Sexualidade cristã – 1 Ts 4.1-8
Introdução
O apostolo Paulo exorta a igreja de Tessalônica: “...irmãos, vos rogamos e exortamos no Senhor...vivam para agradar a Deus”, a exortação está no “Senhor” (1 Ts 4.1 NVI). “Agradar a Deus” é algo inerente à nossa caminha com Deus; em sua carta aos efésios ele diz sobre nós: “Somos feituras sua, criados em Cristo Jesus...” (Ef 2.10). Paulo elogia os cristãos de Tessalônica: “...de fato, estão vivendo assim”. E, mais, incentiva o crescimento contínuo, diário e constante: “Assim andai, para que abundeis cada vez mais” (1 Ts 4.1 ARC).
Portanto, agradar a Deus não é algo que acontece apenas no
âmbito da fé. Requer atenção a questões práticas, tais como nossa atitude
perante a vida, nossa atitude diante dos irmãos, nossa maneira de lidar com a
nossa sexualidade, nosso modo de lidar com o pecado, enfim, tudo o que diz
respeito ao nosso comportamento.
1)
Sexualidade
O apostolo Paulo inicia falando sobre sexo. Ele diz: “Fiquem livres da imoralidade” (NTLH), “afastai-vos da imoralidade sexual” (1 Ts 4.3 A21). Por quê? É uma área onde acontece muitas tentações, principalmente por causa da fraqueza da carne, das tentações do mundo e das sutilezas do diabo. Paulo escreve essa epístola de Corinto para Tessalônica e ambas as cidades eram famosas por sua imoralidade, devassidão sexual. O filosofo Sêneca que viveu nos dias de Nero, escreveu sobre esse tempo: “As mulheres casam para se divorciar e se divorcia para casar”. Esse pensamento do século I é um retrato muito parecido com o tempo presente, onde o casamento já não é para vida toda, simplesmente um fogo passageiro.
Ao invés de se prostituir, Paulo exorta: “Que cada um saiba viver com a sua esposa de um modo que agrade a Deus, com todo respeito” (1 Ts 4.4 NTLH). Essa exortação é um contraponto como os homens viviam nesse tempo. Demóstenes, o maior orador grego, afirmou: “os gregos tem prostitutas para o prazer, concubinas para as necessidades diárias do corpo e esposas para procriar filhos”.
Actualmente, vivemos a era do progressismo, onde não existe
moralidade sexual. Aliás a velha imoralidade da Grécia e Roma campeiam nossa
sociedade. Nos dias de hoje, não existem valores absolutos, porque tudo foi
relativizado. O profeta Isaias já era incisivo sobre essa relativização da
moral: “Ai de vocês que chamam o mal de bem e o bem de mal; que põem a
escuridão no lugar da luz e a luz no lugar da escuridão. Que trocam o doce pelo
azedo e o azedo pelo doce!” (Is 5.20 A Mensagem).
Vivemos em uma sociedade que enaltece, diviniza o corpo (olhem a quantidade de academias em nossa cidade!). A cultura gira em torno do sexo, as mulheres são objetos de prazer nas musicas seculares. As mídias sociais, como: Instagram, tik tok, facebook, etc, tudo girando em torno do prazer, do sexo. E o que falar da televisão? É uma das mais nocivas para a formação do caráter, pois deturpa o caráter. Pois é na televisão que o adultério é incentivado, a homoafetividade é normatizada. Ou seja, os fundamentos da sociedade estão abalados.
2)
A
Bíblia e a sexualidade
Como cristão reconhecemos que o sexo é um presente de Deus ao homem e a mulher. Em Genesis Deus fez “homem”, no hebraico é “zakar” que significa “macho”. Já a palavra hebraica para “mulher” é “Nequebah” que significa fêmea. Deus criou os seres humanos, criou macho e fêmea tendo como proposito a união sexual. “Por isso, o homem deixa pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne...homem e a mulher estavam nus e não se envergonhavam” (Gn 2.24-25).
O livro de Cantares de Salomão mostra a celebração do amor entre o homem e a mulher, macho e fêmea. Começando pela fase da conquista, ele diz: “Beija-me o meu amado com os beijos da tua boca, pois os seus afagos são melhores do que o vinho mais nobre” (Ct 1.2 BKJ). Em seguida, temos a cerimonia do casamento: “...encontrei o amado da minha vida, agarrei-o, e não vou mais soltá-lo...” (Ct 3.5). Depois do casamento tem a lua de mel, ele elogia sua amada: “os teus olhos são como os da pomba” – delicadeza, olhos brilhando -, “os teus cabelos são como rebanhos de cabra que descem do Monte Gileade”, “os teus dentes como rebanhos de ovelhas recém tosquiadas”; “os teus lábios são como um fio de escarlata”.
E, por fim, a vida matrimonial: “Eu estava quase
adormecida, mas o meu coração vigiava. Escutai! É a voz do meu amado, eis que
está batendo à porta! Abre-me a tua porta, ó minha amada, minha irmã, minha
igual e mui amada, linda pomba que amo...” (Ct 5.2). E temos a base do
casamento: “Grava-me como um selo em teu coração, como uma marca indelével
em teu braço; pois o amor é tão forte quanto a morte...nem mesmo as muitas
águas conseguem apagar o amor; os rios não conseguem arrastá-lo, correnteza
abaixo. Quisesse alguém dar tudo o que possui para comprar o amor, qualquer
coisa seria absolutamente desprezado” (Ct 8.6-7).
Logo, a exortação de Paulo procede: “A vontade de Deus é
que vocês vivam em santidade; mantenham-se afastado de todo pecado sexual”
(1 Ts 4.3). Portanto, preciso ter consciência daquilo que meus olhos podem ver
sem que eu jamais seja arrastado para o pecado. Também, preciso ter consciência
do que os meus ouvidos podem ouvir, sem que seja arrastado para o pecado. Jesus
advertiu: “Se o seu olho direito o fizer pecar, arranque-o lance-o fora. É
melhor perder uma parte do seu corpo do que todo ele lançado no inferno” (Mt
5.,29).
Temos duas versões aqui. A primeira: “Que cada um de vós saiba possuir seu vaso em santificação e honra” (RC). A segunda é: “Que cada um saiba viver com a sua esposa de um modo que agrade a Deus, com todo o respeito” (NTLH); a King James corrobora essa tradução: “Cada um de vós saiba viver com seu próprio cônjuge em santidade e honra”. Portanto a maioria dos comentaristas aceita essas duas traduções (NTLH e BKJ). Quanto a tradução da RC há justificativa para traduzir “esposa” para “vaso”.
Paulo diz em 2 Corintios “temos, porém, este tesouro em
vasos de barro”; em 1 Pedro, lemos: “dando honra à mulher como o vaso
mais fraco”. Ou seja, o apostolo Paulo está afirmando que o contexto de
casamento é entre um homem e uma mulher, e somente neste relacionamento se pode
experimentar e desfrutar a relação sexual. Logo, é biblicamente proibido
qualquer outro contexto: com parceiro homoafetivo, antes do casamento
(fornicação) ou fora do casamento (adultério).
E mais, diz o apostolo Paulo: “Não em paixões sensuais, como os gentios que não conhecem a Deus” (1 Ts 4.5). ou, “não com paixão de desejo desenfreado, como os pagãos que desconhecem a Deus”. A palavra grega para sensual ou lascívia significa desejo intenso, concupiscência, a carne pegando fogo. O desejo impuro escraviza as pessoas; há pessoas prisioneiras na pornografia; há pessoas cativas de pensamentos e desejos impuros. Lascívia é o pecado da sensualidade demasiada, do excessivo desejo pelo prazer sexual que se manifesta na falta de pudor, quer seja na forma de falar, de vestir ou de se portar.
Conclusão
“Neste assunto, não prejudiquem nem enganem um irmão”
(1 Ts 4.6). Ou, “nesta matéria, ninguém ofenda, nem defraude a seu irmão”.
A palavra “defraudar” é despertar um sentimento ou desejo no outro que não pode
ser licitamente satisfeito. Significa tirar o melhor proveito que puder da
situação. Isto diz respeito atos, conversas com esposa de outro homem, ou
marido de outra mulher.
Por que não podemos? “Porque o Senhor contra todas estas coisas é o vingador”. Nada está oculto diante de Deus. Embora essa geração pense que Deus é um bonachão, bondoso até demais, no entanto, esquecem que Deus é justo, santo e trará o julgamento sobre todos que não andaram de acordo com a sua Palavra. E termina afirmando: “Porque Deus não nos chamou para a impureza, mas para a santidade. Portanto, aquele que rejeita estas coisas não está rejeitando o homem, mas a Deus, que lhes dá o seu Espirito Santo” (1 Ts 4.7-8).