Fujam do Egito.
Jeremias 42.
Introdução: “o verdadeiro progresso espiritual
somente pode ser alcançado através da catástrofe e do sofrimento, alcançando
novos níveis após a profunda catarse que acompanha conflitos importantes. Cada período
de agonia mental e física, enquanto o velho está sendo removido e o novo ainda
está para nascer, produz diferentes padrões sociais e visões espirituais mais
profundas”.
1) O Egito como alternativa para o povo de Israel depois do
cativeiro babilônico.
·
Quando
os israelitas se cansaram de viver pela fé, eles caminharam cerca de 400 km a
sudoeste, na direção do Egito, onde tudo era claro e preciso. Eles levaram Jeremias
consigo. A suprema ironia da vida do
profeta foi haver terminado seus dias no Egito, um lugar que representava tudo
aquilo que ele sempre censurou.
·
Esta
não foi a primeira vez que Israel fez isso. A alternativa egípcia à fé tomava
corpo, novamente. Quando Abraão, pai de todos os que vivem pela fé, cansou-se
de viver por ela, ele rumou ao Egito (Gn 12:10-20). Ele esperava encontrar
segurança entre os egípcios, mas, em vez disso, mergulhou na mentira e fez
concessões. À época do Êxodo, após os
hebreus terem sido libertos da escravidão do Egito e serem treinados a viver
pela fé no deserto, o desejo de voltar para a antiga condição era constante.
·
Mais
tarde, quando a monarquia estava no apogeu, Salomão incorporou convicções egípcias
à vida de fé ao casar-se coma filha do Faraó (1 Rs 9:16), ou seja, viver pela
fé na Terra Prometida, mas ter ao lado a segurança egípcia.
·
Em
586, Israel estava arruinado. O templo,
centro de culto quase por meio milênio, estava em ruínas. O ritual, rico em referencias e significado, fora abolido. As vozes dos sacerdotes, que haviam
proferido palavras de afirmação por décadas, jaziam silentes.
1.1)
O Egito era mais fácil procurar ajuda no Egito.
Por quê?
·
As
terras egípcias eram geograficamente bem determinadas. O grande rio Nilo, uma
linha de vida verde atravessando o deserto árido, dividia o país. Ao longo do
rio havia vida; longe de suas margens morte. Não havia mistérios montanhosos,
vales imprevisíveis ou situações inesperadas.
·
O
Egito tinha uma arquitetura matemática. As pirâmides e templos destacavam-se no
horizonte em linhas precisas. As pirâmides organizavam e demarcavam as
incertezas da morte.
·
Uma
teologia simples, de causa e efeito. O invisível era traduzido em visível. Todos
os deuses era representados por imagens: o gato, o falcão, a hiena, o touro, a íbis
eram imagens dos deuses egípcios. Era
uma religião de controle absoluto.
2) O Paradoxo da fé cristã.
·
O
povo de Israel estava sendo levando para o cativeiro babilônico. Quando estavam distante de Jerusalém cerca de
oito quilômetros, o capitão babilônico, Nebuzaradã, recebeu ordens expressas do
rei Nabucodonosor para que interrompesse a marcha e desse a Jeremias o direito
de escolher entre ir ou ficar (Jr 40:1-5). Jeremias podia ir à Babilonia com a
promessa de um tratamento especial, ou seja, sem correntes, sem privações. Ou
ele podia ficar em Jerusalém, a cidade na qual viveu e pela qual lutou por toda
a sua vida. Gedalias, amigo de Jeremias,
foi nomeado pra governar o restante do povo que ficara. Jeremias estava com 65
anos! Por outro lado, a vida na Babilonia poderia ser uma aposentadoria suave:
honrada pela corte babilônica, protegida por um guarda pessoal, vivendo da
pensão real. JEREMIAS ERA RESPEITO PELOS INIMIGOS DOS JUDEUS!
·
Nunca
houve uma condição mais favorável para o desenvolvimento de uma comunidade
madura de fé. Do nada, Deus faria uma nova criação. Ele escolheu estar onde Deus comandava, no centro da ação
de Deus, no lugar da promessa divina, em meio à salvação do Senhor, desafiando
o mundo ao seu redor, a opinião popular e o auto-engrandecimento.
3)
Ainda
não era o fim...
·
Pouco
tempo depois de Gedalias instalar-se como governador nomeado e Jeremias o seu
trabalho de desenvolver vidas entre o povo de Deus, UM CRIMINOSO terrorista,
Ismael, assassinou a Gedalias, massacrou a todos os que estavam por perto e
jogou os corpos em uma cisterna gigante, em um verdadeiro banho de sangue. Sua ação
foi combatida por Joanã, que reuniu os sobreviventes, perseguiu a Ismael e
pôs-se em luta, buscando restaurar a ordem.
·
Joanã
procurou o profeta Jeremias e pediu-lhe orientação de Deus. Deus confirmou a
decisão prévia de Jeremias: o povo
deveria permanecer em Jerusalém (Jr 42:10-12). Entretanto, Joanã e os demais
estavam cansados de viver pela fé e decidiram ir para o Egito. Um dos motivos
foi medo. Todavia, a grande razão foi a recusa de viver pela fé. Eles não
queriam aceitar os riscos e perigos de depender de um Deus invisível. O povo não queria assumir a árdua tarefa de
reconstruir uma vida de fé em Deus(Jr 42:14). Eles buscavam uma saída fácil. Muitas
pessoas escolheram viver no Egito em vez de perseverar na fé.
·
O
único problema com tal decisão é que a claridade dura enquanto durar a reunião.
Não é um aprofundamento da realidade, mas uma fuga dela. É compreensível que pessoas que abraçam esse tipo de religião procurem
ir ao maior numero de reuniões possível, a fim de experimentar a clareza, o
controle e a ordem com o Maximo de freqüência.
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