terça-feira, 6 de setembro de 2016

Uma esposa para Isaque. Gn 24


Introdução: Na cultura oriental, os pais são responsáveis em achar uma companheira para o filho. É comum o rapaz ou a moça participarem do arranjo, e algumas sociedades permitem que eles declinem de uma proposta da qual não gostem. Esse costume, seguido há muito tempo, ajudou a estabilizar civilizações inteiras. No entanto, em nosso mundo ocidental, nós mesmos iniciamos o processo de busca por um par mediante um encontro; ou seja, a responsabilidade por definir quem será o cônjuge e quando se dará o casamento é daqueles que se casam. AS ESTATÍSTICAS MOSTRAM QUE CASAMENTOS ARRANJADOS COSTUMAM DAR MELHORES RESULTADOS DO QUE NOSSA ABORDAGEM ESPONTÂNEA AQUI DO OCIDENTE.

1)    Uma esposa para Isaque.
Depois que Sara faleceu (Gn 23.1-2) – sua esposa por mais de cem anos – Abraão enriquecera sobremodo: ajuntara grandes rebanhos de gado, fornecendo carne e couro para as cidades da região. As vendas garantiam que a família e os servos de Abraão vivessem com fartura e em segurança à medida que ouro e prata entravam em seus cofres. Diante desse vazio, e com a idade de Isaque chegando aos 40 anos e ...ainda era solteiro. Já chegara o tempo de o herdeiro ter uma noiva, mas não poderia ser qualquer uma.

Abraão não queria que Isaque se casasse com nenhuma mulher de Canaã. Na cultura antiga o casamento não era apenas uma junção de duas pessoas, mas a mistura de duas famílias. Portanto, Abraão não queria que sua nova nação fosse misturada ao cadinho cananeu. Trazer uma mulher de longe ajudaria a reduzir a interferência externa.

Para realizar a importantíssima tarefa de encontrar a mulher certa para Isaque, Abraão chamou seu empregado de maior confiança. Em sua jornada de Ur a Canaã, Abraão passou por Damasco, onde Eliézer juntou-se à caravana (Gn 15.2) na condição de servo. As Escrituras o descrevem como o “servo mais velho de sua casa, que era o responsável por tudo quanto tinha” (Gn 24.2). Ele seria para Abraão o consultor financeiro, o chefe das operações e muito provavelmente seu amigo mais próximo. 

Jure pelo Senhor, o Deus dos céus e o Deus da terra, que não buscará mulher para meu filho entre as filhas dos cananeus, no meio dos quais estou vivendo, mas irá à minha terra e buscará entre os meus parentes uma mulher para meu filho Isaque (Gn 24.3-4). A “minha terra” a que Abraão se refere ficava a cerca de 800 quilômetros ao norte de onde ele vivia. O servo levantou uma questão: “E  se a mulher não quiser vir comigo a esta terra? Devo então levar teu filho de volta à terra de onde vieste”? (Gn 24.5). Essa sugestão tocou em um nervo exposto de Abraão. A resposta em hebraico (“Cuidado”) foi dada de maneira abertamente ríspida, adicionando força a sua advertência: “Não deixe o meu filho voltar para lá” (v.6). Abraão, garantiu ao seu servo que Deus enviaria seu anjo para o instruir (Gn 24.7).

2)    Uma esposa para Isaque...como encontrá-la? Algumas pistas...

Ouça e preste atenção nos conselhos de pais piedosos. Nem todos os pais são piedosos, e pais piedosos nem sempre estão certos. Todavia, suas chances de escolher a pessoa certa aumentam quando seus pais caminham com o Senhor e buscam o conselho dele. Além do mais, eles costumam conhecer você melhor do que você conhece a si mesmo, e podem ajudá-lo a examinar sua motivação.

O servo partiu, com dez camelos do seu senhor, levando também do que o seu senhor tinha de melhor. Partiu para a Mesopotâmia, em direção à cidade onde Naor tinha morado” (Gn 24.10). Depois de uma jornada de quase um mês, o servo chegou à região norte da Mesopotâmia, conhecida como Arã Naaraim, que significa Arã de Dois Rios, cercada pelos grandes rios Tigre e Eufrates. Eliézer se posicionou estrategicamente em um ponto onde pudesse observar mulheres elegíveis (Gn 24.11-14):

“Ó Senhor, Deus do meu Senhor Abraão, faze com que tudo dê certo e sê bondoso para o meu Senhor.  Eu estou aqui perto do poço aonde as moças da cidade vem para tirar água. Vou dizer a uma delas: “Por favor, abaixe o seu pote para que eu beba um pouco de água. Se ela disser assim: beba, e eu vou dar água também para os seus camelos, que seja essa a moça que escolheste para o teu servo Isaque. Se isto acontecer, ficarei sabendo que foste bondoso para o meu Senhor”.

Assegure-se de que tudo seja imerso em muita oração. Não diga: “Se ela aparecer usando uma blusa com algum detalhe vermelho, receberei isso como sinal divino de que se trata da moça com quem tenho de me casar”. Eliézer procurou uma MULHER QUE DEMONSTRASSE HOSPITALIDADE INCOMUM. Tirar e carregar água exigia trabalho duro. No final da tarde, era costume, as mulheres vinham até a fonte com jarros de barro que seriam enchidos e levados para casa. Ele pensou em aumentar o trabalho delas, pedindo água para si próprio.

Era normal oferecer água a qualquer estrangeiro. Agora, servir a dez camelos, exigia esforço descomunal; considerando que cada camelo poderia beber quase 180 litros de água em tres minutos! Um jarro de 20 litros pesava em torno de 25 quilos. Para uma mulher que se voluntariasse a dar água aos camelos de alguém, isso significaria oferecer-se para carregar quase 2000 litros, 20 litros por vez. Se cada viagem levasse apenas um minuto, ela havia acabado de adicionar duas horas de trabalho exaustivo ao seu dia já bastante ocupado (Gn 24.15—21).


Procure qualidades que revelam caráter verdadeiro. “Caráter verdadeiro” são aquelas qualidades interiores que colocam alguém à parte de pessoas comuns. Ou seja: ele não é apenas educado com as pessoas que admira ou que espera impressionar; ele também é atencioso com o garçom com quem nunca mais tornará a se encontrar. Ela não é apenas bondosa com suas amigas; ela também é generosa com pessoas que não podem retribuir sua bondade.

Quando Rebeca terminou o trabalho, o servo de Abraão aproximou-se dela para saber mais. Ele deu a ela tres peças de joia de ouro que pesavam 10 siclos. Isso era significativo, considerando-se o contexto histórico: “Documentos legais da primeira metade do segundo milênio sugerem que um trabalhador poderia esperar ganhar no maximo 10 siclos (de prata) por ano, em geral menos que isso” (Gn 24.23-25).  Rebeca era formosa e moralmente forte. Era altruísta, atenciosa, cortês, diligente e laboriosa. Que descoberta Eliézer havia feito!

Prossiga com cautela, reflita profundamente. “Qualquer um pode ser admirável em um encontro – que dura apenas algumas horas. Depois de muitos anos de casados, como aquela pessoa reagirá se você contrair uma doença séria? E se a situação financeira for para o buraco?” Reserve tempo para observar como a outra pessoa se comporta sob pressão. Como ela lida com conflitos? Que tipo de relacionamentos essa pessoa tem com a família e os amigos?

Com um procedimento cauteloso, o servo observou a família de Rebeca. Isso é algo importante a se notar. Ao se casar com uma pessoa, você se casa com a família. Ainda que você não viva próximo dos familiares nem os visite com regularidade, seu cônjuge leva sua família de origem consigo (Gn 24.29-33).

Verifique se existe interesse mútuo nas coisas espirituais. Eliézer explicou sua missão medindo a temperatura espiritual do lar. Ignorou a comida que tinha diante dele e disse: “Deixe-me abrir o jogo e dizer por que estou aqui”. Ele então lhes contou toda a história do chamado de Abraão, sua jornada de fé com Deus, sua riqueza e seu propósito em enviar um mensageiro de volta à Mesopotâmia. Em todo esse relato, o único Deus verdadeiro desempenha um papel central na orquestração dos eventos. Tendo explicado a importância da reação de Rebeca junto à fonte, o servo perguntou: “Agora, se quiserem mostrar fidelidade e bondade a meu senhor, digam-me; e, se não quiserem, digam-me também, para que eu decida o que fazer” (Gn 24.49). Eis a resposta: “Isso vem do Senhor; nada lhe podemos dizer, nem a favor, nem contra. Aqui está Rebeca; leve-a com você e que ela se torne a mulher do filho do seu senhor, como disse o Senhor” (Gn 24.50-51).

Pergunta-se: Rebeca estaria disposta a ficar 800 quilometros de distancia de tudo o que lhe era familiar para casar-se com um completo estranho? Era uma grande decisão de modo que família propôs reservar dez dias para discutir o assunto. Mas o servo insistiu em retornar logo em seguida, certo de que a mão do Senhor o estava guiando. “Então lhe disseram: “Vamos chamar a jovem e ver o que ela diz. Chamaram Rebeca e lhe perguntaram: você quer ir com este homem? Sim, quero, respondeu ela” (Gn 24.57-58).

Conclusão: Quando a caravana se aproximou do acampamento de Abraão, aconteceu que Isaque estar no campo meditando (Gn 24.63). A palavra hebraica traduzida por “meditar” significa “vaguear, ir para frente e para trás”. Imagine o homem passando os dias andando, pensando e orando, ansioso. “Isaque levou Rebeca para a tenda de sua mãe Sara; fez dela sua mulher, e a amou; assim Isaque foi consolado após a morte de sua mãe” (Gn 24.67).

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