Deus é nosso refúgio – Salmo 46
Introdução
O mundo é violento. Há destruição por toda parte. É arriscado
sair de casa à noite. O mundo vai mal: os recursos são usados em orgias de
glutonaria e a beleza tem sido devastada em uma escala sem precedentes.
As pessoas sofrem torturas, maldições e desprezo em uma
epidemia de desumanização. Os números são estarrecedores: assassinatos,
estupros, assaltos, roubos, abuso infantil, abuso conjugal, corrupção política,
guerra e rumores de guerra.
Diante de um cenário urbano e violento, sentimos vontade de
ir morar nas montanhas, na roça. Mas, logo que chegamos lá, descobrimos outro
tipo de violência: animais selvagens perigosos, um rio que transborda e inunda
tudo ao seu redor, fogo que pega na mata e consome tudo que vem pela frente; um
mar hostil de vento sul (Rm 6.22-23). A
TERRA É UM LOCAL VIOLENTO. TANTO NA CIDADE QUANTO NO CAMPO.
O salmo 46, portanto, é um sussurro da alma do salmista
diante de circunstancias adversas. Quando o mundo distribui pancadas e
humilhações om liberalidade demais, VAMOS ORAR, em busca de consolo, sabendo
que seremos ouvidos por Deus (Sl 39.12). Por todos os séculos, em todos os
cantos do mundo, sempre houve gente que ora e que continua a causar um impacto incalculável.
Deus requer que demos mais atenção a ele do que à violência. PENSANDO NELE,
vejo, o meu mundo caótico, tomando forma (Gn 1.2).
1)
Violência
externa e interna
No Salmo 46, temos três conjuntos de imagens: O primeiro
mostra a violência na natureza: a terra abre suas mandíbulas em um terremoto (“não
temerei as mandíbulas do mundo inferior”), vulcões brotam no oceano, inundações
espalham destruição (v. 1 a 3). O segundo apresenta imagens que se refere à violência
política: as nações iradas, reinos que se desintegram, conquistas sólidas de
governos que se desfazem como figuras de cera sob o sol quente (v.6)
O terceiro grupo, trata da violência militar: guerras arcos,
lanças, carruagens – arsenal assustador para ferir e matar, conquistar fracos e
escravizar os indefesos (v.9). Naum 2.4: “Os carros correrão furiosamente nas ruas,
colidirão um contra o outro nos largos caminhos; o seu aspecto será como o de
tochas, correrão como relâmpagos”.
Podemos visualizar fatos dos dias atuais: na natureza: as
queimadas no continente europeu; vulcão na Guatemala; terremotos no japão;
guerras no Iraque, guerras nas favelas do Brasil; fetos que são abortados e violência dentro de casa. O caso da
advogada morta dentro de casa pela namorado em Guarapuava, ela foi asfixiada e
jogada do prédio.
Mas,
O Senhor dos Exércitos está CONOSCO; o Deus de Jacó é a nossa
TORRE SEGURA (V. 7 E 11).
O nome de Deus foi escolhido aqui com grande cuidado. SENHOR
DOS EXERCITOS apresenta uma imagem: imensos batalhões de anjos ligeiros e
valentes, obedecendo ao comando divino. Deus de Jacó, traz à lembrança uma história: o ser persistente à margem do
rio Jaboque, que lutou com Jacó até ele entrar na intimidade da benção (Gn
32.24). DEUS PODEROSO “SENHOR DOS
EXERCITOS” E PESSOAL “DEUS DE JACÓ”.
Contudo, há uma inversão surpreendente na forma como esses
nomes se conectam às nossas expectativas. Induzimos que a metáfora militar se
associará a defesa “TORRE SEGURA”, e que a pessoal virá ligada à intimidade, “CONOSCO”.
De modo que encontramos intimidade com o guerreiro e defesa no amigo da família.
O DEUS PODEROSO SENHOR DOS EXERCITOS TRAVA AMIZADE (está conosco) e o pessoal
(Deus de Jacó) protege (TORRE SEGURA).
2)
HÁ
UM RIO...
Deus habita no meio da cidade. Ela se localiza no mesmo mundo
em que há violência, o que significa que não precisamos sair à procura de Deus
em um lugar tranquilo e longínquo. Agostinho de Hipona do quinto século, usou essa
imagem da cidade de Deus, no turbilhão de uma das fases mais violentas da
história. Quando Alarico e os bandos de bárbaros vinham do norte e devastaram a
civilização romana. A cidade de Deus é visível, histórica e real. Muitos não a
enxergam, mas não por ela ser invisível, mas apenas por não terem os olhos
treinados para ver essas ações e essa presença (2 Rs 6.17).
“HÁ UM RIO..” que corre pela cidade. Do jardim do Éden fluíam
dois rios. E um outro cruzará a nova Jerusalém. RIOS SIGNIFICAM BEBIDA, LIMPEZA
E TRANSPORTE. “Há um rio”. A cidade tem suprimento e, portanto, agradável. Essa
cidade-rio: “Não será abalada”. O verbo
foi usado antes, no versículo 2: “os montes afundem no coração do mar”. Voltará
aparecer no versículo 6: “reinos se abalam”. Aqui, foi aplicado à cidade que
não será abalada (v.5). MONTANHAS DESABAM, REINOS CHEGAM AO FIM, MAS A CIDADE
DE DEUS PERMANECE. A criação não é segura, nem a civilização, mas Deus é! Por
que?
“Deus é o auxílio sempre”, ou “auxilio desde os tempos
antigos”. Em outras palavras, esse socorro tem história longa, com séculos de
documentação. O verbo volta a ser usado no versículo 5: “Deus vem em seu
auxilio desde o romper da manhã”. Na tradução da Linguagem de Hoje: “de manhã
bem cedo” (Lm 3.22-23). Deus conhece o mundo em que vivemos e conhece nossa
vulnerabilidade, pois ele mesmo habitou aqui (Jo 1.14). E está sempre pronto a
ajudar “de manhã bem cedo”.
3)
Vejam
as obras do Senhor
“Venham! Vejam as obras do Senhor”. Dê uma longa olhada,
analise o que ele está fazendo. Isso requer atenção, paciência, energia e concentração.
Todo mundo faz mais barulho que Deus.
Ele possui agencia de relações publicas, não monta campanhas publicitárias para
chamar a atenção. Simplesmente convida a olhar. ORAÇÃO É OLHAR AS OBRAS DO
SENHOR.
Quando não oramos, lemos apenas as letras grandes, reparamos
somente nas megatendências e observamos apenas a destruição gigante ao nosso
lado (Sl 77. 1-4). Quando oramos, vemos as luzes vindo de toda parte (Sl 77.11
à 19). Ele dá fim as guerras até os confins; quebra o arco e despedaça a lança;
destrói os escudos com fogo.
Conclusão:
PAREM DE LUTAR! Saibam que eu sou Deus, chega de pressa,
detenha-se para notar que há mais vida do que seus pequenos empreendimentos. No
meio do barulho e pressa somos incapazes de cultivar intimidade –
relacionamentos pessoais profundos e complexos “nunca se faz nada no meio do
estouro da boiada”.
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