixo ORTO quer dizer ser correto; assim vamos ao ortodontista para endireitar os dentes.  Isto é, “ele estava inteiramente errado”. Além disso, Paulo repreendeu Pedro “na presença de todos” (v. 14), franca e publicamente.

 Por que ele o fez? Por que Paulo se atreveu a contradizer um companheiro  seu, apostolo de Jesus Cristo, e  isto publicamente? Sempre por causa do seu temperamento? Seria ele um exibicionista? Será que considerava Pedro como um perigoso rival? Não! Paulo “viu” que Pedro e os outros não estavam procedendo “corretamente segundo a verdade do evangelho” (v.14). A verdade do evangelho parece estar sendo comparada a um caminho reto e estreito. Em vez de se manter nele, Pedro estava se desviando. 


 Qual é, então, essa verdade do evangelho? São as boas novas de que nós, os pecadores, culpados e sob o julgamento de Deus, podemos ser perdoados e aceitos pela sua plena graça, pelo seu favor livre e imerecido, com base na morte do seu Filho e não através de quaisquer obras ou méritos nossos.  Os VS. 15 e 16 dizem: Nós (isto é, Pedro e Paulo)...sabendo, contudo, que o homem (qualquer homem, judeu ou gentio) não é justificado por obras da lei, e , sim, mediante a fé em Cristo Jesus...”

 Conclusão: o erro de Pedro e o Nosso.

Temos a mesma dificuldade de Pedro quando sentamos juntos “dessas outras pessoas” na igreja, mas não comemos com elas; não somos amigos delas. Não temos contato social com elas, nem tampouco compartilhamos nossa vida, casa e outras coisas. Preferimos relacionamentos formal e as veremos apenas em reuniões oficiais da igreja. 

Tudo isso advém de não viver em conformidade com o evangelho. Sem o evangelho, nosso coração tem de manufaturar a autoestima, comparando nossos grupos com outros grupos.

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