O vendedor de
amendoins
Era
uma vez um vendedor de amendoins que vivia no sul da Índia. Todos os dias ele
caminhava ao longo da praia, para cima e para baixo, gritando: “Olha o
amendoim! Amendoim fresquinho! Olha aí!”
O
homem era miseravelmente pobre. O que ele ganhava quase não dava para alimentar
a família. À noite, porém, ele se gabava diante da esposa e dos filhos: “Eu sou
o presidente e o vice-presidente, o secretário e o tesoureiro de minha própria
empresa!”
A
pobreza imensa estava acabando com seus nervos. Um dia, ele estourou. Vendeu
todos os seus amendoins, vendeu quase tudo os seus pobres pertences e resolveu
atirar-se a uma aventura das grandes.
“Por
um dia viverei como um ricaço!” jurou ele.
Então,
foi ao barbeiro, fez a barba e cortou o cabelo segundo a última moda. Entrou
numa elegante loja de roupas masculinas e comprou um terno muito caro, com
camisa branca e gravata, com todos os acessórios para parecer um homem rico.
Depois, hospedou-se num hotel de luxo para passar a noite. Agora só lhe restava
dinheiro para pagar o maravilhoso café da manhã que serviam no hotel.
Desfrutou
das acomodações noturnas em sua luxuosa suíte. Quando amanheceu, foi até o
terraço panorâmico com vista para o mar, para tomar o desjejum. Embora o local
estivesse repleto de turistas, ele encontrou uma mesa à parte. Tinha acabado de
servir-se quando foi entrando um homem elegantemente trajado. A essa altura,
não havia mais mesas disponíveis, e o recém-chegado perguntou se podia
sentar-se com ele. O
vendedor de amendoins, replicou: “_Claro! Por favor, sente-se!
E
consigo mesmo ele estava dizendo: “Este é o meu dia de sorte! Além de viver
como um homem rico, vou comer na companhia de um homem rico!”
Quando
os dois começaram a conversar, o estranho perguntou: “O que você faz?” _Sou
o presidente, o vice-presidente, o secretário e o tesoureiro de minha própria
empresa, replicou o vendedor de amendoins. E você, o que faz?
O
homem ricamente vestido parecia um tanto sonolento.
_Desculpe-me.
Deveria ter-me apresentado. Pensei que, com a cobertura da imprensa, você me
reconheceria. Meu nome é John D. Rockefeller.
Embora
não tivesse reconhecido a fisionomia, o vendedor de amendoins reconheceu o
nome. Ele pensou: “Isto é maravilhoso! Estou comendo com o homem mais rico do
mundo!”.
Depois
de falar por alguns instantes, o Sr. Rockefeller disse: _ Gostei do seu estilo.
Estamos abrindo uma nova companhia aqui no sul da Índia. Por que não vem trabalhar
comigo? Voce será o vice-presidente de vendas da minha nova firma.
O
vendedor de amendoins retrucou: _ Ora, muito obrigado. Que oferta generosa! Eu
gostaria de alguns minutos para pensar a respeito.
_
Naturalmente, respondeu o Sr. Rockefeller. Mas gostaria de receber alguma
indicação de seu interesse antes de nos separarmos.
Os
dois acabaram a refeição bem devargar. Quando terminaram, o vendedor de
amendoins se levantou. Ele queria anunciar sua decisão com estilo. Deu um passo
para trás, diante da mesa, e falou em voz alta para que muita gente o ouvisse.
_
Muito agradecido, Sr. Rockefeller, por oferecer-me a posição de vice-presidente
de sua nova companhia. Devo, porém, declinar. Prefiro ser o presidente,
vice-presidente, o secretário e o tesoureiro da minha própria empresa.
Deu
meia-volta sobre os calcanhares e saiu.
Anos
mais tarde, um idoso vendedor de amendoins percorria as mesmas praias repletas
de turistas, para cima e para baixo, coaxando em uma voz entrecortada: “Amendoim!
Olha o amendoim fresquinho! Olha aí!”
À
noite, porém, ele se gabava diante de seus netinhos de que, havia muito tempo,
um dos homens mais ricos do mundo lhe oferecera a posição de vice-presidente de
uma firma gigantesca.
“REJEITEI
A OFERTA”, dizia ele com orgulho, “para poder continuar a ser o presidente e o
vice-presidente, o secretário e o tesoureiro da minha própria empresa”
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