“Carta na carteira”
Em setembro de 1985, a revista
Seleções publicou uma história intitulada “Carta na carteira”, escrita por
Arnold Fine. Fine conta como, em um dia de frio cortante, encontrou uma
carteira na rua. Ela continha apenas três dólares, e uma carta amassada, que
obviamente havia sido carregada durante
muitos anos. A carta datava de 60 anos antes, e começava com “Querido Michael”.
Escrita com beleza e palavras tristes, a carta rompia um romance devido à exigência
paterna. A última linha prometia: “Eu te amarei para sempre, Michael”, e estava
assinada: “Sua Hannah”.
Fine decidiu
procurar o dono da carteira. Usando o endereço de Hannah, ainda legível no
envelope, finalmente conseguiu um número de telefone. Porém, quando ligou,
ficou desapontado (mas não surpreso) ao saber que Hannah e sua família tinham
se mudado daquela casa há muitos anos. A pessoa do outro lado da linha,
entretanto, sabia o nome da casa de repouso para a qual a mãe de Hannah havia
sido levada. Assim, Fine ligou para a casa de repouso e descobriu que a mãe de
Hannah havia falecido muito tempo antes. Quando explicou sua intenção, entretanto, lhe
deram o endereço e o número de Hannah, que tinham no arquivo. Ele telefonou
para o número dado e ficou sabendo que Hannah estava agora morando em uma casa
de repouso. Fine perguntou o nome do local, e achou o número do telefone.
Rapidamente, confirmou que Hannah realmente residia lá. Tão logo pôde, Fine foi
visitar a casa e conversar com Hannah.
O diretor
esperou na porta, e informou que Hannah estava vendo televisão no terceiro
andar. Uma acompanhante logo o levou até lá, e saiu. Fine se apresentou a
Hannah e explicou como havia encontrado a carta na carteira. Mostrou-lhe a
carta, e perguntou se era ela a remetente.
“Sim”,
respondeu Hannah, “eu mandei esta carta para Michael porque eu tinha dezesseis
anos e minha mãe não queria que nos encontrássemos mais. Ele era muito bonito,
sabe, como Sean Connery”. Fine viu o brilho de seus olhos e a alegria em seu
rosto quando falou do amor por Michael. “Sim, Michael Goldstein era seu nome.
Se você encontrá-lo, diga que penso nele com muita freqüência e que nunca me
casei. Ninguém nunca se igualou a ele”, ela declarou, enxugando as lágrimas
discretamente. Fine agradeceu pela gentileza e foi embora.
Quando estava
saindo, o guarda de segurança na porta perguntou-lhe sobre a visita. Fine
contou a história, e disse: “Pelo menos fiquei sabendo o sobrenome dele. Seu
nome era Michael Goldstein”.
“Goldstein?”
repetiu o guarda. “Há um Mike Goldstein que mora aqui, no oitavo andar”. Fine
virou-se e subiu novamente, dessa vez até o oitavo andar, onde perguntou por
Michael Goldstein. Quando o encaminharam até o cavalheiro, ele perguntou: “Perdeu
sua carteira?”.
“Sim, eu a
perdi ao sair para uma caminhada, há alguns dias”, Michael respondeu.
Fine lhe
entregou a carteira e perguntou se era a sua. Michael ficou encantado ao vê-la
novamente, cheio de gratidão por Fine tê-la encontrado e devolvido. Estava
começando a agradecer, quando Fine o interrompeu.
“Tenho algo
a lhe dizer”, admitiu Fine. “Li a carta que está na sua carteira”.
Pedro
desprevenido, Michael fez uma pausa momentânea, e depois perguntou: “Você leu a
carta?”.
“Sim,
senhor, tenho uma notícia para lhe dar, continou Fine. “Acho que sei onde
Hannah está”.
Michael ficou
pálido. “Sabe onde ela está? Como ela está?”.
“Ela está
bem, e tão bonita como quando a conheceu”.
“Poderia me
dizer onde ela está? Eu adoraria falar com ela. Sabe quando recebi a carta,
minha vida mudou. Nunca me casei. Nunca deixei de amá-la”.
“Venha
comigo”, disse Fine. Segurando Michael pelo cotovelo, caminharam até o
elevador, e desceram ao terceiro andar. Nesse momento, o diretor do prédio já
havia se juntado a eles. E foram até o quarto de Hannah.
“Hannah, sussurrou
o diretor, indicando Michael. “Você conhece este homem?”.
Ela ajustou
os ósculos para o homem, enquanto vasculhava sua memória. Então, com a voz
engasgada, Michael falou: “Hannah, sou eu, Michael”. Ela levantou-se, enquanto
ele se encaminhava para ela. Eles se abraçaram e ficaram juntos por um longo
tempo. Depois, sentaram-se, de mãos dadas e, entre lágrimas, preencheram as
lacunas deixadas na história de vida dos dois. O Sr. Fine e o diretor, não
desejando se intrometer em um momento sagrado, saíram do quarto, deixando os
dois sozinhos para vivenciarem o
reencontro.
Três semanas
mais tarde, Arnold Fine recebeu um convite para assistir à cerimônia de
casamento de Hannah, de 76 anos de idade, e Michael, de 78. Fine conclui a
história dizendo: “Como é boa a obra do Sennhor”.
Que história belíssima
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