terça-feira, 21 de junho de 2022

 O Deus trino Mt 3.13-17 

Introdução

Alguém disse: “Trindade é um absurdo matemático. Qualquer um que tenha feito pelo menos a primeira série do ensino fundamental certamente sabe que 1+1+1 NÃO É IGUAL A 1”. Mas uma pergunta: Será que Deus cabe numa conta de matemática? Muitos erros na igreja surgiram da tentativa de entender pela lógica Deus Pai, Deus Filho e Deus Espirito Santo. Assim, como é complexo tentar explicar que Jesus tem duas naturezas: uma divina e uma humana.

Alguns tentam ilustrar a trindade com conceitos terrenos, dando uma lógica ao Deus trino. Deus trino é como um bolo cortado em três fatias, mas apenas um bolo. Deus trino é como o ovo, que tem três elementos: a casca, a clara e a gema. Ou, Deus trino é como à água, que pode ser liquida, sólida e gasosa. Ou, o Deus trino é como uma pessoa que exerce diferentes papeis ao mesmo tempo, eu sou marido, pai e pastor. Sou tudo isso ao mesmo tempo e desempenho papéis diferentes. Então, para eles, Deus é criador, Deus é redentor e Deus é consolador.

Uma das principais heresias que a igreja enfrentou foi o Sabelianismo ou monarquianismo modalistico. Seus defensores ensinavam que Deus criou o mundo, depois despojou do papel de criador e assumiu a forma humana. Na ascensão, despojou desse papel e tornou-se o Espirito Santo. Como se Deus fosse um ator que se apresenta no palco, depois corre aos bastidores, muda as roupas e assume outro papel. Mas, Deus é Pai, Filho e Espirito Santo – plenamente, e ao mesmo tempo. Deus faz isso em perfeita unidade, enquanto as três naturezas permanecem distintas e funcionando separadas. 

Voce não entende esses conceitos? Nem eu. Deus não é semelhante a nada mais. Não se pode achar nada que se compara a Deus. Por isso que a exortação é: “Não terás outros deuses além de mim” (Ex 20.3). “...Nenhuma imagem de qualquer coisa no céu, na terra, ou nas aguas debaixo da terra” (Ex 20.4). Deus é o que é e pronto! Ele não precisava nos criar, nos amar, revelar-se a nós, morrer por nós. Não precisava fazer nada por nós. O fato de fazer todas essas coisas é puramente “para louvor da sua gloriosa graça, a qual nos deu gratuitamente no Amado” (Ef 1.6).

 Felizmente, Deus usa ilustrações para se revelar a nós. Os conceitos de Pai, Filho e Espirito Santo são palavras dele, e revelam aspectos do Deus trino. Jesus não é filho no mesmo sentido de uma família humana. Mas, a figura de filiação fala muito sobre o relacionamento entre Pai e o Filho. João Calvino descreve a figura de Deus com o tipo de linguagem que utilizamos com um bebê. O pequenino, ainda não entende a linguagem, por isso fazemos sons, para servirem de modelo em seus primeiros esforços para aprender a falar. Deus se descreve como metáforas: Pai, uma águia, um pastor, uma rocha, um rei  - tais figuras são ideias que podemos entender. Mas, quando Moisés perguntou o nome de Deus, o nome dado foi: “Eu sou o que sou” (Ex 3.14). 


1)     Deus é um ser pessoal, Deus é espirito e Deus é um.

Deus é pessoal. Albert Einstein admitiu a existência de uma força cósmica no universo, mas conclui que ela é incognoscível “Deus não joga dados”. Ele estava lamentavelmente enganado. Deus é cognoscível (é conhecível), pois ele disse: Buscar-me-ei e me achareis quando me buscardes de todo o vosso coração” (Jr 29.13). O apostolo Pedro disse aos crentes: “Crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo” (2 Pe 3.18).

Deus é pessoal e Deus é espírito. Jesus disse para a mulher samaritana: “Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade” (Jo 4.24). O que significa “espírito”? Deus é imaterial. Ele não é ampliável, ou divisível, ou composto, ou visível, ou tangível. Não tem volume nem forma. Embora Deus não seja material, a Bíblia o descreve de uma forma material: “São os olhos do Senhor, que percorrem toda a terra” (Zc 4.10). “Acaso, se encolheu tanto a minha mão, que já não pode remir” (Is 50.2). Isso é antropomorfismo (antropo = homem e morfés = forma), que é uma forma, uma linguagem para que possamos entende-lo. 

Deus é pessoal, Deus é espírito e Deus é uno. Há um, somente um, Deus verdadeiro não muitos. Moisés deixou isso claro ao dizer: “Ouve, Israel, o Senhor, Nosso Deus, é o único Senhor” (Dt 6.4). Deus disse: “Eu sou o primeiro e eu sou o último, e além de mim não há Deus” (Is 44.6). Deus é um Deus zeloso (Ex 20.5), o que significa que somente ele deve ser adorado. Jesus citou o principal mandamento: “Ouve, Ó Israel, o Senhor, Nosso Deus, é o único Senhor. Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu entendimento e de toda a sua força”. É um compromisso absoluto. Jesus alegava ser esse mesmo Deus.

 O apostolo Paulo enfatizou a unicidade de Deus: “Não há senão um só Deus. Porque, ainda que há também alguns que se chamem deuses, quer no céu ou sobre a terra, como há muitos deuses e muitos senhores, todavia, para nós há um só Deus, o Pai, de quem são todas as coisas e para quem existimos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pela qual são todas as coisas, e nós também, por ele” (1 Co 8.4-6). Ou seja, recebemos todas as coisas do Pai como de Cristo. Como isso pode ser assim? Porque, em essência, eles são um e a mesma pessoa. Deus é um.

2)     Deus trino no Antigo Testamento

Desde o principio da Bíblia, já dá para suspeitar de algo, porque as formas singular e plural da palavra hebraica para Deus às vezes aparecem juntas. Deus é plural – Elohim -, Deus é singular – El-. A palavra usada no hebraico para “deus” é ELOHIM (plural) e não EL (singular). O texto diz literalmente “No principio, criou Deus (es) os céus e a terra” (Gn 1.1). O sufixo plural “Im” apresenta um único Deus expresso com uma pluralidade. 

A pluralidade da divindade é também evidente na criação, pois Deus disse: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança” (Gm 1.26). Quando o Senhor estava para destruir a torre de Babel, ele disse: “Vinde, desçamos e confundamos ali a sua linguagem, para que não entenda a linguagem do outro” (Gn 11.7). Agora, no Salmo temos uma Deus Pai falando ao Deus filho: “O teu trono, ó Deus, é para todo sempre... por isso, Deus, o teu Deus, te ungiu com óleo de alegria, como a nenhum dos teus companheiros” (Sl 45.6.7).

O próprio Jesus e o livro de Hebreus citaram o Salmo 110.1 como indicador da divindade de Cristo: “Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés”. Em Genesis 19, lemos: “Então, fez o Senhor chover enxofre e fogo, da parte do Senhor, sobre Sodoma e Gomorra” (v.24). Aqui, temos a presença do Anjo do Senhor, ou chamado de Anjo de Jeová, Adonai ou Elohim. Ele reivindica a autoridade divina para si, exerce as prerrogativas divinas e recebe reverencia divina. 


3)     Deus trino no Novo Testamento.

O evangelho de Lucas revela que todos os membros do Deus trino estavam envolvidos na encarnação de Cristo. “Descerá sobre ti o Espírito Santo, e o poder do Altissimo te envolverá com a sua sombra; por isso, também o ente santo há de nascer será chamado filho de Deus” (Lc 1.35).

Vemos, também, o Deus trino no batismo de Jesus: “Naqueles dias, Jesus veio de Nazaré e foi batizado por João no Jordão. E logo que saiu da água, Jesus viu os céus se abrirem, e o Espírito Santo descendo como pomba sobre ele. E uma voz disse dos céus: Tu és o meu filho amado; em ti me agrado” (Mc 1.9-11).  A expressão “O Espírito descendo como pomba” é uma equivalência do que aconteceu em Genesis 1.2 que diz o Espírito de Deus pairava sobra a face do abismo; o verbo no hebraico significa “bater asas”. O Espírito Santo sobrevoava a face das aguas .  Há três participantes na criação do mundo: Deus, O Espírito Santo e a Palavra de Deus... 

Portanto, quando Jesus saiu da água, o Pai o envolveu e o cobriu com palavras de amor: “Tú es o meu filho amado; em ti me agrado”. Nesse mesmo instante, o Espírito o revestiu de poder. Segundo a Bíblia, o Pai, o Filho e o Espirito Santo glorificam um ao outro. Jesus disse na sua oração intercessória: “Eu te glorifiquei na terra, completando a obra da qual me encarregaste. Agora, pois, glorifica-me, ó Pai; junto de ti mesmo com a glória que eu tinha consigo antes que o mundo existisse” (Jo 17.4-5). Há três participantes no batismo de João: O Pai, que é a voz; o Filho, que é a Palavra; e o Espirito Santo descendo como pomba.

Nós temos cerca de 200 passagens nos evangelhos nas quais Jesus afirma sua divindade, vejam algumas: “Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda autoridade me foi dada no céu e na terra” (Mt 28.18). “Jesus disse a mulher: perdoados são os teus pecados. Os que estavam ali com ele à mesa começaram a dizer entre si: Quem é esse que até perdoa pecados” (Lc 7.48,49). “Em verdade, em verdade eu vos digo: antes que Abraão existisse, eu sou” (Jo 8.58). “No principio era o verbo, e o verbo estava com Deus, e o verbo era Deus” (Jo 1.1).

Vemos também passagens que ressaltam a divindade do Espírito Santo: “Não sois vós os que falais, mas o Espírito de vosso Pai é quem fala em vós” (Mt 10.20). “Quando, porém, vier o consolador, que eu vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da verdade, que dele procede, esse dará testemunho de mim” (Jo 15.26). “Disse Pedro: Ananias, porque encheu Satanas teu coração, para que mentisses ao Espirito Santo. Não mentistes aos homens, mas a Deus” (Atos 5.3,4). “Não sabeis que sois santuário de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós” (1 Co 6.19).

Conclusão: o que o Deus trino faz?

O Deus Pai assume para si três tarefas: a criação do universo e o governo de todas as coisas no universo. Autoria do plano da salvação eterna “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que enviou seu Filho ao mundo....”(Jo 3.16). E, a graça constante sobre os salvos, bondade, amor, misericórdia, etc.

O Filho assume a tarefa da redenção, abrindo mão de sua glória para se tornar homem; sofrer morrer no lugar daqueles que merecem morrer; ressuscitar vitorioso dentre os mortos, ascender ao céu e enviar o Espírito Santo.

O Espírito Santo atrai os pecadores para Deus “convencendo do pecado, da justiça e do juízo”; aplica a santidade de Cristo àqueles que creem e nos guia a maturidade cristã e nos conforta na tristeza e fala por nós diante de Deus Pai. 


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