O seu nome é como o melhor dos perfumes Ct 1.1-7
Introdução
“Cantares de Salomão”, ou “Cânticos
dos Cânticos” é o maior cântico do relacionamento humano. Ele contém oito capítulos,
em forma de poemas, que fala sobre o relacionamento entre Salomão e Sulamita.
Esse cântico é a quintessência (o que há de melhor, mais apurado, mais
importante e mais excelente) do amor. Ou esse cântico é “Santo dos Santos” do
relacionamento humano e divino.
1)
Páscoa
O “Canticos dos Canticos” ou
“Cantares de Salomão” é tão importante para os judeus que é lido na festa da
Páscoa. O evento histórico, de libertação da escravidão, o Dia da Independência
do povo judeu e a salvação. Era um evento de amor, de redenção, de
relacionamento vertical e horizontal, onde um cordeiro era imolado e sangue
passado nos umbrais das portas, em seguida, o cordeiro era servido, todas as famílias
reunidas, cantando, salmodiando ao Senhor. O Cântico de Moisés diz: “O Senhor é
a minha força e a minha canção; ele é a minha salvação; ele é o meu Deus e o
louvarei...” (Ex 15.2).
Portanto, o “Cântico dos
Cânticos” fala de uma aliança (Berit) entre homem e a mulher e o homem e Deus.
O “Cântico dos Cânticos” é um ambiente de diálogos, conversas, de afetos, de
perguntas e respostas, convites para celebrar, orações, promessas feitas e
promessas cumpridas. O “Cântico dos Cânticos” supera a barreira da divisão, da
frieza espiritual, da indiferença para se achegar ao outro, a Deus. Para descobrir
a verdade sobre Deus, para sondar o significado que nele há.
O “Cântico dos Cânticos” é celebração,
é alegria pela salvação que temos em Deus. Cantares em seus poemas nos ajuda a
manter uma fé viva, uma fé vibrante, fervorosa, contrapondo a uma religiosidade
fria, indiferente, sem afeto. Cantares nos ajuda a colocar limites em nossa
tendencia em reduzir a fé a tradições mortas, costumes, dogmas esclerosados.
Para Cantares é fé é viva, deve ser celebrada, cantada, vivenciada em comunidade
e pregada nos púlpitos de nossas igrejas.
O ser humano tem duas dimensões:
a dimensão horizontal “Não é bom que o homem esteja só”; e a dimensão vertical “Como
a corça anseias pelas correntes das aguas, assim o Deus o meu coração anseia
por ti” (Sl 42).
2)
Relacionamento
O “Cântico dos Cânticos” inicia
com esse verso: “Beija-me na boca! Sim! Pois o seu amor é melhor que o vinho!”.
O que é melhor? O vinho que embebeda, que traz dissolução, que tira o juízo
ou a intimidade da presença de Deus? O que é melhor? Algo que dura em algumas
horas, ou durante a noite somente ou a presença de Deus que nunca acaba, que é
contínua? O que é melhor? Aquilo que é transitório, passageiro, que embota os
sentidos, ou aquilo que é permanente, verdadeiro, e nos deixa em nosso estado
consciente?
O que é melhor? Aquilo que
não satisfaz, não preenche, aquilo que não aquieta a alma e sempre tem que
recorrer novamente. Ou, aquilo que preenche, que satisfaz, que é permanente,
real? Agostinho de Hipona afirmava: “A minha alma ela vive inquieta enquanto
não repousar em ti”. No último dia da
festa das cabanas, Jesus disse para uma grande multidão: “Se alguém tem
sede, venha a mim e beba... do seu interior fluirão rios de água viva” (Jo
7.37-38).
Depois do beijo, vem
perfume: “O aroma dos teus perfume é suave, teu nome (shem) é como oléo
perfumado (shemem) que se derrama generosamente”. No hebraico tem um jogo de
palavras com o “nome” e o “óleo”. As duas palavras soam de modo semelhante em
sua pronúncia. Cantares afirma que o seu nome é como perfume, que é intimidade,
pessoalidade, aquilo que caracteriza, o que é, que não sofre variação. O perfume
é o seu nome... “O seu nome é como o melhor dos perfumes...” (Ct 1.3
VFL).
O seu nome é “El” Deus; o
seu nome é “El Eliom”, o Deus altíssimo; o seu nome é “Elohim”, é o criador de
todas as coisas, em genesis lemos: “Bereshit Bara Elohim”, isto é, “No
principio criou Deus os céus e a terra” (Gn 1.1). O seu nome é “El Shaday”, o
Deus-Todo-Poderoso; o seu nome é “Adonay”, o Senhor de tudo e de todos; o
Conclusão
A noiva diz: “Estou morena
do sol, mas conservo bela, ó filha de Jerusalém; escura como as tendas de Quedar,
mas linda como as cortinas de Salomão” (Ct 1.5). Veja o que diz a noiva: “estou
morena do sol, mas conservo bela”, “escura como as tendas de Quedar, mas linda
como as cortinas de Salomão”. A noiva está falando de sua luta constante, de suas angustias, das
tribulações, afunilações da vida. Mesmo queimada pelo sol, sua essência ainda é
bela, permanece a mesma; mesmo escura com as tendas de quedar, ainda é linda...
Paulo e Silas em Filipos
apanharam, sofreram mas não negaram sua fé em Deus; Sadraque, Mesaque e Abede
Nego foram lançados na fornalha de fogo ardente, mas saíram ilesos pela
presença de Deus.
Mesmo passando por tudo
isso, a Noiva diz ao Amado: Diz-me tu, amado de minha alma, onde apascenta o
teu rebanho e onde o fazes repousar ao meio dia...”. Não obstante estar
queimada pelo sol, ou escura como as tendas de quedar, ela deseja o noivo. Ela mantém
sua essência, ela não negociou sua fé, ela não abriu mão do cordeiro de
Deus....ela anseia pelo amado...