terça-feira, 4 de setembro de 2012



Fujam do Egito. Jeremias 42.


Introdução: “o verdadeiro progresso espiritual somente pode ser alcançado através da catástrofe e do sofrimento, alcançando novos níveis após a profunda catarse que acompanha conflitos importantes. Cada período de agonia mental e física, enquanto o velho está sendo removido e o novo ainda está para nascer, produz diferentes padrões sociais e visões espirituais mais profundas”.

1)    O Egito como alternativa para o povo de Israel depois do cativeiro babilônico.

·        Quando os israelitas se cansaram de viver pela fé, eles caminharam cerca de 400 km a sudoeste, na direção do Egito, onde tudo era claro e preciso. Eles levaram Jeremias consigo.  A suprema ironia da vida do profeta foi haver terminado seus dias no Egito, um lugar que representava tudo aquilo que ele sempre censurou.

·        Esta não foi a primeira vez que Israel fez isso. A alternativa egípcia à fé tomava corpo, novamente. Quando Abraão, pai de todos os que vivem pela fé, cansou-se de viver por ela, ele rumou ao Egito (Gn 12:10-20). Ele esperava encontrar segurança entre os egípcios, mas, em vez disso, mergulhou na mentira e fez concessões.  À época do Êxodo, após os hebreus terem sido libertos da escravidão do Egito e serem treinados a viver pela fé no deserto, o desejo de voltar para a antiga condição era constante.

·        Mais tarde, quando a monarquia estava no apogeu, Salomão incorporou convicções egípcias à vida de fé ao casar-se coma filha do Faraó (1 Rs 9:16), ou seja, viver pela fé na Terra Prometida, mas ter ao lado a segurança egípcia.

·        Em 586, Israel estava arruinado. O templo, centro de culto quase por meio milênio, estava em ruínas. O ritual, rico em referencias e significado, fora abolido. As vozes dos sacerdotes, que haviam proferido palavras de afirmação por décadas, jaziam silentes.

1.1)                     O Egito era mais fácil procurar ajuda no Egito. Por quê?

·        As terras egípcias eram geograficamente bem determinadas. O grande rio Nilo, uma linha de vida verde atravessando o deserto árido, dividia o país. Ao longo do rio havia vida; longe de suas margens morte. Não havia mistérios montanhosos, vales imprevisíveis ou situações inesperadas.

·        O Egito tinha uma arquitetura matemática. As pirâmides e templos destacavam-se no horizonte em linhas precisas. As pirâmides organizavam e demarcavam as incertezas da morte.

·        Uma teologia simples, de causa e efeito. O invisível era traduzido em visível. Todos os deuses era representados por imagens: o gato, o falcão, a hiena, o touro, a íbis eram imagens dos deuses egípcios.  Era uma religião de controle absoluto.

2)    O Paradoxo da fé cristã.

·        O povo de Israel estava sendo levando para o cativeiro babilônico.  Quando estavam distante de Jerusalém cerca de oito quilômetros, o capitão babilônico, Nebuzaradã, recebeu ordens expressas do rei Nabucodonosor para que interrompesse a marcha e desse a Jeremias o direito de escolher entre ir ou ficar (Jr 40:1-5). Jeremias podia ir à Babilonia com a promessa de um tratamento especial, ou seja, sem correntes, sem privações. Ou ele podia ficar em Jerusalém, a cidade na qual viveu e pela qual lutou por toda a sua vida.  Gedalias, amigo de Jeremias, foi nomeado pra governar o restante do povo que ficara. Jeremias estava com 65 anos! Por outro lado, a vida na Babilonia poderia ser uma aposentadoria suave: honrada pela corte babilônica, protegida por um guarda pessoal, vivendo da pensão real. JEREMIAS ERA RESPEITO PELOS INIMIGOS DOS JUDEUS!

·        QUAL FOI A SUA DECISÃO? O profeta Jeremias estava acostumado a recomeçar do nada.  Afinal foi isso que fez a vida toda. Decidiu permanecer em Jerusalém. Ele deu preferência aos excluídos, aos pobres e aos entulhos – o que restou do povo que ele acreditava ser a base para Deus edificar um povo para sua glória.

·        Nunca houve uma condição mais favorável para o desenvolvimento de uma comunidade madura de fé. Do nada, Deus faria uma nova criação. Ele escolheu  estar onde Deus comandava, no centro da ação de Deus, no lugar da promessa divina, em meio à salvação do Senhor, desafiando o mundo ao seu redor, a opinião popular e o auto-engrandecimento.

3)    Ainda não era o fim...

·        Pouco tempo depois de Gedalias instalar-se como governador nomeado e Jeremias o seu trabalho de desenvolver vidas entre o povo de Deus, UM CRIMINOSO terrorista, Ismael, assassinou a Gedalias, massacrou a todos os que estavam por perto e jogou os corpos em uma cisterna gigante, em um verdadeiro banho de sangue. Sua ação foi combatida por Joanã, que reuniu os sobreviventes, perseguiu a Ismael e pôs-se em luta, buscando restaurar a ordem.

·        Joanã procurou o profeta Jeremias e pediu-lhe orientação de Deus. Deus confirmou a decisão  prévia de Jeremias: o povo deveria permanecer em Jerusalém (Jr 42:10-12). Entretanto, Joanã e os demais estavam cansados de viver pela fé e decidiram ir para o Egito. Um dos motivos foi medo. Todavia, a grande razão foi a recusa de viver pela fé. Eles não queriam aceitar os riscos e perigos de depender de um Deus invisível.  O povo não queria assumir a árdua tarefa de reconstruir uma vida de fé em Deus(Jr 42:14). Eles buscavam uma saída fácil. Muitas pessoas escolheram viver no Egito em vez de perseverar na fé.

·        O único problema com tal decisão é que a claridade dura enquanto durar a reunião. Não é um aprofundamento da realidade, mas uma fuga dela. É compreensível que pessoas que abraçam esse tipo de religião procurem ir ao maior numero de reuniões possível, a fim de experimentar a clareza, o controle e a ordem com o Maximo de freqüência.  

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