terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

 Vinde a mim – Mt 11.25-30 

 Introdução

 Todos nós gostamos de receber convites. Sim, convites de casamentos, convites para noivado, aniversário, formatura. Etc.  O convite significa consideração, que fomos lembrados, significa afeto, ou reconhecimento de quem nos convidou. E, aqui, temos o maior convite, ou a maior consideração que uma pessoa poderia receber. É um convite gratuito: “Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados e eu lhes darei descanso” (Mt 11.28). 

 Esse convite tem sido imortalizado em nossas musicas e artistas. Handel, em uma de suas obras mais conhecidas “Messias” expressou: “Ele alimentará seu rebanho como um pastor; venham a ele”. O artista Harold Copping pintou Jesus numa montanha com uma grande multidão reunida. Os braços de Jesus estão estendidos em sinal de boas-vindas, e abaixo deles está escrito: “Venham a mim...”.

 Esse apelo “Venham a mim” é a parte mais conhecida do capitulo 11 de Mateus, é a parte mais lida em nossos púlpitos. Está ligado em um parágrafo de seis versos (vs. 25 a 30) e que precisam ser preservados juntos. Os versos contêm dois convites endereçados a nós (vs. 28,29), precedidos de duas afirmações que Jesus fez sobre si mesmo (vs. 25 à 27) do evangelho de Mateus.

 1)   Duas afirmações

Primeiro, Deus é revelado por Jesus Cristo “ninguém conhece o filho a não ser o Pai, e ninguém conhece o Pai a não ser o Filho e aqueles a quem o Filho o quiser revelar” (Mt 11.27). Ou “Ninguém sabe quem é o Pai, a não ser o Filho e também aqueles a quem o Filho quiser mostrar quem o Pai é” (NTLH). Logo, somente Jesus conhece a Deus, de modo que só ele pode fazê-lo conhecido, ou seja, Deus é completa e finalmente revelado em Jesus Cristo. 

 Em Colossenses o apostolo Paulo afirma: “Pois em Cristo habita corporalmente toda a plenitude da divindade” (Cl 2.9). O autor do livro de Hebreus ratifica: “O Filho é o resplendor da glória de Deus, a expressão exata do seu ser...” (Hb 1.3). E, o apostolo João fala dessa revelação: “Ninguém jamais viu a Deus, mas o Deus unigênito, que está junto do Pai, o tornou conhecido” (Jo 1.8).

 Deus é manifestado parcialmente na beleza harmônica do universo criado (Gn 1), Deus é manifestado nas exigências morais da consciência humana e Deus é manifestado nos desenvolvimentos sucessivos da história. Mas, embora a criação expresse a gloria de Deus, a consciência sua justiça, a história seu poder, somente Jesus nos fala do seu amor e do resgaste da humanidade por sua morte.

 A coisa mais enervante sobre Jesus é o seu modo discreto, porém confiante, de proferir suas afirmações bombásticas. No entanto, lá está ele, afirmando: “...ó Pai, Senhor do céu e da terra” (Mt 11.25 ARA). Sim, o Pai é o criador e sustentador de todas as coisas; em seguida, afirma, que “...todas as coisas lhe foram dadas por seu Pai...” (v.27 (a), ou seja, ele é o herdeiro do universo, é o Senhor de todas as coisas.

 A segunda afirmação de Jesus é que Deus é revelado somente aos pequeninos. Os versículos 25 e 26 dizem: “Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondestes estas coisas dos sábios e instruídos e as revelastes aos pequeninos” (Mt 11.25 NAA), ou “...escondestes estas coisas dos sábios e cultos e as revelastes aos simples” (NVI). Por “pequeninos”, Jesus quis dizer não somente os que tem pouca idade, mas também os que são humildes e tem coração de criança. 

NAS PALAVRAS DE JESUS “PEQUENINOS” OU “SIMPLES” SÃO AQUELES QUE O BUSCAM COM SINCERIDADE E HUMILDADE. ELE DISSE QUE DE TODOS OS OUTROS, DEUS, POR INICIATIVA PROPRIA, SE OCULTA. “Irmãos, pensem no que vocês eram quando foram chamados. Poucos eram sábios segundo os padrões humanos; poucos eram poderosos; poucos eram de nobre nascimento.  Mas Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios, e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes.  Ele escolheu as coisas insignificantes do mundo, as desprezadas e as que nada são, para reduzir a nada as que são, para que ninguém se vanglorie diante dele (1 Co 1.26-29).

Deus é infinito em seu ser, ao passo que nossa mente, pequena e finita, capaz de conquistas extraordinárias nas ciências, é incapaz de descobrir Deus. Portanto, se ficamos em nossos pedestais, supondo investigar e criticar a Deus e proclamando a autonomia de nossa própria razão, nunca o encontraremos.

 No entanto, se descermos do nosso pedestal e nos humilharmos diante de Deus; se confessarmos nossa inabilidade de o encontrarmos por nós mesmos; se nos colocarmos reverentemente de joelhos com a mente aberta de uma criança – Deus se revelará a nós. O Salmista se expressou: “Senhor, o meu coração não é orgulhoso e os meus olhos não são arrogantes...De fato, acalmei e tranquilizei a minha alma. Sou como uma criança recém amamentada...Ponha a sua esperança no Senhor” (Sl 131)

 2)   Dois convites

 Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, eu eu lhes darei descanso” (Mt 11.28). Este convite é endereçado a todos os seres humanos, todos nós. Ele nos descreve como “cansados e sobrecarregados”. Parece nos comparar bois carregando arado com um jugo pesado, padecendo debaixo de um jugo amarrado ao nosso pescoço e carregando um fardo pesado e esmagador. 

 Assim, todos os seres humanos, estão “cansados e sobrecarregados”. Há fardos de nossos temores, medo, ansiedade, religiosidades, tentações, responsabilidades e solidão. Há o terrível sentimento de que a vida não tem significado nem proposito, que às vezes nos engole. Há o fardo dos nossos fracassos, nossos pecados que merecem o julgamento de Deus.

 É para os “cansados e sobrecarregados” que ele promete descanso, como ele mesmo disse em outra ocasião: “Não são os que tem saúde que precisam de médico, mas sim os doentes” (Mt 9.12). Ou seja, assim como não vamos ao médico a menos que estejamos doentes, não iremos a Jesus Cristo a menos e até que reconheçamos o fardo de nosso pecado. O primeiro passo é a admissão humilde que precisamos dele.

 Somente Jesus Cristo pode levar nosso fardo: “O Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de todos nós” (Is 53.6). “Pois ele levou o pecado de muitos” (Is 53.12). “Vejam! É o cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29). “Ele mesmo levou em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro” (1 Pe 2.24). “Assim também Cristo foi oferecido em sacrifício uma única vez, para tirar os pecados de muitos” (Hb 9.28). 

 As boas novas de salvação é: O Deus Todo-Poderoso nos ama, apesar de nossa rebelião contra ele; ele veio ao nosso encontro na pessoa de seu filho, Jesus Cristo; assumiu nossa natureza e tornou-se um ser humano; viveu uma vida perfeita de amor e, mesmo não tendo pecado em si mesmo, na cruz identificou-se com o nosso pecado e a nossa culpa: “Deus tornou pecado por nós aquele que não tinha pecado” (2 Co 5.21).

  No livro “O Peregrino” o cristão se depara com uma colina e uma cruz: “...seu fardo, aflouxando, escorregou pelos seus ombros, caiu-lhe das costas...então ficou Cristão alegre e aliviado e disse: Ele me deu repouso, pela sua angustia, e pela vida, e pela morte...”. Estando o Cristão a olhar e a chorar, eis que tres seres resplandecentes se aproximaram dele, e o saudaram dizendo: A paz seja contigo. E o primeiro lhe disse: Os teus pecados estão perdoados (Mc 2.5). O segundo o despiu dos farrapos e o vestiu com nova muda de roupas (Zc 3.3-5). O terceiro gravou-lhe um sinal na testa, deu-lhe um rolo com um selo e mandou cristão observá-lo durante o caminho”. 

 Conclusão

 “Tomem o meu jugo e aprendam de mim, pois sou manso e humilde de coração, e vocês encontrarão descanso para as suas almas. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve” (Mt 11.29-30). Quando vamos a Jesus o nosso fardo é retirado e então coloca o seu sobre nós. O que é o jugo de Jesus? É sermos discípulos do seu reino; é nos submeter a sua autoridade; é te-lo como o Salvador e o Senhor. Ou seja, colocar cada área de nossa vida, publica e privada, sob o senhorio soberano de Jesus.

 O fardo que perdemos quando nos achegamos a Cristo era pesado, enquanto o seu fardo é “leve”. O jugo que perdemos quando nos achegamos a Cristo esfolava nossos ombros, machucava. Mas o jugo que recebemos é “suave”. “Meu jugo é suave e o meu fardo é leve”. 


 

Nenhum comentário:

Postar um comentário