terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

 Não apaguem o Espírito 1 Ts 5.16-22

Introdução

Cremos que o Espírito Santo está no meio da sua igreja. A sua vinda ocorreu em Atos 2, quando os discípulos foram cheios da sua presença e começaram a falar em outras línguas e a ser testemunha de Jesus em todos os lugares: Jerusalém, Judéia, Samaria e os confins da terra. Portanto, o Espirito Santo habita em nós, vive em nós, desde o momento que confessamos que Jesus Cristo é o Senhor. No entanto, se deixarmos de cuidar de nossa vida espiritual, vamos dando lugar as coisas materiais, mundanas ...e quando menos percebemos, todo aquele fogo, fervor espiritual se dissipou. Por isso que a Bíblia nos exorta: “Enchei-vos do seu Espírito”.

1)     Mandamentos gerais

Alegrem-se sempre”. Ou, “regozijai-vos sempre”, exorta o apostolo Paulo. A alegria é contagiante. A nossa alegria é uma pessoa, a nossa alegria é Jesus. Olha o que os anjos proclamaram no nascimento do Salvador: “Trago boas notícias, que darão grande alegria a todo povo: Hoje na cidade de Davi, lhes nasceu o Salvador que é Cristo, o Senhor” (Lc 2.10). Aqui a alegria é imperativa. Ser alegre é mandamento, é uma ordem.   

A alegria é a marca do salvo. O evangelho que abraçamos é a boa nova de alegria. O reino de Deus que está dentro de nós é alegria no Espírito Santo. O fruto do Espírito é alegria e a ordem de Deus é “alegrai-vos sempre”. Não é normal um cristão viver uma vida carrancuda, sem sentido.

Alegria é independente das circunstâncias, é ultracircunstancial. O apostolo Paulo e Silas foram presos, apanharam, humilhados, no entanto, “por volta da meia noite, Paulo e Silas estavam orando e cantando hinos a Deus...de repente houve um terremoto tão violento que os alicerces da prisão foram abalados” (atos 16.25.26). O profeta Habacuque afirma: “Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimento; as ovelhas sejam arrebatadas do aprisco, e nos currais não haja gado, todavia, eu me alegro no Senhor, exulto no Deus da minha salvação” (Hc 3.17-18).

“orai sem cessar”. Não significa estar sempre sussurrando orações, como é caso da seita Hare Krishna, ou o caso do terço católico, rezando mil vezes “ave Maria”. Não! O termo traduzido por “sem cessar”, no grego, descreve o pagamento constante de certas taxas necessárias; uma tosse contínua e ininterrupta; ataques militares repetidos; a produção regular e constante de frutos. 

Isto é, os cristãos têm que viver em tal comunhão com Deus que a oração, quer falada quer silenciosa, sempre seja fácil e natural para ele. O Cristão pode orar em qualquer tempo e em qualquer lugar. Também o cristão deve fixar horários para ter sua comunhão com Deus. A Bíblia fala que Daniel orava três vezes ao dia (Dn 6.10).

“Em tudo, dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco” (1 Ts 5.18). 

A gratidão é a atitude normal de toda alma salva. Esopo, escritor grego do século VI a.C., afirmou que “a gratidão é o sinal das almas nobres”. Gratidão é sempre lembrar daquilo que Deus fez. Quando o povo de Deus atravessou o Jordão, Josué ordenou que 12 homens pegassem uma pedra no meio do jordão (cada pedra representa uma tribo) e fizessem um monumento de lembrança, de gratidão (Js 4.1-3).

Isto é, gravem essa travessia em sua lembrança. Antes de olhar em frente para Jericó olhem para esse monumento de pedras e lembrem-se daquilo que Deus realizou aqui. Também, Samuel, depois da vitória estrondosa de Deus ao seu povo, “...pegou uma pedra e a ergueu entre Mispá e Sem; e deu-lhe o nome Ebenezer dizendo: “Até aqui o Senhor nos ajudou” (1 Sm 7.12). O Salmo 103 expressa essa gratidão: “bendize, ó minha alma, ao Senhor, e não te esqueças de nem um só de seus benefícios. Ele é quem perdoa todas as tuas iniquidades; quem sara todas as tuas enfermidades...”(v.2).

2)     Mandamentos específicos

“Não apagueis o Espirito” (1 Ts 5.19). 

O uso da palavra “apagar” traz a figura do fogo, como símbolo do Espirito Santo (Mt 3.11, Rm 12.11 e 2 Tm 1.6). Fogo fala de pureza, fala de poder, fala de luz e fala de calor. O fogo ilumina, o fogo aquece, o fogo purifica e o fogo se espalha. Apagamos o fogo quando removemos o combustível ou tirando o oxigênio. Apagamos o fogo quando cedemos ao pecado, ou quando deixamos de orar, quando deixamos de obedecer a Palavra de Deus.

No original grego significa “extinguir” “apagar” e que figuradamente significa “suprimir”. Esse verbo era usado para dar ideia de “apagar o fogo”, ou transmitir a ideia de tornar “inativas muitas coisas”.

“Não desprezeis as profecias” (1 Ts 5.20). 

O dom da profecia era o mais importante na igreja primitiva . Ágabo é um exemplo de pronunciamento profético “Assim diz o Espirito Santo: desta maneira os judeus amarrarão o dono deste cinto em Jerusalém  e o entregarão aos gentios” (Atos 21.110. Os eruditos tem definido esse dom da seguinte forma:

“É uma habilidade que Deus dá a certos membros do corpo de Cristo para receber e comunicar uma mensagem imediata de sua parte a seu povo, por meio de um pronunciamento ungido pelo próprio Espírito de Deus”.

Sabemos que a profecia é um assunto controvertido nas igrejas. Não é sem motivos que Paulo usa 40 versículos para falar sobre os dons de profecia e línguas em 1 coríntios 14. Paulo fala que o dom da profecia “fala aos homens, para edificação, exortação e consolação...e o que profetiza edifica a igreja” (1 Co 14.3,4). Mas, antes de terminar o assunto, o apostolo escreveu: “Não proíbas o falar em outras línguas” (1 Co 14.39). Os tessalonicenses estavam desprezando as profecias, ou “apagando o Espírito”.

“Julguem todas as coisas” (1 Ts 5.21).

O uso do discernimento espiritual é necessário para distinguir a mensagem profética verdadeira da falsa. O próprio Paulo pediu que a igreja de Corinto julgasse suas palavras “Falo com a entendidos; julgai vós mesmos o que digo” (1 Co 10,15) e se referiu à impossibilidade de alguém alegar que está falando pelo Espirito Santo dizer “anátema Jesus” (1 Co 12.3).  (Jesus seja amaldiçoado – NVI). “...quero fazer compreender que ninguém que fala pelo Espírito de Deus diz: Jesus é anátema, e ninguém pode dizer que Jesus é o Senhor, senão pelo Espírito Santo” 


 “Retenham o que é bom” (1 Ts 5.21).

Ao desprezar (no grego “considerar como nada”) profecias, a igreja de Tessalônica poderia estar rejeitando algo vindo da parte de Deus. Assim, o apostolo Paulo procura preservar o equilíbrio necessário, convidando a igreja a “reter o que é bom”. Aqui une o antigo ditado popular: “Não jogue fora o bebê junto com a agua do banho”.

“Fiquem longe de toda forma de mal” (v.22). 


O cristão é alguém que tem zelo e cuidado com o seu testemunho. Ele não se imiscui com coisas duvidosas, com esquema de corrupção, com leviandades perniciosas. O crente não anda por veredas sinuosas nem se aliança com aqueles que vivem desordenadamente. Em provérbios tem um princípio sobre o justo: “Mas a vereda dos justos é como a luz do alvorecer, que vai brilhando mais e mais até ser dia claro” (Pv 4.18).

Conclusão: enchei-vos do Espírito

Em primeiro lugar, está no modo imperativo. “Enchei-vos” não é uma proposta alternativa mas, sim, um mandamento autoritário. Ser cheio é obrigatório, não é opcional.

Em segundo lugar, está na forma do plural. Noutras palavras, é endereçado à totalidade da comunidade.

Em terceiro lugar, está na voz passiva. O sentido é: deixai o Espírito encher-vos.

Em quarto lugar, está no tempo presente. A plenitude do Espírito Santo não é uma experiência de uma vez para sempre, mas um privilegio que deve ser continuamente renovado. 

 


 

 

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