Sabedoria do alto e sabedoria terrena Tg 3.13-18
Introdução
o apostolo Tiago fala sobre sabedoria. Ele começa com uma pergunta: “Quem dentre vós é sábio e entendido?”. O tema da sabedoria está nos livros de Sabedoria: Jó, Provérbios e Eclesiastes. Salomão é o autor de dois livros de Sabedoria. Quando Salomão tornou-se rei de Israel, Deus lhe apareceu em uma visão e disse: “Peça-me o que quiser, e eu lhe darei” (2 Cro 1.7). Ele poderia pedir qualquer coisa, mas disse: “Dá-me agora sabedoria e conhecimento, para que eu possa conduzir este povo, pois quem poderá julgar este povo, que é tão grande?” (2 Cro 1.10). Ou seja, o que eu preciso é de sabedoria! Preciso de discernimento prático das sutilezas da vida para que possa governar bem o teu povo. Não peço nada além disso!”.
A sabedoria é um dos aspectos
da vida cristã. Tiago diz no começo: “Se algum de vós tem falta de sabedoria,
peça a Deus, que concede livremente a todos sem criticar, e lhe será dada” (Tg
1.5). E aqui, no verso 13, a sabedoria está vinculada pelo bom procedimento, a
vida do cristão. No hebraico a palavra sabedoria é “hokhma”, que é sempre prática,
sempre vivencial e nunca especulativa. Diz respeito em aplicar à vida as
verdades de Deus. Será que temos almejado a sabedoria? Aqui a sabedoria está
ligada. E a sabedoria está ligada “em humildade de sabedoria” que também é
mansidão e amabilidade.
1)
Sabedoria terrena
Portanto Tiago mostra que há dois tipos de sabedoria. Uma é inspirada em Deus: “a sabedoria que vem do alto” (v.17), a outra é terrena (v.15). Do alto porque “Toda boa dádiva e todo dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em que não há mudança nem sombra de variação” (tg 1.17). A outra sabedoria é terrena, está vinculado ao homem sem Deus, pecaminoso. Jesus disse aos fariseus: “Vós sois de baixo, eu sou de cima; vós sois deste mundo, eu não sou deste mundo” (Jo 8.23). Logo, um discípulo de Cristo deve ter a sabedoria do alto e não da terra.
A sabedoria terrena é “Animal”
(v.15). fala dos instintos, fala do ID, pois o termo grego é psyché, é o
instinto natural do ser humano. É quando a gente age na base de “fazer o que
estiver no coração”. Mas o simples fato de algo estar em nosso coração
(sentimentos) não é indicativo de sua validade. Pois a Biblia adverte: “Enganoso
é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o poderá conhecer?”
(Jr 17.9). Os sentimentos não são confiáveis, devem ser medidos pela Palavra de
Deus.
A sabedoria do mundo é também “diabólica”. Esse adjetivo não qualifica necessariamente a sabedoria que vem diretamente de seres demoníacos, mas está na sabedoria que reflete uma filosofia, ou um estilo de vida ou um padrão de pensamentos opostos á verdade de Deus que poderiam ser endossados até por Satanás.
A sabedoria terrena é “amargo ciúme”, ou “inveja amargurada”. Quanto desse fruto é achado em nossas igrejas! A inveja do progresso de um irmão ou seu crescimento dentro da comunidade. A inveja da nova liderança que emerge. Na vida de Saul encontramos a manifestação de ciúme e inveja. Quando Davi regressava das batalhas, as mulheres de Israel saíram ao seu encontro, cantando: “Saul feriu os seus milhares, porém Davi os seus dez milhares”. Nisso o ciúme invadiu o coração de Saul: “Dez milhares atribuíram a Davi, e a mim somente milhares; que lhe falta, senão o reino?” (1 Sm 18.6-9).
A sabedoria terrena é “sentimento faccioso” (Tg 3.14), ou “ambição egoísta”. O espirito de facção no meio da igreja é de inspiração diabólica. Com que facilidade surgem grupos e partidos em nossas igrejas. O apostolo Paulo censurou as facções na igreja de Corinto: “Rogo-vos, irmãos, em Nome do Senhor Jesus Cristo, que sejais concordes no falar, e que não haja dissensões entre vós; antes seja unidos no mesmo pensamento e no mesmo parecer” (1 Co 1.10). Havia quatro grupos no meio da igreja e Paulo censurou os quatro, até mesmo o grupo que dizia representa-lo: “Será que Cristo está dividido? Foi Paulo crucificado por amor de vós? Ou foste batizado em nome de Paulo?” (1 Co 1.13).
A sabedoria terrena “nega
a verdade” (Tg 3.14). Sim, ela não suporta a verdade; não suporta a ideia
de Deus; não suporta que a verdade está em Jesus Cristo; não suporta a
moralidade da Palavra Deus; seus mandamentos e seus preceitos. Não acredita na existência
de uma eternidade com Deus.
O apostolo Paulo exorta a
igreja de Éfesios: “...se há alguma exortação em Cristo, se alguma
consolação de amor, se alguma comunhão do Espirito, se alguns entranháveis afetos
e compaixões, completai o meu gozo, para que tenhais o mesmo modo de pensar,
tendo o mesmo amor, o mesmo ânimo, pensando a mesma coisa; nada façais por
contendas ou por vanglória, mas com humildade cada um considere os outros
superiores a si mesmo” (Fl 2.1-3). E exorta duas irmãs que estavam tendo diferenças: “Rogo a
Evódia, e rogo a Síntique, que sintam o mesmo no Senhor” (Fl 4.2).
2)
Sabedoria celestial
A sabedoria do alto é “primeiramente, pura” (Tg 3.17). Em “primeiro lugar” significa mais do que uma posição na lista. É um indicador do que vem em primeiro lugar em ordem de importância. A sabedoria concedida por Deus produz não somente uma pureza de motivação internas, mas também atos externos. A pureza de atos e pensamentos permite que vejamos Deus atuando em todas as circunstâncias de nossa vida.
A sabedoria do alto é “pacifica”.
Em oposição à “inveja amarga” e ao “sentimento faccioso”, a sabedoria que vem
de Deus gera relacionamentos pacíficos, harmoniosos. O termo eirene (paz)
significa um estado de ordem, de segurança e isenção de ódios. “Bem aventurados
os pacificadores, pois serão chamados filhos de Deus” (Mt 5.9).
A sabedoria do alto é “moderada”. No grego é a palavra epiekes, moderação, equilíbrio, gentileza, dócil. Denota alguém que renuncia a seus direitos em favor de um ideal superior. Em nossos dias, por pouca coisa, abrimos processos judiciais contra alguém. Assim, a sabedoria terrena é mesquinha, litigiosa, egoísta, amarga. Infelizmente, em nosso meio, tem cristãos coléricos, irados. A sabedoria do alta é moderada.
A sabedoria do alto é “tratável”.
Ela tem origem em duas palavras do grego traduzidas por “bem” e “persuasivo”. Juntas,
adquirem o sentido de “se deixar persuadir com facilidade”. A palavra também
tem o sentido de “ensinável”, alguém que deixa de lado a teimosia e está pronto
a se render a verdade. Ela denota uma pessoa que adota uma postura
conciliadora, flexível e aberta a mudanças.
A sabedoria do alto é “cheia de misericórdia e de bons frutos”. “cheia” é um sentimento divino e humano, um profundo interesse pelos que sofrem. Misericórdia implica em olhar para alguém com compaixão, mesmo que a punição seja provavelmente merecida. No mundo de hoje, os homens ridicularizam e julgam as pessoas, mas a misericórdia demonstra bondade e benevolência.
A sabedoria do alto é “imparcial”.
Significa uma pessoa com firmeza e que jamais faz concessão da verdade bíblica.
Não há acepção de pessoas, não tem favoritismo, por causa de quem tem e quem
não tem, todos são tratados iguais, da mesma forma.
A sabedoria do alto é “sem
hipocrisia”. Sim é uma pessoa sincera, sem cera, sem necessidade de interpretar
papeis. No teatro grego, havia a necessidade da máscara, de vivenciar um papel
que não era seu. Infelizmente, tem pessoas que tem duas caras, duas
personalidades, duas faces que interpretam papéis.
Conclusão
Uma é a sabedoria do alto e outra é a sabedoria terrena. Uma está cheia de misericórdia e bons frutos, sem mudança, sem hipocrisia; a outra é dos sentidos, carnal e diabólica. Uma produz paz e a outra contendas. Qual é a sabedoria que está dominando a sua vida.
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