Crescendo na graça e no
conhecimento. 2 Pe 1.5-7
Introdução: As cartas do
apóstolo Pedro estão classificadas entre as “epístolas gerais” por não se
dirigirem a uma igreja ou a uma pessoa específica, mas ao povo de Deus em
geral. A primeira carta teve o objetivo de consolar os irmãos que sofriam com
as perseguições. A segunda carta foi escrita para exortá-los no sentido de
crescerem espiritualmente (2Pe 1.12; 3.18). Gostamos de ser consolados, mas não
exortados. Entretanto, não podemos recusar este precioso aspecto da Palavra do
Senhor para nós. Exortação é admoestação e incentivo.
1) Por isso
O que vem a seguir é consequência direta do que foi dito antes. O
apóstolo não nos pede que façamos nada antes de primeiramente salientar e
repetir o que Deus fez por nós em Cristo. O evangelho não é apenas a
manifestação de uma fé geral acrescida da prática de algumas virtudes. O
evangelho genuíno, em primeira instância não é uma exortação para que façamos
algo; primeiramente ele é proclamação daquilo que Deus já fez por nós em
Cristo.
O evangelho mostra que o homem não pode fazer nada para salvar-se,
pois sem Cristo está morto em ofensas e pecados (Ef 2.1; Is 64.6). “Não há um
justo sequer”; “todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus”. Qualquer
homem, em suas melhores e mais altas condições, é uma criatura perdida; ele é
um pecador condenado aos olhos de Deus.
Antes de o homem ser chamado para fazer algo, é preciso que tenha
recebido algo de Deus: Cristo. Sem vida não é possível haver atividade, logo, a
vida cristã começa com o novo nascimento em Cristo. Tudo o que nos conduz à
vida e à piedade nos foi dado em Cristo (v.3; Ef 2.8,9). Por exemplo, não
adianta fazer apelo a um morto. A única pessoa a quem você pode, com alguma
lógica, dirigir um apelo é a pessoa que está viva. Quando alguém se torna um
cristão, nasceu de novo. Enquanto antes estava morto, agora está vivo. Portanto,
é preciso haver músculos, é preciso haver faculdades e propensões; todos os
cristãos tem músculos espirituais. Portanto, diz Paulo “acrescentai à vossa fé
a virtude...”.
Dois erros que ocorrem no seio da igreja. O primeiro, existem aqueles
cristãos que acham que podem fazer-se cristãos por seus próprios esforços, que
acham que, acrescentando estas virtudes à sua vida natural, podem habilitar-se
para estar na presença de Deus. O segundo, alguns dizem: “é claro que ninguém
pode fazer nada; a salvação é de Cristo; portanto, qualquer esforço ou qualquer
tentativa que a pessoa faça no cultivo espiritual, ou qualquer esforço para
disciplinar a vida cristã, é errado, e significa voltar às obras e tentar
justificar-se pelos obras”.
2) “Acrescentai”.
A melhor tradução é “suprir,
fornecer, proporcionar”. Era usada para demonstrar a habilitação do coro em
conexão com as peças gregas. Referia-se a alguém que custeava tudo o que era
necessário ao bom funcionamento do coro para que as peças pudessem ser mais bem
apreciadas. Fala do suprimento que proporciona e revela harmonia entre as partes. É como a perfeição e o equilíbrio
de um grande coro – o soprano, o contralto, o tenor e o baixo. Todas estas
vozes são necessárias ao coro, e é preciso que não haja demasiado de um nem muito
pouco de outro, ou se perderá o equilíbrio.
3) O caráter da
nossa fé.
VIRTUDE. Que significa
essa palavra? Virtude é a disposição de um
indivíduo de praticar o bem; e não é apenas
uma característica, trata-se de uma verdadeira inclinação, virtudes são todos
os hábitos constantes que levam o homem para o caminho do bem. (significados.com.br). Para Pedro, no entanto, “VIRTUDE” aqui
significa “poder moral”, ou, se lhes parece bem, energia moral – significa
atividade ou vigor da alma. Vejam lá,
diz Pedro, que a sua fé seja uma fé viva, que seja uma fé ativa, que seja uma
fé vigorosa, que seja uma fé máscula, que seja uma fé repleta de energia (Ef
5.18).
CONHECIMENTO. O que será que significa
essa palavra? Só pode significar “discernimento”, “entendimento”, “esclarecimento”.
Primeiro, Pedro exorta a termos vida enérgica, vigorosa, alerta. “Não se
acomodem a uma letargia e lassidão espiritual”, diz Pedro, “esperando que
aconteça alguma coisa maravilhosa; ponham-se de pé e ajam, sejam vigorosos,
agarrem a oportunidade, ponham “virtude” em prática”. Mas, é PRECISO QUE ESTE VIGOR,
ESTA ENERGIA, ESTA ATIVIDADE SEJA GORVERNADA, CONTROLADA E QUALIFICADA POR INTELIGÊNCIA,
ENTENDIMENTO E ESCLARECIMENTO.
Pedro era por natureza um
homem impulsivo, um retrato perfeito de energia descontrolada. Ele não era
controlado, inteligente e esclarecido, às vezes fazia coisa que lamentava
amargamente.
4) Nossas disposições interiores.
PACIÊNCIA. A paciência, a
resistência na peleja cristã diz respeito à nossa postura frente ao mundo
externo e pecaminoso. Deve haver firmeza na fé, perseverança. Pedro mesmo
afirmara que não abandonaria a Cristo e depois o negou três vezes (Lc 22).
Pedro aprendeu que não tem grande valor em se fazer grandes declarações de fé e
grandes promessas, se não as cumprirmos. Devemos cultivar um caráter que seja
resistente e que suporte com paciência perseverante todas as provas.
5)
Nossa relação com os outros.
PIEDADE. Antes de eu pensar em minhas relações com qualquer
outra pessoa, sempre devo me certificar de que o meu principal motivo e a minha
maior ambição na vida é honrar Deus, glorificar Deus e proclamar o Seu louvor.
Depois, tendo posto isso em primeiro lugar, devemos considerar os irmãos na fé.
BONDADE FRATERNAL. Ele está
exortando estes cristãos primitivos a se amarem uns aos outros, e a serem
pacientes uns para com os outros. COMO ISSO É DIFICIL, ÀS VEZES! Com que
facilidade ficamos impacientes. Quanto dano tem causado ao corpo de Cristo pela
falta de bondade fraternal. Em 1 Corintios 13, diz “o amor é bondoso. Não
inveja, não se vangloria, não se orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses,
não se ira facilmente, não guarda rancor. O amor não se alegra com a injustiça,
mas se alegra com a verdade. TUDO SOFRE, TUDO CRÊ, TUDO ESPERA, TUDO SUPORTA
(vs. 4-7).
Conclusão: “porque, se em vós
houver e abundarem estas coisas, não vos deixarão ociosos nem estéreis no
conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo. Pois aquele em que não há estas
coisas é cego, nada vendo ao longe, havendo-se esquecido da purificação dos
seus pecados” (2 Pe 1.8-90.
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