terça-feira, 27 de julho de 2021

 Filipenses: Santidade e chamada Fp 1.1-2


Introdução:  uma carta carregada de afeto

Paulo visitou Filipos em sua segunda viagem missionária e pregou o evangelho (Atos 16.14-34). Deus tocou o coração de uma mulher chamada Lídia, que se converteu a Cristo juntamente com sua casa. Uma jovem com espírito de pitonisa foi libertada e Paulo e Silas são lançados à prisão. Á meia-noite enquanto estão louvando, Deus enviou um forte terremoto que ocasionou a conversão do carcereiro de Filipos e de toda a sua família. Consequentemente, uma igreja formou-se espontaneamente. Esse inicio difícil, de perseguição, forjou um elo muito forte entre Paulo e os Filipenses.

Agora, Paulo está na prisão em Roma, anos 60 à 61, Paulo escreve uma carta à igreja de Filipos, contendo 104 versículos. Uma carta de afeto, de muita alegria “regozijai-vos no Senhor”, cumplicidade, não obstante, o fato de estar preso em cadeias. Quando a carta chegou em suas mãos, quantas memórias, lembranças, passaram pela mente dos irmãos naquele momento. Dez anos antes, Paulo estava chegando em Filipos, dez anos depois, Paulo está preso em Roma, embora não tivesse cometido o menor crime.

1)    Servos de Deus

“Paulo e Timóteo, servos de Cristo Jesus...”. Paulo é o nome greco-romano dessa figura extraordinária que era chamado por seu nome hebraico “Saulo”. Como adjetiva-lo? Missionário dinâmico, plantador de igrejas, pregador eloquente, pastor cuidadoso, evangelista talentoso, teólogo, mestre brilhante – tudo isso em uma só pessoa. 

“Timóteo”, seu jovem colaborador, seu discípulo. Timóteo servia a Paulo em muitos níveis, como seu assistente durante viagens missionárias, companheiro fiel auxiliar constante. A apostolo foi o principal instrumento humano no desenvolvimento espiritual desse jovem. Da mesma forma, cada um de nós precisa de um “Timóteo” em nossas vidas. Todos nós precisamos de alguém que seja nosso parceiro (a) no serviço cristão. Um parceiro de oração, parceiro no evangelismo, nas visitas, etc...

 Tanto Paulo quanto Timóteo são identificados como “servos de Cristo Jesus” (Fp 1.1). Em quase todas suas cartas ele se apresenta como “apóstolo”, somente aqui se apresenta como “servo”. Com os filipenses, parece não haver necessidade de que lhes relembre sua posição destacada. Paulo opta por enfatizar o aspecto relacional e pessoal, humilhando-se e ressaltando seu compromisso de servi-los. Isso é um lembrete para nós de que toda liderança autentica na igreja deve ser liderança que serve.

A palavra que Paulo usa é “servo” (Doulos), que de fato significa escravo. O escravo pertencia ao seu senhor; era como uma propriedade, não tinha vida própria. Além disso, um escravo não possuía nada, também não podia ir a parte alguma sem o consentimento de seu senhor. Então, Paulo era um escravo de Cristo... Trata-se de um privilégio e uma alegria, pois o grande paradoxo é que essa escravidão traz verdadeira liberdade, liberdade do medo, da futilidade e da morte.

“Bispos e diáconos”. Os bispos são também identificados como presbíteros (Tt 1.5), que pastoreiam o rebanho de Deus. A palavra bispo indica a supervisão e a administração de caráter espiritual que devem prover a igreja. Para ser bispo, é preciso ter tido crescimento espiritual na caminhada com o Senhor. “Diácono” (ou diaconisa) é servo. São chamadas para servir ao lado dos bispos, presbitérios ou pastores. Os diáconos  são cruciais para a saúde espiritual da igreja.  São essências no ministério da palavra, da oração, do evangelismo, do discipulado, visita, etc.

2)    Os santos

“...todos os santos em Cristo Jesus que estão com os bispos e diáconos em Filipos” (Fp 1.1). Tais palavras identificam todos os crentes como “santos em Cristo Jesus”, no grego a palavra é “hagios”. Todo o cristão genuíno é um “santo”, que significa “uma pessoa piedosa”. As palavras “piedoso”, “consagrado”, “santo” e “santificação”, vem todas da mesma raiz grega.  

 Os cristãos sobressaiam como estrelas brilhantes: “...levem uma vida pura e inculpável como filhos de Deus, brilhando como luzes resplandecentes num mundo cheio de gente corrompida e perversa” (Fp 2.15). Eram facilmente identificáveis, pois viviam em meio a uma cultura ímpia. Tinham um padrão de moralidade radicalmente diferente. Suas famílias eram diferentes e suas conversas eram diferentes. E VIVIAM EM COMUNHÃO UNS COM OS OUTROS...

Santo, portanto, é alguém separado da poluição moral deste mundo e posto à parte para Deus. Ser santo significa que, pela operação da graça, um cristão não vive mais em busca do pecado num sistema mundial maligno, mas em vez disso, busca a pureza moral. O cristão é separado por Deus de sua antiga vida de pecado, negativamente, e reengajado em uma nova vida de pureza, positivamente. 

Ao mesmo tempo, Paulo enfatiza que cada crente de Filipos estava, posicionalmente, em Cristo Jesus. “...o povo santo em Cristo Jesus”. Antes da conversão, eles pertenciam ao sistema maligno do mundo, com seu programa anti-Deus. Mas foram libertos do reino das trevas e trazidos para uma comunhão e uma união vital com Cristo Jesus. Foram lavados em seu sangue e receberam uma nova posição em sua graça. Foram feitos cidadãos do reino de Deus.

3)    Graça e paz

“Graça a vós e paz da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo” (Fp 1.2).  Graça é o cerne da mensagem cristã. Graça é o resumo do evangelho. “...a lei foi dada por intermédio de Moisés; mas a graça e a verdade vieram através de Cristo Jesus” (Jo 1.17). Quando Paulo pede graça, ele não está pedindo que recebe a graça salvadora. ENTÃO O QUE ELE PEDE? Para que experimentem a graça de forma ainda mais abundante em sua vida cristã. Que eles tenham a graça toda suficiente em suas vidas... 

 Paulo também pede a “paz” de Deus esteja sobre eles. Essa paz não é a paz com Deus, que é a paz objetiva dada àqueles que confiam em Cristo: “Portanto, justificados pela fé, temos paz com Deus, por meio de Nosso Senhor Jesus Cristo” (Rm 5.1). Não é essa paz!

Mas, a paz de que Paulo está falando aqui em Filipenses 1.2 é a paz subjetiva de Deus. Observe que agora ele escreve “paz da parte de Deus”, e não “paz com Deus”. Trata-se de paz sobrenatural na alma. Em meio ás tempestades da vida, temos paz da parte de Deus. Essa serenidade vem da consciência que Deus está no controle de todas as circunstancias e faz com que todas as coisas cooperem para o nosso bem, de modo que possamos nos parecer cada vez mais com Cristo (Rm 8.28-30).


NÃO HÁ PAZ SE NÃO HOUVER PRIMEIRO GRAÇA. ONDE HOUVER GRAÇA, A PAZ SURGE INEVITALVEMENTE. A GRAÇA DE DEUS NA VIDA DE UMA PESSOA PREPARA O CAMINHO PARA QUE A PAZ DE DEUS INUNDE SEU CORAÇÃO.

Conclusão: “toda graça e paz vem da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo”.

Não existe graça e nem paz independente de Deus e por meio de Jesus Cristo. Existe uma fonte de graça e paz jorrando eternamente no interior de cada crente, de forma abundante. Nós nunca enfrentaremos uma provação que esteja além do que a graça e a paz de Deus nos permitem suportar. Nem mesmo nossas maiores dificuldades podem esgotar os ilimitados recursos de Deus. Graça e paz abundantes nos sustentam, fortalecem e guardam, muito além do que jamais necessitamos. 


 

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