Vencendo o desprezo Jz 11.1-11
O que é o desprezo? Ação ou efeito de desprezar; ausência de consideração; sem apreço nem estima; ignorar; tratar uma pessoa como se fosse um poste; desdém; não prezar, não fazer caso de; desconsiderar; desatender ou rejeitar. Exemplo: o diretor tratava os funcionários com desprezo. O que aconteceu domingo com o Vinicius Junior, jogador do Real Madri é um exemplo luminoso do que é um desprezo; ele foi chamado de “macaco” por um torcedor; quase todo estádio começou a chama-lo de “macaco”. Dá pra perceber em seus olhos a humilhação, os olhos cheios de lágrimas...isso é desprezo, por causa da cor da pele!
1)
Jefté
Primeiro Jefté nasceu em tempos obscuros. O povo de Israel estava localizado na Palestina mas “Serviram aos baalins, às imagens de Astarote, aos deus de Arão, aos deuses de Sidom, aos deuses de Moabe, aos deuses dos amomitas e aos deuses dos filisteus” (Jz 10.6). Os ídolos escravizam, os ídolos cegam, os ídolos tiram toda sensibilidade espiritual. Aos poucos vamos perdendo nossa essência, nossa identidade, e vamos nos curvando diante dos deuses do mundo.
Segundo o significado do nome Jefté é de importância significativa. Jefté é “ele abre”, “aquele que abre”, ou “o que Jeová liberta”. O que era importante nessa cultura não era a sonoridade do nome, como acontece nos dias atuais. Mas o que era importante é o significado, é a etimologia do nome. Portanto o nome é era muito mais do que uma mera sonoridade, mas um caráter, uma sina, um destino.
Terceiro “Jefté era um guerreiro corajoso”. Ou, “Jefté, o gileadita, era um guereiro hábil e corajoso” (BKJ) O texto inicia elogiando, falando sobre sua coragem destemida, sua habilidade numa guerra (talvez no manejo com a espada, ou, estrategista militar) conhecida por todos, mas tem uma conjunção adversativa, no entanto, todavia, não obstante, porém “era filho de Gileade e sua mãe era uma prostituta” (v.1). “Porém” é uma palavra pequenina, mas com grandes implicações. Muitas vezes ela se intromete como um estraga prazeres, jogando por terra sonhos e anulando todas as disposições que nos eram favoráveis. Existia um uma conjunção adversativa no caminho de Jefté. Existe algum no seu?
O rei Davi enfrentou também o desprezo: “Quando Eliabe, o
irmão mais velho de Davi, o ouviu falando com os soldados, ficou furioso: O que
está fazendo aqui? Não devia estar tomando conta daquelas poucas ovelhas? Conheço
sua arrogância e suas más intenções. Voce quer apenas ver a batalha” (1 Sm
17.28).
Nosso Senhor foi desprezado, diz-nos o texto: “Foi desprezado e rejeitado pelos homens, um homem experimentado no sofrimento” (Is 53.3). Aqui a palavra “desprezado” é um termo que significa “considerar como desprezível ou sem valor”. Quando os fariseus olhavam para Jesus, diziam: “Ele não tem valor”. Este termo hebreu também significa “desaprovar” ou “tratar alguém com desprezo”.
Quarto o poder do desprezo. Portanto aos olhos dos seus meios-irmãos
e da comunidade a ele era de desprezo: “E aí filho de prostituta”. Diz-nos o
texto: “A esposa de Gileade teve muitos
filhos, e quando esse meios-irmãos cresceram, expulsaram Jefté, dizendo: Voce
não receberá parte alguma da herança do nosso pai, pois é filho de outra mulher”
(v.2). A família de Jefté era profundamente disfuncional, isto é, quando
necessidades materiais, espirituais, afetivas, culturais deixam de funcionar
corretamente e o resultado desse ambiente são filhos afetados psicologicamente.
2)
Terra
de Tobe
“Então Jefté fugiu de seus irmãos e foi viver na terra de Tobe...” (v.3). Tobe ficava a leste do rio Jordão, cerca de vinte quilômetros a sudeste do Mar da Galiléia. Era um lugar desértico, um lugar árido, inóspito, selvagem e solitário. Parece que o lugar onde ele escolheu para viver refletia bem o estado do seu coração. Muitas pessoas, ao sentirem-se rejeitadas, abandonam a família, os amigos e a igreja...passando a frequentar lugares perigosos e deprimentes, como que dizendo: “Eu não mereço coisa melhor”.
E continua o texto: “...em pouco tempo, passou a chefiar um bando de desocupados que se uniram a ele” (Jz 11.3), ou “reuniu em torno de si um bando de vadios, que andavam com ele” (BKJ), ou “alguns marginais se juntaram a ele e formaram um bando” (A mensagem). Numa região despovoada, ele reuniu um bando de homens “desocupados” “vadios” e “marginais” (v.3).
Ou seja, Jefté fazia parte do crime organizado; era um tipo de chefe do submundo. Era um marginal, na essência da palavra, e um bandido vindo de um lar arruinado. As ruas de nossas cidades estão hoje cheias de “jeftés”. Gente que foi desprezada, magoada, ferida que fez da revolta e rebeldia o seu jeito de sobreviver.
O que Jefté está fazendo? Está tentando encontrar sua
identidade e, assim, buscar segurança nas amizades. É fato que, se não
encontrarem segurança no lar, os jovens encontrarão fazendo parte do grupo de
amigos. A formação da identidade acontece dentro de casa, dentro do lar. A casa
tem que ser um castelo, um refúgio, um local de afeto, de aceitação....
3)
De
volta para casa
“Por essa época, os amonitas começaram a guerrear contra Israel” (Jz 11.7). Agora, vejam como a vida dá
volta: “...os lideres de Gileade
mandaram buscar Jefté na terra de Tobe. Veja e seja o nosso comandante! disseram.
Ajude-nos a lutar contra os amonitas” (Jz 11.5-6). Nosso Deus é aquele que
joga por terra todas as previsões, diagnósticos, expectativas e “profecias” dos
homens.
O filosofo francês Jean Paul Satre disse certa vez: “NÃO IMPORTA O QUE FIZERAM COM VOCE. O QUE IMPORTA É O QUE VOCE FAZ COM AQUILO QUE FIZERAM DE VOCE”.
Paulo lembra que éramos antes: “Lembre-se de quem vocês eram quando foram chamados para esta vida. Não vejo entre vocês....representantes da elite intelectual, nem cidadãos influentes, nem muitas famílias da alta sociedade...Deus, deliberadamente, escolheu homens e mulheres que a sociedade despreza, explora e abusa...escolheu gente do tipo “zé-ninguém” para desmascarar as pretensões vãs dos que se julgam importantes...Tudo o que temos – cabeça no lugar, vida correta, pecados perdoados e novo inicio – vem de Deus, por meio de Jesus Cristo...” (1 Co 26-31 – A mensagem).
Conclusão
Antes de sermos concedidos no ventre materno, fomos gerados
no coração de Deus: “Eu o conheci antes
de formá-lo no ventre de sua mãe” (Jr 1.5). Desde a eternidade ele nos
conheceu, chamou-nos pelo nome, quis que existíssemos, sonhou conosco, planejou
grandes coisas para a nossa vida, providenciou o sacrifício do próprio filho
para a nossa redenção.
Nossas experiencias, nas mãos de Deus, podem tornar-se instrumentos poderosos para uma vida útil e vitoriosa. Afinal, foi graças ao seu treinamento nas batalhas do deserto que Jefté veio a ser o israelita mais capacitado para conduzir seu país numa guerra de libertação. Como lhe foram valiosos, agora, aqueles anos passados na terra de Tobe! Foi assim que ele derrotou o exército dos amonitas.
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