O custo do discipulado (Mc 8.34-38).
INTRODUÇÃO: A grande tensão desse
texto é entre encontrar prazer neste mundo à parte de Deus ou encontrar Deus
neste mundo e todo o nosso prazer Nele. Jesus sabia que as multidões que o
seguiam estavam apenas atrás de milagres e prazeres terrenos e não estavam
dispostas a trilhar o caminho da renúncia nem pagar o preço do discipulado.
· No mundo romano um homem carregando uma cruz era sinônimo de
criminoso condenado a caminho da execução, pois os romanos obrigavam os
condenados a carregar a cruz até o local da crucificação. “Quando Cristo
chama um homem, ele o convida a vir e morrer”. Dietrich Bonhoeffer.
1) O discípulo conhece o desafio do discipulado (8.34).
· Em primeiro lugar, o discipulado é um convite pessoal. Jesus começa com uma chamada condicional: “Se alguém quer”.
Jesus falou de quatro tipos de ouvintes (Mc 4:4-8): os endurecidos, os
superficiais, os ocupados e os receptivos. Muitos querem apenas as bênçãos do
evangelho, mas não a cruz. Querem os milagres, mas não a renuncia.
· Em segundo lugar, o discipulado é um convite para uma relação
pessoal com Jesus. Ser um discípulo não é ser um admirador de
Cristo, mas um seguidor. Um discípulo segue as pegadas de Cristo. Ser discípulo
não é abraçar simplesmente uma doutrina, é seguir uma pessoa. É seguir a Cristo
para o caminho da morte ( Mc 3.14).
· Em terceiro lugar, o discipulado é um convite para uma renuncia
radical. Quem estiver determinado a se apegar a si próprio e a viver por si
mesmo, perderá a si mesmo. Porém, quem estiver disposto a morrer, a perder-se,
a se entregar à obra de Cristo e ao evangelho, se encontrará e descobrirá sua
verdadeira identidade. Assim, Jesus promete a verdadeira autodescoberta pelo
preço da autonegação, a verdadeira vida pelo preço da morte (Lc 9.23).
· Em quarto lugar, o discipulado é um convite para morrer. Tomar a cruz é abraçar a morte, é seguir
para o cadafalso (lugar de execução), é escolher a vereda do sacrifício. A cruz
era um instrumento de morte vergonhoso. “Era necessário que (...) sofresse
muitas coisas, fosse rejeitado (Mc 8.31)”.
“Essa cruz não é uma doença, um inimigo,
uma fraqueza, uma dor, um filho rebelde, um casamento infeliz. Essa cruz fala
da nossa disposição de morrer para nós mesmos, para os prazeres e deleites. É
considerar-se morto para o pecado e andar com um atestado de óbito no bolso”.
2) O discipulo conhece a necessidade da renuncia (8.35).
“Os valores de um discípulo está
invertidos: ganhar é perder e perder é ganhar. O discípulo vive num mundo de
ponta cabeça. Para ele ser grande é ser servo de todos (Mt 20.25-27). Ser rico
é ter a mão aberta pra dar. Ser feliz é renunciar aos prazeres do mundo”.
2.1) Como uma pessoa pode ganhar a vida e
ao mesmo tempo perdê-la?
· Em primeiro lugar, quando busca a felicidade sem Deus. Salomão
buscou a felicidade no vinho, nas riquezas, nos prazeres e na fama e viu tudo
que era vaidade (Ec 2.1-11).
· Em segundo lugar, quando busca salvação fora de Cristo. Há muitos
caminhos que conduzem os homens para a religião, mas um só caminho que conduz o
homem a Deus.
· Em terceiro lugar, quando busca realização em coisas materiais. O
mundo gira em torno do dinheiro. O dinheiro é mais do que uma moeda; é um
ídolo, um espírito, um deus.
“Fernão Dias Paes Leme, o bandeirante das
esmeraldas, empreendeu sua vida e gastou sua saúde em busca de pedras
preciosas. Contudo, quando estava com a sacola cheia de pedras verdes, uma
febre mortal atacou seu corpo e ele, delirando, tentando empurrar as pedras
para dentro do seu coração. Morreu só, sem alcançar a pretensa felicidade que
buscava na riqueza”.
2.2 ) Quais são as razões que levam um discípulo
a querer viver pra Cristo?
· Em primeiro lugar, o
amor de Cristo. Fazer qualquer renuncia por qualquer outra motivação é
tolice. Perder a vida por amor a Cristo não é um ato de desperdício, mas de
devoção.
· Em segundo lugar, o
amor ao evangelho. A segunda motivação além de Cristo são as pessoas. A
devoção pessoal a Cristo conduz-nos ao dever de repartir o evangelho com os
outros.
“A própria essência da vida consiste em
arriscá-la e gastá-la, não em poupá-la e acumulá-la. Certamente, é o caminho do
cansaço, o esgotamento, mas é melhor queimar-se cada dia que enferrujar-se,
porque esse é o caminho à felicidade e a Deus”.
“Adoniran Judson, de Mianmar (antiga
Birmania). Chegou a esposa em 1813, demorou sete anos para Deus salvar uma
vida. Precisou de vinte anos para traduzir a bíblia toda para o birmanes. Ficou
viúvo duas vezes e perdeu seus filhos durante a vida. Entretanto, depois de 37
anos mais tarde, em 1850, deixou mais de 7 mil birmaneses batizados em 63
igrejas; hoje calcula-se que existam mais de 3 milhões de cristãos em Mianmar.
Outro exemplo, é a China, hoje tem 70 milhões de cristãos”
3) O discípulo sabe o valor inestimável da vida (8.36,37).
· Em primeiro lugar, o dinheiro não pode comprar a bem-aventurança
eterna. Ceder aos absolutos de Deus, vender a consciência e a própria alma para
acumular riquezas é uma grande tolice. A vida é curta e o dinheiro perde o seu
valor para quem vai para o tumulo.
· Em segundo lugar, a salvação da alma vale mais que riquezas. É
melhor ser salvo do que ser rico. A riqueza pode nos acompanhar até o túmulo,
mas a salvação será desfrutada por toda a eternidade.
· Em terceiro lugar, a perda da alma é uma perda irreparável. O
dinheiro se ganha e se perde. Mesmo depois de perdê-lo, é possível
readquiri-lo. Contudo, quando se perde a alma, não tem como reavê-la. É
impossível mudar o destino eterno de uma pessoa.
Conclusão: o que significa envergonhar-se de Cristo
(8.38). Envergonhar-se de Cristo significa ser tão orgulhoso a ponto de não
deseja ter nada com Ele. Ser cristão nunca foi e jamais será uma posição de
popularidade. A perda será irreparável, sofrerão o julgamento de Deus.
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