sexta-feira, 24 de abril de 2020


Você tem alguma história?



Uma história sempre nos amarra, nos arrebatando em espírito e nos transportando para cenários reais ou surreais.  Cada um de nós temos uma narrativa que iniciou em nossa infância e nos acompanha até o presente momento. Se parássemos para levantar um fato, ou uma narrativa de cada um de nós, não teríamos folhas suficientes para descrevê-las.

E que história lhe cativou em algum momento da sua infância? Tínhamos lembranças da nossa avó, uma italiana chamada Filomena, que sempre preparava as melhores comidas - tortéis-, aliás as mais gostosas. E, sempre com uma vivacidade impressionante, depois, sentávamos em círculo e ela descascava laranjas para todos os netos. Choramos intensamente quando ela morreu (...) o vazio daquela voz no chamando de “bambino” ainda ecoa como um eco. 

As brincadeiras de infância que ficávamos até tarde da noite divertindo, correndo e no final, cada um contava uma história de terror: lobisomem – uma mistura de lobo com homem -, bicho papão – um ser feioso, cheio de pelos e grandes olhos -, mula sem cabeça, saci Pererê. Alguns pais disseram que tinham visto saci nas roças. Quando íamos dormir, ficávamos com medo, com pavor e tínhamos dificuldades de fechar os olhos.

Me lembro da escola dominical, na Assembleia de Deus de Pirangi, onde se deu minha formação religiosa. Gostávamos muito do presbítero João Vitor – um homem da roça -, que nos contava histórias bíblicas e cantava canções e nós aprendíamos; ele tinha uma alma de criança. Mas, nos cultos à noite, nós dormíamos quase todos os cultos nos ombros dos irmãos e não entendíamos o que está sendo falado no púlpito. Mas, amávamos a escola dominical...

Agora, o que mais nos cativava nesse período, era ouvir histórias do Pastor Joá Caetano. Em disco de vinil, que sentávamos e ficávamos horas ouvindo várias histórias. E havia a história de Davi que nos arrebatava, nos deixava extasiados, quietos, como se estivéssemos na frente de uma televisão, olhando para as cenas. A melhor parte, era quando Davi corre para cima do gigante Golias e lança a pedra em sua fronte e o gigante cai aturdidamente no chão, morto. Quando ele levantava a espada de Golias, todos nos sentíamos  jubilosos, era como se nós tivéssemos com a espada.  E, depois víamos os filisteus fugirem desesperadamente ...  


Infelizmente, nesse período, não tivemos o privilégio de conhecer Jesus como Salvador e Senhor.   Fomos formados   dentro de uma religiosidade patológica, onde tudo era pecado, nada se podia fazer que era mundano, nem torcer para time algum, não podíamos participar de muitas brincadeiras. Quando queríamos jogar futebol entravamos escondidos no campo da cidade, e lá ficávamos todo o tempo. 

Mas, todas as vezes que íamos na casa do Senhor, sentíamos um chamado, uma voz suave, que sussurrava os nossos nomes e ouvíamos com muita clareza a seguinte mensagem: “Voce é meu, você me pertence”. Então, apesar de não termos tido um encontro pessoal e verdadeiro com Cristo, estávamos sendo seguido, olhados e guardados debaixo do seu amor, apesar de vivermos uma vida errante, pecaminosa.

Graças a Deus, que o Senhor nos alcançou, nos salvou, e nos deu uma vida verdadeiramente feliz, autentica. Naquele dia, quando fomos salvos, ouvíamos a mesma voz, a voz da infância, com a mesma ternura, candura, um amor intenso, insofismável. Não aguentamos tanto amor, nos jogamos aos seus pés e nos rendemos ao Nosso Senhor.

De todas as histórias, narrativas, é indelével quando o encontro aconteceu...nunca  esqueceremos.





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