terça-feira, 12 de março de 2024

 A multiforme sabedoria de Deus Ef 3.1-10 

Introdução

“...Paulo, prisioneiro de Cristo Jesus” (Ef 3.11). Paulo estava preso, não era prisioneiro de Cristo, mas de Nero. Estava aguardando o julgamento. Quando ele fala “prisioneiro de Cristo”, era a convicção de que sua vida inteira, estava sob o senhorio de Cristo. E o que mais enternece é que a causa de sua prisão é a pregação do evangelho aos gentios, ele diz: “por amor de vós, gentios”. 

1)    O mistério revelado

“...o mistério que me foi dado a conhecer pela revelação” (Ef 3.3). A palavra “mistério” aparece três vezes (v.3, v.4 e v.9). Devemos reconhecer que as palavras em português e em grego não significam a mesma coisa. Em português um “mistério” é algo obscuro, secreto, enigmático; o que é misterioso é inexplicável. 

Já no grego, se referia uma verdade em que alguém tenha iniciado. Portanto, os “mistérios” cristãos são verdades que, embora estejam além da compreensão humana, foram revelados por Deus e, portanto, agora pertencem abertamente a toda igreja. Qual é o segredo aberto ou verdade revelada? Paulo diz: “Esse mistério não foi dado a conhecer aos homens doutras gerações, mas agora foi revelado pelo Espirito aos santos apóstolos e profetas de Deus” (Ef 3.5).

O que é esse “mistério” que esteve oculto, não revelado em todo o Antigo Testamento? “...mediante o evangelho, os gentios são coerdeiros com Israel, membros do mesmo corpo, e coparticipantes da promessa em Cristo” (Ef 3.6).  A fim de defini-lo com mais exatidão, Paulo reúne três expressões compostas e paralelas. Que expressões são estas? Os gentios são “coerdeiros”, “membros do mesmo corpo” e copartipantes da promessa. 

O que Paulo está declarando, afirmando é que os cristãos, tanto gentios como judeus, são agora herdeiros juntos da mesma benção, membros comuns do mesmo corpo, e participantes da mesma promessa. No capitulo 2, a situação dos gentios era: “...estavam sem Cristo, separados da comunidade de Israel, sendo estrangeiros, quanto às alianças das promessas, sem esperança e sem Deus no mundo”, mas, continua o apostolo “agora, em Cristo Jesus, vocês, que antes estavam longe, foram aproximados mediante o sangue de Cristo...” (Ef 2.12-16).

2)    O chamado

Primeiro, O apostolo afirma: “Deste evangelho fui constituído ministro conforme o dom da graça de Deus, a mim concedida” (Ef 3.7). Desta maneira, se o primeiro dom da graça de Deus a ele foi o próprio mistério que lhe fora revelado (Ef 3.2,3), o segundo era o ministério que lhe fora confiado (“ministro”). Tudo, para o apostolo Paulo, era pela graça de Deus e o exerceria segundo a força operante do seu poder. 

Paulo considera que esta comissão ou ministério é um privilégio enorme. Ele diz: Embora eu seja o menor dos menores de todos os santos...”, ou “o membro mais vil do povo santo”. Ele diz “Eu sou o menor”, ou “o mais vil”, talvez estivesse deliberadamente jogando com o significado do seu nome. Seu sobrenome “Paulus” significa “pequeno” e a tradição diz que era um homem pequeno, pernas tortas e com sobrancelhas interligadas.

“Eu sou pequeno”, talvez esteja dizendo “pequeno pelo nome, pequeno na estatura, e moral e espiritualmente menor do que o mínimo de todos os cristãos”. Ele está sendo sincero. Está profundamente consciente tanto da sua própria indignidade, pois “noutro tempo fora blasfemo, perseguidor e insolente” contra Jesus Cristo (1 Tm 1.13). 

A segunda responsabilidade é “Pregar aos gentios o evangelho das insondáveis riquezas de Cristo” (Ef 3.8). Pregar aqui é “anunciar as boas novas”, porque estava consciente de que o seu evangelho era uma mensagem de boas novas grandiosas, ou boas notícias para os gentios. “Insondáveis riquezas de Cristo”.  A palavra no grego é “anexniastos” que significa, literalmente “cuja pista não pode ser achada”.

Na versão grega de Jó: “Ele realiza maravilhas insondáveis...” (Jó 5.9), era aplicada às maravilhas da criação, que estão além do nosso entendimento, e o próprio Paulo já a usara em Romanos 11 “...quão insondáveis são os teus juízos...” (v.33) para os mistérios profundos do plano divino da salvação eterna.

Os tradutores e comentaristas esforçam-se para achar um equivalente dinâmico. As riquezas de Cristo, dizem eles, são “inescrutáveis”, são “inexploráveis”, são incompreensíveis, são “inexauríveis”, e são “incalculáveis”. Talvez “insondáveis” seja a tradução mais simples, pois o que está certo sobre as riquezas que Cristo tem e dá é que nunca chegaremos ao fim delas. 

Terceiro, “manifestar qual seja a dispensação do mistério, desde os séculos oculto em Deus, que criou todas as coisas” (Ef 3.9). Agora a pregação do evangelho é definida, não como “boas novas”, mas, sim, como iluminar (manifestar). Quando Jesus apareceu para Paulo na entrada de Damasco lhe comissionou para pregar aos gentios: “para lhes abrir os olhos, convertê-los das trevas para a luz e da potestade de satanás para Deus a fim de que recebam o perdão dos pecados” (Atos 26.17-18).

Paulo nunca se esqueceu da experiencia na estrada de Damasco. Quando se convertera o brilho não fora apenas externo, mas também interno, de intensa luz do céu. Ele explica como acontece a iluminação: “Porque Deus que disse: de trevas resplandecerá luz -, ele mesmo resplandeceu em nossos corações” (2 Co 4.6). Portanto, devemos sempre nos lembrar na evangelização, que o príncipe das trevas mantém os homens na escuridão, e que somente pela iluminação divina é que os olhos serão abertos para ver. 

Quarto, “a intenção dessa graça era que agora, mediante a igreja, a multiforme sabedoria de Deus...” Primeiro, Deus através da revelação a Paulo, desvelou o “mistério” (judeus e gentios são membros do mesmo corpo). Segundo, Paulo, o menor de todos, é constituído ministro e anunciar o evangelho em todas partes do mundo. Terceiro a  mensagem é sobre as insondáveis riquezas de Cristo. E quarto levar os homens a serem iluminados pela palavra de Deus. E, por fim, manifestar a multiforme sabedoria de Deus. O que é a multiforme sabedoria de Deus?

“Multiforme” significa literalmente “multicolorida”, e era usada para descrever flores, coroas, tecidos bordados e tapetes trançados. Na septuaginta a tradução era “túnica adornada”, um tipo de manta ricamente ornamentada que Jacó deu para José (Gn 37.3). Assim é a igreja, uma comunidade multirracial e multicultural é como uma bela tapeçaria. Seus membros vêm de uma vasta gama de situações singulares. É a nova sociedade de Deus, é a igreja reunida. 

Conclusão

A multiforme sabedoria de Deus se tornasse conhecida dos poderes e autoridades nas regiões celestiais” (Ef 3.10). O que é a história? É o teatro; o mundo que vivemos é um grande palco e os membros da igreja em todos os países são os atores. O próprio Deus é o autor da peça e dirige-a ao mesmo tempo. Ato após ato, cena após cena, a historia continua a desdobrar-se. 

Mas quem está no auditório? Quem está assistindo à peça? Quem está olhando para a igreja? “...os poderes e autoridades nas regiões celestiais” (Ef 3.10). Os anjos de Deus. Qual é o nosso erro quantos aos anjos e os demônios? Podemos dar muita importância, ou podemos subestimar esses seres.

Quanto aos anjos de Deus, ao apostolo Pedro nos conta que não entendiam plenamente o ensino dos profetas do Antigo Testamento, nem dos profetas do Novo Testamento, no que diz respeito as boas novas da salvação em Cristo Jesus “coisas até que os anjos anseiam” (1 Pe 1.12). 

Os anjos vieram a conhecer o plano da salvação pela multiforme sabedoria de Deus, a igreja. A medida em que inicia em Atos 2, quando o Espirito Santo se derramou copiosamente sobre os discípulos e a medida que a igreja cresce e desenvolve.

Nós não vemos anjos, Paulo fala que estamos assentados “nos lugares celestiais em Cristo Jesus” (Ef 2.6). Mas somos vistos por eles, observados por eles, estão no culto, no meio da adoração, no momento da Palavra, das orações. Olham fascinados pessoas de todas as regiões do Brasil, pessoas que vem de culturas diferentes, pessoas com línguas diferentes, juntas, adorando e exaltando o nome de Jesus Cristo. Essa é a sociedade do Deus vivo. 


 

 

terça-feira, 5 de março de 2024

 Marcos, dando a volta por cima – Atos 15.36-39 

Introdução

João Marcos era primo de Barnabé (Cl 4.10) e filho de Maria. Era na casa de Maria “...mãe de João também chamado Marcos, onde muitas pessoas estavam reunidas em oração” (Atos 12.12). Talvez Maria fosse uma mulher relativamente rica, pois tinha pelos menos uma empregada, Rode (Atos 12.13). João (cheio da graça) era o seu nome em hebraico, como judeu e, Marcos (guerreiro) seu nome romano, mas com o tempo, predominou o nome romano.

Marcos tinha um apelido carinhoso "Colobodactylus", ou "dedo toco", é que Marcos era um homem grande com dedos desproporcionalmente pequenos - dedos curtos e grossos. Esse apelido surgiu em Roma, quando estava escrevendo o seu evangelho. 

1)     Um jovem com medo

O evangelho de Marcos fala que quando Jesus fora preso “...todos fugiram e o abandonaram. Certo jovem, vestido apenas um lençol de linho, estava seguindo Jesus, quando também tentaram prendê-lo. Mas ele, largando o lençol, fugiu desnudo”, ou “...ele fugiu nu, deixando o lençol para trás” (Mc 14.50-52). 

 
A maioria dos estudiosos do Novo Testamento acreditam que Marcos é esse jovem por dois motivos. Primeiro, somente no seu evangelho esse relato é narrado, um relato autobiográfico. Segundo, é possível que Marcos estivesse dormindo quando soube do que acontecia no jardim. Só teve tempo de se cobrir com a capa (lençol) e  partiu para o Getsêmani. Como todos os discípulos, também ficou com medo e fugiu.

Possivelmente, para Marcos, tudo o que estava acontecendo era novidade: um messias fazendo milagres por onde passava e, sua mãe, uma mulher piedosa começou a segui-lo. Portanto, de inicio, acompanhava sua mãe, ia com ela onde estava o Messias; a fé, era dela, não dele. Naquela noite, o alvoroço espalhou-se entre os seguidores de Jesus. E, Marcos, levantou-se correndo da cama e dirigiu-se ao Jardim, um local conhecido pelos discípulos. 

Quando chegou presenciou o alvoroço, Jesus estava sendo preso pelos soldados romanos e todos os discípulos fugiram, com medo da prisão. Marcos, vendo que os soldados iriam prendê-lo, correu, mas o seu lençol ficou na mão do soldado e fugiu desnudo, sem roupa, para casa, envergonhado.

2)     Uma mãe piedosa

Maria, mãe de Marcos, é mencionada uma única vez nas Escrituras. Ela se destacou por sua coragem em um tempo onde a perseguição de Herodes Agripa aos cristãos estava muito grande. Ele já tinha mandado matar o apostolo Tiago e o apostolo Pedro estava preso, pronto para ser morto também.  Não obstante, os riscos, essa mulher abriu as portas de sua casa para os cristãos.  

Aliás, sua casa, transformou-se no quartel general da igreja primitiva, um lugar de bálsamo espiritual, um local de comunhão entre os irmãos, o local de culto e, um local de oração, de intercessão. Portanto, ela era um exemplo de hospitalidade e coragem; um local também de pregação do evangelho para que se expandisse em Jerusalém.

Pregar no tempo da igreja primitiva, ser testemunha de Cristo, em Jerusalém, não era nada fácil. A igreja estava sendo perseguida de todos os lados, pelos religiosos e pelo estado romano (na figura de Herodes Antipas). Agora, pensa comigo, imagine ceder a sua casa como local de reunião de cristãos, de culto, de oração! Era muita coragem, você teria essa coragem, em ceder a sua casa?

3)     Fracasso

Era a primeira viagem missionaria da igreja e o Espirito disse “Separem-me Barnabé e Saulo para a obra que os tenho chamado” (Atos 13.2). Mas, também levaram consigo João Marcos. Talvez por ser primo de Barnabé e por mostrar-se um jovem crente promissor e ativo na obra do Senhor. “Chegando em Salamina, anunciavam a Palavra de Deus nas sinagogas judaicas. João Marcos os seguia para auxiliá-los” (Atos 13.5).

Mas quando chegaram para o espinhoso território da Panfília, uma cadeia de montanhas se alteava à sua frente; era uma região infestada de mosquito e febre. Devido as condições, as coisas ficaram tão duras e difíceis para João Marcos que ele perdeu o animo de continuar. E o texto diz: “...chegaram a Perge, da Panfília. Mas, João, apartando-se deles, voltou para Jerusalém” (Atos 13.13). 

O entusiasmo do rapaz se enfraqueceu. Seu sonho se transformou em pesadelo pessoal. Sem dúvida embaraçado, ele admitiu: “Não posso continuar, vou embora”. Um comentarista o chama de “desertor”; João Crisóstomo diz “o garoto queria a mãe”.  E mais: nessa viagem o apostolo Paulo ficou doente; talvez tenha sido a malária e o começo das dores de cabeça, atingindo seus olhos.

Esse foi um péssimo momento para João Marcos desertar. Nessa viagem também o apostolo Paulo foi apedrejado e o deixaram como morto. No final das contas, ele e Barnabé aguentaram os rigores da viagem, voltaram e retrataram os esplendidos resultados.

4)     Tensão

E alguns dias depois disse Paulo a Barnabé: tornemos a visitar nossos irmãos por todas as cidades em que já anunciamos a palavra do Senhor, para ver como estão. E Barnabé aconselhava que tomassem consigo a João, chamado Marcos” (Atos 15.36-37). De um lado temos Barnabé com uma disposição balsâmica, que acreditava em Marcos. Assim, como acreditou em Paulo, quando todo mundo suspeitava de sua conversão a Cristo. 

Do outro lado, temos Paulo. Um homem de grande convicção, colérico e forte compromisso com a verdade e a lealdade. Paulo examinou a questão do ponto de vista do bem geral do ministério. Enquanto que Barnabé olhou a questão do ponto de vista do bem geral de Marcos. Para Paulo: “...parecia razoável que não tomasse consigo aquele que desde Panfília se tinha apartado deles e não acompanhou naquela obra” (Atos 15.38).

O termo traduzido como “afastara” é aquele do qual obtivemos o nosso apostasia. Para Paulo, Marcos fizera mais do que recuar e ir embora... o jovem cometera apostasia. Paulo afiançava-se no livro de Proverbios: “Como dente quebrado e pé deslocado, é a confiança no desleal, no tempo de angustia”. Ou, “quem em tempos de necessidade, confia no homem desleal, é como aquele que procura morder com o dente quebrado e que se apoia num pé sem firmeza, tropeçando e caindo”.

Por causa desse desentendimento Barnabé e Paulo se separaram. Paulo estava convicto de sua decisão, enquanto que Barnabé pensava com o coração. O apostolo Paulo juntou-se a Silas e foram em direção à Siria, com o objetivo de visitar as igrejas fundadas. Enquanto que Barnabé e João Marcos foram em direção a ilha de Chipre.

Barnabé era um discipulador, um mestre na paciência, conhecia o potencial das pessoas, principalmente conhecia o ministério que Deus dera a Marcos. Coube a Barnabé a tarefa de treiná-lo, discipular e dar musculatura ao ministério a ele. Talvez, a grande dificuldade de Marcos, era sua volubilidade, ou, sempre começava e nunca terminava. Começou querendo ser discípulo de Jesus, mas correu do soldado no Getsêmani; começou sendo missionário, mas fraquejou em sua primeira experiência. 

Depois, como diz a tradição, ele foi com Pedro em Roma. Acompanhou Pedro em toda sua cruzada evangelística por Roma, anotando as histórias contadas por Pedro em seus sermões e nas conversas pessoais. O primeiro evangelho, a primeira narrativa da vida de Jesus e dos apostolos fora escrita por Marcos.  

Conclusão

Durante os últimos anos da vida de Paulo, Marcos, aquele que foi rejeitado pelo apostolo Paulo, lhe fez companhia, permanecendo ao seu lado nas horas mais difíceis. Na carta aos colossenses, Paulo escreveu que Marcos estava com ele em Roma (Cl 4.10).  Paulo também escreveu para Filemon, colocou Marcos na lista dos seus cooperados (Fm 24).

Paulo escrevendo para Timóteo, sua ultima carta antes de morrer, pediu que trouxesse Marcos “pois me é útil para o ministério” (2 Tm 4.11). Que mudança! Marcos passou a ser uma benção na obra do Senhor. O que dizer de tudo isso? O Senhor é cheio de misericórdia, cheia de graça, cheio de amor, cheio de verdade, cheio benignidade, cheio de longanimidade. E está aqui para te levantar, para te fortalecer, para te robustecer, para lhe conceder uma segunda chance. 



  

sábado, 2 de março de 2024

 “Enchei-vos do Espirito” Ef 5.18

Introdução

O apostolo Paulo exorta a igreja a não se embriagar com vinho, mas encher-se do Espirito Santo. Por quê?

O álcool não é estimulante, mas sim, depressivo. Pois deprime os centros mais altos de todo cérebro; essa parte do cérebro controla tudo o que dá ao homem autocontrole, sabedoria, discriminação, julgamento, poder para analisar tudo. O álcool tem o poder de desandar todos esses elementos...

A embriaguez esbanja! Esbanja o nosso tempo, esbanja nossa alegria, esbanja nossa energia, esbanja nossa pureza, esbanja nossa capacidade de raciocinar, nossa capacidade de calcular...

A embriaguez empobrece. O pobre bêbado vem sem nada. Olha o filho prodigo, voltando à casa do Pai: sem dinheiro, sem roupa, sem anel, sem sandálias, etc. Tentando comer bolotas dos porcos “e ninguém lhe dava nada”.

Já o Espirito Santo é o inverso, se o álcool é um depressivo, o Espirito é um estimulante. O Espirito Santo estimula o corpo (mesmo fraco), o Espirito Santo estimula a alma. O Espirito Santo estimula a mente, estimula o intelecto, estimula o coração e estimula a vontade. Tudo é estimulado pela presença do Espirito Santo, mesmo em momentos difíceis.

O álcool empobrece, tira tudo o que você tem. Já o Espirito tem enriquece, enriquece sua vida espiritual; enriquece de dons espirituais; enriquece de conhecimento de sua palavra; enriquece de poder, na oração.


1)     Como se enche do Espirito Santo?

Primeiro, quando nos reunimos, nos ajuntamos como igreja: “falando entre si com salmos, hinos e cânticos espirituais...” (Ef 5.19).  O salmista fala desse congregar: “Quanto aos fiéis que há na terra, eles são os notáveis em que está todo o meu prazer” (Sl 16.31). a igreja primitiva sempre “se dedicava ao ensino dos apóstolos e à comunhão, ao partir do pão e às orações” (Atos 2.42). O salmista exulta diante do átrio do Senhor: “Como é amável o lugar da tua morada, ó Senhor dos Exércitos” (Sl 84.1).

Segundo adoração. “Cantando e louvando de coração ao Senhor” (Ef 4.19). a essência de tudo que acontece tem que ser de coração, o louvor tem que ser de todo o coração, com toda sua intensidade. Profeta Isaias: “O povo me honra com os lábios, mas o coração está longe de mim” (Is 29.13). O profeta Joel exorta: “Voltem-se para mim de todo o coração, rasguem o coração e não as vestes” (Jl 2.12).

“De coração”, refere-se à sinceridade, ou a interioridade do louvor cristão autentico “fazendo música no coração, destinada aos ouvidos de Deus”. Quando você é cheio do Espirito Santo o teu cântico é cheio de alegria no coração, é uma celebração jubilosa, alegre dos atos poderosos de Deus.

Quando Deus abriu o mar vermelho para o seu povo passar, Moisés e todos entoaram um cântico: “Cantarei ao Senhor, pois triunfou gloriosamente...o Senhor é a minha força e o meu canto, a ele devo a minha salvação! Ele é o meu Deus e o louvarei, é o Deus de meu pai, e o exaltarei! (Ex 15.1-2).

Terceiro “Gratidão”. “Dando graças constantemente a Deus Pai por todas as coisas, em Nome do Nosso Senhor Jesus Cristo”. Infelizmente, muitos queixam, murmuram o tempo todo. Mas a exortação de Paulo é a gratidão. Gratidão a Deus pela vida, gratidão a Deus pela saúde, gratidão pela família, gratidão pela igreja, gratidão pela salvação, gratidão por estarmos no culto de santa ceia...

Quarto submissão. “Sujeitando-vos uns aos outros, por temor a Cristo”. Infelizmente tem gente que se diz cheio do Espirito Santo, fala em línguas, arrota santidade e até mesmo “profetiza”, no entanto, é uma pessoa agressiva, com palavras de baixo calão, pessoa amargurada e que não perdoa. Não submete à autoridade.


Conclusão: enchei-vos do Espirito

O Verbo “enchei-vos” está no modo imperativo. “Enchei-vos” não é uma proposta alternativa, condicional, somente para os obreiros da igreja, mas é um imperativo, é um mandamento, é uma obrigação.

O verbo “enchei-vos do Espirito” está no plural, ou seja, é para todos nós, para toda comunidade cristã, isto é, para crianças, adolescentes, adultos, anciãos, etc, todos. Em Atos, afirma: “Todos ficaram cheios do Espirito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espirito os capacitava” (Atos 2.4).

O verbo “enchei-vos do Espirito” está na voz passiva. Isto é, deixa o Espirito te encher; ele quer te encher da sua presença. Portanto, não entristeçais o Espirito Santo, mas dá vazão a Ele pela fé, ele pode te encher, te batizar, te renovar.

O verbo “enchei-vos do Espirito Santo” está no tempo presente. No grego há dois imperativos, um que descreve uma ação única, como acontece em Caná que transformou água em vinho; e outro descreve uma ação continua. Enchei-vos do Espirito é um ato continuo e acontece todas as vezes que buscamos sua face.

Portanto, “enchei-vos do Espirito Santo, enchei-vos da sua presença”. Hoje é dia de renovar, restaurar, de se fortalecer em sua presença. Aos abatidos, ele diz: “Levante-se e seja cheio do Espirito Santo”.  Aos que o diabo lançou uma seta de acusação: “Seja cheio do Espirito Santo, tome posse do perdão que há em Cristo Jesus”. Ainda não chegaste a ser cheio totalmente, ainda tem mais, mais graça, mais poder, mais unção...

 

 

 

terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

 A igreja e seus dons Ef 4. 1-16 

Introdução

“Rogo-vos, pois, eu, o prisioneiro do Senhor...”. Paulo é um prisioneiro por causa do evangelho “...prisioneiro de Cristo por amor de vós, gentios...” (Ef 3.1). Ele não somente não somente pelo por causa do amor, também detido por causa da sua lealdade ao evangelho.

“Andeis de modo digno da vocação a que fostes chamados” (Ef 4.2). A igreja que Deus está chamando à existência tem duas qualidades: primeira é um só povo, composto igualmente de judeus e gentios, a única família de Deus. Segunda, é um povo santo, distinto do mundo secular, separado para pertencer a Deus. Em resumo, a união e a pureza são dois aspectos fundamentais de uma vida digna do chamamento divino da igreja.

 1)     Pedras fundamentais da unidade da igreja. 

“Com toda humildade...” A humildade é essencial à unidade. O orgulho fica espreitando por detrás de toda discórdia, ao passo que o maior segredo da unidade é a humildade. As pessoas de quem gostamos imediata e instintivamente, são aquelas que nos tratam com respeito que julgamos merecer, ao passo que as pessoas com as quais antipatizamos são as que nos tratam com indiferença.

“...e mansidão...”. Mansidão não é sinônimo de fraqueza, mas, é a suavidade dos fortes, cuja força está sob controle. É a qualidade de uma pessoa forte que é, mesmo assim, a senhora de si mesmo e serva de outras pessoas.

“...com longanimidade...”. É aguentar com paciência pessoas provocantes, ou desafiadoras. É um animo estendido ao máximo, como um elástico. É o espirito que tem o poder de vingar-se, mas nunca o faz; é a pessoa que aceita o insulto sem amargura nem lamento.

“...suportando-vos uns aos outros em amor”. Suportar com amor significa ser clemente com as fraquezas, não deixando de amar o próximo ou os amigos, por causa das falhas, que nos ofendem. “...dedicando-se uns aos outros com amor, considerando as diferenças entre vocês, sempre resolvendo logo tudo e qualquer desentendimento” (A mensagem).

2)     O fundamento da unidade (Ef 4.4-6). 

Nestes versículos impressiona-se com o numero de vezes que Paulo usa a palavra “um”; ela ocorre sete vezes. Primeiros, três destas sete unidades fazem alusão à trindade: “um Espirito...um só Senhor...um só Deus e Pai de todos”. Ao passo que as outras dizem respeito à nossa experiencia cristã: “um corpo...uma esperança...uma só fé...um só batismo”. O numero sete simboliza perfeição, combina com o 3 da trindade e com o 4, numero que simboliza toda terra.

“Há um somente um corpo e um Espirito”. Este único corpo é a igreja porque há somente um Espirito. Este corpo é composto por crentes judeus e gentios, e sua coesão, unidade é devida ao único Espirito que habita nele. A criação do corpo de Cristo só depende do Espirito Santo. 

“Fostes chamados numa só esperança da vossa vocação; há um só Senhor, uma só fé, e um só batismo”. Temos esperança de salvação, esperança da ressurreição e esperança da vida eterna. Jesus é o objeto da nossa fé “olhando para Jesus autor e consumador da nossa fé” (Hb 12.2). Em Jesus Cristo fomos batizados, imergidos, morremos para o mundo e vivemos para Deus. Como disse Paulo: “Estou crucificado com Cristo. Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. A vida que agora vivo no corpo, vivo-a pela fé no filho de Deus, que me amou e se entregou por mim” (Gl 2.20).

“Um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em todos” (Ef 4.6). Primeiro, o único Pai cria a família “de quem toma o nome toda família, tanto no céu como sobre a terra” (Ef 3.14).  Segundo o único Senhor cria a esperança, a fé e o único batismo. Em terceiro, o único Espirito cria o único corpo, constituído de judeus, gentios, todos, somos todos nós participantes do corpo de Cristo. 

3)     Os dons do Espirito

A primeira coisa que Paulo aborda é a variedade da unidade. “E a graça foi concedida a cada um de nós segundo a proporção do dom de Cristo” (Ef 4.7). Portanto, os dons são dados para unir e edificar a igreja. O que é importante ressaltar: Primeiro, todo cristão possui algum dom. Paulo exorta o jovem Timóteo “...te admoesto que reavives o dom de Deus que há em ti..” (2 Tm 1.7).  

Segundo existe grande variedade de dons; dons ministeriais (Ef 4.11), dons para o corpo de Cristo, como: Palavra da sabedoria, do conhecimento, dom da fé, dons de curar, operação de milagres, dom de profecia, discernimento de espíritos, variedade de línguas, interpretação de línguas” (1 Co 12.8-10). Terceiro, o Senhor glorificado é soberano na distribuição dos dons. Quarto, os dons são ferramentas com as quais devemos trabalhar em prol dos outros, em favor do corpo de Cristo. 


“Quando ele subiu às alturas, levou cativo o cativeiro e concedeu dos anos homens” (Ef 4.7). Ou seja, Cristo por meio de sua morte, ressurreição e glorificação tirou as correntes do cativeiro satânico “...despojando os principados e potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz” (Cl 2.15). Cristo venceu Satanás na cruz e concedeu dons aos homens.

“Ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres” (Ef 4.11). A expressão “ele mesmo concedeu...” significa que Cristo concedeu que uns fossem pastores e outros mestres, evangelistas de modo que eu e você somos presentes ou dons, para a igreja! 

“Para apóstolos...” O verbo apostello significa enviar. Para ser apostolo, havia algumas exigências: 1) ver pessoalmente Cristo “Não vi Jesus, nosso Senhor?” (1 Co 9.1-2). 2)  Ser testemunha ocular da sua ressurreição “é necessário que escolhamos um dos homens que estiveram conosco durante todo o tempo em que o Senhor Jesus viveu entre nós” (Atos 1.21-23). 3) ter um ministério autentico com milagres especiais “...sinais, maravilhas e milagres...” (2 Co 12.12).

“outros para profetas...” No Novo Testamento o ministério profético tema função de trazer os descrentes uma convicção dos seus pecados, e aos crentes, edificação, exortação e consolação. Utiliza-se as Escrituras e um olhar aguçado sobre o momento atual.

“outros para evangelistas”. É o dom da pregação evangelística. Temos o diácono Felipe pregando em Samaria e muitas pessoas se rendendo aos pés do Senhor. Tivemos o pastor Billy Graham, pregando em muitos países. Tivemos o evangelista Bernardo Johnson, anunciando o evangelho em muitas cidades do Brasil.

“outros para pastores e mestres” os pastores são chamados para cuidar do rebanho de Deus, o fazem especialmente por meio de alimentá-los, isto é, o ensino da Palavra de Deus. Embora todo o pastor deva ser um mestre, nem todo mestre é pastor.

Conclusão

“com vista ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo, até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Flho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo, para que não sejamos como meninos, agitados de um lado para outro e levados ao redor por todo o vento de doutrina...”.

Paulo fala de “aperfeiçoamento dos santos”, é tornar aptos para o desempenho da sua função no corpo de Cristo. “desempenho do seu serviço”, é treinamento de pessoas para fazer a obra de Deus. “Edificação do corpo de Cristo”, edificar é levantar, colocar para cima, aumentar a casa, esticar. “Para que não sejamos como meninos...”. meninos agitados, em busca de doutrina diferente, etc. 


  

 

domingo, 25 de fevereiro de 2024

 Buscai o Senhor enquanto se pode achar _ Is 55.6 

Introdução

Que tempo é esse que vivemos? Tempo de polaridade, tempos de gêneros variados. Antes, somente havia o sexo masculino e feminino. A sociedade está dividida e sendo induzida pela televisão, pelas séries, pelos aplicativos, etc. Existe falta de convicção no coração das pessoas, falta de certeza, até mesmo os membros da igreja têm se comportado covardemente quando são confrontados no local de trabalho, ou na escola. Por isso, a exortação do profeta Isaias para nós: “Buscai ao Senhor enquanto se pode acha-lo; invocai-o enquanto está perto” (Is 55.6).

1)     Buscai ao Senhor

O Capitulo seis de Isaias narra a história do profeta Isaias, como Deus o chamou. Isso aconteceu no ano em que morreu o rei Uzias. O profeta foi ao templo, à casa de Deus e teve uma visão: “Eu vi o Senhor assentado num trono alto e exaltado, e a aba de sua veste enchia o templo. Acima deles estava serafins; cada um deles tinha seis asas ... e proclamavam uns aos outros: “Santo, santo, santo é o Senhor dos Exercitos, a terra inteira está cheia da sua gloria” (Is 6.1-3).

Diante dessa visão o profeta se desesperou, pois sabia que não andava correto diante de Deus: “Então gritei: Ai de mim! Estou perdido! Pois sou um homem de lábios impuros e vivo no meio de um povo de lábios impuros; e os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos” (Is 6.5).

Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto. O profeta Elias, na época de Acabe e de Jezabel, governantes ímpios; Jezabel era missionária do deus baal. E o povo está adorando, se encurvando diante de imagem de escultura. Elias diz: “Até quando coxeareis entre dois pensamentos? Se o Senhor é Deus, segui-o. Porém, o povo nada respondeu” (1 Rs 18.21). Coxer entre dois caminhos, é não ter certeza qual é o caminho, ora quer ficar do lado de Deus, ora quer ficar do lado do mundo. Está coxeando sem convicção, sem certeza.

Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto. O que falar do apostolo Pedro, andando com Jesus, vendo Jesus realizar milagres, fazia parte da intimidade de Jesus. Mas, quando chegou o momento de Cristo ser morto na cruz, ele o negou por três vezes. Uma criada lhe perguntou: “Voce é discipulo de Jesus, o nazareno”, ele respondeu: “Não o conheço, nem sei de quem você está falando” (Mc 14.68). Por mais duas vezes, ele nega seu Senhor.

2)    Honra com os lábios, mas o coração está longe...

O profeta Isaias consegue discernir a dureza do coração do povo. Ele diz: “esse povo se aproxima de mim com a boca e me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim”. (Is 29.13). Como que é? Me honra com os lábios mas o coração está distante de mim. De Deus, não tem como esconder, ele vê tudo e sabe tudo. Aqui, Deus é como um médico que examina o paciente, ele avalia os sintomas antes de apresentar o diagnóstico.

O primeiro sintoma é: “honra-me com os lábios, mas o coração está longe de mim”. Uma outra versão diz: “Este povo faz um grande show, dizendo as coisas certas, mas o coração deles não está nem ai para o que dizem. Fazem conta que me adoram, mas é tudo encenação” ( a mensagem). Existe duplicidade de comportamento, do lado de fora é uma coisa; mas do lado de dentro é totalmente diferente.

O segundo sintoma é: “eles procuram esconder seus planos do Senhor” (Is 29.15). Agem nas trevas, na escuridão, como se Deus não tivesse vendo. Dizem: “O Senhor não nos vê, não sabe o que passa. Como são tolos! Ele vê todas as coisas, tudo está patente aos olhos do Senhor; seus olhos são como chama de fogo, nada passa despercebido do seu olhar.

Ele é o oleiro e certamente é maior que vocês, o barro. Poder o vaso dizer: “o oleiro não sabe o que faz”. Voce pensa que Deus não vê os caminhos enganosos e escorregadios que estás andando? O Salmo 139 diz: “tu me sondas e me conheces. Sabes quando me sento e me levanto, de longes percebes o meu pensamento...Para onde poderia escapar do teu Espirito? Para onde poderia fugir da sua presença? Seu eu subir aos céus, lá estás; se eu fizer minha cama na sepultura, também lá estás. Se eu subir com as asas da alvorada e morar na extremidade do mar, mesmo ali a tua mão direita me guiará e me sustentará” (Sl 139).

O terceiro sintoma é: hipocrisia. “O Senhor não nos vê, não sabe o que se passa”. Sabe o que é hipocrisia? Ato ou efeito de fingir, de dissimular os verdadeiros sentimentos, fingimento, falsidade. O hipócrita usa máscara. Você pode estar na igreja desde a época em que gatinhava, conhecer um monte de hinos e louvores, mas se o exterior não combina com o interior, você não não está bem. Está na hora de ter um encontro verdadeiro com Jesus Cristo, ele quer ser real em sua vida....

Conclusão: autoexame

Lhe pergunto nessa noite: “Como está a sua adoração?” é meramente formal, sem vida, sem a presença copiosa do Senhor?

Ou, você tem adorado como Davi, alegre, saltitando de alegria, diante da arca do Senhor.

“Como está a sua vida de oração?” tens orado, ou sua oração é um simples mover de lábios, sem dialogo com Deus? Você sente Deus presente ou distante de você, quando você ora?

Ou você tem orado como o salmista Davi: “Assim como a corça suspira pelas correntes das águas, assim a minha alma anseia por ti” (Sl 42).

Voce tem consciência de que Deus está te olhando, te vendo, te enxergando, te visualizando, em todas as nuances e fases da sua vida? Ou, você acha que pode se esconder da presença do Eterno?

Existem coisas pecaminosas sendo toleradas, ou mesmo cultivadas, nos recessos mais fundos do meu ser?

Então, hoje é noite de “Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto”.

 

sábado, 24 de fevereiro de 2024

 

És o selo do meu coração - CT 8.6-7 


Introdução

O escritor gaúcho Luis Fernando Verissimo, em seu livro “Comédias da Vida privada”, conta a história do relacionamento entre Maria Tereza e Noberto. Durante o namoro e os primeiros anos de casamento, Noberto, gostava de pegar na mão de sua companheira e chama-la carinhosamente de “Quequinha”. Mas, com o passar do tempo passou a chama-la de “a mulher aqui” e às vezes, de “esta mulherzinha”. A medida que conta a história da degradação desta relação, ele poetisa:

“O tempo, o tempo

O amor tem mil inimigos,

Mas o pior deles é o tempo.

O tempo ataca em silencio.

O tempo usa armas químicas...

O tempo captura o amor e não mata na hora.

Vai tirando sua asa, depois a outra”.

1)     O cântico dos cânticos

O livro “Cânticos dos Cânticos” foi escrito pelo rei Salomão. Dizem que Salomão escreveu o “cântico os cânticos” em sua juventude, o livro de provérbios na meia idade e o livro de Eclesiastes em sua velhice. O escritor bíblico afirma: “Salomão criou três mil provérbios e compôs mil e cinco cânticos”(1 Rs 4.32).

O livro do “Cântico dos Cânticos” é um livro poético e contem 8 textos em forma de poesia. Os textos falam do relacionamento entre o Rei Salomão e a jovem Sulamita, sua noiva e esposa. O livro exalta o amor em todas facetas: os altos e baixos, a intensidade da paixão, as caricias do amor, os conflitos relacionais, etc.  O pastor Eugene Peterson afirma que o “Cântico dos Cânticos” é o “Santo dos santos” do relacionamento humano.

E inicia assim o texto 1: “Cântico dos Cânticos de Salomão. Beije-me com os beijos da sua boca! Porque o seu amor é melhor do que o vinho” (Ct 1.1-2).  Todo relacionamento inicia com o beijo, é a porta de entrada de qualquer relacionamento humano, pelo menos na cultura ocidental. E outra versão diz: “Beija-me o meu amado com os beijos da tua boca, pois os seus afagos são melhores do que o vinho mais nobre”. Na versão da Mensagem: “Beija-me na boca! Sim! Pois o seu amor é melhor do que o vinho”.

Então, a pergunta: o que é melhor, o beijo ou o vinho? O beijo falta de intimidade, relacionamento entre homem e mulher, cumplicidade, de casamento papel passado, de direitos e deveres, de compromisso, estar juntos, vivendo algo concreto, verdadeiro.

O que é melhor: o beijo ou o vinho? O vinho é um antidepressivo. O vinho libera as inibições e estimula diálogo, até com desconhecido. O vinho te deixa mais solto, mais desinibido, te dá uma alegria momentânea. No entanto, é uma alegria passageira. A maioria já provou o “vinho” e não se satisfez, não preencheu, não aquietou os anseios da alma, e, deve recorrer novamente ao vinho, para tentar satisfazer a insatisfação.

Portanto, diz Salomão, o beijo é melhor, o beijo é o amor, é o compromisso, é a verdade, é a lucidez, é a sinceridade, é o companheirismo. Enquanto que o vinho, é simplesmente o encontro sem compromisso, é a paixão, é o desejo, depois cada um vai para sua casa.

2)     Vai e vem no relacionamento

Salomão diz que o casamento não é somente beijos, afagos, lua de mel, etc. Mas tem encontros e desencontros. Um dia Sulamita estava deitada esperando ansiosamente a volta do seu marido para casa. No entanto, ele Chegou um pouco tarde, ela ficou aborrecida. Ele do lado de fora dizia: “Deixe-me entrar, minha querida, meu amor, minha pombinha sem defeito...” (Ct 3 ). Enquanto ela hesitava: “O meu amado passou a mão pela abertura da porta, e o meu coração estremeceu” (v.4).

Salomão percebeu que estava sendo rejeitado e resolveu ir embora. Quando Sulamita quis abrir a porta, não adiantava mais. Ele havia partido, ela diz: “Então abri a porta para o meu amor, mas ele havia ido embora. Como eu queria ouvir a sua voz! Procurei-o, porém não o pude achar; chamei-o, mas ele não respondeu” (v.6).

O que isso evidencia? Primeiro, que a intimidade não é algo que alcançamos da noite para o dia, a intimidade carece de tempo e das variadas experiencias.  Segundo, a intimidade implica em encontros e desencontros. Terceiro, a intimidade só é alcançada pro aqueles que perseveram.

Conclusão: uma aliança

No texto 8 lemos: “Põe-me como selo sobre o teu coração, como selo sobre o teu braço, porque o amor é mais forte do que a morte” (v.6).

O selo na antiguidade era o símbolo maior de um acordo estabelecido, um compromisso assumido ou uma aliança. O selo no coração aponta para uma decisão intima, um compromisso assumido. O selo no braço fala de uma decisão publica.

E qual é a decisão? Um homem e uma mulher não mais pertencerem a si mesmos, mas um ao outro. Se torna uma só carne. Somente quando haver uma aliança, um selo no coração e um selo no braço que podemos experimentar o vem no v.7.

As muitas águas não podem apagar este amor, nem os rios afoga-lo; ainda que alguém desse todos os bens de sua casa pelo amor, certamente o desprezariam”.  “As muitas aguas” são sinônimos das adversidades, lutas, doenças, dificuldades financeiras, familiar, enfrentadas que sobrevém ao amor.

“ainda que alguém desse todos os bens”. Representam propostas sedutoras que tenta sabotar o amor. O amor tem que prioridade na vida de um casal.