Dimensões da fé cristã – Jo 17.6-26
Introdução
Neste capitulo existem profundezas que jamais seremos capazes
de atingir, o máximo que podemos fazer é pedalar pela superfície. Há aqui
altitudes que nunca conseguiremos galgar; o máximo é escalar a encosta da
montanha. Se o discurso do cenáculo (João 13 à 17) é o Templo da Escritura ,
João 17 é o seu santuário íntimo, o santo dos santos. Aqui, nós somos
introduzidos à presença, à mente e ao coração de Deus. É nos permitido,
espreitar um momento de comunhão entre o Filho e o Pai. PRECISAMOS TIRAR AS
SANDALIAS DOS PÉS, POIS ESTAMOS PISANDO EM TERRA SANTA.
1)
Escalando
as encostas das montanhas...
Primeiro, Jesus ora primeiro por si (vs. 1 à 5), ao
aproximar-se da cruz; Segundo, ele ora por seus apóstolos (vs. 6-19), a quem
ele havia revelado o Pai e que estão reunidos ao seu redor enquanto ele ora. E,
terceiro, ora por toda a igreja, presente e futura (vs. 20-26), constituída de
todos aqueles que hão de crer nele através do ensino dos apóstolos.
Os seus discípulos pertencem
a Deus. Tres
vezes Jesus repete a verdade de que o Pai os “deu” a ele, tirando-os do mundo
(vs. 6-9); portanto, eles lhe pertencem.
Os seus discípulos conhecem
o Pai. “Manifestei
o teu nome aos homens que me deste do mundo” (v.6). E, mais adiante, “eu lhes
tenho transmitido as palavras que me deste e eles as receberam” (v.8).
Os seus discípulos vivem
no mundo. “Já
não estou no mundo”, diz Jesus, “mas eles continuam no mundo, ao passo que eu
vou para junto de ti” (v.11). Embora eles tenham sido dados “do mundo” (v.6)
para Cristo, eles contudo continuam “no mundo” (v.6), de onde foram tirados.
Eles precisam ser espiritualmente distintos, mas não socialmente separados.
Então, o Pai nos deu ao seu Filho. Em seguida, o Filho, nos
revelou ao Pai (João 1.18). Nós vivemos
no mundo (para o Pai, para o Filho e para o mundo) que faz de nós, o
povo “santo” que nós somos. Jesus faz uma oração pelos seus discípulos: “Pai
santo, guarda-os ... peço ... que os guardes do mal” (vs. 11 e 15).
2)
Verdade
(vs. 11-13)
“Guarda aqueles que tu me deste para que sejam fieis a teu
nome”. “Guarda” tem a idéia de nos
manter separado dos perigos e dos enganos do mundo mesmo enquanto eles continuam a viver
no mundo hostil. É como se a revelação do nome de Deus fosse o MURO DE PROTEÇÃO
DENTRO DO QUAL ELES DEVERIAM SER GUARDADOS (Zacarias 2.5). Afinal de contas, o
nome de Deus é o próprio Deus, quem Ele é, seu ser e seu caráter. Então, o Pai
revelou ao Filho, e este, por sua vez, revelou-o aos apóstolos (v.6). O
principal meio para conservá-los unidos é a sua lealdade à VERDADE REVELADA de
Deus em e através de Cristo. Afinal, o propósito de Deus para a sua igreja é
que ela seja “coluna e baluarte da verdade” (1 tm 3.15).
3)
Santidade
(vs. 14 – 16)
Jesus não somente orou que o Pai guardasse o seu povo fiel ao
seu nome (verdade), mas também que guardasse “do mal” (v.15). O destino final
da igreja, Paulo iria declarar mais tarde, é ser apresentada a Cristo “igreja
gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito”.
Os fariseus
achavam que o contato com o mal e com pessoas más resultaria em contaminação. Foram
estas as motivações que levaram os Eremitas a fugir para o deserto no século
IV, resultando no desenvolvimento do monasticismo medieval. No entanto, a
atitude dos saduceus era de “conformação”.
Pertencentes a famílias ricas e abastadas, eles colaboravam com os romanos e
procuravam manter o status quo político.
Jesus não encoraja os cristãos a se isolarem nas paredes de
um MONASTÉRIO – quer fisicamente quer espiritualmente. Muito menos, que nos
conformemos com este mundo. Mas, que as trevas do mundo sejam iluminadas não só
do céu pelo Filho, mas pelas multidões de luzes menores. Ele, na verdade,
pediu: “ISOLE OS CRISTÃOS PARA QUE POSSAM SE MOVER EM MEIO AO MAL SEM QUE SEJAM
QUEIMADOS PELO MALIGNO” (V.15). ENTÃO, precisamos ficar no mundo e permanecer
firmes, assim como UMA ROCHA NA CORRENTEZA DA MONTANHA, COMO UMA ROSA QUE
DESABROCHA EM PLENO INVERNO E COMO UM LIRIO QUE CRESCE NO MEIO DO ESTRUME.
4)
MISSÃO
(VS. 17-19)
Há na oração de Jesus, quinze referências a “o mundo”. Ele
apontou para o fato de que eles lhe haviam sido dados “do mundo” (v.6), mas que
não deveriam ser tirados do mundo (v.15); que eles ainda estavam vivendo no
mundo (v.11), mas não deviam ser do mundo (14 b); que seriam odiados pelo mundo
(v. 14 a), mas que, mesmo assim, eram enviados ao mundo (v.18).
A oração de Cristo por seu povo aqui é que o Pai nos “santificou”
pela sua palavra, da verdade (v.17), ou melhor, que nós sejamos “verdadeiramente
santificados”, assim como Cristo que se santificou a si mesmo por nós (.19). A
santificação tem dois aspectos complementares, um negativo e outro positivo. Ser
santificado é ser separado do mal em todas as suas formas (positivo). Mas ser
santificado é também ser separado para o ministério especifico para o qual Deus
nos chamou. Então, fomos “separados do mundo para estar a serviço do mundo”.
FAZER MISSÃO É RENUNCIAR A PRIVILÉGIOS, SEGURANÇA, CONFORTO E
DISTANCIA, A MEDIDA QUE MERGULHAMOS NO MUNDO DE OUTRAS PESSOAS, ASSIM, COMO
JESUS VEIO FAZER PARTE DO NOSSO MUNDO (João 1.14).
5)
UNIDADE
(VS. 20-26)
“Não rogo somente por ESTES, mas também por AQUELES que
vierem a crer em mim, por intermédio de sua palavra” (v.20). ISTO É, todo
cristão de todos os tempos e lugares, inclusive nós. Mas, então, o que Jesus
deseja para todos os crentes através do mundo e dos séculos?
Versículo 21 a: “a fim de que todos sejam um”. Versículo 22
b: “para que sejam um”. Versículo 23 b: “a fim de que sejam aperfeiçoados na
unidade”.
Jesus orou para que
seu povo desfrutasse da unidade com os apóstolos: “Não rogo somente por ESTES, mas
também por AQUELES que vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra; a
fim de que todos sejam um” (vs. 20 e 21). Ele orou para que houvesse uma
continuidade histórica entre os apóstolos e a igreja pós-apostólica, que a fé
da igreja não viesse a mudar com o passar dos anos.
Jesus orou para que o seu povo desfrutasse de unidade com o Pai e o Filho: e como és tu, ó Pai, em mim e eu, em ti, (eu oro
que) também sejam eles em nós; para que o mundo creia”. A oração de Jesus é
esta: que a união de seu povo com Deus seja comparável à unidade do Pai e do
Filho, um com o outro na Trindade. E, acrescenta: “eu neles e tu em mim, que
eles sejam levados à perfeita unidade” (v.23)
O principal motivo que leva Jesus a orar pela unidade de seu
povo é ‘a fim de que” o mundo creia na origem divina de Jesus e da sua missão.
Sua oração é que todos os que no futuro haverão de “crer nele” (v.20) possam
desfrutar uma unidade de verdade e uma vida, tal que o mundo também possa “crer”
nele. Assim, fé produz fé e os crentes se multiplicam.
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