Profecias e prefecias Gn 49.1-15
Introdução
O texto inicia com um ajuntamento, uma convocação familiar, de todos os filhos de Israel: “Ajuntem-se ao meu lado para que eu lhes diga o que lhes acontecerá nos dias que virão” (Gn 49.1). Todos estavam atentos e curiosos diante dessa convocação. Aliás, estavam carentes de afeto, de palavras, de gestos, de exortações, profecias. Infelizmente, as famílias estão escassas de profecias, mas abundantes de prefecias. Sempre numa conversa em família surge uma conversa sobre o nosso passado, e sempre forma pejorativa.
Sim, as famílias estão escassas de profecias e muitas
prefecias. Estamos falando de bênçãos proféticas proferidas pelo pai, ou pela
mãe, aos filhos. Por falta de profecias e abundantes prefecias, as famílias estão
desnorteadas, perdidas, sem rumo, sem direção, sem objetivo na vida. A profecia
projeta esperança para o futuro; enquanto que a prefecia baseia-se em algum
evento do passado com o objetivo de acusar, apontar o dedo.
1)
Profecia
e prefecia
Profecia: futuro. “É assim que vai ser”. Tem tanto poder espiritual, quanto poder psicológico de projetar a vida de alguém para o futuro. Em Jeremias temos uma profecia ao povo de Deus: “Porque eu bem sei os pensamentos que tenho a vosso respeito, diz o Senhor; pensamento de paz, e não de mal, para vos dar o fim que esperais” (Jr 29.11). Enquanto que a prefecia é: pau que nasce torto, vai morrer torto”.
Jacó é um exemplo de alguém que vivia estigmatizado como “agarrador
de calcanhar”, como enganador, mentiroso, etc. Até que um dia se encontrou com
Deus e seu nome foi alterado para “Israel”, como príncipe lutaste com Deus. Sim,
um novo homem foi forjado, um homem com novas resoluções, novas maneiras de
encarar a vida.
Sobre Judá, Israel profetiza: “Judá é como um leãozinho quando mata a sua vítima...seus irmãos o louvarão, com sua mão estará sobre o pescoço dos seus inimigos...o cetro não se apartará de Judá, nem o bastão do comando de seus descendentes” (Gn 49.8-10). Em Judá temos uma profecia de futuro, que dessa tribo Deus levantaria os reis que governaria Israel.
Sobre José, temos outra profecia: “José é uma árvore frutífera à beira de uma fonte, cujos galhos passam por cima do muro. Com rancor, arqueiros o atacaram, atirando-lhe flechas com hostilidade. O seu arco, porém, permaneceu firme; os seus braços continuaram fortes, ágeis para atirar, pela mão do poderoso Jacó” (Gn 29.22-24). Jacó estava profetizando constatações do caráter e da personalidade de José, sim, ele era forte, resiliente, nunca desistia, apesar das hostilidades.
E, quanto à Levi e Simeão? Foi profecia ou prefecia? Sim, os dois irmãos que se vingaram da violência sexual sofrida por Diná? Israel é incisivo: “Simeão e Levi são iguais em tudo; suas armas são instrumentos de violência...Pois, em sua ira, mataram homens e, por diversão, aleijaram bois...maldita seja sua ira, pois é cruel. Eu os espalharei entre os descendentes de Jacó, eu os dispersarei por todo o Israel” (Gn 49.5,6). Aqui, vemos um pai ressentido diante dos filhos perversos, maus... filhos sanguinários.
E, Issacar? “É um jumento forte, que descansa entre dois sacos de carga. Quando ele perceber que o lugar é bom para descansar, e que a terra é agradável, deixará que ponham a carga nos seus ombros, e se tornará um escravo de trabalhos forçados” (Gn 49.14-15). O que dizer de Issacar? É uma pessoa acomodada e que não gosta muito de trabalhar, esperto, que gosta de descansar: “sombra e água fresca”.
Vimos quatro exemplos: Vimos Judá, que apesar do passado de luxuria,
seu pai lhe profetizou, sim, o cetro estaria sobre sua tribo; José, uma arvore frutífera
cujos ramos se estende para todos os lados, resiliente e responsável; Levi e
Simeão, iguais em quase tudo, sanguinários, briguentos, homens violentos; e
Issacar, uma pessoa acomodada, sem muita preocupação com o futuro, vivendo
somente do bolsa família e deixando a vida leva-lo.
Uma pergunta: Dentro de sua casa você está profetizando ou
prefetizando sobre seus filhos? O que você diz para o seu filho está embasado
num momento de ira, por exemplo: “Voce não vai ser ninguém na vida”, “Voce é um
preguiçoso inveterado”, “Voce é muito porco menino”. Ou você está embasado na Palavra
de Deus, por exemplo: “Profetizo benção sobre a sua vida”, “Meus filhos serão homens
de Deus”.
2)
0
caso de Efraim e Manassés
José foi vendido ao Egito como escravo, depois que revelou o sonho de Faraó, tornou-se governador do Egito. Casou-se com Azenate, filha do sacerdote e teve dois filhos: Manassés e Efraim. Manassés significa: “Deus me fez esquecer o que os meus irmãos fizeram comigo”, perdão. Efraim significa: “Deus me fez prosperar na terra da minha aflição”.
Depois que José ficou sabendo que seu pai estava enfermo,
tomou seus dois filhos para receber a benção de Israel. A Biblia diz que Israel
“os olhos estavam enfraquecidos...ele
mal podia enxergar” (Gn 48.10). E, na hora de abençoar os meninos, ao invés
de abençoar o mais velho – Manassés -, abençoo o mais novo – Efraim (Gn 48.13-14).
“Israel, porém, estendeu a mão direita e a pôs sobre a cabeça de Efraim, embora este fosse o mais novo...pôs a mão esquerda sobre a cabeça de Manassés, embora ele fosse o mais velho” (Gn 48.13-14). Quando José viu a mão direita do seu pai em cima da cabeça de Efraim “...não gostou; por isso pegou a mão do pai, a fim de mudá-la da cabeça de Efraim para a de Manassés” (Gn 48.17). No entanto, Israel lhe respondeu: “Eu sei, meu filho, eu sei. Ele também se tornará um povo...mas o seu irmão mais novo será maior” (Gn 48.17-19).
Mas, Em 1 Cronicas capitulo 7 diz que seus filhos (descendentes) “Ezer e Eleade, filhos de Efraim” foram mortos por serem ladrões de gado. Imagine a vergonha de Efraim, imagine a vergonha de sua mãe. Era neto de José, um dos homens mais respeitados do seu tempo. Sim, as coisas estavam acontecendo na família de José e faltou discernimento aos pais diante do mau que os meninos estavam praticando. Agora, parecia que toda a prefecia estava virando-se para família de José!
Por causa disso: “Efraim
chorou e lamentou-se durante muitos dias pelo que aconteceu com seus filhos, e
seus parentes vieram para consolá-lo” (1 Cro 7.22). Havia profecia ou
prefecia na geração de Efraim, com certeza profecia “Que eles sejam chamados
pelo meu nome e pelo nome de meus pais, Abraão e Isaque” (Gn 48.16). No entanto,
nem sempre os filhos andam nos caminhos dos pais, nem sempre os filhos andam no
caminho do avô, nem sempre os filhos andam no caminho da obediência.
Depois de algum tempo, nasce outro filho. “Efraim e sua esposa conceberam, ela ficou gravida e deu à luz um filho” (1 Cro 7.23). Chamou-lhe “Beriá, Berias”, que significa “as coisas iam mal em sua casa”, significa fracasso; Berias é fracasso. A situação estava tão difícil na casa de Efraim que Berias em hebraixo tem um som parecido com o da palavra “desastre”, “tribulação” ou desgraça”. Os pais na hora da angustia, dor, acaba jogando em cima dos filhos a dor daquele que morreu. Que culpa tinha esse menino da tragédia dos irmãos que morreram!
Parecia que Efraim estava debaixo do estigma da maldição. Contudo,
Berias teve um filha chamada Seerá, ou Sheerá. O que ela fez? Fundou duas cidades,
Bete-horom e Uzém-Sherá (1 Cro 7.24). Essa menina é diferente dos seus irmãos, é
empreendedora, cheio de sonhos, realizações, etc. No entanto, o significado dos
nomes das cidades era “vazio”, um reflexo do seu lar. O que importa para Efraim
era o passado, e não o presente.
Conclusão:
da desgraça para graça, vss 25-27
Esse
menino, Berias, de acordo com o nome seria um fracasso, do mesmo modo que seus
irmãos que morreram. Mas, de sua descendência nasceu Josué. Exatamente o homem
que Deus levantou pra ser o sucessor de Moisés; é o homem que vai levar o povo
pra conquistar a terra prometida. O nome significa Jesus, Jesus e Josué
são nomes análogos.