terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

A DOUTRINA DO INFERNO. Lc 16.19-31



Introdução: “No meu entendimento, existe um defeito muito sério no caráter moral de Cristo, que é acreditar no inferno. Eu não acho que uma pessoa que seja profundamente humana possa crer na punição eterna”.
Bertrand Russel, ateu.

 “O inferno é o grande cumprimento que Deus presta à realidade da liberdade humana e à dignidade da escolha humana”. Chesterton, cristão.

Após a morte, há um julgamento final, e aqueles que morrem em seus pecados passarão a eternidade no inferno. Muito embora esta doutrina seja frequentemente ridicularizada e rejeitada, não podemos ignorar o claro ensinamento das Escrituras: há um lugar para julgamento eterno dos perversos.

 No Novo Testamento, dois termos específicos são utilizados para se referir ao inferno: HADES E GEENA.

  HADES.  Este termo aparece dez vezes no Novo Testamento (Mt 11:23; 16:18; Lc 10:15; 16:23; Atos 2:27, 31; Ap 1:18). Em Lucas 16:23 a expressão Hades refere-se a um lugar onde os perversos são atormentados. Portanto, o HADES é a moradia temporária dos perversos desencarnados até a ressurreição e o julgamento final, quando os perversos são reunidos com seus corpos e transferidos para um lugar de tormento eterno chamado GEENA (Ap 20:14).

 GEENA. A palavra Geena aparece doze vezes no Novo Testamento (Mt 5:22;  10:28; 18:9; 23:15,33; Lc 12:5). Ela é a forma grega da expressão em aramaico GEHINNAM, que se refere ao Vale de Hinom (Js 15:8).


Durante o reinado dos perversos Acaz e Manassés, sacrifícios humanos ao deus amonita Moloque  foram realizados em geena (vide Jeremias 32:35; 2 Reis 16:3; 21:6). Josias profanou o vale por causa das oferendas pagãs que realizou naquele lugar (2 Rs 23.10; Jr 7.31,32). Com o passar do tempo, esse vale se transformou num grande depósito de lixo, constantemente em chamas, o que fez a palavra significar o lugar dos perdidos, imprestáveis e destinados ao fogo que nunca se apaga. O HADES um dia será destruído (Ap. 20.14) ) enquanto o sofrimento no Geena é interminável (Marcos 9:47-48).



  
1)      A NATUREZA DO INFERNO.

1.1)            Exclusão da presença favorável de Deus.

·        Não é a ausência de Deus que faz do inferno um lugar de tormento, mas a ausência de sua presença favorável. De fato, o inferno é o inferno porque Deus está lá na plenitude de sua justiça e ira ( Conferir: 2 Ts 1:9-10:

 “estes sofrerão penalidade de eterna destruição, banidos da face do Senhor e da glória do seu Poder”. Mt 7:23: “Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade”. Lc 13:27: “mas ele vos dirá: Não sei donde vós sois; apartai-vos de mim, vós todos que praticais a iniqüidade”. Mt 8:11-12: “Digo-vos que muitos virão do Oriente e do Ocidente e tomarão lugares à mesa com Abraão, Isaque e Jacó no reino dos céus. Ao passo que os filhos do reino serão lançados para fora, nas trevas; ali haverá choro e ranger de dentes”.

·        IMPORTANTE: O inferno é o Inferno porque Deus está lá na plenitude de sua justiça e ira - Ap 14:9-10: 

Se alguém adora a besta e a sua imagem e recebe a sua imagem na fronte ou sobre a mão, também esse beberá do vinho da cólera de Deus, preparado, sem mistura, do cálice da sua ira e será atormentado com fogo e enxofre...”

1.2)            Sofrimento indescritível.

·        As escrituras, e especialmente Jesus; falam sobre o inferno como um lugar de sofrimento indescritível. É importante entender que o inferno na é um lugar onde os perversos são cruelmente torturados, mas onde eles sofrem a perfeita justiça pelos seus pecados. Deus não é tirano, não se compraz na morte do ímpio (Ez 18:23,32: “acaso, tenho eu prazer na morte do perverso? Diz o Senhor Deus; não desejo eu, antes, que ele se converta dos seus caminhos e viva?

·        Como o Inferno é descrito? A) Um lugar de tormento (Lc 16:23: “no inferno, estando em tormentos, levantou os olhos e viu ao longe Abraão e Lazaro no seu seio”; 
b) Um lugar onde  há choro e ranger de dentes (Mt 8:12: “ao passo que os filhos do reino serão lançados para fora, nas trevas; ali haverá choro e range dos dentes”;Ap. 14:9-11: “a fumaça do seu tormento  sobe pelos séculos dos séculos, e não tem descanso algum, nem de dia e nem de noite...” de ; Mt 13:42: “e os lancará na fornalha acesa; ali haverá choro e ranger dos dentes;

·        O sofrimento no inferno será de acordo com o pecado da vida de cada um. Mt 11:20-24: “ai de ti Corazim! Ai de ti, Betsaida! Porque, se em Tiro e em Sidom se tivessem operado os milagres que em vós se fizeram, há muito tempo que elas teriam arrependido com pano de saco e cinza. E contudo, vos digo: no dia do juízo, haverá menos rigor para tiro e Sidom do que para vós outros”; Lc 12:42-48: “Aquele a quem muito for dado, muito lhe será exigido”.

1.3)            Punição eterna.

·        Possivelmente a mais assustadora verdade sobre o inferno é que ele é eterno. Qual é a coisa mais abominável que alguém pode praticar nesta vida? Escarnecer, desonrar e recusar-se a amar a pessoa a qual devemos absolutamente tudo, o nosso criador, o próprio Deus (Sl 145:3: “grande é o Senhor e mui digno de ser louvado; a sua grandeza é insondável” (Mateus 18.8; Mt 25.41,46).

·        Tal pensamento: “eu não ligo a mínima para o propósito pelo qual fui colocado aqui; não ligo a mínima para os seus valores e para a morte do seu filho por mim, vou ignorar tudo isso”.

2 ) Uma descrição bíblica do céu.

·        O inferno é um lugar de literais fogo e trevas, de enxofre e fumaça? Não! É aceitável considerar estas descrições como sendo figurativas no sentido de que sejam uma tentativa de descrever algo tão aterrorizante que vai além da capacidade da mente humana de conceber e além do poder de comunicação de nossa linguagem humana. Para descrever os horrores do inferno, os autores bíblicos usaram os maiores horrores conhecidos pelo homem na terra, mas pode-se afirmar que o inferno é pior do que qualquer coisa encontrada na terra. Fogo, trevas, enxofre, e fumaça são apenas uma tentativa débil de descrever a realidade muito mais aterrorizante do que qualquer uma destas palavras possa comunicar.

·        Mateus 3.10: Ao longo das Escrituras, a ideia de fogo é utilizada para comunicar o julgamento e a ira de Deus revelados contra o pecado e o pecador. É a reação santa e justa de Deus para com todo o que contradiz Sua natureza e vontade. É feroz, aterrorizante, e irresistível.

·        Mateus 25.41: A ênfase aqui é que os sofrimentos dos perversos no inferno são para sempre. Não há esperança de redenção ou restauração para aqueles que estão no inferno.
·        Mateus 3:12: A ideia comunicada aqui é que os tormentos do inferno não apenas serão eternos, mas irredutíveis. Não haverá qualquer alívio para os condenados.
·        Apocalipse 20:10: Esta descrição é dada para comunicar a imensidão do poder do inferno. Não é apenas um pingo ou um pequeno riacho de tormento, mas os habitantes do inferno serão como aqueles perdidos no mar em um oceano massivo e agitado da ira de Deus, surrados e lançados, indo e vindo pelas violentas e eternas ondas da justa indignação de Deus, como homens se afogando em um massivo e agitado caldeirão de fogo.
·         
·        Mateus 13:42: A verdade comunicada aqui é intensa. Em uma fornalha, todos os elementos aterrorizantes do fogo são intensificados — há pouca chance do calor escapar, nenhuma chuva para refrear as chamas, e nenhuma brisa para trazer refrigério ou alívio.
·         
·        Mateus 8:12; Mt 22:13: A verdade comunicada aqui é de alienação. Os habitantes do inferno são expulsos e não se acha lugar para eles. Eles não são apenas alienados de Deus, mas da comunhão com outros. É um lugar de absoluto e insuportável isolamento, aparte da vida e da luz de Deus.
·         
·        Judas 13: Há pouquíssimas coisas mais solitárias ou que mais aprisionam do que a negridão das trevas. Relacionado a tal escuridão está a maior sensação de condenação ou desesperança.
·         
·        Apocalipse 20:14; 21:8: O destino final dos perversos é justamente o oposto do destino do crente. Para o crente não existe mais o medo da morte (Hebreus 2:15) porque não existe mais morte (Apocalipse 21:4). Em contraste, os perversos viverão em um estado de morte infinita. Eles terão uma existência consciente, mas sem nenhuma das bênçãos, esperanças ou alegrias da vida. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário