terça-feira, 18 de março de 2014

O custo do discipulado (Mc 8.34-38).


INTRODUÇÃO:  A grande tensão desse texto é entre encontrar prazer neste mundo à parte de Deus ou encontrar Deus neste mundo e todo o nosso prazer Nele. Jesus sabia que as multidões que o seguiam estavam apenas atrás de milagres e prazeres terrenos e não estavam dispostas a trilhar o caminho da renúncia nem pagar o preço do discipulado.

·                   No mundo romano um homem carregando uma cruz era sinônimo de criminoso condenado a caminho da execução, pois os romanos obrigavam os condenados a carregar a cruz até o local da crucificação. “Quando Cristo chama um homem, ele o convida a vir e morrer”. Dietrich Bonhoeffer.

1)                O discípulo conhece o desafio do discipulado (8.34).
·                   Em primeiro lugar, o discipulado é um convite pessoal. Jesus começa com uma chamada condicional: “Se alguém quer”. Jesus falou de quatro tipos de ouvintes (Mc 4:4-8): os endurecidos, os superficiais, os ocupados e os receptivos. Muitos querem apenas as bênçãos do evangelho, mas não a cruz. Querem os milagres, mas não a renuncia.

·                   Em segundo lugar, o discipulado é um convite para uma relação pessoal com Jesus. Ser um discípulo não é ser um admirador de Cristo, mas um seguidor. Um discípulo segue as pegadas de Cristo. Ser discípulo não é abraçar simplesmente uma doutrina, é seguir uma pessoa. É seguir a Cristo para o caminho da morte ( Mc 3.14).

 ·                   Em terceiro lugar, o discipulado é um convite para uma renuncia radical. Quem estiver determinado a se apegar a si próprio e a viver por si mesmo, perderá a si mesmo. Porém, quem estiver disposto a morrer, a perder-se, a se entregar à obra de Cristo e ao evangelho, se encontrará e descobrirá sua verdadeira identidade. Assim, Jesus promete a verdadeira autodescoberta pelo preço da autonegação, a verdadeira vida pelo preço da morte (Lc 9.23).

 ·                   Em quarto lugar, o discipulado é um convite para morrer. Tomar a cruz é abraçar a morte, é seguir para o cadafalso (lugar de execução), é escolher a vereda do sacrifício. A cruz era um instrumento de morte vergonhoso. “Era necessário que (...) sofresse muitas coisas, fosse rejeitado (Mc 8.31)”.

“Essa cruz não é uma doença, um inimigo, uma fraqueza, uma dor, um filho rebelde, um casamento infeliz. Essa cruz fala da nossa disposição de morrer para nós mesmos, para os prazeres e deleites. É considerar-se morto para o pecado e andar com um atestado de óbito no bolso”.

 2)                O discipulo conhece a necessidade da renuncia (8.35).
“Os valores de um discípulo está invertidos: ganhar é perder e perder é ganhar. O discípulo vive num mundo de ponta cabeça. Para ele ser grande é ser servo de todos (Mt 20.25-27). Ser rico é ter a mão aberta pra dar. Ser feliz é renunciar aos prazeres do mundo”.

2.1) Como uma pessoa pode ganhar a vida e ao mesmo tempo perdê-la?
·                   Em primeiro lugar, quando busca a felicidade sem Deus. Salomão buscou a felicidade no vinho, nas riquezas, nos prazeres e na fama e viu tudo que era vaidade (Ec 2.1-11).

·                   Em segundo lugar, quando busca salvação fora de Cristo. Há muitos caminhos que conduzem os homens para a religião, mas um só caminho que conduz o homem a Deus.

·                   Em terceiro lugar, quando busca realização em coisas materiais. O mundo gira em torno do dinheiro. O dinheiro é mais do que uma moeda; é um ídolo, um espírito, um deus.

“Fernão Dias Paes Leme, o bandeirante das esmeraldas, empreendeu sua vida e gastou sua saúde em busca de pedras preciosas. Contudo, quando estava com a sacola cheia de pedras verdes, uma febre mortal atacou seu corpo e ele, delirando, tentando empurrar as pedras para dentro do seu coração. Morreu só, sem alcançar a pretensa felicidade que buscava na riqueza”.

2.2 ) Quais são as razões que levam um discípulo a querer viver pra Cristo?
·                   Em primeiro lugar, o amor de Cristo. Fazer qualquer renuncia por qualquer outra motivação é tolice. Perder a vida por amor a Cristo não é um ato de desperdício, mas de devoção.

·                   Em segundo lugar, o amor ao evangelho. A segunda motivação além de Cristo são as pessoas. A devoção pessoal a Cristo conduz-nos ao dever de repartir o evangelho com os outros.

“A própria essência da vida consiste em arriscá-la e gastá-la, não em poupá-la e acumulá-la. Certamente, é o caminho do cansaço, o esgotamento, mas é melhor queimar-se cada dia que enferrujar-se, porque esse é o caminho à felicidade e a Deus”.

“Adoniran Judson, de Mianmar (antiga Birmania). Chegou a esposa em 1813, demorou sete anos para Deus salvar uma vida. Precisou de vinte anos para traduzir a bíblia toda para o birmanes. Ficou viúvo duas vezes e perdeu seus filhos durante a vida. Entretanto, depois de 37 anos mais tarde, em 1850, deixou mais de 7 mil birmaneses batizados em 63 igrejas; hoje calcula-se que existam mais de 3 milhões de cristãos em Mianmar. Outro exemplo, é a China, hoje tem 70 milhões de cristãos”

3)                O discípulo sabe o valor inestimável da vida (8.36,37).
·                   Em primeiro lugar, o dinheiro não pode comprar a bem-aventurança eterna. Ceder aos absolutos de Deus, vender a consciência e a própria alma para acumular riquezas é uma grande tolice. A vida é curta e o dinheiro perde o seu valor para quem vai para o tumulo.

·                   Em segundo lugar, a salvação da alma vale mais que riquezas. É melhor ser salvo do que ser rico. A riqueza pode nos acompanhar até o túmulo, mas a salvação será desfrutada por toda a eternidade.

  ·                   Em terceiro lugar, a perda da alma é uma perda irreparável. O dinheiro se ganha e se perde. Mesmo depois de perdê-lo, é possível readquiri-lo. Contudo, quando se perde a alma, não tem como reavê-la. É impossível mudar o destino eterno de uma pessoa.


Conclusão: o que significa envergonhar-se de Cristo (8.38). Envergonhar-se de Cristo significa ser tão orgulhoso a ponto de não deseja ter nada com Ele. Ser cristão nunca foi e jamais será uma posição de popularidade. A perda será irreparável, sofrerão o julgamento de Deus. 


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