terça-feira, 12 de janeiro de 2021

 O que é conversão – Isaias 55


Introdução

C.S. Lewis em seu livro “A viagem do peregrino da alvorada” escreve sobre um garoto chamado Eustáquio. Todos o odeiam, e ele odeia a todos. Ele é egoísta, maldoso, e ninguém consegue se dar bem com ele. De repente, como num passe de mágica, ele se vê em um navio, em uma grande viagem. Em determinado ponto da viagem, o navio para em uma ilha, Eustáquio encontra uma caverna, repleta de diamantes e ouro. Ele pensa: “Puxa, estou rico”.

Então, sobre a pilha do tesouro – que era de um dragão, embora ele sequer imaginasse isso -, ele pega no sono. No entanto, por ele ter caído no sono  com a cabeça cheia de ganancioso pensamentos de Dragão –  acorda um Dragão enorme, terrível e horroroso. Ele logo percebe que não tem saída, não pode voltar para o navio. Será essa caricatura horrenda pelo resto da vida. Então, ele entra em desespero.

Certo dia, Aslan, o leão aparece, leva Eustáquio até uma piscina de águas cristalinas e diz a ele para se despir e pular na água. De repente, Eustáquio percebe que “se despir” significa “livrar-se da pele de dragão”. Ele começa a morder e arrancar com as garras as camadas de pele, e assim descobre que pode arrancar toda a pele aquela pele de dragão. Em um esforço continuo, ele finalmente consegue arrancar toda a pele – mas, para o seu desalento, descobre que, por baixo daquela pele, havia outra pele de dragão. Por mais duas vezes tenta arrancá-la, mas sem sucesso; a cada vez a mesma coisa acontece. No final, o leão diz a ele: VOCE VAI TER QUE ME DEIXAR IR MAIS A FUNDO. E veja como Eustáquio conta essa história mais tarde:  


Tive medo de suas garras, confesso a você, mas eu estava à beira do desespero. O primeiro rasgo que ele fez foi tão profundo que pensei que houvesse atingido direto no coração. Quando ele começou a arrancar aquela pele, doeu mais do que qualquer outra coisa que já senti.  Bem, ele arrancou por completo aquela pele animalesca – como eu  pensava  ter feito eu mesmo naquela três vezes, com a diferença de que não havia doido antes – e lá estava sobre a grama: só que esta, em relação às outras peles, parecia bem mais grossa, escura e cheia de calombos. Então ele me segurou e me jogou na água. Ardeu mais do que tudo, mas só por um instante. Então PERCEBI QUE EU HAVIA VOLTADO A SER UM MENINO. 

1)    Cuidado com as peles

Uma dificuldade atualmente é que no meio da igreja, tem gente que  acha convertido, no entanto, nunca verdadeiramente nasceu de novo. Charles Spurgeon andava por uma rua, quando um bêbado que se encostava a um poste lhe perguntou em voz alta: “Hei, Sr. Spurgeon, lembra-se de mim?” Spurgeon lhe respondeu: “Não e por que deveria lembrar-me?” O Homem lhe disse: “Por que eu sou um de seus convertidos”. A isso Spurgeon replicou: “Bem, você deve ser um de meus convertidos, mas certamente não é um dos convertidos do Senhor”.

Em um sermão, Spurgeon, descreve estas pessoas que estavam certas de que haviam sido convertidas, embora suas vidas não espelhasse o testemunho cristão: “Acautelem-se, eu lhe rogo, de presumir que você é salvo. Se você confia de todo o coração, em Jesus, então é salvo. Mas, se você diz, meramente, “Creio em Jesus”, isso não o salva. Se o seu coração foi renovado; se você odeia as coisas que antes amava, se você se arrependeu verdadeiramente; se há uma completa mudança de mente em você; se você é nascido de novo, tem motivo para se regozijar. Mas, se não há mudança vital, nenhuma devoção interior; se não há amor a Deus, nenhuma oração, nenhuma obra do Espírito ... a confissão “Eu sou de salvo” é apenas uma afirmação ousada de seu próprio coração; ela pode iludi-lo, mas não o livrará.

2)    Uma folha seca

“Eu comparo a vida de um homem sem Deus, Como uma folha seca caída no chão, Que vai para onde o vento levar”

 A Bíblia fala da queda dos homens “...um só pecado  de Adão trouxe condenação a  todos ... por causa da desobediência a Deus de uma só pessoa muitos se tornaram pecadores” (Rm 5.18-19). Fomos concebidos em iniquidade e nascidos em pecado “Pois sou pecador desde que nasci; sim, desde que minha mãe me concebeu” (Sl 51.5). Estamos mortos em delitos e pecados “Estavam mortos por causa de sua desobediência e de seus muitos pecados... obedecendo ao comandante do mundo invisível ... seguindo os desejos ardentes e as inclinações de nossa natureza humana” (Ef 2.1-3).



Nosso coração é duro, resistente a Deus, extremamente enganoso e desesperadamente corrupto “O coração humano é mais enganoso que qualquer coisa e é extremamente peverso; quem sabe de fato, o quanto é mau? (jr 17.9). Jesus ratifica: “Porque do coração é que procedem os maus intentos, homicídios, adultérios, imoralidades, roubos, falsos testemunhos, calunias e blasfêmias” (Mt 15.19).

Nossa mente está obscurecida e insensível “A mente deles está mergulhada na escuridão. Andam sem rumo, alienados da vida que Deus dá, pois são ignorantes e endureceram o coração para eles. Tornaram-se insensíveis; vivem em função dos prazeres sensuais  e praticam avidamente toda espécie de impureza” (Ef 4.18-19).  CEGADA PELO DIABO: “O deus deste mundo cegou a mente dos que não creem, para que não consigam ver a luz das boas novas...” (2 Co 4.4). Em Romanos 8.7 diz que a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não está sujeita “a lei de Deus, nem mesmo pode estar”.

3)    Uma Nova Vida

“Se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus” (Jo 3). Jesus confronta Nicodemos que queria saber o que tinha de fazer para ver o reino de Deus; e Jesus não lhe disse que deveria preservar suas boas obras, seu viver correto, sua vida religiosa ou continuar ensinando a lei. Não, Jesus disse que uma vida totalmente nova era somente Deus que poderia dar. Nicodemos precisava de Vida, não de mais atividades religiosas ou mais zelo religioso, mas VIDA!



 Vejam o caso de Saulo de Tarso. Circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, segundo a lei, fariseu. Indo em Damasco para perseguir os cristãos, antes, todavia, encontrou-se com Cristo. E começa uma nova caminhada, começa do zero. “Mas o que para mim era ganho reputei-o por perda por Cristo” (Fl 3.7).

Deus age poderosamente! Se o que nasce da carne é carne, então precisamos nascer do alto (Jo 3.1-15). Enquanto estávamos “mortos em  nossas transgressões (Deus) nos deu VIDA juntamente com Cristo” (Ef 2.5). Este novo nascimento não vem de nós, mas é pela graça que somos salvos, pelo movimento soberano do vento do Espírito “o vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo o que é nascido do Espírito” (Jo 3.8).  “Não por obras de justiça praticada por nós, mas segundo a sua misericórdia. Ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo, que ele derramou ricamente por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador” (Tt 3.5-6).

Nessa obra de salvação da Nova Aliança, Deus concede novo coração sensível e não mais resistente “Eu lhes darei um novo coração e colocarei em vocês um novo espírito. Removerei seu coração de pedra e lhes darei coração de carne” (Ez 36.26). Também o profeta Jeremias profetizou sobre a Nova Aliança: “Porei minhas leis em sua mente e as escreverei em seu coração. Serei o seu Deus, e eles serão o meu povo” (Jr 31.33).

Conclusão: Desde os primeiros séculos da igreja , homens e mulheres tem continuado a experimentar esta grande mudança.

Para um africano chamado Agostinho, esta mudança aconteceu quando ele ouviu a voz de um menino que dizia: “Pega e lê, pega e lê”. Agostinho, que vivera uma vida dissoluta, tinha às mãos uma copia do Novo Testamento quando ouviu aquelas palavras.

Martinho Lutero era um monge, em seu estudo dos salmos e das epistolas de Paulo aos Galatas e Romanos, começou a perceber que a justiça exigida por Deus não é a nossa própria justiça, e sim a Deus e que essa justiça é o dom de Deus para todos os que creem em Cristo.Quando Lutero chegou a essa compreensão ele disse: “foi como se os portões do Paraiso se escancarassem”.

William Perkins, um jovem estudante de Cambridge, caminhava pelas ruas quando ouviu uma mãe aflita dizer ao seu filho jovem e desobediente: “Cuide de sua vida ou você se tornará como o bêbado Perkins”. Deus usou o comentário  daquela mãe para tocar o coração de Perkins e convence-lo da maneira dissoluta e ébria e que vivia como universitário, a ponto de seu nome se tornar um ditado. Deus o convenceu de seu pecado e o levou a converter-se a Cristo. 



Para o jovem Spurgeon, foi uma tempestade de neve que o levou a uma antiga igreja metodista que tinha um velho diácono cumprindo a função de pastor; a igreja estava vazia. Ele se assentou bem no fundo, quase sozinho. O velho diácono se levantou fitou Spurgeon e, em sentenças quebradas, repetiu a frase repetidas vezes: “Olhe para Cristo. Isto é tudo que você tem de fazer. Olhe para Cristo!”. E continuou dizendo: Olhe para Cristo! Olhe para Cristo!” E Deus usou isso para abrir os olhos de Spurgeon para a verdade.

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