O Deus trino Mt 3.13-17
Introdução
Alguém disse: “Trindade é um absurdo matemático. Qualquer um
que tenha feito pelo menos a primeira série do ensino fundamental certamente sabe
que 1+1+1 NÃO É IGUAL A 1”. Mas uma pergunta: Será que Deus cabe numa conta de
matemática? Muitos erros na igreja surgiram da tentativa de entender pela lógica
Deus Pai, Deus Filho e Deus Espirito Santo. Assim, como é complexo tentar
explicar que Jesus tem duas naturezas: uma divina e uma humana.
Alguns tentam ilustrar a trindade com conceitos terrenos, dando
uma lógica ao Deus trino. Deus trino é como um bolo cortado em três fatias, mas
apenas um bolo. Deus trino é como o ovo, que tem três elementos: a casca, a
clara e a gema. Ou, Deus trino é como à água, que pode ser liquida, sólida e
gasosa. Ou, o Deus trino é como uma pessoa que exerce diferentes papeis ao
mesmo tempo, eu sou marido, pai e pastor. Sou tudo isso ao mesmo tempo e
desempenho papéis diferentes. Então, para eles, Deus é criador, Deus é redentor
e Deus é consolador.
Uma das principais heresias que a igreja enfrentou foi o Sabelianismo ou monarquianismo modalistico. Seus defensores ensinavam que Deus criou o mundo, depois despojou do papel de criador e assumiu a forma humana. Na ascensão, despojou desse papel e tornou-se o Espirito Santo. Como se Deus fosse um ator que se apresenta no palco, depois corre aos bastidores, muda as roupas e assume outro papel. Mas, Deus é Pai, Filho e Espirito Santo – plenamente, e ao mesmo tempo. Deus faz isso em perfeita unidade, enquanto as três naturezas permanecem distintas e funcionando separadas.
Voce não entende esses conceitos? Nem eu. Deus não é semelhante
a nada mais. Não se pode achar nada que se compara a Deus. Por isso que a
exortação é: “Não terás outros deuses
além de mim” (Ex 20.3). “...Nenhuma
imagem de qualquer coisa no céu, na terra, ou nas aguas debaixo da terra”
(Ex 20.4). Deus é o que é e pronto! Ele não precisava nos criar, nos amar,
revelar-se a nós, morrer por nós. Não precisava fazer nada por nós. O fato de
fazer todas essas coisas é puramente “para
louvor da sua gloriosa graça, a qual nos deu gratuitamente no Amado” (Ef
1.6).
1) Deus é um ser pessoal, Deus é espirito e Deus é um.
Deus é pessoal. Albert Einstein admitiu a existência
de uma força cósmica no universo, mas conclui que ela é incognoscível “Deus não
joga dados”. Ele estava lamentavelmente enganado. Deus é cognoscível (é conhecível),
pois ele disse: Buscar-me-ei e me achareis
quando me buscardes de todo o vosso coração” (Jr 29.13). O apostolo Pedro
disse aos crentes: “Crescei na graça e
no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo” (2 Pe 3.18).
Deus é pessoal e Deus é espírito. Jesus disse para a mulher samaritana: “Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade” (Jo 4.24). O que significa “espírito”? Deus é imaterial. Ele não é ampliável, ou divisível, ou composto, ou visível, ou tangível. Não tem volume nem forma. Embora Deus não seja material, a Bíblia o descreve de uma forma material: “São os olhos do Senhor, que percorrem toda a terra” (Zc 4.10). “Acaso, se encolheu tanto a minha mão, que já não pode remir” (Is 50.2). Isso é antropomorfismo (antropo = homem e morfés = forma), que é uma forma, uma linguagem para que possamos entende-lo.
Deus é pessoal, Deus é espírito
e Deus é uno. Há um,
somente um, Deus verdadeiro não muitos. Moisés deixou isso claro ao dizer: “Ouve, Israel, o Senhor, Nosso Deus, é o único
Senhor” (Dt 6.4). Deus disse: “Eu
sou o primeiro e eu sou o último, e além de mim não há Deus” (Is 44.6).
Deus é um Deus zeloso (Ex 20.5), o que significa que somente ele deve ser
adorado. Jesus citou o principal mandamento: “Ouve, Ó Israel, o Senhor, Nosso Deus, é o único Senhor. Amarás, pois,
o Senhor, teu Deus, de todo o teu entendimento e de toda a sua força”. É um
compromisso absoluto. Jesus alegava ser esse mesmo Deus.
2)
Deus
trino no Antigo Testamento
Desde o principio da Bíblia, já dá para suspeitar de algo, porque as formas singular e plural da palavra hebraica para Deus às vezes aparecem juntas. Deus é plural – Elohim -, Deus é singular – El-. A palavra usada no hebraico para “deus” é ELOHIM (plural) e não EL (singular). O texto diz literalmente “No principio, criou Deus (es) os céus e a terra” (Gn 1.1). O sufixo plural “Im” apresenta um único Deus expresso com uma pluralidade.
A pluralidade da divindade é também
evidente na criação, pois Deus disse: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme
a nossa semelhança” (Gm 1.26). Quando o Senhor estava para destruir a torre de
Babel, ele disse: “Vinde, desçamos e
confundamos ali a sua linguagem, para que não entenda a linguagem do outro”
(Gn 11.7). Agora, no Salmo temos uma Deus Pai falando ao Deus filho: “O teu trono, ó Deus, é para todo
sempre... por isso, Deus, o teu Deus, te ungiu com óleo de alegria, como a
nenhum dos teus companheiros” (Sl 45.6.7).
O próprio Jesus e o livro de Hebreus citaram o Salmo 110.1 como indicador da divindade de Cristo: “Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés”. Em Genesis 19, lemos: “Então, fez o Senhor chover enxofre e fogo, da parte do Senhor, sobre Sodoma e Gomorra” (v.24). Aqui, temos a presença do Anjo do Senhor, ou chamado de Anjo de Jeová, Adonai ou Elohim. Ele reivindica a autoridade divina para si, exerce as prerrogativas divinas e recebe reverencia divina.
3) Deus trino no Novo Testamento.
O evangelho de Lucas revela que todos
os membros do Deus trino estavam envolvidos na encarnação de Cristo. “Descerá sobre ti o Espírito Santo, e o
poder do Altissimo te envolverá com a sua sombra; por isso, também o ente santo
há de nascer será chamado filho de Deus” (Lc 1.35).
Vemos, também, o Deus trino no batismo de Jesus: “Naqueles dias, Jesus veio de Nazaré e foi batizado por João no Jordão. E logo que saiu da água, Jesus viu os céus se abrirem, e o Espírito Santo descendo como pomba sobre ele. E uma voz disse dos céus: Tu és o meu filho amado; em ti me agrado” (Mc 1.9-11). A expressão “O Espírito descendo como pomba” é uma equivalência do que aconteceu em Genesis 1.2 que diz o Espírito de Deus pairava sobra a face do abismo; o verbo no hebraico significa “bater asas”. O Espírito Santo sobrevoava a face das aguas . Há três participantes na criação do mundo: Deus, O Espírito Santo e a Palavra de Deus...
Portanto, quando Jesus saiu da água,
o Pai o envolveu e o cobriu com palavras de amor: “Tú es o meu filho amado; em
ti me agrado”. Nesse mesmo instante, o Espírito o revestiu de poder. Segundo a
Bíblia, o Pai, o Filho e o Espirito Santo glorificam um ao outro. Jesus disse na
sua oração intercessória: “Eu te
glorifiquei na terra, completando a obra da qual me encarregaste. Agora, pois,
glorifica-me, ó Pai; junto de ti mesmo com a glória que eu tinha consigo antes
que o mundo existisse” (Jo 17.4-5). Há três participantes no batismo de João:
O Pai, que é a voz; o Filho, que é a Palavra; e o Espirito Santo descendo como
pomba.
Nós temos cerca de 200 passagens nos
evangelhos nas quais Jesus afirma sua divindade, vejam algumas: “Jesus, aproximando-se, falou-lhes,
dizendo: Toda autoridade me foi dada no céu e na terra” (Mt 28.18). “Jesus disse a mulher: perdoados são os teus
pecados. Os que estavam ali com ele à mesa começaram a dizer entre si: Quem é
esse que até perdoa pecados” (Lc 7.48,49). “Em verdade, em verdade eu vos digo: antes que Abraão existisse, eu sou”
(Jo 8.58). “No principio era o verbo, e
o verbo estava com Deus, e o verbo era Deus” (Jo 1.1).
Vemos também passagens que ressaltam
a divindade do Espírito Santo: “Não sois
vós os que falais, mas o Espírito de vosso Pai é quem fala em vós” (Mt
10.20). “Quando, porém, vier o
consolador, que eu vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da verdade, que
dele procede, esse dará testemunho de mim” (Jo 15.26). “Disse Pedro: Ananias, porque encheu Satanas teu coração, para que
mentisses ao Espirito Santo. Não mentistes aos homens, mas a Deus” (Atos
5.3,4). “Não sabeis que sois santuário de
Deus e que o Espírito de Deus habita em vós” (1 Co 6.19).
Conclusão: o que o Deus trino faz?
O Deus Pai assume para si três tarefas:
a criação do universo e o governo de todas as coisas no universo. Autoria do
plano da salvação eterna “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que enviou
seu Filho ao mundo....”(Jo 3.16). E, a graça constante sobre os salvos,
bondade, amor, misericórdia, etc.
O Filho assume a tarefa da redenção,
abrindo mão de sua glória para se tornar homem; sofrer morrer no lugar daqueles
que merecem morrer; ressuscitar vitorioso dentre os mortos, ascender ao céu e
enviar o Espírito Santo.
O Espírito Santo atrai os pecadores para Deus “convencendo do pecado, da justiça e do juízo”; aplica a santidade de Cristo àqueles que creem e nos guia a maturidade cristã e nos conforta na tristeza e fala por nós diante de Deus Pai.
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