Um exemplo de mulher (Mc 7.24-30).
Introdução: Algumas informações
do contexto do capitulo 7
Jesus está
em território gentio. Essa nova seção constitui uma quebra
geográfica definida na narrativa, pois o ministério de Jesus na Galiléia
termina em 7.23. A segunda divisão, os ministérios do retiro e da Peréia,
começam nesse ponto (7.24) e vai até 10.52.
Tiro e Sidom eram cidades da Fenícia, e ela fazia parte da
Síria. Tiro ficava a uns sessenta quilômetros ao noroeste de Cafarnaum.
Seu nome significa rocha. Tiro era um dos grandes portos naturais do mundo
nos tempos antigos. Sidom situava-se a uns 42 quilômetros ao nordeste de
Tiro e uns cem quilômetros de Cafarnaum.
Jesus
está quebrando o conceito judaico da impureza. Jesus, no texto
anterior, provou para os judeus que não existem alimentos impuros (7.1-23).
Agora, revela que não há pessoas impuras. Jesus entra na terra dos gentios sem
ser contaminado. Jesus rejeita essa distinção e torna claro que o evangelho é
para todos. A base para ser aceito por Deus não é uma questão de antecedentes
étnicos, mas o relacionamento com Jesus.
Jesus está
lidando com uma mãe aflita. Esse texto nos mostra uma mãe aflita
aos pés do Salvador. Elas estão por todos os lados, elas estão aqui. Por que as
mães sofrem pelos seus filhos? Essa mãe, embora gentia, tinha uma grande fé.
Embora chegasse abatida, saiu vitoriosa. Spurgeon dizia que uma pequena
fé levará a sua alma ao céu, mas uma grande fé trará o céu à sua alma.
1)
Uma mulher, uma mãe
Ela discerne
o problema que atinge sua filha (7.25). Essa mãe sabia quem era o
inimigo da sua filha. Ela sabia que o problema de sua filha era espiritual. Peter
Marshal pregou um célebre sermão no dia das mães e afirmou que elas são guardas
das fontes. As mães são os instrumentos que Deus usa para purificar as fontes
que contaminam os filhos.
Ela discerne
a solução do problema que atinge sua filha (7.26).
Essa mãe percebeu que o problema da sua filha não era apenas uma questão
conjuntural. Ela já tinha buscado ajuda em todas as outras fontes e sabia
que só Jesus poderia libertar a sua filha. Ela vai a Jesus. Ela o busca e
o chama de Filho de Davi, seu título popular, aquele que fazia milagres. Depois
o chama de Senhor. Finalmente, se ajoelha (7.23).
Ela discerne que pode
clamar a favor da sua filha (7.26). A necessidade nos faz orar por nós
mesmos, mas o amor nos faz orar pelos outros. Ela orou por uma pessoa que não
tinha condições de orar por ela mesma e não descansou até ter sua oração
respondida. Pela oração ela obteve a cura que nenhum recurso humano poderia
dar. Pela oração da mãe a filha foi curada. Aquela menina não falou uma palavra
sequer para o Senhor, mas sua mãe falou por ela e ela foi liberta. “Onde
há uma mãe em oração, sempre há esperança”. Ambrósio disse
acerca de Agostinho, por quem sua mãe orou trinta anos: “Um filho de tantas
lágrimas, jamais poderia perecer”.
2) Uma
mulher em ação (v.25)
Seu clamor foi por misericórdia (7.26).
Ela está aflita e precisa de ajuda. Ela pede ajuda a quem pode ajudar. Ela não
se conforma de ver sua filha sendo destruída.
Seu clamor
foi com senso de urgência (7.25). Aquela mãe não perdeu a
oportunidade. Aquela foi a única vez durante o seu ministério que Jesus saiu
dos limites da Palestina e foi às terras de Tiro e Sidom. Ela não perdeu a
oportunidade. As oportunidades passam. É tempo das mães clamarem a Deus pelos
filhos. É tempo das mães se unirem em oração pelos filhos. Precisamos ter um
senso de urgência no nosso clamor. Como você se comportaria se visse seu
filho numa casa em chamas?
Seu clamor é cheio de empatia (Mt
15.22). O problema da filha é o seu problema. Seu clamor era: Tem
compaixão de mim. Senhor, socorre-me. Era sua filha quem estava
possessa. Ela sofria como se fosse a própria filha. A dor da sua filha era a
sua dor.
“Essa mulher
encontrou vários obstáculos em seu caminho: Sua nacionalidade era contra ela:
era gentia e Jesus era judeu. Além do mais, ela era uma mulher, e a sociedade
daquela época era dominada pelos homens. Satanás estava contra ela, porque um
espírito imundo havia dominado a sua filha. Os discípulos estavam contra ela,
eles queriam que Jesus a despedisse. O próprio Jesus aparentemente estava
contra ela. Essa não era uma situação fácil”.
O obstáculo
do desprezo dos discípulos de Jesus (Mt 15.23). Os
discípulos não pedem a Jesus para atender essa mãe, mas para despedi-la. Não se
importaram com a sua dor, mas quiseram se ver livre dela.
A barreira do silêncio de Jesus (Mt
15.23). O silêncio de Jesus é pedagógico. Há momentos que os céus ficam em
total silêncio diante do nosso clamor. Foi assim com Jó. Ele ergueu aos céus
dezesseis vezes a pergunta: Por que, Senhor? Por que estou sofrendo? Por que a
minha dor não cessa? Por que os meus filhos morreram? Por que eu não morri
ao nascer? Por que o Senhor não me mata de uma vez? A única resposta que ele
ouviu foi o total silêncio de Deus. É mais fácil crer quando estamos cercados
de milagres. O difícil é continuar crendo e orando pelos filhos quando os céus
estão em silêncio, quando as coisas parecem estar indo mal.
A barreira da resposta
de Jesus (7.27,28). Não fui enviado senão à Casa de Israel (Mt
15.24). Foram palavras desanimadoras. Ela, porém, em vez de sair desiludida e
revoltada, por causa da sua nacionalidade e educação pagã, veio e o adorou,
dizendo: “Senhor, socorre-me!” Em vez de desistir de sua causa, adora e ora! Não é
bom tomar o pão dos filhos e lançá-los aos cachorrinhos (7.27). O
diminutivo sugere que a referência é aos cachorrinhos que eram guardados como
animais de estimação.
“Naqueles
dias não se usavam facas nem garfos nem guardanapos para comer, comiam com as
mãos, e as limpavam em pedaços de pão que jogavam no chão para que os cães da
casa os comessem. Assim que a mulher disse: "Eu sei que os filhos devem
comer primeiro, mas não posso comer sequer os miolos que os filhos
arrojam?".
CONCLUSÃO: Uma mulher
de fé (7.29).
Jesus
elogia a fé daquela mãe (Mt 15.28). A mulher siro-fenícia não apenas
teve seu pedido atendido, mas teve, também, sua fé enaltecida. Mãe não
desista de seus filhos. Eles são filhos da promessa. Eles não foram criados
para o cativeiro.
“A fé honra a
Deus e Deus honra a fé. “Ó mulher, grande é a tua fé!”. É significante que as duas
vezes que os evangelhos destacam o elogio de Jesus a alguém por sua grande fé,
foi em resposta à fé das pessoas gentias. É o caso dessa mulher siro-fenícia e do
centurião romano (Mt 8.5-13)”.George Muller disse que a fé não é saber que
Deus pode; é saber que Deus quer. A fé é o elo que liga a nossa insignificância
à onipotência divina.
Aquela mãe
recebeu pela vitória de sua fé a libertação da sua filha(7.29,30).
Jesus disse: “Faça-se contigo como queres. E desde aquele momento, sua filha
ficou sã”. A fé reverteu a situação. O pedido foi atendido. A bênção chegou. A
fé venceu. Carlos Studd disse que a fé em Jesus ri das impossibilidades.
Agostinho disse que fé é crer no que não vemos e a recompensa dessa fé é ver o
que cremos.
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