terça-feira, 7 de agosto de 2018


Deus é nosso refúgio – Salmo 46


Introdução
O mundo é violento. Há destruição por toda parte. É arriscado sair de casa à noite. O mundo vai mal: os recursos são usados em orgias de glutonaria e a beleza tem sido devastada em uma escala sem precedentes.

As pessoas sofrem torturas, maldições e desprezo em uma epidemia de desumanização. Os números são estarrecedores: assassinatos, estupros, assaltos, roubos, abuso infantil, abuso conjugal, corrupção política, guerra e rumores de guerra.
Diante de um cenário urbano e violento, sentimos vontade de ir morar nas montanhas, na roça. Mas, logo que chegamos lá, descobrimos outro tipo de violência: animais selvagens perigosos, um rio que transborda e inunda tudo ao seu redor, fogo que pega na mata e consome tudo que vem pela frente; um mar hostil de vento sul (Rm 6.22-23).  A TERRA É UM LOCAL VIOLENTO. TANTO NA CIDADE QUANTO NO CAMPO. 


O salmo 46, portanto, é um sussurro da alma do salmista diante de circunstancias adversas. Quando o mundo distribui pancadas e humilhações om liberalidade demais, VAMOS ORAR, em busca de consolo, sabendo que seremos ouvidos por Deus (Sl 39.12). Por todos os séculos, em todos os cantos do mundo, sempre houve gente que ora e que continua a causar um impacto incalculável. Deus requer que demos mais atenção a ele do que à violência. PENSANDO NELE, vejo, o meu mundo caótico, tomando forma (Gn 1.2).

1)    Violência externa e interna
No Salmo 46, temos três conjuntos de imagens: O primeiro mostra a violência na natureza: a terra abre suas mandíbulas em um terremoto (“não temerei as mandíbulas do mundo inferior”), vulcões brotam no oceano, inundações espalham destruição (v. 1 a 3). O segundo apresenta imagens que se refere à violência política: as nações iradas, reinos que se desintegram, conquistas sólidas de governos que se desfazem como figuras de cera sob o sol quente (v.6) 



O terceiro grupo, trata da violência militar: guerras arcos, lanças, carruagens – arsenal assustador para ferir e matar, conquistar fracos e escravizar os indefesos (v.9). Naum 2.4:  “Os carros correrão furiosamente nas ruas, colidirão um contra o outro nos largos caminhos; o seu aspecto será como o de tochas, correrão como relâmpagos”.

Podemos visualizar fatos dos dias atuais: na natureza: as queimadas no continente europeu; vulcão na Guatemala; terremotos no japão; guerras no Iraque, guerras nas favelas do Brasil; fetos que são abortados  e violência dentro de casa. O caso da advogada morta dentro de casa pela namorado em Guarapuava, ela foi asfixiada e jogada do prédio.

Mas,
O Senhor dos Exércitos está CONOSCO; o Deus de Jacó é a nossa TORRE SEGURA (V. 7 E 11).

O nome de Deus foi escolhido aqui com grande cuidado. SENHOR DOS EXERCITOS apresenta uma imagem: imensos batalhões de anjos ligeiros e valentes, obedecendo ao comando divino. Deus de Jacó, traz à  lembrança  uma história: o ser persistente à margem do rio Jaboque, que lutou com Jacó até ele entrar na intimidade da benção (Gn 32.24).  DEUS PODEROSO “SENHOR DOS EXERCITOS” E PESSOAL “DEUS DE JACÓ”. 



Contudo, há uma inversão surpreendente na forma como esses nomes se conectam às nossas expectativas. Induzimos que a metáfora militar se associará a defesa “TORRE SEGURA”, e que a pessoal virá ligada à intimidade, “CONOSCO”. De modo que encontramos intimidade com o guerreiro e defesa no amigo da família. O DEUS PODEROSO SENHOR DOS EXERCITOS TRAVA AMIZADE (está conosco) e o pessoal (Deus de Jacó) protege (TORRE SEGURA).

2)    HÁ UM RIO...
Deus habita no meio da cidade. Ela se localiza no mesmo mundo em que há violência, o que significa que não precisamos sair à procura de Deus em um lugar tranquilo e longínquo.  Agostinho de Hipona do quinto século, usou essa imagem da cidade de Deus, no turbilhão de uma das fases mais violentas da história. Quando Alarico e os bandos de bárbaros vinham do norte e devastaram a civilização romana. A cidade de Deus é visível, histórica e real. Muitos não a enxergam, mas não por ela ser invisível, mas apenas por não terem os olhos treinados para ver essas ações e essa presença (2 Rs 6.17).  


“HÁ UM RIO..” que corre pela cidade. Do jardim do Éden fluíam dois rios. E um outro cruzará a nova Jerusalém. RIOS SIGNIFICAM BEBIDA, LIMPEZA E TRANSPORTE. “Há um rio”. A cidade tem suprimento e, portanto, agradável. Essa cidade-rio: “Não será abalada”.  O verbo foi usado antes, no versículo 2: “os montes afundem no coração do mar”. Voltará aparecer no versículo 6: “reinos se abalam”. Aqui, foi aplicado à cidade que não será abalada (v.5). MONTANHAS DESABAM, REINOS CHEGAM AO FIM, MAS A CIDADE DE DEUS PERMANECE. A criação não é segura, nem a civilização, mas Deus é! Por que?

“Deus é o auxílio sempre”, ou “auxilio desde os tempos antigos”. Em outras palavras, esse socorro tem história longa, com séculos de documentação. O verbo volta a ser usado no versículo 5: “Deus vem em seu auxilio desde o romper da manhã”. Na tradução da Linguagem de Hoje: “de manhã bem cedo” (Lm 3.22-23). Deus conhece o mundo em que vivemos e conhece nossa vulnerabilidade, pois ele mesmo habitou aqui (Jo 1.14). E está sempre pronto a ajudar “de manhã bem cedo”. 



3)    Vejam as obras do Senhor
“Venham! Vejam as obras do Senhor”. Dê uma longa olhada, analise o que ele está fazendo. Isso requer atenção, paciência, energia e concentração.  Todo mundo faz mais barulho que Deus. Ele possui agencia de relações publicas, não monta campanhas publicitárias para chamar a atenção. Simplesmente convida a olhar. ORAÇÃO É OLHAR AS OBRAS DO SENHOR.

Quando não oramos, lemos apenas as letras grandes, reparamos somente nas megatendências e observamos apenas a destruição gigante ao nosso lado (Sl 77. 1-4). Quando oramos, vemos as luzes vindo de toda parte (Sl 77.11 à 19). Ele dá fim as guerras até os confins; quebra o arco e despedaça a lança; destrói os escudos com fogo.

Conclusão:
PAREM DE LUTAR! Saibam que eu sou Deus, chega de pressa, detenha-se para notar que há mais vida do que seus pequenos empreendimentos. No meio do barulho e pressa somos incapazes de cultivar intimidade – relacionamentos pessoais profundos e complexos “nunca se faz nada no meio do estouro da boiada”. 



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