Daniel: uma grande
oração e as setenta semanas (Dn 9:1-19).
Introdução
No ano de 605 a.c., Nabucodonosor
havia capturado Jerusalém, levando Daniel e muitos judeus (mais de 10.000) para
a Babilônia. Passaram-se sessenta e oito anos desde que tudo isto ocorrera.
Daniel estava em Babilônia há quase setenta anos.
Neste capítulo, Daniel é um homem
velho. Tinha quartoze anos ao ser trazido em cativeiro, mas agora está com
oitenta e dois anos de idade. Encontramo-nos em 537 a.C., o primeiro ano de
Dario, o Medo.
Muitos anos se passaram desde que
sairá de Jerusalém, mas a fé do velho profeta mostra-se tão vigorosa como
antes. As tribulações não a enfraqueceram. As promoções e as elevadas posições
sociais não minaram sua fé nem o seduziram a amar outras coisas além de seu
Deus.
1)
O livro de Jeremias (v.2).
Nesta ocasião, Daniel examinava os
rolos de Jeremias. Quando menino, em Jerusalém, provavelmente ouvira Jeremias
em pessoa. As profecias de Jeremias haviam sido escritas e, por serem a Palavra
de Deus, foram maravilhosamente preservadas nos anos seguintes. Daniel as estudava.
Enquanto lia, quase não podia acreditar no que seus olhos viam!
O que foi? Para saber, precisamos
verificar Jeremias 25:8-11 e Jeremias 29.10-14. Na Escritura, Daniel, lia a
promessa divina de que o exílio terminaria após setenta anos. Se o povo de Deus
se voltasse a ele, seria trazido de volta a sua terra.
Diante da leitura, Daniel, portou-se
como um homem que possuía um cheque do céu. O cheque prometia o retorno do
exílio, sob a condição de uma nova busca do Senhor. Ele pensou assim: “Deus
disse que após setenta anos podemos voltar para casa. Esta é a promessa divina.
Portanto, orarei a Ele para que remova sua ira de Jerusalém e faça acontecer o
retorno prometido”.
2)
A oração de Daniel (3-19). Alguns
aspectos:
·
Primeiro
aspecto da oração de Daniel é a seriedade. Seu hábito sempre foi o de orar três
vezes ao dia. No versículo 3, lemos que voltou o seu rosto para buscar o Senhor
Deus, “em sinal de tristeza, eu vesti uma
roupa feita de pano grosseiro, sentei-me sobre cinzas, deixei de comer e orei
com fervor ao Senhor Deus”. Daniel orou com intensidade.
·
O segundo aspecto é que Daniel se
portou com reverencia.
Ao aproximar de Deus, manifestava um grande senso de temor a Deus, diante da
sua majestade. Por isso sua oração começou: “Ah! Senhor! Deus grande e
temível...” (v.4).
·
O terceiro aspecto é que a oração de
Daniel estava repleta de contrição (v.4 e
20). É a
oração de um homem humilde, vencido por uma convicção de pecado, o qual ele
mesmo confessa. Nesta confissão, Daniel não pode separar-se da nação a que
pertence; portanto, os pecados confessados por seus lábios são os de toda a
nação: “temos pecado contra ti (v.8)... pois nos temos rebelado contra ele
(v.9)... e não obedecemos à voz do Senhor, nosso Deus, para andarmos nas suas
leis, que nos deu por intermédio de seus servos, os profetas. Sim, todo o
Israel transgrediu a tua lei, desviando-se, para não obedecer à tua voz (VV.
10-11)”.
“Daniel reconhece que as aflições experimentadas pela nação e seu exilio
são fruto do pecado. Nos versículos 11 a 14, Daniel admite que todos os
acontecimentos com o seu povo não são outra coisa senão o que fora prometido
por Moisés, se a nação se virasse contra Deus”.
·
Daniel
aproximou-se do Senhor não apenas com seriedade, reverencia e contrição. Mas também confiando em sua misericórdia. Há
uma esplêndida ternura no versículo 4: “Ah!
Senhor! Deus grande e temível, que guardas a aliança e a misericórdia para com
os que te amam”. (VV. 9 e 18).
·
E o quinto aspecto da oração foi que
Daniel achegou-se a Deus com pedidos específicos. Viu Jerusalém, o templo e o povo
arruinados, suplicou que Deus removesse todos os judeus a sua ira e o seu
furor, tratando-os com misericórdia (VV. 16 e 17). Daniel buscou ao Senhor com
argumentos fortes e com importunação. Por exemplo, no versículo 15, lembrou a
Deus que Ele realizara um grande feito na história ao libertar o povo da
escravidão no Egito. No versículo 16, recorda-lhe que Jerusalém que está
desolada, é a “tua cidade de Jerusalém... teu santo monte”. Não deveria fazer
algo em favor de sua cidade? O povo que está sendo desprezado é “o teu povo”. E
o teu santuário encontra-se desolado. Não fará Ele coisa alguma em relação ao
templo, por amor do seu nome?
·
V.19: “Ó Senhor, ouve; ó Senhor, perdoa; ó Senhor, atende-nos e age; não
te retardes, por amor de ti mesmo, ó Deus meu; porque a tua cidade e o teu povo
são chamados pelo teu nome”.
3) As setenta semanas.
Seus lábios ainda se moviam em oração, quando Gabriel veio
novamente e o tocou. Logo Daniel foi assegurado de um tremendo fato: desde o
primeiro momento de sua oração, Deus a estava ouvindo. A vinda imediata de
Gabriel foi o resultado (v.23). Ficou sabendo que era mui amado no céu,
possuindo uma boa reputação lá!
As sete semanas são divididas em três
períodos de sete: 1) o primeiro período de sete “setes”; 2) o segundo período
de sessenta e dois “setes”; 3) o terceiro período: a septuagésima semana. Assim
temos, portanto: 7 + 62 + 1 = 70.
O primeiro período compreende as sete semanas de anos (49) que vai do cativeiro babilônico
à reconstrução de Jerusalém. O marco
para o inicio é a saída da ordem para restaurar e edificar Jerusalém. A ordem
se deu em 445 a.C., no reinado de Artaxerxes (Ne 2.5-8). Ou seja, 445 – 49 (sete
semanas de anos) = 396 a.C. Essa reconstrução, conforme Neemias, foi muito
angustiante (v.25).
O segundo período, as sessenta e duas semanas, descreve o tempo que vai
da reconstrução de Jerusalém até Jesus. Ou seja, 396 – 434 (62
semanas de anos) = 38 d.C. Dessa forma chegamos ao ministério de Cristo de 31 a
34 d.C. Isso está de acordo com o relato bíblico que nos informa que Cristo
iniciou seu ministério aos 30 anos (Lc 3.23).
O terceiro período: a septuagésima semana. Cristo morreu na septuagésima
semana, fazendo expiação dos nossos pecados (Dn 9.26; Is 53.8).
Conclusão: nos verso 27 fala do aparecimento do Anticristo que
governará o mundo, iludindo as pessoas com milagres da besta e com prosperidade
econômica, mas durará pouco tempo.
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