terça-feira, 14 de novembro de 2017

LEVAI AS CARGAS UNS DOS OUTROS. Gl 5.26, 6.1-5


INTRODUÇÃO:  Não nos tornemos vangloriosos, provocando-nos uns aos outros, invejando-nos uns aos outros. Gálatas 5:26

A palavra grega traduzida como “orgulhosos”  é Kenodoxoi, que significa literalmente “vangloriosos”  ou  “vazios de honra”. Portanto, o orgulho é uma insegurança profunda, uma percepção de ausência de honra e glória, levando à necessidade de provar nossa valor para nós mesmos e para as demais pessoas. “Provocando-nos uns aos outros e tendo inveja uns dos outros”. “Provocar” – grego prokaleo – é sinal de competitividade, tendo o sentido de desafiar alguém para uma disputa. “INVEJA” significa querer algo que pertence por direito a outra pessoa ou querer que essa pessoa não tenha tal coisa.

“Provocativa” é a postura de alguém que está certo de sua SUPERIORIDADE e MENOSPREZA alguém que ele entende que é mais fraco. “INVEJOSA” é a postura de quem tem consciência da própria INFERIORIDADE e se sente olhando “PARA CIMA”, para alguém que, na sua opinião, ocupa posição superior à sua.

Portanto, o verdadeiro relacionamento cristão é governado, não pela rivalidade, mas pelo serviço. A atitude correta para com as outras pessoas não é “Eu sou melhor do que você e vou prova-lo”, nem “Você é melhor do que eu e eu não gosto disso”, MAS “você é uma pessoa importante, com direitos próprios e eu tenho a alegria e o privilégio de servi-lo.

1)    Levai os fardos uns dos outros...
“Levai as cargas uns dos outros, e assim cumprireis a lei de Cristo” (v.2) Ou seja, todos nós temos cargas e que Deus não pretende que as carreguemos sozinhos. Um exemplo notável é dado na carreira do apostolo Paulo num estágio de sua vida, ele sentiu-se terrivelmente sobrecarregado. Estava preocupado até a morte com a igreja de Corinto. Paulo não encontrava descanso, tão grande era a sua expectativa “em tudo somos atribulados”, ele escreveu, “lutas por fora, temores por dentro”. Então ele prosseguiu dizendo: “Porém, Deus que conforta os abatidos, nos consolou com a chegada de Tito” (2 Co 7.5-6). A amizade humana, através da qual levamos os fardos uns dos outros, faz parte do proposito de Deus para o seu povo (Fl 2.19-20; 1 Sm 18.1). 


Através desses fardos que ajudamos a carregar “cumprimos a lei de Cristo” (v.2). A lei de Cristo é amor aos outros como ele nos ama; este foi o novo mandamento que ele deu (Jo 13.34-35, Jo 15.12). Assim, tal como Paulo já havia declarado em Galatas 5.14, amar ao próximo é cumprir a lei. Então “amar ao próximo”, “levar os fardos uns dos outros” e “cumprir a lei”, são expressões equivalentes.

“Voce não pode ajudar a carregar um fardo a menos que se aproxime bastante da pessoa que o está carregando, que se coloque em sua pele e aplique sua própria força debaixo desse fardo, de modo que o peso dele seja distribuído entre vocês dois, aliviando quem você se dispôs a ajudar”. Tim Keller

Carregar os fardos dos outros é um grande ministério. É uma coisa que cada cristão deveria fazer. É cumprir a lei de Cristo. “Portanto”, escreveu Martinho Lutero, “os cristãos devem ter ombros fortes e ossos potentes”, bastante resistentes para carregar fardos pesados.

2)    Quando resisto...

O apostolo continua no versículo 3: “Porque se alguém julga ser alguma coisa, não sendo nada, a si mesmo se engana”. Com certeza se considera em posição elevada demais para ter coração de servo, para olhar à sua volta, notar os fardos alheios e ajudar as pessoas a carrega-los.


A verdade verdadeira, é que NÃO SOMOS “ALGUMA COISA”, “SOMOS NADA”! Será um exagero? Quando o Espírito Santo abre os nossos olhos para que nos vejamos como somos, rebeldes para com Deus, que nos fez a sua imagem, nada merecendo de sua mão além da destruição. Quando entendemos isso e nos lembramos disso, não ficamos nos comparando com os outros favoravelmente, nem nos recusamos a servi-los ou carregar seus fardos. “EU NÃO SOU O QUE DEVIA SER. EU NÃO SOU O QUE EU QUERO SER. EU NÃO SOU O QUE EU ESPERO SER. CONTUDO, EU NÃO SOU O QUE COSTUMA SER. E, PELA GRAÇA DE DEUS, SOU O QUE SOU”.

Lemos nos versículos 4 e 5: “Mas prove cada um seu labor, e então terá motivo de gloriar-se unicamente em si, e não em outro. Porque cada um levará o seu próprio fardo”. Não há contradição entre os versículos 2, “levai as cargas uns dos outros”, e o versículo 5 “cada um levará o seu próprio fardo”. A palavra grega para carga é diferente ( grego “baros”, v.2) que significa um PESO OU UM FARDO PESADO; já fardo (phortions, v.5) é um “termo comum para pacote, ou mochila”. Assim, devemos carregar os “fardos” que são pesados demais para uma pessoa carregar sozinha. Há, porém, um fardo que não podemos partilhar, e este é a nossa responsabilidade diante de Deus no dia do juízo.

3)    Compartilhando fardo...
“Surpreender”. O exemplo mais conhecido no Novo Testamento é o da mulher eu os fariseus levaram a Jesus, dizendo ter sido “apanhada em pecado de adultério” (João 8:4).


O que fazer? Esse é o grande teste do crente: Que faz ele com o homem que cai? Qual é a sua atitude para com aqueles que são apanhados em alguma falta? Qual é a sua obrigação para com aquele que tiver falhado? Qual é a responsabilidade do grupo ou da igreja?

“Se alguém for surpreendido nalguma falta ...corrigi-o”. O grego é katartizo, tem o sentido de “emendar”, “reparar”, “restaurar”. Esse era o termo usado para por no lugar um osso deslocado. Um osso que se desloca provoca dor extrema porque não está mantendo o relacionamento natural, para o qual foi projetado, com as demais partes do corpo. É inevitável que o ato de pôr um osso no lugar produza dor, mas é a dor que cura. Significa que devemos confrontar, mesmo quando for doloroso, mas nosso confronto deve ter como objetivo instigar a mudança de vida e coração.

Quando um crente cai em pecado, torna-se necessário um “reparo”, porquanto terá sofrido certos danos devido a sua má experiência. Tal reparação haverá de restaurá-lo perante os seus próprios olhos, perante Deus e perante a comunidade cristã. . “Vá até ele, estenda-lhe a mão, levante-o novamente, console-o com palavras brandas e abrace-o com braços de mãe” (Lutero). 



Quem deve fazer?  “Vós que sois espirituais, corrigi-o”. Esse ministério de amor e restauração de um irmão que errou é exatamente o tipo de coisa que devemos fazer quando andamos no Espírito. Só um cristão “espiritual” deve tentar restaurá-lo.

Como se deve fazer?  “Vós que sois espirituais, corrigi-o, com espírito de brandura; e guarda-te para que não sejas também tentado”.
  
CONCLUSÃO. “Acaso sou eu tutor do meu irmão” (Gn 4:9). Se alguém é meu irmão, então eu sou o seu tutor. Devo cuidar dele com amor e preocupar-me com o seu bem-estar.


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