terça-feira, 28 de dezembro de 2021

 Davi conquista Jerusalém -   2 Sm 5.6-10

Introdução

O “Mágico de Oz” foi um filme que marcou a infância de algumas gerações, pois o filme é de 1939. Quem não se lembra da Doroty, uma menina meiga querendo voltar para sua casa, Kansas? Ou, o espantalho, vivia em busca de um cérebro? Ou, o leão, que apesar da sua natureza, era covarde! Ou, o homem de lata, ansiava por um  coração. Além desses personagens tinha o cachorrinho de Doroty e o Magico de Oz. O magico utilizava técnicas para enganar as pessoas de Oz, até que tudo foi desvendado pelo cãozinho. Todo poder do mágico era mentiroso, fraude, embuste, que visava manter as pessoas afastadas e assustadas. 

1)     Jerusalém dos Jebuseus

Lá estava ela, uma pequena cidade fortificada, situada sobre um afloramento de rochas. Os viajantes evitavam. Era, praticamente, inacessível. Para o lado leste e sul, seu solo despencava em desfiladeiros escarpados e profundos, uma deseja natural, inexpugnável. E quem vinha da direção contrária, oeste ou norte, iria se deparar com a visão de duas imensas figuras parecendo demoníacas – corpos disformes, semblantes distorcidos – que dominavam os muros da cidadela (2 Sm 2.6). 


Uma delas era uma caricatura perversa de Jacó coxeando, por aleijar-se durante o corpo a corpo com o anjo noite afora no vau de Jaboque (Gn 32.31).  A segunda imagem era uma paródia cruel de Isaque, ego, que, na falta de visão em idade avançada, fora enganado pela mulher e filho (Gn 27.1).  Então, se alguém se aproximasse daqueles muros, as figuras  -coxo e o cego – começavam a se movimentar lentamente – movimentos espasmódicos, bruscos, balouçantes – ao mesmo tempo, que se ouvia sons desagradáveis, estridentes, gritos de terror. Era um lugar diabólico, cheio de lendas, que aterrorizava qualquer viajante.

Ninguém se metia com os Jebuseus. Viviam havia séculos se serem visitados, muito menos atacados. Filisteus, amalequitas e hebreus lutavam guerras uns contra os outros, batalha após batalha, para cima e para baixo, para frente e para trás, naquelas terras, mas os jebuseus eram uma exceção a todos eles, com suas terríveis imagens ameaçando de malignidade sobrenatural, quem quer que ousasse chegar perto. Ironicamente, a cidade se chamava-se Jerusalém “cidade da paz”. 

2)     Davi e os Jebuseus

Davi fora coroado Rei de Israel, como já era antes era de Judá, unindo assim as tribos separadas, e necessitava de um local centralizador para seu novo governo. Sua sede atual era Hebron, muito longe do Sul e mais longe ainda do Norte. Então, precisava de um local que ficava no meio, que fazia mediação entre o sul e o norte. Portanto, Jerusalém “cidade da paz” era o local ideal:  uma pequena cidade fortificada, erguida ao longo da divisa entre Israel e Judá e jamais ocupada ou possuída por tribo alguma hebraica. 

Davi não se intimidava com exibições de malignidade. Ele vencera o gigante Golias (uma potestade), temido por todos, até pelo rei Saul. Escapara da ira maligna e odiosa de Saul, por quase 13 anos. Não estava afim, agora, de ser barrado pelos ídolos perversos dos Jebuseus, aquelas criaturas terríveis que colocava medo em todos os seus inimigos. Olhando texto em questão, a expressão “cegos e aleijados” aparece por três vezes e, na terceira, colocando-os como “inimigos de Davi” (2 Sm 5.7-8).

Davi, durante seus anos de fuga de Saul, havia captado aqui e ali informações – viajantes e pessoas que fugiram da cidade - sobre os Jebuseus. Tinha bons motivos para suspeitar que aquelas gigantescas personagens na muralha não eram, afinal de contas, demônios coisa alguma, mas, sim, estruturas mecânicas ligadas a um inventivo sistema de engenharia hidráulica.

Bastava alguém mover uma alavanca para que a força da agua procedente  da nascentes de Giom e transportada até o local por um engenhoso conjunto de dutos, fizesse o estropiado Jacó e o cegueta Isaque se motivassem fantasmagoricamente balançando-se, enquanto um dispositivo qualquer de provocar ruídos produziam os sons e os gritos. Então, Davi sabia, que tudo não passava de um embuste, que nada havia senão roldanas, peças e articuladas ilusão.

Davi comandou a conquista de Jerusalém. Suas instruções foram simples. Primeiro, destruir a passagem de água “terá que utilizar a passagem de água para chegas aqueles cegos e aleijados” (2 Sm 5.8), que abastecia as estátuas móveis - isso já desligaria aquelas figuras demoníacas da sua fonte de energia. Depois, despedaçar as falsas imagens de Isaque e Jacó, o cego e o aleijado, jogando seus pedaços para fora do muro.

Então, os homens acharam a entrada secreta e destruíram todo o sistema de dutos; em seguida, fizeram em pedaços as estátuas do cego e o aleijado. Tudo terminou muito rápido. Os Jebuseus eram medrosos e se entregaram. Arma nenhuma foi preciso usar. Foi a vitória mais fácil de Davi, sem derramamento de sangue.

3)     Depois da conquista de Jerusalém

“E ele (Davi) se tornou cada vez mais poderoso, o Deus dos exércitos estava com ele” (2 Sm 5.10). “E Davi ia ficando cada vez mais forte por que Yahweh, o Deus Todo-Poderoso, estava com ele” (BKJ).

“Cada vez mais poderoso”. Indica, na verdade, um amadurecimento cada vez maior de Davi. O que a gente entende com essa proposição “cada vez mais poderoso” é que a vida nos acrescenta, nos amadurece e não nos diminui. Estimula o desenvolvimento, o aprofundamento, a extensão, o alargamento. Ou seja, todas as circunstancias adversas na vida de Davi serviram como esterco para metabolizar mais espiritualidade, mais oração, mais salmos e mais dependência de Deus. 

“Davi alargou seus passos”. E realizou o inesperado ao conquistar Jerusalém. Era um território que se evitava. Mas, Davi era visionário, e não evitou. Tomado de indignação – diante das paródias sobre os patriarcas e o fato de ser subestimado – deu um gigantesco passo em direção à Jerusalém e destruiu as imagens  de seus ancestrais, Isaque e Jacó, erguidas sobre a muralha da cidade.

“Davi ampliou o seu abraço”. Inclui mais e mais povos sob sua governança e seu amor. Reuniu todos os filhos de Deus, não somente aqueles que tinham estado ao seu lado, ajudando-o durante seus anos de dificuldade. O amadurecimento transformou-me em generosidade, alcançando todas as tribos de Israel, as 12.

Aqui, Davi está com 37 anos. Durante sete anos e meio, Davi governou como Rei da tribo de Judá, depois da morte de Saul.

Antes, fora chefe de um bando de 600 homens. Por mais de uma década, tinha sido um fugitivo no deserto da Judéia, escondendo-se da maldade de Saul.

Antes, fora músico no Palácio de Saul e famoso como guerreiro, aliás, as mulheres de Jerusalém cantavam uma canção, toda vez que Davi voltava de suas lutas: “Saul matou milhares, Davi matou dezenas de milhares” (1 Sm 18).

Antes, era pastor de ovelhas, cuidando zelosamente das ovelhas do seu pai. Até que, corajosamente, em nome de Deus, enfrentou o gigante Golias, o gigante temido por todos os homens de Judá, cortou o cabeça do gigante... 

Antes, estava atrás das ovelhas, até que alguém chegou desesperado, querendo que se apresentasse ao seu pai, Jessé. Porque tinha o profeta Samuel em sua casa, e quando Davi chegou, sentiu um óleo ser derramado sobre sua cabeça copiosamente, ungindo- como rei de Israel...

Aqui, nesta história há uma imersão, um aprofundamento na condição humana. Com toda sua gloria e sofrimento, suas promessas e dificuldades. Mas, Davi, não está sozinho....a presença de Deus é notória na vida de Davi; cumprindo seus propósitos no decorrer da história.

Conclusão:

Aprendemos a ler nas entrelinhas, onde muito da história se acha implícito. Mas uma coisa é indiscutível – DAVI NÃO É DAVI SE ESTIVER AFASTADO DE DEUS. NENHUM DE NÓS O É. A MAIOR PARTE DO QUE LEMOS SOBRE DAVI É DE DEUS EM DAVI. 


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