domingo, 26 de abril de 2015

O vendedor de amendoins



Era uma vez um vendedor de amendoins que vivia no sul da Índia. Todos os dias ele caminhava ao longo da praia, para cima e para baixo, gritando: “Olha o amendoim! Amendoim fresquinho! Olha aí!”

O homem era miseravelmente pobre. O que ele ganhava quase não dava para alimentar a família. À noite, porém, ele se gabava diante da esposa e dos filhos: “Eu sou o presidente e o vice-presidente, o secretário e o tesoureiro de minha própria empresa!”

A pobreza imensa estava acabando com seus nervos. Um dia, ele estourou. Vendeu todos os seus amendoins, vendeu quase tudo os seus pobres pertences e resolveu atirar-se a uma aventura das grandes.

“Por um dia viverei como um ricaço!” jurou ele.

Então, foi ao barbeiro, fez a barba e cortou o cabelo segundo a última moda. Entrou numa elegante loja de roupas masculinas e comprou um terno muito caro, com camisa branca e gravata, com todos os acessórios para parecer um homem rico. Depois, hospedou-se num hotel de luxo para passar a noite. Agora só lhe restava dinheiro para pagar o maravilhoso café da manhã que serviam no hotel.

Desfrutou das acomodações noturnas em sua luxuosa suíte. Quando amanheceu, foi até o terraço panorâmico com vista para o mar, para tomar o desjejum. Embora o local estivesse repleto de turistas, ele encontrou uma mesa à parte. Tinha acabado de servir-se quando foi entrando um homem elegantemente trajado. A essa altura, não havia mais mesas disponíveis, e o recém-chegado perguntou se podia sentar-se com ele. O vendedor de amendoins, replicou: “_Claro! Por favor, sente-se!

E consigo mesmo ele estava dizendo: “Este é o meu dia de sorte! Além de viver como um homem rico, vou comer na companhia de um homem rico!”

Quando os dois começaram a conversar, o estranho perguntou: “O que você faz?” _Sou o presidente, o vice-presidente, o secretário e o tesoureiro de minha própria empresa, replicou o vendedor de amendoins. E você, o que faz?

O homem ricamente vestido parecia um tanto sonolento.

_Desculpe-me. Deveria ter-me apresentado. Pensei que, com a cobertura da imprensa, você me reconheceria. Meu nome é John D. Rockefeller. 



Embora não tivesse reconhecido a fisionomia, o vendedor de amendoins reconheceu o nome. Ele pensou: “Isto é maravilhoso! Estou comendo com o homem mais rico do mundo!”.

Depois de falar por alguns instantes, o Sr. Rockefeller disse: _ Gostei do seu estilo. Estamos abrindo uma nova companhia aqui no sul da Índia. Por que não vem trabalhar comigo? Voce será o vice-presidente de vendas da minha nova firma.

O vendedor de amendoins retrucou: _ Ora, muito obrigado. Que oferta generosa! Eu gostaria de alguns minutos para pensar a respeito. 

_ Naturalmente, respondeu o Sr. Rockefeller. Mas gostaria de receber alguma indicação de seu interesse antes de nos separarmos.

Os dois acabaram a refeição bem devargar. Quando terminaram, o vendedor de amendoins se levantou. Ele queria anunciar sua decisão com estilo. Deu um passo para trás, diante da mesa, e falou em voz alta para que muita gente o ouvisse.

_ Muito agradecido, Sr. Rockefeller, por oferecer-me a posição de vice-presidente de sua nova companhia. Devo, porém, declinar. Prefiro ser o presidente, vice-presidente, o secretário e o tesoureiro da minha própria empresa.

Deu meia-volta sobre os calcanhares e saiu.

Anos mais tarde, um idoso vendedor de amendoins percorria as mesmas praias repletas de turistas, para cima e para baixo, coaxando em uma voz entrecortada: “Amendoim! Olha o amendoim fresquinho! Olha aí!”

À noite, porém, ele se gabava diante de seus netinhos de que, havia muito tempo, um dos homens mais ricos do mundo lhe oferecera a posição de vice-presidente de uma firma gigantesca.

“REJEITEI A OFERTA”, dizia ele com orgulho, “para poder continuar a ser o presidente e o vice-presidente, o secretário e o tesoureiro da minha própria empresa”



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