terça-feira, 23 de setembro de 2025

 Buscando o soldado ferido Tg 5.19-20 

Introdução

Conta-se a história de um jovem que, depois de se desviar do Senhor, foi finalmente resgatado com a ajuda de um amigo que o amou de forma incondicional. Depois ele contou sua experiencia: “Eu me sentia em águas profundas, cada vez mais levado para o alto mar. Todos os seus amigos estavam na praia e me dirigiam palavras de acusação, justiça, pecado e condenação”. O Salmista descreve seu estado antes da salvação: “Tirou-me de um poço de destruição, de um lamaçal...”, “tirou-me de um poço de desespero, de um atoleiro de lama” (VFL)."ESTOU DESESPERADO, ENCONTRO-ME EM UM POÇO DE DESTRUIÇÃO AFOGADO PELA LAMA!" 


Mas acrescenta: “Mas um irmão na fé jogou-se na água para me resgatar e não me abandonou. Eu lutei contra ele, mas ele aguentou firme; ele me segurou, me colocou um colete salva vidas e deu um jeito de me puxar até a areia. Pela graça de Deus, foi por causa dele que fui resgatado – ele não me abandonou”. Da mesma forma, o apostolo Tiago quer que ninguém seja abandonado. Em toda a sua carta, ele enfatiza a necessidade de uma fé operante e pergunta: “Se voce diz que crê, porque se comporta como se não cresse?”.

1)     Desviado

Quem aqui já não teve a experiencia de ter um cisco no olho, é algo que incomoda. Um dia aprendendo a profissão de serralheiro, um pequeno metal entrou em meu olho. Na hora pensei que ia passar logo; mas com o tempo, foi somente piorando, doendo. Até que o médico oftalmologista, com sua pinça, cuidadosamente, pacientemente retirou o metal do meu olho. Jesus em seu sermão do Monte fala sobre a retirada de um cisco do olho cuja visão ficou borrada pelo pecado: “Por que vês o cisco no olho de teu irmão e não reparas na trave que está no seu próprio olho? Ou como dirás a teu irmão: deixa-me tirar o cisco do teu olho, quando tens uma trave no teu?” (Mt 7.3-5). 

Alguns princípios que aprendemos com o Apostolo Tiago. Em primeiro lugar, Tiago se dirige à situação de crentes que se desviaram, abandonou a sua fé. Ele fala de restaurar os cristãos que se desviaram da verdade. A palavra “planethê, do verbo planaó” é derivado do termo grego desviar-se. Os planetas, diferente das estrelas, movimentam-se e perambulam através do céu noturno. Da mesma forma, esses indivíduos haviam saído e se desviado da rota. Foram “seduzidos e desencaminhados” pelo maligno. 


Em segundo lugar, as pessoas que o apostolo Tiago tem em mente se desviaram da verdade (Aletheia). Essa palavra é uma referência a todas as verdades nas escrituras. É possível desviar-se da verdade de duas maneiras: a pessoa pode se desviar do ponto de vista doutrinário, ou seja, ele pode abraçar crenças errôneas. Mas também pode se desviar da verdade na prática, quando deixar de alinhar seus atos com aquilo que ele professa. Nos dois casos, a reação dos irmãos saudáveis deve ser a mesma: reconduzir á verdade aqueles que se desviaram. 



Em terceiro lugar, a palavra traduzida por “reconduzir” significa dar meia-volta e seguir na direção contrária – um momento de 180 graus. Para os judeus havia dois caminhos: o caminho da vida e o caminho da morte. Os fieis que se desenvolviam na fé praticando boas obras estavam no caminho da vida, mas os incrédulos estavam no caminho da morte. Tiago está dizendo que alguns cristãos, depois de seguir pelo caminho da vida, podem se desviar e seguir na direção errada. Essas pessoas precisam de uma intervenção firme, porém amorosa. 

“Irmãos, se alguém for surpreendido em algum pecado, vós, que sois espirituais, deveis restaurar essa pessoa com espirito de humildade” (Gl 6.1) o que fazer? “corrigi-o”, do grego Katartizo que tem o sentido de “emendar”, “reparar”, restaurar”. Esse termo era usado para por no lugar um osso deslocado. “Vá até ele, estenda-lhe a mão, levante-o novamente, console-o com palavras brandas e abrace-o com braços de mãe” (Lutero). 

Quem deve fazer?  “Vós que sois espirituais, corrigi-o”. Esse ministério de amor e restauração de um irmão que errou é exatamente o tipo de coisa que devemos fazer quando andamos no Espírito. Só um cristão “espiritual” deve tentar restaurá-lo. Como se deve fazer?  “Vós que sois espirituais, corrigi-o, com espírito de brandura; e guarda-te para que não sejas também tentado” (Gl 6.1).

2)     Restauração

Saibam que quem trouxer o pecador de volta de seu desvio o salvará da morte e trará perdão para muitos pecados” (Gl 5.20).

Primeiro, se fizermos um pecador retornar do erro do seu caminho, salvaremos da morte uma vida. Ele estava no caminho da morte, vivendo uma existência tenebrosa. Na Didaquê, texto judeu-cristão do primeiro século: “Há dois caminhos: o caminho da vida e o caminho da morte”. A palavra caminho denota uma estrada, um modo de vida. Há o modo de vida com Cristo, há o modo de vida sem Cristo. 

Segundo, se fizermos um cristão em pecado retornar o erro do seu caminho, cobriremos “uma multidão de pecados”. A confissão de pecado feita por uma pessoa não somente traz o perdão, salvação, restauração, mas também evita que ela continue seguindo pelo caminho do pecado e da morte, que termina em um beco sem saída. 

Conclusão

O apostolo Tiago termina sua carta na sua forma mais prática como vimos desde o capitulo 1. Nos dois últimos versículos ele nos exorta a se preocupar com cristãos desviados. Em todo seu livro, ele defende a ideia de que nossas ações devem acompanhar nossas convicções; nossas palavras devem se harmonizar com o que fazemos. Alguns princípios que devemos nos atentar:

Primeiro, há ocasiões em que poderemos ajudar a tirar o cisco dos olhos de outras pessoas que se desviaram. Assim como precisamos estar dispostos a ser corrigidos quando erramos, da mesma forma precisamos estar dispostos a corrigir outras pessoas.

Segundo toda operação de resgate precisa ser inteiramente debaixo do controle do Espírito Santo. Não pode ser uma experiencia carnal de exaltação do ego. Não pode ser impulsionado pelo orgulho, mas por um espírito de humildade e delicadeza.

Terceiro, motivação e postura tem a mesma importância das ações. Às vezes, aqueles a quem corrigimos reagirão às nossas ações de forma negativa ou áspera. Quando nossa postura é marcada por compaixão constante, a pessoa que se arrepende e volta do caminho errado acabará percebendo que todo o processo foi motivado pelo amor.

Não é fácil confrontar alguém, pois ninguém gosta de ser confrontado. Não há nada de encantador nem fácil na confrontação. Mas ela é bíblica e necessária, principalmente, quando o Espirito Santo leva o coração da pessoa ao arrependimento.


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