Não apaguem o Espírito 1 Ts 5.16-22
Introdução
Cremos que o Espírito Santo está no meio da sua igreja. A sua
vinda ocorreu em Atos 2, quando os discípulos foram cheios da sua presença e
começaram a falar em outras línguas e a ser testemunha de Jesus em todos os
lugares: Jerusalém, Judéia, Samaria e os confins da terra. Portanto, o Espirito
Santo habita em nós, vive em nós, desde o momento que confessamos que Jesus Cristo
é o Senhor. No entanto, se deixarmos de cuidar de nossa vida espiritual, vamos
dando lugar as coisas materiais, mundanas ...e quando menos percebemos, todo
aquele fogo, fervor espiritual se dissipou. Por isso que a Bíblia nos exorta: “Enchei-vos
do seu Espírito”.
1) Mandamentos gerais
“Alegrem-se sempre”. Ou, “regozijai-vos sempre”, exorta o apostolo Paulo. A alegria é contagiante. A nossa alegria é uma pessoa, a nossa alegria é Jesus. Olha o que os anjos proclamaram no nascimento do Salvador: “Trago boas notícias, que darão grande alegria a todo povo: Hoje na cidade de Davi, lhes nasceu o Salvador que é Cristo, o Senhor” (Lc 2.10). Aqui a alegria é imperativa. Ser alegre é mandamento, é uma ordem.
A alegria é a marca do salvo. O evangelho que abraçamos é a
boa nova de alegria. O reino de Deus que está dentro de nós é alegria no
Espírito Santo. O fruto do Espírito é alegria e a ordem de Deus é “alegrai-vos
sempre”. Não é normal um cristão viver uma vida carrancuda, sem sentido.
Alegria é independente das circunstâncias, é ultracircunstancial.
O apostolo Paulo e Silas foram presos, apanharam, humilhados, no entanto, “por volta da meia noite, Paulo e Silas
estavam orando e cantando hinos a Deus...de repente houve um terremoto tão
violento que os alicerces da prisão foram abalados” (atos 16.25.26). O profeta
Habacuque afirma: “Ainda que a figueira
não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos
não produzam mantimento; as ovelhas sejam arrebatadas do aprisco, e nos currais
não haja gado, todavia, eu me alegro no Senhor, exulto no Deus da minha salvação”
(Hc 3.17-18).
“orai sem cessar”. Não significa estar sempre sussurrando orações, como é caso da seita Hare Krishna, ou o caso do terço católico, rezando mil vezes “ave Maria”. Não! O termo traduzido por “sem cessar”, no grego, descreve o pagamento constante de certas taxas necessárias; uma tosse contínua e ininterrupta; ataques militares repetidos; a produção regular e constante de frutos.
Isto é, os cristãos têm que viver em tal comunhão com Deus
que a oração, quer falada quer silenciosa, sempre seja fácil e natural para
ele. O Cristão pode orar em qualquer tempo e em qualquer lugar. Também o
cristão deve fixar horários para ter sua comunhão com Deus. A Bíblia fala que
Daniel orava três vezes ao dia (Dn 6.10).
“Em tudo, dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco” (1 Ts 5.18).
A gratidão é a atitude normal de toda alma salva. Esopo,
escritor grego do século VI a.C., afirmou que “a gratidão é o sinal das almas
nobres”. Gratidão é sempre lembrar daquilo que Deus fez. Quando o povo de Deus
atravessou o Jordão, Josué ordenou que 12 homens pegassem uma pedra no meio do
jordão (cada pedra representa uma tribo) e fizessem um monumento de lembrança,
de gratidão (Js 4.1-3).
Isto é, gravem essa travessia em sua lembrança. Antes de
olhar em frente para Jericó olhem para esse monumento de pedras e lembrem-se
daquilo que Deus realizou aqui. Também, Samuel, depois da vitória estrondosa de
Deus ao seu povo, “...pegou uma pedra e
a ergueu entre Mispá e Sem; e deu-lhe o nome Ebenezer dizendo: “Até aqui o
Senhor nos ajudou” (1 Sm 7.12). O Salmo 103 expressa essa gratidão: “bendize, ó minha alma, ao Senhor, e não te
esqueças de nem um só de seus benefícios. Ele é quem perdoa todas as tuas iniquidades;
quem sara todas as tuas enfermidades...”(v.2).
2) Mandamentos específicos
“Não apagueis o Espirito” (1 Ts 5.19).
O uso da palavra “apagar” traz a figura do fogo, como símbolo
do Espirito Santo (Mt 3.11, Rm 12.11 e 2 Tm 1.6). Fogo fala de pureza, fala de
poder, fala de luz e fala de calor. O fogo ilumina, o fogo aquece, o fogo
purifica e o fogo se espalha. Apagamos o fogo quando removemos o combustível ou
tirando o oxigênio. Apagamos o fogo quando cedemos ao pecado, ou quando
deixamos de orar, quando deixamos de obedecer a Palavra de Deus.
No original grego significa “extinguir” “apagar” e que figuradamente
significa “suprimir”. Esse verbo era usado para dar ideia de “apagar o fogo”,
ou transmitir a ideia de tornar “inativas muitas coisas”.
“Não desprezeis as profecias” (1 Ts 5.20).
O dom da profecia era o mais importante na igreja primitiva .
Ágabo é um exemplo de pronunciamento profético “Assim diz o Espirito Santo:
desta maneira os judeus amarrarão o dono deste cinto em Jerusalém e o entregarão aos gentios” (Atos 21.110. Os
eruditos tem definido esse dom da seguinte forma:
“É uma habilidade que Deus dá a certos membros do corpo de
Cristo para receber e comunicar uma mensagem imediata de sua parte a seu povo,
por meio de um pronunciamento ungido pelo próprio Espírito de Deus”.
Sabemos que a profecia é um assunto controvertido nas igrejas.
Não é sem motivos que Paulo usa 40 versículos para falar sobre os dons de
profecia e línguas em 1 coríntios 14. Paulo fala que o dom da profecia “fala aos homens, para edificação, exortação
e consolação...e o que profetiza edifica a igreja” (1 Co 14.3,4). Mas,
antes de terminar o assunto, o apostolo escreveu: “Não proíbas o falar em outras línguas” (1 Co 14.39). Os
tessalonicenses estavam desprezando as profecias, ou “apagando o Espírito”.
“Julguem todas as
coisas” (1 Ts 5.21).
O uso do discernimento espiritual é necessário para distinguir a mensagem profética verdadeira da falsa. O próprio Paulo pediu que a igreja de Corinto julgasse suas palavras “Falo com a entendidos; julgai vós mesmos o que digo” (1 Co 10,15) e se referiu à impossibilidade de alguém alegar que está falando pelo Espirito Santo dizer “anátema Jesus” (1 Co 12.3). (Jesus seja amaldiçoado – NVI). “...quero fazer compreender que ninguém que fala pelo Espírito de Deus diz: Jesus é anátema, e ninguém pode dizer que Jesus é o Senhor, senão pelo Espírito Santo”
“Retenham o que é bom” (1 Ts 5.21).
Ao desprezar (no grego “considerar como nada”) profecias, a
igreja de Tessalônica poderia estar rejeitando algo vindo da parte de Deus.
Assim, o apostolo Paulo procura preservar o equilíbrio necessário, convidando a
igreja a “reter o que é bom”. Aqui une o antigo ditado popular: “Não jogue fora
o bebê junto com a agua do banho”.
“Fiquem longe de toda forma de mal” (v.22).
O cristão é alguém que tem zelo e cuidado com o seu
testemunho. Ele não se imiscui com coisas duvidosas, com esquema de corrupção,
com leviandades perniciosas. O crente não anda por veredas sinuosas nem se
aliança com aqueles que vivem desordenadamente. Em provérbios tem um princípio
sobre o justo: “Mas a vereda dos justos é como a luz do alvorecer, que vai
brilhando mais e mais até ser dia claro” (Pv 4.18).
Conclusão: enchei-vos do Espírito
Em primeiro
lugar, está no modo imperativo. “Enchei-vos” não é uma proposta alternativa
mas, sim, um mandamento autoritário. Ser cheio é obrigatório, não é opcional.
Em segundo
lugar, está na forma do plural. Noutras palavras, é endereçado à totalidade da
comunidade.
Em terceiro
lugar, está na voz passiva. O sentido é: deixai o Espírito encher-vos.
Em quarto
lugar, está no tempo presente. A plenitude do Espírito Santo não é uma
experiência de uma vez para sempre, mas um privilegio que deve ser
continuamente renovado.
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