terça-feira, 28 de janeiro de 2025

  Jacó e Deus - Gn 32.24-28 

Introdução

Isaque era o filho da promessa e casou-se com Rebeca que demorou 20 anos para que nascesse seus filhos, aliás, filhos. No útero de Rebeca haviam gêmeos “...os filhos lutavam no ventre dela” (Gn 25.22). Quando ela deu a luz: “...o primeiro a sair era ruivo, e todo o seu corpo era como um manto de pelos...Esaú. Depois saiu seu irmão, com a mão agarrada no calcanhar de Esaú...Jacó” (Gn 25.24-26). 

Portanto, Esaú (peludo), másculo, ruivo “...tornou-se um caçador e um homem dado ao campo”. Enquanto que Jacó “...homem pacato, habitava em tendas. Isaque amava a Esaú...Rebeca amava a Jacó”. Essa predileção evidencia uma família disfuncional, segregada, que é quando existem preferencias por filhos, ou filhos favoritos.

1)     Calcanhar

Jacó significa “aquele que segura o calcanhar”, tinha o hábito mais caseiro, enquanto que Esaú “Cabeludo” voltava-se para caça. Um dia quando voltava de uma de suas caças, estava com muita fome e sentiu o cheiro da panela de feijá vermelho que Jacó estava mexendo sobre a fogueira. E lhe disse: “Estou faminto! Dê-me um pouco desse ensopado vermelho!” Ou, “...guisado vermelho...”(A21), “...vermelha...” (NAA) (Gn 25.30). 

JACÓ lhe respondeu: “venda-me primeiro o seu direito de primogenitura” (Gn 25.31). Esaú olhou para o feijão, ensopado vermelho, e pesou as opções: “Estou morrendo de fome de que me vale esse direito?” (Gn 25.32 NVI). A primogenitura não mataria sua fome, o guisado vermelho estava em sua frente. “Estou morrendo de fome, e se morrer, de nada me servirá toda a herança do meu pai” (Gn 25.32 VFL). Esse foi o prato mais caro da história.

Agora, Isaque está em seu leito de morte, estava muito velho, seus olhos estavam fracos que não conseguia mais enxergar, chamou Esaú, seu filho mais velho e lhe disse: “...Vá ao campo caça alguma coisa para mim. Prepara-me aquela comida saborosa que tanto aprecio e traga-me, para que eu coma e o abençoe antes de morrer” (Gn 27.1-4). Mas, diz o texto: “Rebeca ouvia enquanto Isaque falava com seu filho Esaú...” (Gn 27.5).

E disse a Jacó: “Agora é a nossa chance”. Vamos preparar uma refeição saborosa e leva-la para Isaque, seu pai. Mas, respondeu Jacó: “Até mesmo um velho com os olhos de catarata pode nos diferenciar” (Gn 27.12). “Meu irmão é peludo, e eu sou liso” (Gn 27.11 ARA). E acrescenta: “Se o meu me tocar...serei amaldiçoado...”. Então sua mãe prometeu assumir a culpa se o não desse certo “...que caia sobre mim essa maldição, meu filho” (Gn 27.13 NVT). 

Jacó alterou a voz para imitar o tom do irmão: “Sou Esaú, seu filho mais velho. Fiz como o Senhor me disse. Agora, assente-se e coma do que cacei para que me abençoe” (Gn 27.19). Isaque caiu na artimanha, engodo de Jacó e recebeu a benção da primogenitura. Consequentemente “Esaú guardou rancor contra Jacó...e disse a si mesmo: matarei meu irmão” (Gn 24.41).  Rebeca ouviu o juramento do irmão enganado, alertou Jacó e lhe disse para fugir e enquanto ainda era possível. Jacó escapou...

Jacó roubou a benção; mas sua família se desfez; ele estava sem lar; ele teve de fugir para salvar a própria vida; seu irmão gêmeo queria mata-lo; ele havia enganado seu pai; e ele nunca mais voltaria a ver sua mãe; sem rebanho, sem posses; sua vida se tornou um caos de tristeza e aflição. Agora, resta pegar um pouco de roupa e ir em direção ao seu tio Labão, irmão de Rebeca, na Mesopotâmia.

Mas, quando parecia que não existia luz no fundo do túnel, “Jacó partiu de Berseba e foi para Harã” (Gn 28.10). Nos primeiros dias, ele viajou 69 quilômetros de Berseba até Betel, uma terra árida e totalmente coberta de rochas. Na tarde do segundo dia, quando o sol se pôs sobre uma aldeia chamada Luz, ele parou para descansar, no meio do caminho e passar a noite. “Tomando uma das pedras dali, usou-a com o travesseiro e deitou-se” (Gn 28.11).  

Ali sonhou que havia uma escadaria que se erguia da terra cujo topo alcançava os céus e pela qual os anjos de Deus subiam e desciam” (Gn 28.12). Uma tradução do hebraico, resumidamente diz: “Lá, uma escada! Oh, anjos! E olhe, o Senhor em pessoa” (Gn 28.16). Jacó que pensou que estava sozinho, na verdade, estava cercado pelos anjos dos céus! Nós também estamos rodeados de poderosos anjos ao nosso redor. A escritura fala: “...milhares de anjos em alegre reunião” (Hb 12.22). Qual é a tarefa deles: “...espíritos ministradores enviados para servir aqueles que hão de herdar a salvação” (Hb 1.14). 

No meio dessa visão de anjos subindo e descendo pela escadaria, falou com Jacó ratificando a promessa feita a Abraão, Isaque que “...darei a voce e à sua descendência a terra na qual está deitado” (Gn 28.13). Quando Jacó acordou , exclamou: “Sem dúvida o Senhor está nesse lugar, mas eu não sabia!” (Gn 28,16). Quantas pessoas poderiam dizer o mesmo? O Senhor está nesse lugar, mas elas não sabem. Elas não estão familiarizadas com o Deus que nos encontra. Muitos acreditam num que Deus que criou os céus e a terra, mas não em um Deus que se envolve, que interage, que intervém, que anda no meio da sua igreja.  

De manhã Jacó “...pegou a pedra que tinha usado como travesseiro, colocou-a em pé como coluna e derramou óleo sobre o seu topo. E deu o nome de Betel (casa de Deus) àquele lugar” (Gn 28.18-19). Antes era Luz, mas depois daquela experiencia passou a ser chamar “Betel”. Betel é a presença de Deus, é a glória de Deus...

2) Padã-Arã

Quando Jacó chegou em Padã-Arã viu um poço e ali parou para pedir informação. Naquele momento Raquel, filho de Labão chegou ao poço para matar a sede das suas ovelhas. Sim, era filha de Labão, seu tio e, logo, Jacó ficou perdidamente apaixonada por ela. Conheceu toda família da sua mãe e passou a morar com eles...

Depois de trinta dias trabalhando para o seu tio, pediu permissão para casar-se com Raquel. Então, aceitou como dote trabalhar sete anos para se casar com Raquel. Diz-nos o texto: “Então Jacó trabalhou sete anos por Raquel, mas lhe pareceram poucos dias, pelo tanto que a amava” (Gn 29.20). Jacó estava tão apaixonada por Raquel que parece que todos os dias eram noite de lua cheia.

Raquel tinha uma irmã mais velha chamada Lia, que ainda era solteira. A descrição que a palavra de Deus dá de Lia é: “Lia tinha olhos meigos, mas Raquel era bonita e atraente” (Gn 29.17).  “Meigos” significa “suaves”, tem versões que diz que os olhos eram “fracos e pobres”, “sem brilho’. “Raquel era bonita e formosa” (Gn 29,17 NAA), mas Lia não era tão bonita. Os olhos de Lia careciam do fogo e do brilho de sua irmã mais nova. E mais o nome Raquel significava “ovelha”, o nome de Lia significava “vaca”. 

Passaram-se sete anos, o dia do casamente chegou, sete anos como dote de casamento por Raquel. Labão convidou todos: “Então Labão reuniu todo o povo daquele lugar e deu uma festa” (Gn 29.22) Muita comida e o vinho fluiu como água e todos beberam e festejaram. Mas, ao invés de dar a Jacó Raquel, deu-lhe como esposa, Lia. O que podemos entender que Jacó estava tão bêbado que mal conseguia discernir quem estava do seu lado...

Quando amanheceu “...lá estava Lia. Então Jacó disse a Labão: que foi que voce me fez? Por que voce me enganou? (Gn 29.25) O mundo dá volta, é uma roda que gira. Assim como Jacó engambelou seu pai, enganou seu irmão, agora foi enganado pelo sogro!

Labão lhe disse: “Voce quer Raquel?” Tem que trabalhar mais sete anos! O que fazer? “Jacó concordou” (Gn 29.28). Jacó plantou semente de engano, ele colheu o fruto do engano. “Não se deixem enganar: de Deus não se zomba, pois o que o homem semear isso também colherá” (Gl 6.7). Durante 14 anos Jacó trabalhou por Lia e Raquel e seis anos pelo rebanho, ato todo são 20 anos. Ele teve 11 filhos e uma filha em Padã-Arã; chegou na casa de Labão sem nada. Dez vezes em seis anos, Labão alterou seu método de calcular o salario de Jacó, deixando-o de mãos vazias...

Conclusão

O Senhor, novamente apareceu para Jacó, dando-lhe uma ordem: “Volte para a terra dos seus pais e dos seus parentes, e eu estarei com voce” (Gn 31.3). Ou seja, está na hora de voltar, minha promessa não vai se cumprir aqui em Padã-Arã mas se cumprirá na terra prometida, em Canaã.

No entanto, Jacó estava com medo da fúria de Esaú, contudo, “...anjos de Deus vieram ao encontro dele” (Gn 32.1). Chamou aquele de Maanaim, é o acampamento de Deus.  Deus estava com Jacó, não era pra temer, Deus estava arrazoando Jacó que nada lhe aconteceria de mal. Como diz o louvor: “Temer por quê? Se eu estou guardado por quem nunca perdeu batalhas, seu nome é Jeová Jireh, irás prover de novo, sim, sim (eu creio em ti). Haja o que houver, venha o que vier irás prover de novo, eu creio em ti...”

Jacó enviou todos a sua frente, mas ele permaneceu sozinho no rio Jaboque, aliás, o próprio nome do rio transmite a sensação de força e agressão. “Então Jacó ficou sozinho, e um homem lutou com ele até o amanhecer...tocou-lhe na articulação da coxa, de forma que deslocou enquanto lutavam...Então, o homem disse: Deixe-me ir, pois vem o amanhecer. Jacó lhe respondeu: Não te deixarei ir, a não ser que me abençoes. O homem lhe perguntou: Qual é o seu nome? – Jacó - , respondeu ele. Então, o homem lhe disse: O seu nome não será mais Jacó, mas sim Israel, porque voce lutou com Deus e com homens e venceu” (Gn 32.24-28). Jacó deu o nome para aquele lugar de Peniel: “Vi Deus face a face...” 




 

 

 

 

 

 

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