O falar em língua e
dom de variedade de línguas – 1 Co 14.1-19
Introdução: No ano de 1900, o jovem obreiro metodista,
Charles F. Parham entendeu que seu ministério precisava de algo novo. E,
reunindo pessoas, começou a pesquisar o livro de Atos dos Apostolos. E
descobriu que o batismo com Espírito Santo era o que faltava para experimentar
o avivamento. Alugou um casarão não concluído, em Topeka, EUA, e transformou num lugar de
oração e busca pelo poder de Deus. Foram tantas pessoas batizadas com Espírito
Santo, com línguas estranhas, que o movimento começou a se espalhar. Pessoas
eram curadas e outras receberam os dons do Espírito Santo. Depois, Parham levou
a mensagem pentecostal para Houston, Texas. Ali entrou em cena W.J. Seymour
que, recebendo a mensagem, levou-a para Los Angeles, Califórnia. Mas em 09 de
abril de 1906, as pessoas começaram a ser batizadas com o Espírito Santo. O
local de reunião ficou pequeno, e ele se mudou com o grupo de crentes para a
Rua Azuza, 312. Espalhou-se pelo mundo e chegou ao Brasil em 1911, com os
missionários Daniel Berg e Gunnar Vingren, que se fixaram em Belém do Pará,
onde as mesmas características do
Pentecostes tiveram lugar.
1) O
batismo com Espírito Santo em Atos
Em Jerusalém, Atos 2, os discípulos estavam reunidos esperando
pela promessa do Espírito Santo. De repente, veio um som (echos), depois um
vento em seguida, línguas sobre os discípulos, e todos, falaram em outras
línguas.
Em Samaria. Quando os crentes receberam o batismo com
Espírito Santo (Atos 8.17), aconteceu algo concreto que fez com que Simão visse
que pela imposição de mãos dos apóstolos era dado o Espírito Santo (Atos 8.18).
Certamente observou que começaram a falar noutras línguas.
Saulo. Logo após a sua conversão na estrada de Damasco, Saulo
recebeu a visita de Ananias que orou por ele para que recebesse o Espírito
Santo (Atos 9.17). Paulo afirmou mais tarde que falava mais línguas que os
demais (1 Co 14.18).
Na casa de Cornélio. Depois que Deus purificou os corações
daqueles que haviam se reunido na Casa de Cornélio, caiu sobre todos o Espírito
Santo, e começaram a falar em língua estranhas (Atos 10.44-46). Pedro disse
mais tarde que “caiu sobre eles o Espírito Santo como também sobre nós ao
princípio” (Atos 11. 15).
Em Éfeso. Os crentes foram cheios do Espírito Santo e
começaram a falar em línguas e a profetizar (Atos 19.6)
O termo
grego para “dom” no sentido em que estamos tratando é charisma. Barclay
afirma que no Novo Testamento a palavra ocorre dezessete vezes, catorze nas
epístolas paulinas gerais, duas nas pastorais e uma vez em 1 Pedro. O termo,
segundo Barclay;
“Ora, os dons são diversos, MAS O ESPÍRITO É O
MESMO. E também há diversidade nos serviços, mas o Senhor é o mesmo. E há
diversidade nas realizações, mas o mesmo Deus é quem opera tudo em todos. A manifestação
do Espírito é concedida a cada um, visando um fim proveitoso” (1 Co 12.4-7). Na
igreja há uma diversidade de pessoas (1 Co 12.13,28) e de dons (vs. 4-11). Há
muitos membros e cada um é diferente.
Primeiro,
existe uma variedade de dons (charismata), isto é, graça (charis) concreta ou
real. Paulo insistiu com Timóteo para
que ele reavivasse o charisma de Deus que havia nele (2 Tm 1.6). Pedro insiste
com seus leitores: “servi uns aos outros, cada um conforme o charisma que
recebeu”. (1 Pe 4.10).
Segundo,
também há diversidade nos serviços, na diakonia, isto é, na maneira de sermos
diáconos, de servimos uns aos outros, de sermos servos de nossos próximos e de
Deus.
Terceiro,
há diversidade nas realizações, ou seja, energia de Deus operando nos cristãos
e transbordando para a vida da comunidade. O Espírito produz resultados,
resultados variados e perceptíveis: vidas e relacionamentos transformados,
congregações crescentes, testemunhos eficazes, talentos revelados.
A ideia
básica da palavra é a de um dom gratuito e imerecido, alguma coisa dada ao
homem sem trabalho nem merecimento, algo que vem da graça de Deus e que nunca
poderia ter sido realizado, galgado ou possuído pelo esforço do próprio homem.
Os dons manifestam a presença de Deus na
igreja (1 Co 14.25). Eles são dados para
edificação, exortação e consolação da igreja (1 Co 14.3-5). Os dons
relacionados em 1 Corintios 12.8-10 são os seguintes: DOM DA PALAVRA DA
SABEDORIA, DOM DA PALAVRA DA CIÊNCIA OU DO CONHECIMENTO, DOM DA FÉ, DONS DE
CURAR, DOM DE OPERAÇÃO DE MARAVILHAS, DOM DE PROFECIA, DOM DE DISCENIR OS ESPÍRITOS, DOM DE
VARIEDADE DE LÍNGUAS, E DOM DE INTERPRETAÇÃO DE LÍNGUAS.
3) O falar em línguas e o dom de
variedade de línguas.
"Segui o amor; e
procurai com zelo os dons espirituais, mas principalmente o de profetizar.
Porque o que fala em língua não fala aos homens, mas a Deus; pois ninguém o
entende; porque em espírito fala mistérios. Mas o que profetiza fala aos homens
para edificação, exortação e consolação. O que fala em língua edifica-se a si
mesmo, mas o que profetiza edifica a igreja. Ora, quero que todos vós faleis em
línguas, mas muito mais que profetizeis, pois quem profetiza é maior do que
aquele que fala em línguas, a não ser que também interprete para que a igreja
receba edificação". - I Coríntios 14:1-5
Língua
|
Profecia
|
O homem fala a
Deus (v.2)
|
Deus fala aos
homens (v.3)
|
Ninguém entende
(v.2)
|
Todos entendem
(v.4)
|
Edificação Pessoal
(v.3)
|
Edificação
coletiva (v.4).
|
Observando as distinções estabelecidas por Paulo nos
versículos acima, podemos afirmar taxativamente que não há qualquer semelhança
entre o falar em línguas e o profetizar, salvo o fato de serem ambos uma fala
inspirada pelo Espírito Santo de Deus.
"Se alguém falar
em língua, faça-se isso por dois, ou quando muito três, e cada um por sua vez,
e haja um que interprete. Mas, se não houver intérprete, esteja calado na
igreja, e fale consigo mesmo, e com Deus." - I Coríntios 14:27 e 28 (Co
14.14).
As línguas pessoais, ou
seja, o dom de falar em línguas desconhecidas, têm, nas devoções particulares,
o valor de edificar quem estiver ocupado na oração. Orar em uma língua
desconhecida é forma exaltada de adoração (1 Co 14.4). Orar em línguas é uma
prática útil, e deveria ser cultivada na vida diária do crente, pois assim a
pessoa é edificada em sua fé e na vida espiritual.
O dom de línguas
empregado nos cultos visa um proposito distinto. As línguas mencionadas no
livro de Atos são evidenciais e privadas; as mencionadas nas epístolas são
públicas e visam a edificação espiritual. “E, se alguém falar em línguas
estranha, faça-se isso por dois ou, quando muito, três, e por sua vez, e haja
interprete” (1 Co 14.27).
Esse texto trata do dom
de variedade de línguas. Há crentes que não se submetem a esta ordem da Palavra,
pois dizem que o poder de Deus opera neles tão poderosamente que não tem
condições de se conter, de modo que muitos deles falam em língua ao mesmo tempo
e sem que haja interprete. Mas não é isto o que a Bíblia ensina: “E os
espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas”.
Conclusão: A Finalidade
do dom de variedade de língua.
Edificação da igreja. Transmitir uma mensagem em línguas, e,
por isso, precisa de interpretação para aquela
seja interpretada.
Edificação pessoal. “O
que fala em língua estranha edifica-se a si mesmo, mas o que profetiza edifica
a igreja” (1 Co 14.4). É um dom valioso para a edificação pessoal (1 Co
14.12,13).
Sinal para os descrentes. “Se, pois, toda a igreja se congregar num lugar, e todos
falarem em línguas, e entrarem indoutos ou infiéis, não dirão porventura que
estais loucos?
Mas, se todos profetizarem, e algum indouto ou
infiel entrar, de todos é convencido, de todos é julgado.
E, portanto, os segredos do seu coração ficam
manifestos, e assim, lançando-se sobre o seu rosto, adorará a Deus, publicando
que Deus está verdadeiramente entre vós” 1 Coríntios 14:23-25
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