A multiforme sabedoria de Deus Ef 3.1-10
Introdução
“...Paulo, prisioneiro de Cristo Jesus” (Ef 3.11). Paulo estava preso, não era prisioneiro de Cristo, mas de Nero. Estava aguardando o julgamento. Quando ele fala “prisioneiro de Cristo”, era a convicção de que sua vida inteira, estava sob o senhorio de Cristo. E o que mais enternece é que a causa de sua prisão é a pregação do evangelho aos gentios, ele diz: “por amor de vós, gentios”.
1) O mistério revelado
“...o mistério que me foi dado a conhecer pela revelação” (Ef 3.3). A palavra “mistério” aparece três vezes (v.3, v.4 e v.9). Devemos reconhecer que as palavras em português e em grego não significam a mesma coisa. Em português um “mistério” é algo obscuro, secreto, enigmático; o que é misterioso é inexplicável.
Já no grego, se referia uma verdade em que alguém tenha
iniciado. Portanto, os “mistérios” cristãos são verdades que, embora estejam além
da compreensão humana, foram revelados por Deus e, portanto, agora pertencem
abertamente a toda igreja. Qual é o segredo aberto ou verdade revelada? Paulo diz:
“Esse mistério não foi dado a conhecer
aos homens doutras gerações, mas agora foi revelado pelo Espirito aos santos apóstolos
e profetas de Deus” (Ef 3.5).
O que é esse “mistério” que esteve oculto, não revelado em todo o Antigo Testamento? “...mediante o evangelho, os gentios são coerdeiros com Israel, membros do mesmo corpo, e coparticipantes da promessa em Cristo” (Ef 3.6). A fim de defini-lo com mais exatidão, Paulo reúne três expressões compostas e paralelas. Que expressões são estas? Os gentios são “coerdeiros”, “membros do mesmo corpo” e copartipantes da promessa.
O que Paulo está declarando, afirmando é que os cristãos,
tanto gentios como judeus, são agora herdeiros juntos da mesma benção, membros
comuns do mesmo corpo, e participantes da mesma promessa. No capitulo 2, a
situação dos gentios era: “...estavam
sem Cristo, separados da comunidade de Israel, sendo estrangeiros, quanto às
alianças das promessas, sem esperança e sem Deus no mundo”, mas, continua o
apostolo “agora, em Cristo Jesus, vocês,
que antes estavam longe, foram aproximados mediante o sangue de Cristo...”
(Ef 2.12-16).
2) O chamado
Primeiro, O apostolo afirma: “Deste evangelho fui constituído ministro conforme o dom da graça de Deus, a mim concedida” (Ef 3.7). Desta maneira, se o primeiro dom da graça de Deus a ele foi o próprio mistério que lhe fora revelado (Ef 3.2,3), o segundo era o ministério que lhe fora confiado (“ministro”). Tudo, para o apostolo Paulo, era pela graça de Deus e o exerceria segundo a força operante do seu poder.
Paulo considera que esta comissão ou ministério é um
privilégio enorme. Ele diz: Embora eu seja o menor dos menores de todos os
santos...”, ou “o membro mais vil do povo santo”. Ele diz “Eu sou o menor”, ou “o
mais vil”, talvez estivesse deliberadamente jogando com o significado do seu
nome. Seu sobrenome “Paulus” significa “pequeno” e a tradição diz que era um
homem pequeno, pernas tortas e com sobrancelhas interligadas.
“Eu sou pequeno”, talvez esteja dizendo “pequeno pelo nome, pequeno na estatura, e moral e espiritualmente menor do que o mínimo de todos os cristãos”. Ele está sendo sincero. Está profundamente consciente tanto da sua própria indignidade, pois “noutro tempo fora blasfemo, perseguidor e insolente” contra Jesus Cristo (1 Tm 1.13).
A segunda
responsabilidade é “Pregar aos gentios o evangelho das insondáveis riquezas de
Cristo” (Ef 3.8).
Pregar aqui é “anunciar as boas novas”, porque estava consciente de que o seu
evangelho era uma mensagem de boas novas grandiosas, ou boas notícias para os
gentios. “Insondáveis riquezas de Cristo”.
A palavra no grego é “anexniastos” que significa, literalmente “cuja pista
não pode ser achada”.
Na versão grega de Jó: “Ele
realiza maravilhas insondáveis...” (Jó 5.9), era aplicada às maravilhas da
criação, que estão além do nosso entendimento, e o próprio Paulo já a usara em
Romanos 11 “...quão insondáveis são os
teus juízos...” (v.33) para os mistérios profundos do plano divino da salvação
eterna.
Os tradutores e comentaristas esforçam-se para achar um equivalente dinâmico. As riquezas de Cristo, dizem eles, são “inescrutáveis”, são “inexploráveis”, são incompreensíveis, são “inexauríveis”, e são “incalculáveis”. Talvez “insondáveis” seja a tradução mais simples, pois o que está certo sobre as riquezas que Cristo tem e dá é que nunca chegaremos ao fim delas.
Terceiro, “manifestar
qual seja a dispensação do mistério, desde os séculos oculto em Deus, que criou
todas as coisas” (Ef 3.9). Agora a pregação do evangelho é definida, não
como “boas novas”, mas, sim, como iluminar (manifestar). Quando Jesus apareceu
para Paulo na entrada de Damasco lhe comissionou para pregar aos gentios: “para lhes abrir os olhos, convertê-los das
trevas para a luz e da potestade de satanás para Deus a fim de que recebam o
perdão dos pecados” (Atos 26.17-18).
Paulo nunca se esqueceu da experiencia na estrada de Damasco. Quando se convertera o brilho não fora apenas externo, mas também interno, de intensa luz do céu. Ele explica como acontece a iluminação: “Porque Deus que disse: de trevas resplandecerá luz -, ele mesmo resplandeceu em nossos corações” (2 Co 4.6). Portanto, devemos sempre nos lembrar na evangelização, que o príncipe das trevas mantém os homens na escuridão, e que somente pela iluminação divina é que os olhos serão abertos para ver.
Quarto, “a intenção
dessa graça era que agora, mediante a igreja, a multiforme sabedoria de Deus...”
Primeiro, Deus através da revelação a Paulo, desvelou o “mistério” (judeus e
gentios são membros do mesmo corpo). Segundo, Paulo, o menor de todos, é constituído
ministro e anunciar o evangelho em todas partes do mundo. Terceiro a mensagem é sobre as insondáveis riquezas de
Cristo. E quarto levar os homens a serem iluminados pela palavra de Deus. E, por
fim, manifestar a multiforme sabedoria de Deus. O que é a multiforme sabedoria
de Deus?
“Multiforme” significa literalmente “multicolorida”, e era usada para descrever flores, coroas, tecidos bordados e tapetes trançados. Na septuaginta a tradução era “túnica adornada”, um tipo de manta ricamente ornamentada que Jacó deu para José (Gn 37.3). Assim é a igreja, uma comunidade multirracial e multicultural é como uma bela tapeçaria. Seus membros vêm de uma vasta gama de situações singulares. É a nova sociedade de Deus, é a igreja reunida.
Conclusão
“A multiforme sabedoria de Deus se tornasse conhecida dos poderes e autoridades nas regiões celestiais” (Ef 3.10). O que é a história? É o teatro; o mundo que vivemos é um grande palco e os membros da igreja em todos os países são os atores. O próprio Deus é o autor da peça e dirige-a ao mesmo tempo. Ato após ato, cena após cena, a historia continua a desdobrar-se.
Mas quem está no auditório? Quem está assistindo à peça? Quem
está olhando para a igreja? “...os poderes e autoridades nas regiões celestiais”
(Ef 3.10). Os anjos de Deus. Qual é o nosso erro quantos aos anjos e os demônios?
Podemos dar muita importância, ou podemos subestimar esses seres.
Quanto aos anjos de Deus, ao apostolo Pedro nos conta que não entendiam plenamente o ensino dos profetas do Antigo Testamento, nem dos profetas do Novo Testamento, no que diz respeito as boas novas da salvação em Cristo Jesus “coisas até que os anjos anseiam” (1 Pe 1.12).
Os anjos vieram a conhecer o plano da salvação pela multiforme
sabedoria de Deus, a igreja. A medida em que inicia em Atos 2, quando o
Espirito Santo se derramou copiosamente sobre os discípulos e a medida que a igreja
cresce e desenvolve.
Nós não vemos anjos, Paulo fala que estamos assentados “nos lugares celestiais em Cristo Jesus” (Ef 2.6). Mas somos vistos por eles, observados por eles, estão no culto, no meio da adoração, no momento da Palavra, das orações. Olham fascinados pessoas de todas as regiões do Brasil, pessoas que vem de culturas diferentes, pessoas com línguas diferentes, juntas, adorando e exaltando o nome de Jesus Cristo. Essa é a sociedade do Deus vivo.