sábado, 6 de setembro de 2025

 O seu nome é como o melhor dos perfumes Ct 1.1-7 

Introdução

“Cantares de Salomão”, ou “Cânticos dos Cânticos” é o maior cântico do relacionamento humano. Ele contém oito capítulos, em forma de poemas, que fala sobre o relacionamento entre Salomão e Sulamita. Esse cântico é a quintessência (o que há de melhor, mais apurado, mais importante e mais excelente) do amor. Ou esse cântico é “Santo dos Santos” do relacionamento humano e divino.

1)    Páscoa

O “Canticos dos Canticos” ou “Cantares de Salomão” é tão importante para os judeus que é lido na festa da Páscoa. O evento histórico, de libertação da escravidão, o Dia da Independência do povo judeu e a salvação. Era um evento de amor, de redenção, de relacionamento vertical e horizontal, onde um cordeiro era imolado e sangue passado nos umbrais das portas, em seguida, o cordeiro era servido, todas as famílias reunidas, cantando, salmodiando ao Senhor. O Cântico de Moisés diz: “O Senhor é a minha força e a minha canção; ele é a minha salvação; ele é o meu Deus e o louvarei...” (Ex 15.2).

Portanto, o “Cântico dos Cânticos” fala de uma aliança (Berit) entre homem e a mulher e o homem e Deus. O “Cântico dos Cânticos” é um ambiente de diálogos, conversas, de afetos, de perguntas e respostas, convites para celebrar, orações, promessas feitas e promessas cumpridas. O “Cântico dos Cânticos” supera a barreira da divisão, da frieza espiritual, da indiferença para se achegar ao outro, a Deus. Para descobrir a verdade sobre Deus, para sondar o significado que nele há.

O “Cântico dos Cânticos” é celebração, é alegria pela salvação que temos em Deus. Cantares em seus poemas nos ajuda a manter uma fé viva, uma fé vibrante, fervorosa, contrapondo a uma religiosidade fria, indiferente, sem afeto. Cantares nos ajuda a colocar limites em nossa tendencia em reduzir a fé a tradições mortas, costumes, dogmas esclerosados. Para Cantares é fé é viva, deve ser celebrada, cantada, vivenciada em comunidade e pregada nos púlpitos de nossas igrejas.

O ser humano tem duas dimensões: a dimensão horizontal “Não é bom que o homem esteja só”; e a dimensão vertical “Como a corça anseias pelas correntes das aguas, assim o Deus o meu coração anseia por ti” (Sl 42).

2)    Relacionamento

O “Cântico dos Cânticos” inicia com esse verso: “Beija-me na boca! Sim! Pois o seu amor é melhor que o vinho!”. O que é melhor? O vinho que embebeda, que traz dissolução, que tira o juízo ou a intimidade da presença de Deus? O que é melhor? Algo que dura em algumas horas, ou durante a noite somente ou a presença de Deus que nunca acaba, que é contínua? O que é melhor? Aquilo que é transitório, passageiro, que embota os sentidos, ou aquilo que é permanente, verdadeiro, e nos deixa em nosso estado consciente?

O que é melhor? Aquilo que não satisfaz, não preenche, aquilo que não aquieta a alma e sempre tem que recorrer novamente. Ou, aquilo que preenche, que satisfaz, que é permanente, real? Agostinho de Hipona afirmava: “A minha alma ela vive inquieta enquanto não repousar em ti”.  No último dia da festa das cabanas, Jesus disse para uma grande multidão: “Se alguém tem sede, venha a mim e beba... do seu interior fluirão rios de água viva” (Jo 7.37-38).

Depois do beijo, vem perfume: “O aroma dos teus perfume é suave, teu nome (shem) é como oléo perfumado (shemem) que se derrama generosamente”. No hebraico tem um jogo de palavras com o “nome” e o “óleo”. As duas palavras soam de modo semelhante em sua pronúncia. Cantares afirma que o seu nome é como perfume, que é intimidade, pessoalidade, aquilo que caracteriza, o que é, que não sofre variação. O perfume é o seu nome... “O seu nome é como o melhor dos perfumes...” (Ct 1.3 VFL).

O seu nome é “El” Deus; o seu nome é “El Eliom”, o Deus altíssimo; o seu nome é “Elohim”, é o criador de todas as coisas, em genesis lemos: “Bereshit Bara Elohim”, isto é, “No principio criou Deus os céus e a terra” (Gn 1.1). O seu nome é “El Shaday”, o Deus-Todo-Poderoso; o seu nome é “Adonay”, o Senhor de tudo e de todos; o

Conclusão

A noiva diz: “Estou morena do sol, mas conservo bela, ó filha de Jerusalém; escura como as tendas de Quedar, mas linda como as cortinas de Salomão” (Ct 1.5). Veja o que diz a noiva: “estou morena do sol, mas conservo bela”, “escura como as tendas de Quedar, mas linda como as cortinas de Salomão”. A noiva está falando  de sua luta constante, de suas angustias, das tribulações, afunilações da vida. Mesmo queimada pelo sol, sua essência ainda é bela, permanece a mesma; mesmo escura com as tendas de quedar, ainda é linda...

Paulo e Silas em Filipos apanharam, sofreram mas não negaram sua fé em Deus; Sadraque, Mesaque e Abede Nego foram lançados na fornalha de fogo ardente, mas saíram ilesos pela presença de Deus.

Mesmo passando por tudo isso, a Noiva diz ao Amado: Diz-me tu, amado de minha alma, onde apascenta o teu rebanho e onde o fazes repousar ao meio dia...”. Não obstante estar queimada pelo sol, ou escura como as tendas de quedar, ela deseja o noivo. Ela mantém sua essência, ela não negociou sua fé, ela não abriu mão do cordeiro de Deus....ela anseia pelo amado...

 

 

 

 

terça-feira, 2 de setembro de 2025

 Perseverando até a volta de Jesus. Tg 5.7-12 

Introdução

O apostolo Tiago inicia o verso 7 no tom paterno, falando como pastor que exorta e não como um profeta que traz sentenças de condenação. “Portanto, irmãos...”. Ele se dirige as igrejas existentes na Asia Menor como uma forma coloquial e afetuosa, é um pastor falando as ovelhas. Tiago faz questão de chamar seus destinatários de “irmãos”; assim ele começou a carta (1.2); assim começou o capítulo 2 e também o capitulo 3. Cada vez que assim procedeu, estava iniciando a discussão de um novo assunto. 

 O que Tiago está querendo dizer aos “irmãos”? A perseverança no sofrimento? Bençãos e exemplos de perseverança? A vinda do Senhor? Logo, a temática é: paciência, perseverança, sofrimento, vinda de Jesus e julgamento. Os assuntos nos fazem lembrar o ensino de Jesus sobre o seu retorno. A volta de Jesus será antecedida de sofrimentos, perseguições aos cristãos.

1)     Ordens de Jesus

Diante da iminente volta de Jesus que trará julgamento - “até a vinda do Senhor” -, os ímpios devem temer a vinda de Cristo, será um dia de julgamento. Enquanto os cristãos devem aguardá-la com paciência e perseverar em meio ao sofrimento. Os ímpios quando enfrentam perseguições, injustiças, ficam aturdidos, sem ter a quem recorrer. Enquanto os cristãos têm a capacidade sobrenatural – dada pelo Espírito Santo – de perseverar em meio às dificuldades da vida, sejam elas moderadas ou difíceis. A paciência é de grande valor!

A primeira ordem é: “Seja paciente”. O termo grego é Makrothymésate, é uma palavra que designa a virtude da paciência, a longanimidade. Makrós “grande, longo”, e thymia, “disposição”, ou seja, grande disposição. Expressa uma disposição inabalável, um espirito constante que nunca se abate. O exemplo que Tiago nos dá é o do lavrador. Ele aguarda o fruto do seu trabalho  com makrotymia. Já fez o que dele se esperava ao plantar a semente. Resta-lhe aguardar. Eis uma lição que não podemos desprezar. 

O lavrador espera o precioso fruto da terra”. Em Israel a estação seca ia de junho a setembro, deixando a terra bem ressecada. A estação chuvosa, porém, irrigava a terra em dois períodos de seis semanas, em outubro e novembro (as primeiras chuvas) e de novo em abril e maio (as últimas chuvas). As primeiras chuvas permitem que as sementes germinem; as últimas chuvas permitem que as plantas se fixem bem no solo e cresçam. Portanto, durante esses cinco meses de intervalo entre as primeiras chuvas e as últimas chuvas, os agricultores aguardavam ansiosamente até que Deus enviasse as chuvas que produziriam uma safra abundante. 

A lição que tiramos é esperar com paciência, com grande disposição, porque Deus cumprirá todo seu proposito em sua dimensão diária sobre nossas vidas, assim como também em seu plano supremo em uma dimensão cósmica. Portanto, ser paciente em circunstâncias negativas significa deixar Deus cuidar da situação a seu modo e a seu tempo. 

A segunda ordem é: fortalecei o coração. A palavra fortalecer significa estabelecer, apoiar ou firmar bem alguma coisa para que ela não saia do lugar. No meio das dificuldades e durezas da vida, nosso coração pode ficar pesado, mas o Espírito de Deus pode aliviar a carga de um coração envergado sob o peso das pressões. Em Salmos 55.22  lemos: “Entrega tuas ansiedades ao Senhor, e Ele te dará sustentação; nunca permitirá que o justo seja abalado”. O apostolo Pedro nos diz que devemos “nos humilhar sob a poderosa mão de Deus, lançando sobre Ele nossas ansiedades” (1 Pe 5.6-7). 

Fortalecei o coração, porque a vinda do Senhor está próxima”. Vinda é parousia, é a volta de Jesus. Para Tiago o motivo de fortalecer o coração é que o Senhor virá em glória e com poder. Logo no verso 9 ele diz “que o Juiz está às portas”. Portanto, Jesus está voltando para arrebatar a sua igreja. O escritor da epistola aos hebreus escreve: “Porque ainda um poucochinho de tempo, e o que há de vir virá e não tardará” (Hb 10.37). O evangelho de Mateus descreve a vinda de Jesus: “Pois, da mesma maneira como o relâmpago parte do oriente e brilha no ocidente, assim também se dará a vinda do Filho do homem” (Mt 24.27). 

Devemos acautelar quanto a precipitação de marcamos datas para a volta de Cristo. Muitos marcaram a vinda de Cristo, mas todos erraram. Hipólito marcou a volta de Cristo para o ano 500. William Miller afirmou que seria em 1843, depois corrigiram para 1844 e tudo que surgiu foi a igreja adventista do sétimo dia. As testemunhas de Jeová marcaram para 1914, depois corrigiram para 1975, no entanto, não aconteceu a vinda de Cristo. Lembremo-nos de Mateus 24.36: “Daquele dia e hora, porém, ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, senão só o Pai”. Portanto, Tiago nos exorta a fortalecer nosso coração, nossa fé está em Cristo ressuscitado que há de voltar e estabelecer o ponto final da história.

Não vos queixeis”. A segunda resposta à pergunta sobre a reação de um cristão diante do sofrimento diz respeito às nossas ações para com os outros. Quando as circunstâncias colocam nossa paciência à prova e nos sentimos desanimados e angustiados pelas pressões que vem de fora, nossa tendencia imediata é reclamar, murmurar, queixar. Tiago está falando de algo não guardado, como uma raiz de amargura, mas de algo que é expressado quando nos queixamos, quando desabafamos. 

É quando nos voltamos uns contra os outros, quando nos queixamos contra as autoridades, ou quando nos queixamos infindavelmente contra tudo e todos. Em Tiago 4.11-12, fala de cristãos falando mal uns dos outros e julgando e ele pergunta: “...quem és, para julgar o teu semelhante?” (Tg 4.12). Novamente, no texto em apreço, ele diz: “...não vos queixes uns dos outros, para que não sejais também assim julgados” (Tg 5.9 BKJ).

No verso 10, o autor nos recomenda a termos como exemplo “os profetas, que pregaram em Nome do Senhor, diante do sofrimento”. Pessoas como Isaias, Jeremias, Ezequiel, Amós, Oséias – todos são exemplos de homens que enfrentaram o sofrimento. Por fim, se concentra-se naquele que talvez seja o maior exemplo de sofrimento e perseverança, que passou por uma dor excruciante, perdendo animais e filhos e dignidade, Jó.

Jó chorou, angustiou, discutiu com seus amigos e apregoou a sua dor. Mas, no meio da dor que o esmagava, apegou-se a Deus. Questionado pela esposa, que o aconselhava a blasfemar e suicidar-se, repreendeu-a, chamando-a de louca. O texto termina com estas palavras: “Em tudo isso não pecou Jó com seus lábios” (Jó 2.10). Mas, Jó perseverou, aguentou, resistiu e Deus lhe recompensou. Vale a pena perseverar, vale a pena resistir, pois “O Senhor é cheio de misericórdia e compaixão” (Sl 103.8). 

“Não jureis”. A palavra “jurar” significa “fazer juramento”, comprometer-se com alguma coisa por meio de nossas palavras. É apelar para Deus e apresentá-lo para validar nossos compromissos. Por exemplo: “juro por Deus que não estou mentindo!”, ou “digo na presença de Deus que farei isso e aquilo”, ou “Deus é a minha testemunha de que isso jamais vai acontecer”. Jesus, no sermão do monte, exortou os cristãos:

De maneira nenhuma jureis; nem pelo céu, porque é o trono de Deus; nem pela terra, porque é o estrado de seus pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade do grande Rei; nem jures pela tua cabeça, porque não pode tornar branco nem preto um só fio de cabelo. Seja, porém, o vosso falar, sim, sim; não, não; pois o que passa disso vem do maligno” (Mt 5.34-37). 

Seja sucinto: responda de maneira direita e autentica. Seja prudente, evite longos discursos, longas explicações, desculpas detalhadas e as espiritualizações.

Conclusão

Tiago começa com uma voz calma, chamando-nos de “irmãos”, é um pastor nos aconselhando. E nos dá algumas ordens necessárias para nossa vida cristã. Seja paciente, tenha grande disposição para aguentar as injustiças da vida. Depois, fortaleça seu coração, cria raízes em Deus para o seu coração, porque a vinda do Senhor está próxima. Em seguida, dá a terceira ordem: “Não vos queixeis”, não murmures, não fica como Salomão, que murmurava de tudo e de todos. Por fim, não jureis, não use o nome do Senhor teu Deus em vão!