Você tem alguma história?
Uma história sempre nos amarra, nos
arrebatando em espírito e nos transportando para cenários reais ou
surreais. Cada um de nós temos uma
narrativa que iniciou em nossa infância e nos acompanha até o presente momento.
Se parássemos para levantar um fato, ou uma narrativa de cada um de nós, não teríamos
folhas suficientes para descrevê-las.
E que história lhe cativou em algum
momento da sua infância? Tínhamos lembranças da nossa avó, uma italiana chamada
Filomena, que sempre preparava as melhores comidas - tortéis-, aliás as mais gostosas. E, sempre
com uma vivacidade impressionante, depois, sentávamos em círculo e ela descascava
laranjas para todos os netos. Choramos intensamente quando ela morreu (...) o vazio
daquela voz no chamando de “bambino” ainda ecoa como um eco.
As brincadeiras de infância que ficávamos
até tarde da noite divertindo, correndo e no final, cada um contava uma
história de terror: lobisomem – uma mistura de lobo com homem -, bicho papão –
um ser feioso, cheio de pelos e grandes olhos -, mula sem cabeça, saci Pererê.
Alguns pais disseram que tinham visto saci nas roças. Quando íamos dormir, ficávamos
com medo, com pavor e tínhamos dificuldades de fechar os olhos.
Me lembro da escola dominical, na
Assembleia de Deus de Pirangi, onde se deu minha formação religiosa. Gostávamos
muito do presbítero João Vitor – um homem da roça -, que nos contava histórias bíblicas
e cantava canções e nós aprendíamos; ele tinha uma alma de criança. Mas, nos
cultos à noite, nós dormíamos quase todos os cultos nos ombros dos irmãos e não
entendíamos o que está sendo falado no púlpito. Mas, amávamos a escola
dominical...
Agora, o que mais nos cativava nesse período,
era ouvir histórias do Pastor Joá Caetano. Em disco de vinil, que sentávamos e ficávamos
horas ouvindo várias histórias. E havia a história de Davi que nos arrebatava,
nos deixava extasiados, quietos, como se estivéssemos na frente de uma
televisão, olhando para as cenas. A melhor parte, era quando Davi corre para
cima do gigante Golias e lança a pedra em sua fronte e o gigante cai
aturdidamente no chão, morto. Quando ele levantava a espada de Golias, todos nos sentíamos jubilosos, era como se nós tivéssemos com a espada. E, depois víamos os filisteus fugirem desesperadamente
...
Mas, todas as vezes que íamos na casa
do Senhor, sentíamos um chamado, uma voz suave, que sussurrava os nossos nomes
e ouvíamos com muita clareza a seguinte mensagem: “Voce é meu, você me pertence”.
Então, apesar de não termos tido um encontro pessoal e verdadeiro com Cristo, estávamos
sendo seguido, olhados e guardados debaixo do seu amor, apesar de vivermos uma
vida errante, pecaminosa.
Graças a Deus, que o Senhor nos
alcançou, nos salvou, e nos deu uma vida verdadeiramente feliz, autentica.
Naquele dia, quando fomos salvos, ouvíamos a mesma voz, a voz da infância, com
a mesma ternura, candura, um amor intenso, insofismável. Não aguentamos tanto
amor, nos jogamos aos seus pés e nos rendemos ao Nosso Senhor.
De todas as histórias, narrativas, é indelével
quando o encontro aconteceu...nunca esqueceremos.
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