terça-feira, 30 de setembro de 2025

 Sexualidade cristã – 1 Ts 4.1-8 

Introdução

O apostolo Paulo exorta a igreja de Tessalônica: “...irmãos, vos rogamos e exortamos no Senhor...vivam para agradar a Deus”, a exortação está no “Senhor” (1 Ts 4.1 NVI). “Agradar a Deus” é algo inerente à nossa caminha com Deus; em sua carta aos efésios ele diz sobre nós: “Somos feituras sua, criados em Cristo Jesus...” (Ef 2.10). Paulo elogia os cristãos de Tessalônica: “...de fato, estão vivendo assim”. E, mais, incentiva o crescimento contínuo, diário e constante: “Assim andai, para que abundeis cada vez mais” (1 Ts 4.1 ARC). 

Portanto, agradar a Deus não é algo que acontece apenas no âmbito da fé. Requer atenção a questões práticas, tais como nossa atitude perante a vida, nossa atitude diante dos irmãos, nossa maneira de lidar com a nossa sexualidade, nosso modo de lidar com o pecado, enfim, tudo o que diz respeito ao nosso comportamento.

1)     Sexualidade

O apostolo Paulo inicia falando sobre sexo. Ele diz: “Fiquem livres da imoralidade” (NTLH), “afastai-vos da imoralidade sexual” (1 Ts 4.3 A21). Por quê? É uma área onde acontece muitas tentações, principalmente por causa da fraqueza da carne, das tentações do mundo e das sutilezas do diabo. Paulo escreve essa epístola de Corinto para Tessalônica e ambas as cidades eram famosas por sua imoralidade, devassidão sexual. O filosofo Sêneca que viveu nos dias de Nero, escreveu sobre esse tempo: “As mulheres casam para se divorciar e se divorcia para casar”. Esse pensamento do século I é um retrato muito parecido com o tempo presente, onde o casamento já não é para vida toda, simplesmente um fogo passageiro. 

Ao invés de se prostituir, Paulo exorta: “Que cada um saiba viver com a sua esposa de um modo que agrade a Deus, com todo respeito” (1 Ts 4.4 NTLH). Essa exortação é um contraponto como os homens viviam nesse tempo. Demóstenes, o maior orador grego, afirmou: “os gregos tem prostitutas para o prazer, concubinas para as necessidades diárias do corpo e esposas para procriar filhos”. 

Actualmente, vivemos a era do progressismo, onde não existe moralidade sexual. Aliás a velha imoralidade da Grécia e Roma campeiam nossa sociedade. Nos dias de hoje, não existem valores absolutos, porque tudo foi relativizado. O profeta Isaias já era incisivo sobre essa relativização da moral: “Ai de vocês que chamam o mal de bem e o bem de mal; que põem a escuridão no lugar da luz e a luz no lugar da escuridão. Que trocam o doce pelo azedo e o azedo pelo doce!” (Is 5.20 A Mensagem).

Vivemos em uma sociedade que enaltece, diviniza o corpo (olhem a quantidade de academias em nossa cidade!). A cultura gira em torno do sexo, as mulheres são objetos de prazer nas musicas seculares. As mídias sociais, como: Instagram, tik tok, facebook, etc, tudo girando em torno do prazer, do sexo. E o que falar da televisão? É uma das mais nocivas para a formação do caráter, pois deturpa o caráter. Pois é na televisão que o adultério é incentivado, a homoafetividade é normatizada. Ou seja, os fundamentos da sociedade estão abalados. 

2)     A Bíblia e a sexualidade

Como cristão reconhecemos que o sexo é um presente de Deus ao homem e a mulher. Em Genesis Deus fez “homem”, no hebraico é “zakar” que significa “macho”. Já a palavra hebraica para “mulher” é “Nequebah” que significa fêmea. Deus criou os seres humanos, criou macho e fêmea tendo como proposito a união sexual. “Por isso, o homem deixa pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne...homem e a mulher estavam nus e não se envergonhavam” (Gn 2.24-25). 

O livro de Cantares de Salomão mostra a celebração do amor entre o homem e a mulher, macho e fêmea. Começando pela fase da conquista, ele diz: “Beija-me o meu amado com os beijos da tua boca, pois os seus afagos são melhores do que o vinho mais nobre” (Ct 1.2 BKJ). Em seguida, temos a cerimonia do casamento: “...encontrei o amado da minha vida, agarrei-o, e não vou mais soltá-lo...” (Ct 3.5). Depois do casamento tem a lua de mel, ele elogia sua amada: “os teus olhos são como os da pomba” – delicadeza, olhos brilhando -, “os teus cabelos são como rebanhos de cabra que descem do Monte Gileade”, “os teus dentes como rebanhos de ovelhas recém tosquiadas”;os teus lábios são como um fio de escarlata”.

E, por fim, a vida matrimonial: “Eu estava quase adormecida, mas o meu coração vigiava. Escutai! É a voz do meu amado, eis que está batendo à porta! Abre-me a tua porta, ó minha amada, minha irmã, minha igual e mui amada, linda pomba que amo...” (Ct 5.2). E temos a base do casamento: “Grava-me como um selo em teu coração, como uma marca indelével em teu braço; pois o amor é tão forte quanto a morte...nem mesmo as muitas águas conseguem apagar o amor; os rios não conseguem arrastá-lo, correnteza abaixo. Quisesse alguém dar tudo o que possui para comprar o amor, qualquer coisa seria absolutamente desprezado” (Ct 8.6-7).

Logo, a exortação de Paulo procede: “A vontade de Deus é que vocês vivam em santidade; mantenham-se afastado de todo pecado sexual” (1 Ts 4.3). Portanto, preciso ter consciência daquilo que meus olhos podem ver sem que eu jamais seja arrastado para o pecado. Também, preciso ter consciência do que os meus ouvidos podem ouvir, sem que seja arrastado para o pecado. Jesus advertiu: “Se o seu olho direito o fizer pecar, arranque-o lance-o fora. É melhor perder uma parte do seu corpo do que todo ele lançado no inferno” (Mt 5.,29).

Temos duas versões aqui. A primeira: “Que cada um de vós saiba possuir seu vaso em santificação e honra” (RC). A segunda é: “Que cada um saiba viver com a sua esposa de um modo que agrade a Deus, com todo o respeito” (NTLH); a King James corrobora essa tradução: “Cada um de vós saiba viver com seu próprio cônjuge em santidade e honra”. Portanto a maioria dos comentaristas aceita essas duas traduções (NTLH e BKJ). Quanto a tradução da RC há justificativa para traduzir “esposa” para “vaso”. 

Paulo diz em 2 Corintios “temos, porém, este tesouro em vasos de barro”; em 1 Pedro, lemos: “dando honra à mulher como o vaso mais fraco”. Ou seja, o apostolo Paulo está afirmando que o contexto de casamento é entre um homem e uma mulher, e somente neste relacionamento se pode experimentar e desfrutar a relação sexual. Logo, é biblicamente proibido qualquer outro contexto: com parceiro homoafetivo, antes do casamento (fornicação) ou fora do casamento (adultério).

E mais, diz o apostolo Paulo: “Não em paixões sensuais, como os gentios que não conhecem a Deus” (1 Ts 4.5). ou, “não com paixão de desejo desenfreado, como os pagãos que desconhecem a Deus”. A palavra grega para sensual ou lascívia significa desejo intenso, concupiscência, a carne pegando fogo. O desejo impuro escraviza as pessoas; há pessoas prisioneiras na pornografia; há pessoas cativas de pensamentos e desejos impuros. Lascívia é o pecado da sensualidade demasiada, do excessivo desejo pelo prazer sexual que se manifesta na falta de pudor, quer seja na forma de falar, de vestir ou de se portar. 

Conclusão

Neste assunto, não prejudiquem nem enganem um irmão” (1 Ts 4.6). Ou, “nesta matéria, ninguém ofenda, nem defraude a seu irmão”. A palavra “defraudar” é despertar um sentimento ou desejo no outro que não pode ser licitamente satisfeito. Significa tirar o melhor proveito que puder da situação. Isto diz respeito atos, conversas com esposa de outro homem, ou marido de outra mulher.

Por que não podemos? “Porque o Senhor contra todas estas coisas é o vingador”. Nada está oculto diante de Deus. Embora essa geração pense que Deus é um bonachão, bondoso até demais, no entanto, esquecem que Deus é justo, santo e trará o julgamento sobre todos que não andaram de acordo com a sua Palavra. E termina afirmando: “Porque Deus não nos chamou para a impureza, mas para a santidade. Portanto, aquele que rejeita estas coisas não está rejeitando o homem, mas a Deus, que lhes dá o seu Espirito Santo” (1 Ts 4.7-8). 


 

domingo, 28 de setembro de 2025

 A espiritualidade de Davi 2 Sm 6.14 

Introdução

O relacionamento com Deus tem um começo. Quando nascemos de novo, quando tivemos um encontro pessoal com Deus. Vida com Deus não tem nada a ver com vida religiosa, vida mecânica, mas é uma vida relacional, é uma vida pulsante, é uma vida de comunhão, é uma vida de louvor,  é uma vida de oração, vida que sentimos o poder de Deus, o poder do Espirito Santo dentro de nós. Enfim, nosso Deus é vivo!

Na história bíblica tivemos muitos homens que se relacionaram com Deus. Abraão foi tirado de Ur dos Caldeus (lugar de adoração a ídolos) para adorar o Deus Vivo, El Shadday. O que dizer de Moisés, quando estava no Monte Sinai, pastoreando as ovelhas do seu sogro Jetro e viu uma sarça que pegava fogo e não se consumiu, do meio da sarça, do meio do fogo, Deus fala com Moisés. E, Jacó, conhecido como suplantador, mentiroso, aquele que agarra pelo calcanhar, depois de anos longe de casa, encontrou-se com Deus no vale de Jaboque e a sua vida foi totalmente transformada pelo Deus Vivo. Poderia falar da conversão do apostolo Pedro, sim, da conversão de Mateus, cobrador de impostos e, por que não falar, do fariseu e perseguidor da igreja, Saulo de Tarso...

Mas, nesse dia, o nosso personagem é Davi. Davi foi escolhido por Deus para ser rei de Israel. Quando tinha 17 anos de idade enfrentou o gigante Golias. Ele tinha 3 metros de altura, tinha na cabeça um capacete de bronze e uma armadura que pesava sessenta quilos! Durante quarenta dias, o gigante Golias assolou o povo de Deus. Ninguém teve coragem de enfrenta-lo; Abner, general do exército de Saul não quis enfrentar o gigante; Saul, rei de Israel, apesar de ser o mais alto, temeu o gigante; e, Eliabe, irmão mais velho de Davi, experimentado em guerras, acovardou-se. ATÉ QUE DAVI APARECEU NO VALE DE ELÁ e enfrentou corajosamente, destemidamente o gigante Golias e arrancou sua cabeça.

Davi venceu por causa do seu relacionamento com Deus. Portanto, o relacionamento com Deus é algo vivo, vital, é algo que pulsa dentro de nós. E a pior coisa que pode acontecer é quando viramos as costas para Deus; é quando tratamos Deus com indiferença; é quando Deus não tem primazia em nossa vida. O profeta Jeremias lamentou: “Voltaram as costas para mim e não o rosto”. Quando viramos as costas para Deus significa que Deus não é mais importante em minha vida. E o profeta Jeremias vai na raiz da indiferença: “...o meu povo cometeu duas maldades: abandonaram a mim, a fonte de água viva, e cavaram para si cisternas rachadas que não podem reter água” (Jr 2.13).  

Como posso saber que Deus não é mais importante em minha vida? Tenho falado com ele? Tenho prazer em cultuar, em louvar o seu nome, em ouvir sua Palavra? Tenho estado em comunhão com meus irmãos? Tenho ansiado dentro da minha alma por sua presença em minha vida?

1)     Davi e Deus

Davi ficou conhecido como o “homem segundo o coração de Deus”. ou seja, ele era um homem que independente das circunstâncias, nunca, nunca, nunca, virou as costas para Deus. Podia estar acima, numa fase boa da vida; podia estar numa fase ruim da vida, de deserto, de caverna etc. Mas em todos os momentos, nunca virou as costas para Deus. Ele nunca abandonou a fonte de água viva que é Jesus Cristo para se saciar em cisternas rachadas que não mata a sede.

Em um dos primeiros atos oficiais como rei, Davi mandou buscar a arca da aliança para levá-la a Jerusalém. Interessante que o Rei Saul, em seu reinado de quarenta anos não fez questão da arca do Senhor, não fez questão da presença do Senhor. Durante todo o seu reinado a arca ficou na casa de Abinadabe! Mas Davi sabia muito bem que não podia viver, ou não podia reinar sem a presença de Deus em sua vida, Deus era tudo para ele!

Quando finalmente chegou em Jerusalém, foi recebida com músicas e gritos imensos da multidão, todos estavam felizes, alegres, regozijando, pois a arca do Senhor havia retornado para Jerusalém. O texto bíblico diz: “Davi dança com todas as suas forças diante do Senhor; e estava cingindo de uma estola sacerdotal”. Davi estava vestido como uma roupa sacerdotal, uma túnica de linho branca e dançava com todas as suas forças diante do Senhor. 


 "Se eles querem que eu acredite no seu deus, eles vão ter que cantar comigo melhores músicas. 
Eu só poderia acreditar em um deus que dança."

- Friedrich W. Nietzsche (1844-1900)
Filósofo alemão

Sim, o rei Davi estava explodindo de alegria, saiu pulando pelas ruas como um ginasta que ganhou uma medalha de ouro nas olimpiadas. A visão de um rei dançando, dando cambalhotas com uma roupa sacerdotal escandalizou sua esposa, Mical.  Acostumada com a frieza espiritual de seu pai Saul, ela não concordava com a atitude de Davi. Mas Davi a corrigiu: “Perante o Senhor celebrarei”,  e disse mais: “me rebaixarei ainda mais”. Davi não estava preocupado com a sua reputação real, com formalismo, a maior preocupação de Davi era adorar a Deus.

Conclusão

Davi era um homem apaixonado por Deus, Davi sentia alegria, regozijo de estar na presença de Deus. Deus era mais importane para Davi do que qualquer coisa nesse mundo. Os Salmos expressam essa paixão, esse desejo de Davi por Deus: “Como a corça suspira pelas correntes das águas, minha alma suspira por ti, oh, Deus”. Uma evidencia de sua espiritualidade com Deus é sua paixão por Deus, é quando voce deseja, é quando voce anseia por Deus... mais do que qualquer coisa nesse mundo.

 

terça-feira, 23 de setembro de 2025

 Buscando o soldado ferido Tg 5.19-20 

Introdução

Conta-se a história de um jovem que, depois de se desviar do Senhor, foi finalmente resgatado com a ajuda de um amigo que o amou de forma incondicional. Depois ele contou sua experiencia: “Eu me sentia em águas profundas, cada vez mais levado para o alto mar. Todos os seus amigos estavam na praia e me dirigiam palavras de acusação, justiça, pecado e condenação”. O Salmista descreve seu estado antes da salvação: “Tirou-me de um poço de destruição, de um lamaçal...”, “tirou-me de um poço de desespero, de um atoleiro de lama” (VFL)."ESTOU DESESPERADO, ENCONTRO-ME EM UM POÇO DE DESTRUIÇÃO AFOGADO PELA LAMA!" 


Mas acrescenta: “Mas um irmão na fé jogou-se na água para me resgatar e não me abandonou. Eu lutei contra ele, mas ele aguentou firme; ele me segurou, me colocou um colete salva vidas e deu um jeito de me puxar até a areia. Pela graça de Deus, foi por causa dele que fui resgatado – ele não me abandonou”. Da mesma forma, o apostolo Tiago quer que ninguém seja abandonado. Em toda a sua carta, ele enfatiza a necessidade de uma fé operante e pergunta: “Se voce diz que crê, porque se comporta como se não cresse?”.

1)     Desviado

Quem aqui já não teve a experiencia de ter um cisco no olho, é algo que incomoda. Um dia aprendendo a profissão de serralheiro, um pequeno metal entrou em meu olho. Na hora pensei que ia passar logo; mas com o tempo, foi somente piorando, doendo. Até que o médico oftalmologista, com sua pinça, cuidadosamente, pacientemente retirou o metal do meu olho. Jesus em seu sermão do Monte fala sobre a retirada de um cisco do olho cuja visão ficou borrada pelo pecado: “Por que vês o cisco no olho de teu irmão e não reparas na trave que está no seu próprio olho? Ou como dirás a teu irmão: deixa-me tirar o cisco do teu olho, quando tens uma trave no teu?” (Mt 7.3-5). 

Alguns princípios que aprendemos com o Apostolo Tiago. Em primeiro lugar, Tiago se dirige à situação de crentes que se desviaram, abandonou a sua fé. Ele fala de restaurar os cristãos que se desviaram da verdade. A palavra “planethê, do verbo planaó” é derivado do termo grego desviar-se. Os planetas, diferente das estrelas, movimentam-se e perambulam através do céu noturno. Da mesma forma, esses indivíduos haviam saído e se desviado da rota. Foram “seduzidos e desencaminhados” pelo maligno. 


Em segundo lugar, as pessoas que o apostolo Tiago tem em mente se desviaram da verdade (Aletheia). Essa palavra é uma referência a todas as verdades nas escrituras. É possível desviar-se da verdade de duas maneiras: a pessoa pode se desviar do ponto de vista doutrinário, ou seja, ele pode abraçar crenças errôneas. Mas também pode se desviar da verdade na prática, quando deixar de alinhar seus atos com aquilo que ele professa. Nos dois casos, a reação dos irmãos saudáveis deve ser a mesma: reconduzir á verdade aqueles que se desviaram. 



Em terceiro lugar, a palavra traduzida por “reconduzir” significa dar meia-volta e seguir na direção contrária – um momento de 180 graus. Para os judeus havia dois caminhos: o caminho da vida e o caminho da morte. Os fieis que se desenvolviam na fé praticando boas obras estavam no caminho da vida, mas os incrédulos estavam no caminho da morte. Tiago está dizendo que alguns cristãos, depois de seguir pelo caminho da vida, podem se desviar e seguir na direção errada. Essas pessoas precisam de uma intervenção firme, porém amorosa. 

“Irmãos, se alguém for surpreendido em algum pecado, vós, que sois espirituais, deveis restaurar essa pessoa com espirito de humildade” (Gl 6.1) o que fazer? “corrigi-o”, do grego Katartizo que tem o sentido de “emendar”, “reparar”, restaurar”. Esse termo era usado para por no lugar um osso deslocado. “Vá até ele, estenda-lhe a mão, levante-o novamente, console-o com palavras brandas e abrace-o com braços de mãe” (Lutero). 

Quem deve fazer?  “Vós que sois espirituais, corrigi-o”. Esse ministério de amor e restauração de um irmão que errou é exatamente o tipo de coisa que devemos fazer quando andamos no Espírito. Só um cristão “espiritual” deve tentar restaurá-lo. Como se deve fazer?  “Vós que sois espirituais, corrigi-o, com espírito de brandura; e guarda-te para que não sejas também tentado” (Gl 6.1).

2)     Restauração

Saibam que quem trouxer o pecador de volta de seu desvio o salvará da morte e trará perdão para muitos pecados” (Gl 5.20).

Primeiro, se fizermos um pecador retornar do erro do seu caminho, salvaremos da morte uma vida. Ele estava no caminho da morte, vivendo uma existência tenebrosa. Na Didaquê, texto judeu-cristão do primeiro século: “Há dois caminhos: o caminho da vida e o caminho da morte”. A palavra caminho denota uma estrada, um modo de vida. Há o modo de vida com Cristo, há o modo de vida sem Cristo. 

Segundo, se fizermos um cristão em pecado retornar o erro do seu caminho, cobriremos “uma multidão de pecados”. A confissão de pecado feita por uma pessoa não somente traz o perdão, salvação, restauração, mas também evita que ela continue seguindo pelo caminho do pecado e da morte, que termina em um beco sem saída. 

Conclusão

O apostolo Tiago termina sua carta na sua forma mais prática como vimos desde o capitulo 1. Nos dois últimos versículos ele nos exorta a se preocupar com cristãos desviados. Em todo seu livro, ele defende a ideia de que nossas ações devem acompanhar nossas convicções; nossas palavras devem se harmonizar com o que fazemos. Alguns princípios que devemos nos atentar:

Primeiro, há ocasiões em que poderemos ajudar a tirar o cisco dos olhos de outras pessoas que se desviaram. Assim como precisamos estar dispostos a ser corrigidos quando erramos, da mesma forma precisamos estar dispostos a corrigir outras pessoas.

Segundo toda operação de resgate precisa ser inteiramente debaixo do controle do Espírito Santo. Não pode ser uma experiencia carnal de exaltação do ego. Não pode ser impulsionado pelo orgulho, mas por um espírito de humildade e delicadeza.

Terceiro, motivação e postura tem a mesma importância das ações. Às vezes, aqueles a quem corrigimos reagirão às nossas ações de forma negativa ou áspera. Quando nossa postura é marcada por compaixão constante, a pessoa que se arrepende e volta do caminho errado acabará percebendo que todo o processo foi motivado pelo amor.

Não é fácil confrontar alguém, pois ninguém gosta de ser confrontado. Não há nada de encantador nem fácil na confrontação. Mas ela é bíblica e necessária, principalmente, quando o Espirito Santo leva o coração da pessoa ao arrependimento.


terça-feira, 9 de setembro de 2025

 A oração que cura – Tg 5.13-18 

Introdução

O apostolo Tiago era conhecido por sua vida de oração. Ele recebeu o apelido de “joelhos de camelo” porque passava  tanto tempo orando de joelhos que estes se pareciam com os joelhos calejados de um camelo. Em sua carta, Tiago, sempre recorre a oração: “Se algum de vós tem falta de sabedoria peça a Deus, que a concede livremente...” (Tg 1.5). Novamente ele diz: “Nada tendes porque não pedis” (Tg 4.2). A oração aqui está dentro do contexto da aflição, da alegria (contente) e da doença.

1)     Há alguém...

Há alguém sofrendo? Há alguém alegre? Há alguém doente? Essas perguntas abrangem três tipos de pessoas: o sofredor, o feliz (contente) e o enfermo. O que sofre deve orar. O contente deve orar. O enfermo deve chamar alguém para orar por ele. Assim vemos as três ocasiões para a oração: na tristeza, na alegria e na enfermidade. Portanto, Tiago nos ensina que a oração deve ser uma tônica constante na vida do cristão. 

Há alguém sofrendo? Pode ser sofrimentos físicos, emocionais e espirituais. Sim, pode ser doenças, desanimo, dúvidas ou ansiedade, dificuldades financeiras ou de relacionamento. Em suma as aflições apontam para qualquer coisa que cause tristeza ou tribulação. Então, quando enfrentamos sofrimentos nas esferas físicas, emocionais e espirituais, devemos orar, buscar ao Senhor. 

Infelizmente, fazemos da oração o nosso último recurso, ou, consideramos uma perda de tempo; somos pragmáticos, tentamos todos os recursos humanos... depois, no final, que recorremos à oração. Mas para o apostolo Tiago, a oração, a busca por Deus, é a solução para tudo. Tudo o que fazemos deve começar pela oração...pela dependência de Deus.

Quando não oramos, murmuramos, pensamos que Deus nos abandonou. Mas Quando oramos o Senhor ouve nossa oração; quando oramos somos revestidos de Sua Presença; quando oramos o Senhor fala conosco; quando oramos o Senhor nos responde; quando oramos conseguimos enxergar a vontade do Senhor em meio a neblina das dúvidas e dos temores.

“Há alguém contente? Cante louvores”. Na alegria devemos cantar louvores ao Senhor. Para o apostolo Tiago, o louvor é outra forma de oração que eleve nosso coração para adorar e honrar a Deus por tudo o que Ele é e por tudo o que Ele faz. Olham Moisés e Miriam salmodiando a Deus depois da travessia do Mar Vermelho. O Cântico não explica, ele expressa. O cântico, o poema, é sempre, e sempre foi, um ato fundamental de adoração. O cântico é dar testemunho do poder de Deus. Cantarei ao Senhor... O Senhor é um guerreiro, o seu nome é Senhor......lançou no mar os carros de guerra e o exército de Faraó. Os seus melhores oficiais afogaram-se no Mar Vermelho. Águas profundas os encobriram; como pedra desceram ao fundo” (Ex 15.3-4).  


Há alguém doente entre vocês? A palavra “doente” tem o sentido básico de “fraco” ou “frágil” e está ligada a uma doença física. Para esta,o apostolo Tiago faz Três recomendações: primeiro, ela deve chamar os líderes da igreja (Tg 5.14). Isso não é interessante? Porque as vezes os pastores são os últimos a saber quando alguém está enfermo, hospitalizado ou incapacitado. Há pessoas doentes que preferem que ninguém saiba de nada. Mas Tiago nos diz que até uma doença física não deve ficar na esfera das coisas privadas ou pessoais. 

Em segundo lugar, Tiago diz que os presbíteros da igreja devem fazer: orar e ungir, no grego é uma ação contínua: “orem, enquanto ungem com óleo”. Sabemos que um dos símbolos do Espírito Santo é o azeite, que representa sua presença, sua intervenção na vida do cristão. Não existem óleos especiais, “óleo santo”. Segundo o texto, não é no óleo que reside o poder. É na oração. “E a oração da fé salvará o doente”. 

Em terceiro lugar é dirigida aos fisicamente enfermos é que eles deveriam deixar o resultado na mão de Deus. Quem cura é Deus – não o óleo, nem os presbíteros (são instrumentos), nem a oração. Orar “em nome do Senhor”, significa orar de acordo com a vontade dEle. Quando Pedro e João estavam subindo ao templo, havia um aleijado de nascença pedindo esmola. Pedro lhe disse: “Não possuo prata nem ouro, mas o que tenho, isso te dou: em o Nome de Jesus Cristo, o Nazareno, ergue-te e anda” (Atos 3.6).

Tiago 5.15 apresenta três resultados da oração e unção administrada pela com fé pelos presbíteros: salvação, cura e perdão. Isso nos leva a crer que ele estava pensando em alguém que havia ficado doente como consequência de algum pecado. A palavra grega “salvará” (v.15) (sozo) denota a salvação espiritual. O apostolo Paulo quando escreve aos irmãos de Corinto sobre a ceia do Senhor fala desse pecado: “Por essa razão, há entre vós muitos fracos e doentes e vários que já dormem” (1 Co 11.30). O que estava acontecendo? Estava participando da ceia indignamente! 

Mas, aqui tem esperança: “...se houver cometido pecados, ele será perdoado”. Tiago usa o elemento “se”. Portanto, não há certeza de que a enfermidade é por causa do pecado, não podemos afirmar que toda doença é por causa de algum pecado. Tiago não diz isso aqui, mas usa o “se”. Portanto, nem todos os casos de enfermidades físicas são consequencia de algum pecado. Mas se houver pecado não confessado, a oração da fé, curará o doente.

Logo, o apostolo Tiago afirma: “...confessai vossos pecados uns aos outros” (v.16). Ele passa da terceira pessoa (o doente) para segunda pessoa: “vossos pecados”. Que confissão é essa? Tiago não está se referindo a confissão que fizemos quando aceitamos a Jesus como Nosso Salvador. Muito menos, ele está se referindo à confissão de pecados diante de Deus, que fazemos constantemente em nossas orações. Também não está nos mandando a fazer confissão auricular com um padre da igreja Católica Apostólica Romana para em seguida voce rezar um monte de Ave Maria e Pai nosso! E também ele não está falando para voce pegar o microfone da igreja e falar para todo mundo o seu pecado...

O apostolo está nos exortando para a restauração de vínculos com aqueles a quem prejudicamos e fala do perdão que devemos estender aos que nos fizeram mal. Quando voce sente no seu coração algum tipo de cura ou amargura que lhe corrói. Se voce permitir que esses sentimentos se espalhem sem eliminar por meio da confissão e oração, eles farão mal a voce. Eles acabarão se manifestando sob a forma de hábitos prejudiciais, depressão crônica, raiva oculta e até doenças físicas. Quando confessamos os nossos pecados somos curados do sentimento de culpa. Depois que confessamos nossos pecados oramos com mais eficácia: “A oração de um justo é poderosa e eficaz” (Tg 5.16). 

A palavra traduzida por “eficaz” é energeo, vocabulário que origem à palavra “energia”. A oração é o elemento que transforma um simples enunciado em palavras cheias de poder. A palavra oração fala de uma necessidade especifica “Petição” ou “pedido”. Uma oração tem que estar em consonância com as Escrituras. Uma oração, deve ser específica. E, a oração eficaz encerra uma fé absoluta na capacidade de Deus de fazer com muita eficácia.

Conclusão

Tiago nos apresenta um modelo de oração: o profeta Elias tinha uma natureza exatamente como a nossa (“era um humano como nós”), pecaminoso, incoerente, imperfeito, mas um homem de Deus, chamado por Deus. os pedidos de Elias tinham um poder tão grande que foi capaz de deter a chuva e depois fazer chover de novo. O Espirito Santo lhe deu capacidade de discernir a vontade de Deus e que despertasse o coração do rei e do povo que estava vivendo em pecado, adorando ídolos. 


 

domingo, 7 de setembro de 2025

 O chamado do profeta Elias 1 Rs 17.1 

Introdução

Voce já ouviu falar de Tisbe? Um vilarejo que ficava na região de Gileade? O texto diz: “Ora, Elias de Tisbe, em Gileade...”. Duas coisas para começar: primeiro é impossível localizar nos mapas antigos de Israel esse povoado, essa cidadezinha; aparentemente era um local desapercebido, desconhecido de muita gente. Hoje temos wazzer, google que nos localiza qualquer local do Brasil e do mundo, imagina vivendo nos dias de Elias a imensa dificuldade. Segundo esse vilarejo ficava numa região muito fértil, muito rica (as margens leste do rio Jordão) chamada Gileade, tinha muita produção de balsamo e criação de gado.

1)     Dias de Elias

Eram tempos difíceis, como o nosso tempo. O rei que estava dominando politicamente era o rei Acabe, tempos conturbados, tempo de corrupção, tempo de injustiça, tempo de idolatria, tempo em que a verdade tornou-se mentira e a mentira verdade, não havia valores absolutos em seus dias; cada um tinha sua própria verdade.

E, para piorar, o rei Acabe, casou-se com Jezabel,filha de Etbaal, rei de Sidom.  Eraa canaanita, missionária do deus baal. Era uma mulher fria, calculista, mandava no rei, ímpia, sem temor a Deus, sanguinária, perseguia e matava os profetas. Trouxe consigo a adoração do deus baal, que era o deus da fertilidade, da chuva, que controlava as estações do ano.

Logo, o povo deixou-se levar pela adoração aos deuses canaanitas. Estavam se curvando, adorando essas imagens e, ao mesmo tempo, se prostituindo, cometendo torpezas, imoralidades sexuais. Nossa nação, nosso Brasil, não está diferente dos tempos de Elias, as pessoas estão se curvando diante do sistema desse mundo. Estão renunciando a Deus, de sua fé, para se curvarem aos prazeres, aos desejos, as imoralidades, a ganancia, etc.

1)     Elias

A primeira coisa que exige nossa atenção é o nome do profeta Elias, pois nos tempos bíblicos o nome era caráter, o nome era destino, o nome era profecia. A palavra hebraica para Deus é El, assim o nome Elias significa “O Senhor é o meu Deus”, ou “Jeová é Deus”. ou seja, enquanto muitos estavam se curvando diante de outros deuses, mas Elias estava totalmente comprometido com o seu Deus.

A segunda coisa sobre Elias era sua localização, Tisbe, um pequeno vilarejo que ficava em Gileade. Era uma localidade pequena, com lindas paisagens verdejantes, um ambiente rural, as pessoas eram simples e rudes, queimadas do sol, hábitos simples. Nunca foi um local de educação, sofisticação e diplomacia. E muitos acham que a aparência de Elias tinha tudo a ver com sua terra natal: “Era um homem que usava vestes de pelos e tinha um cinto de couro...”.

Terceiro, o profeta se coloca diante do Rei acabe, sem um momento de hesitação, sem medo ou relutância. Ele não segue protocolo, não se apresenta ou faz qualquer deferência à presença real. Ele não tem nenhuma sofisticação, educação ou treinamento, nem segue os modos do corte. Simplesmente se apresenta diante do rei Acabe com uma palavra de Deus...

Ele chega e diz: “Tão certo como vive o Senhor, Deus de Israel, perante cuja face estou, nem orvalho nem chuvas haverá nestes anos, segundo a minha Palavra”. Ou, “Assim como vive o Senhor, o Deus de Israel, a quem sirvo, nos próximos anos haverá uma severa seca no país. Não cairá uma gota de orvalho ou uma gota de chuva enquanto eu não ordenar” (A Mensagem).

Ele diz: “Tão certo como vive o Senhor”, diante de um tempo de paganismo, de adoração a Baal, de relativização da verdade, de imoralidade sexual...ele fala que o Senhor vive. Sim, o Senhor vive, o Senhor reina, o Senhor é Poderoso, o Senhor é majestoso, O Senhor tem todo poder no céu e na terra... querendo voce ou não, um dia, todo joelho se dobrará e toda língua confessará que ele é Deus...

Também diz: “perante cuja face estou”, “face” é a presença do Senhor, o Senhor está comigo, o Senhor anda comigo, o Senhor me dirige, o Senhor habita em mim. Um homem de Deus anda com Deus, ouve Deus falar, sente sua presença...

E, por fim, profetiza: “Nem orvalho nem chuva haverá nestes anos, segundo a minha Palavra”. Uma palavra dura, uma palavra de julgamento, ou seja, durante alguns anos não iria cair nenhuma gota de água, muito menos o orvalho da manhã....seria um tempo de seca, de estio, de fome,  sem lavoura, sem pasto, de sofrimento.

Conclusão

Num tempo tão difícil, Elias se colocou na brecha, o profeta Ezequiel, disse: “busquei entre eles um homem que tapasse o muro e se colocasse na brecha perante mim, a favor desta terra para que eu não a destruísse, mas a ninguém achei” (Ez 22.30). Deus está em busca de homens de mulheres que se colocam em sua presença. Tem alguém?

 

 

sábado, 6 de setembro de 2025

 O seu nome é como o melhor dos perfumes Ct 1.1-7 

Introdução

“Cantares de Salomão”, ou “Cânticos dos Cânticos” é o maior cântico do relacionamento humano. Ele contém oito capítulos, em forma de poemas, que fala sobre o relacionamento entre Salomão e Sulamita. Esse cântico é a quintessência (o que há de melhor, mais apurado, mais importante e mais excelente) do amor. Ou esse cântico é “Santo dos Santos” do relacionamento humano e divino.

1)    Páscoa

O “Canticos dos Canticos” ou “Cantares de Salomão” é tão importante para os judeus que é lido na festa da Páscoa. O evento histórico, de libertação da escravidão, o Dia da Independência do povo judeu e a salvação. Era um evento de amor, de redenção, de relacionamento vertical e horizontal, onde um cordeiro era imolado e sangue passado nos umbrais das portas, em seguida, o cordeiro era servido, todas as famílias reunidas, cantando, salmodiando ao Senhor. O Cântico de Moisés diz: “O Senhor é a minha força e a minha canção; ele é a minha salvação; ele é o meu Deus e o louvarei...” (Ex 15.2).

Portanto, o “Cântico dos Cânticos” fala de uma aliança (Berit) entre homem e a mulher e o homem e Deus. O “Cântico dos Cânticos” é um ambiente de diálogos, conversas, de afetos, de perguntas e respostas, convites para celebrar, orações, promessas feitas e promessas cumpridas. O “Cântico dos Cânticos” supera a barreira da divisão, da frieza espiritual, da indiferença para se achegar ao outro, a Deus. Para descobrir a verdade sobre Deus, para sondar o significado que nele há.

O “Cântico dos Cânticos” é celebração, é alegria pela salvação que temos em Deus. Cantares em seus poemas nos ajuda a manter uma fé viva, uma fé vibrante, fervorosa, contrapondo a uma religiosidade fria, indiferente, sem afeto. Cantares nos ajuda a colocar limites em nossa tendencia em reduzir a fé a tradições mortas, costumes, dogmas esclerosados. Para Cantares é fé é viva, deve ser celebrada, cantada, vivenciada em comunidade e pregada nos púlpitos de nossas igrejas.

O ser humano tem duas dimensões: a dimensão horizontal “Não é bom que o homem esteja só”; e a dimensão vertical “Como a corça anseias pelas correntes das aguas, assim o Deus o meu coração anseia por ti” (Sl 42).

2)    Relacionamento

O “Cântico dos Cânticos” inicia com esse verso: “Beija-me na boca! Sim! Pois o seu amor é melhor que o vinho!”. O que é melhor? O vinho que embebeda, que traz dissolução, que tira o juízo ou a intimidade da presença de Deus? O que é melhor? Algo que dura em algumas horas, ou durante a noite somente ou a presença de Deus que nunca acaba, que é contínua? O que é melhor? Aquilo que é transitório, passageiro, que embota os sentidos, ou aquilo que é permanente, verdadeiro, e nos deixa em nosso estado consciente?

O que é melhor? Aquilo que não satisfaz, não preenche, aquilo que não aquieta a alma e sempre tem que recorrer novamente. Ou, aquilo que preenche, que satisfaz, que é permanente, real? Agostinho de Hipona afirmava: “A minha alma ela vive inquieta enquanto não repousar em ti”.  No último dia da festa das cabanas, Jesus disse para uma grande multidão: “Se alguém tem sede, venha a mim e beba... do seu interior fluirão rios de água viva” (Jo 7.37-38).

Depois do beijo, vem perfume: “O aroma dos teus perfume é suave, teu nome (shem) é como oléo perfumado (shemem) que se derrama generosamente”. No hebraico tem um jogo de palavras com o “nome” e o “óleo”. As duas palavras soam de modo semelhante em sua pronúncia. Cantares afirma que o seu nome é como perfume, que é intimidade, pessoalidade, aquilo que caracteriza, o que é, que não sofre variação. O perfume é o seu nome... “O seu nome é como o melhor dos perfumes...” (Ct 1.3 VFL).

O seu nome é “El” Deus; o seu nome é “El Eliom”, o Deus altíssimo; o seu nome é “Elohim”, é o criador de todas as coisas, em genesis lemos: “Bereshit Bara Elohim”, isto é, “No principio criou Deus os céus e a terra” (Gn 1.1). O seu nome é “El Shaday”, o Deus-Todo-Poderoso; o seu nome é “Adonay”, o Senhor de tudo e de todos; o

Conclusão

A noiva diz: “Estou morena do sol, mas conservo bela, ó filha de Jerusalém; escura como as tendas de Quedar, mas linda como as cortinas de Salomão” (Ct 1.5). Veja o que diz a noiva: “estou morena do sol, mas conservo bela”, “escura como as tendas de Quedar, mas linda como as cortinas de Salomão”. A noiva está falando  de sua luta constante, de suas angustias, das tribulações, afunilações da vida. Mesmo queimada pelo sol, sua essência ainda é bela, permanece a mesma; mesmo escura com as tendas de quedar, ainda é linda...

Paulo e Silas em Filipos apanharam, sofreram mas não negaram sua fé em Deus; Sadraque, Mesaque e Abede Nego foram lançados na fornalha de fogo ardente, mas saíram ilesos pela presença de Deus.

Mesmo passando por tudo isso, a Noiva diz ao Amado: Diz-me tu, amado de minha alma, onde apascenta o teu rebanho e onde o fazes repousar ao meio dia...”. Não obstante estar queimada pelo sol, ou escura como as tendas de quedar, ela deseja o noivo. Ela mantém sua essência, ela não negociou sua fé, ela não abriu mão do cordeiro de Deus....ela anseia pelo amado...

 

 

 

 

terça-feira, 2 de setembro de 2025

 Perseverando até a volta de Jesus. Tg 5.7-12 

Introdução

O apostolo Tiago inicia o verso 7 no tom paterno, falando como pastor que exorta e não como um profeta que traz sentenças de condenação. “Portanto, irmãos...”. Ele se dirige as igrejas existentes na Asia Menor como uma forma coloquial e afetuosa, é um pastor falando as ovelhas. Tiago faz questão de chamar seus destinatários de “irmãos”; assim ele começou a carta (1.2); assim começou o capítulo 2 e também o capitulo 3. Cada vez que assim procedeu, estava iniciando a discussão de um novo assunto. 

 O que Tiago está querendo dizer aos “irmãos”? A perseverança no sofrimento? Bençãos e exemplos de perseverança? A vinda do Senhor? Logo, a temática é: paciência, perseverança, sofrimento, vinda de Jesus e julgamento. Os assuntos nos fazem lembrar o ensino de Jesus sobre o seu retorno. A volta de Jesus será antecedida de sofrimentos, perseguições aos cristãos.

1)     Ordens de Jesus

Diante da iminente volta de Jesus que trará julgamento - “até a vinda do Senhor” -, os ímpios devem temer a vinda de Cristo, será um dia de julgamento. Enquanto os cristãos devem aguardá-la com paciência e perseverar em meio ao sofrimento. Os ímpios quando enfrentam perseguições, injustiças, ficam aturdidos, sem ter a quem recorrer. Enquanto os cristãos têm a capacidade sobrenatural – dada pelo Espírito Santo – de perseverar em meio às dificuldades da vida, sejam elas moderadas ou difíceis. A paciência é de grande valor!

A primeira ordem é: “Seja paciente”. O termo grego é Makrothymésate, é uma palavra que designa a virtude da paciência, a longanimidade. Makrós “grande, longo”, e thymia, “disposição”, ou seja, grande disposição. Expressa uma disposição inabalável, um espirito constante que nunca se abate. O exemplo que Tiago nos dá é o do lavrador. Ele aguarda o fruto do seu trabalho  com makrotymia. Já fez o que dele se esperava ao plantar a semente. Resta-lhe aguardar. Eis uma lição que não podemos desprezar. 

O lavrador espera o precioso fruto da terra”. Em Israel a estação seca ia de junho a setembro, deixando a terra bem ressecada. A estação chuvosa, porém, irrigava a terra em dois períodos de seis semanas, em outubro e novembro (as primeiras chuvas) e de novo em abril e maio (as últimas chuvas). As primeiras chuvas permitem que as sementes germinem; as últimas chuvas permitem que as plantas se fixem bem no solo e cresçam. Portanto, durante esses cinco meses de intervalo entre as primeiras chuvas e as últimas chuvas, os agricultores aguardavam ansiosamente até que Deus enviasse as chuvas que produziriam uma safra abundante. 

A lição que tiramos é esperar com paciência, com grande disposição, porque Deus cumprirá todo seu proposito em sua dimensão diária sobre nossas vidas, assim como também em seu plano supremo em uma dimensão cósmica. Portanto, ser paciente em circunstâncias negativas significa deixar Deus cuidar da situação a seu modo e a seu tempo. 

A segunda ordem é: fortalecei o coração. A palavra fortalecer significa estabelecer, apoiar ou firmar bem alguma coisa para que ela não saia do lugar. No meio das dificuldades e durezas da vida, nosso coração pode ficar pesado, mas o Espírito de Deus pode aliviar a carga de um coração envergado sob o peso das pressões. Em Salmos 55.22  lemos: “Entrega tuas ansiedades ao Senhor, e Ele te dará sustentação; nunca permitirá que o justo seja abalado”. O apostolo Pedro nos diz que devemos “nos humilhar sob a poderosa mão de Deus, lançando sobre Ele nossas ansiedades” (1 Pe 5.6-7). 

Fortalecei o coração, porque a vinda do Senhor está próxima”. Vinda é parousia, é a volta de Jesus. Para Tiago o motivo de fortalecer o coração é que o Senhor virá em glória e com poder. Logo no verso 9 ele diz “que o Juiz está às portas”. Portanto, Jesus está voltando para arrebatar a sua igreja. O escritor da epistola aos hebreus escreve: “Porque ainda um poucochinho de tempo, e o que há de vir virá e não tardará” (Hb 10.37). O evangelho de Mateus descreve a vinda de Jesus: “Pois, da mesma maneira como o relâmpago parte do oriente e brilha no ocidente, assim também se dará a vinda do Filho do homem” (Mt 24.27). 

Devemos acautelar quanto a precipitação de marcamos datas para a volta de Cristo. Muitos marcaram a vinda de Cristo, mas todos erraram. Hipólito marcou a volta de Cristo para o ano 500. William Miller afirmou que seria em 1843, depois corrigiram para 1844 e tudo que surgiu foi a igreja adventista do sétimo dia. As testemunhas de Jeová marcaram para 1914, depois corrigiram para 1975, no entanto, não aconteceu a vinda de Cristo. Lembremo-nos de Mateus 24.36: “Daquele dia e hora, porém, ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, senão só o Pai”. Portanto, Tiago nos exorta a fortalecer nosso coração, nossa fé está em Cristo ressuscitado que há de voltar e estabelecer o ponto final da história.

Não vos queixeis”. A segunda resposta à pergunta sobre a reação de um cristão diante do sofrimento diz respeito às nossas ações para com os outros. Quando as circunstâncias colocam nossa paciência à prova e nos sentimos desanimados e angustiados pelas pressões que vem de fora, nossa tendencia imediata é reclamar, murmurar, queixar. Tiago está falando de algo não guardado, como uma raiz de amargura, mas de algo que é expressado quando nos queixamos, quando desabafamos. 

É quando nos voltamos uns contra os outros, quando nos queixamos contra as autoridades, ou quando nos queixamos infindavelmente contra tudo e todos. Em Tiago 4.11-12, fala de cristãos falando mal uns dos outros e julgando e ele pergunta: “...quem és, para julgar o teu semelhante?” (Tg 4.12). Novamente, no texto em apreço, ele diz: “...não vos queixes uns dos outros, para que não sejais também assim julgados” (Tg 5.9 BKJ).

No verso 10, o autor nos recomenda a termos como exemplo “os profetas, que pregaram em Nome do Senhor, diante do sofrimento”. Pessoas como Isaias, Jeremias, Ezequiel, Amós, Oséias – todos são exemplos de homens que enfrentaram o sofrimento. Por fim, se concentra-se naquele que talvez seja o maior exemplo de sofrimento e perseverança, que passou por uma dor excruciante, perdendo animais e filhos e dignidade, Jó.

Jó chorou, angustiou, discutiu com seus amigos e apregoou a sua dor. Mas, no meio da dor que o esmagava, apegou-se a Deus. Questionado pela esposa, que o aconselhava a blasfemar e suicidar-se, repreendeu-a, chamando-a de louca. O texto termina com estas palavras: “Em tudo isso não pecou Jó com seus lábios” (Jó 2.10). Mas, Jó perseverou, aguentou, resistiu e Deus lhe recompensou. Vale a pena perseverar, vale a pena resistir, pois “O Senhor é cheio de misericórdia e compaixão” (Sl 103.8). 

“Não jureis”. A palavra “jurar” significa “fazer juramento”, comprometer-se com alguma coisa por meio de nossas palavras. É apelar para Deus e apresentá-lo para validar nossos compromissos. Por exemplo: “juro por Deus que não estou mentindo!”, ou “digo na presença de Deus que farei isso e aquilo”, ou “Deus é a minha testemunha de que isso jamais vai acontecer”. Jesus, no sermão do monte, exortou os cristãos:

De maneira nenhuma jureis; nem pelo céu, porque é o trono de Deus; nem pela terra, porque é o estrado de seus pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade do grande Rei; nem jures pela tua cabeça, porque não pode tornar branco nem preto um só fio de cabelo. Seja, porém, o vosso falar, sim, sim; não, não; pois o que passa disso vem do maligno” (Mt 5.34-37). 

Seja sucinto: responda de maneira direita e autentica. Seja prudente, evite longos discursos, longas explicações, desculpas detalhadas e as espiritualizações.

Conclusão

Tiago começa com uma voz calma, chamando-nos de “irmãos”, é um pastor nos aconselhando. E nos dá algumas ordens necessárias para nossa vida cristã. Seja paciente, tenha grande disposição para aguentar as injustiças da vida. Depois, fortaleça seu coração, cria raízes em Deus para o seu coração, porque a vinda do Senhor está próxima. Em seguida, dá a terceira ordem: “Não vos queixeis”, não murmures, não fica como Salomão, que murmurava de tudo e de todos. Por fim, não jureis, não use o nome do Senhor teu Deus em vão!