terça-feira, 7 de novembro de 2017

A carne e o Espírito – Gl  5. 16-25



Introdução:  “Todos conhecem o tipo de vida de uma pessoa que quer fazer o que bem entende: sexo barato e frequente, mas sem nenhum amor; vida emocional e mental detonada; busca frenética por felicidade, sem satisfação; deuses que não passam de peças decorativas; religião de espetáculo; solidão paranoica; competição selvagem; consumismo insaciável; temperamento descontrolado; incapacidade de amar e de ser amado; lares e vidas divididos; coração egoísta e insatisfação constante; costume de desprezar o próximo, vendo todos como rivais; vícios incontroláveis; tristes paródias de vida em comunidade” Gl 5.16... A mensagem

1)    Anatomia da carne e do Espírito
Existem duas naturezas em operação em todo o cristão: o Espírito e a carne (v.16). “Carne” traduz o termo grego SARX, que se refere ao aspecto do nosso ser como um todo que anseia pelo pecado. Sarx é o nosso coração pecaminoso. Ou antes, a parte ou o aspecto do nosso coração que não foi renovado pelo Espírito


Em oposição a ou “contra” (v.17) a carne está o Espírito. Com “Espírito” se refere ao próprio Espírito Santo, que nos renova e regenera, primeiro dando-nos uma nova natureza (Ef 2.1) e, então, permanecendo em nós. Mais simplesmente, poderíamos dizer que “a carne” representa o que somos por nascimento natural, e “o Espírito” o que nos tornamos pelo novo nascimento (Ef 4.22-24).

2)    A luta
Qual é exatamente a natureza dessa luta (v.17)? Trata-se de uma batalha entre os “desejos” do Espírito Santo e os da sarx. No original, Paulo chama os “desejos da carne” (concupiscência da carne) - grego epithumia-  que designa um “superdesejo”, um desejo excessivo, um impulso e anseio que a tudo controla. Os desejos pecaminosos se tornam coisas profundas que nos dirigem e controlam. “Se idolatria é o termo característico e resumido do Antigo Testamento para a nossa tendência a nos afastarmos de Deus, então “desejos” (epithumia) é o termo característico e resumido do Novo Testamento para o mesmo movimento” (Ef 5.5). 



O versículo 17, afirma: “A carne superdeseja contra o Espírito, e o Espírito contra a carne”. Observe que ele na verdade não diz que o Espírito “superdeseja”. No entanto, a construção indica que o Espírito tem paixões e anseios também, no mínimo tão fortes quanto os da carne! Em Romanos 7.22-23, quando Paulo diz que “no que diz respeito ao homem interior, tenho prazer na lei  de Deus”, contudo, descobre que existe “nos membros do seu corpo outra lei guerreando contra a lei da minha mente”. MESMO QUANDO ESCORREGAMOS PARA O PECADO, PODEMOS REPETIR COM PAULO: ESSE NÃO É MEU VERDADEIRO EU; ISSO NÃO É O QUE EU DESEJO DE VERDADE. EU QUERO DEUS E SUA VONTADE.

3)    O que a Sarx opera, quatro áreas: sexo, religião, relacionamento e alimentação.
Primeiro, a área do sexo: Prostituição impureza, lascívia (v.19). IMORALIDADE (porneia), ou seja, a relação sexual entre pessoas que não são casadas uma com a outra; ou qualquer tipo de comportamento sexual ilegal. IMPUREZA (akatharsia), traduzida por “comportamento anormal". INDECENCIA (aselgia) ou lascívia, traduzida, como sexualidade descontrolada.  Em suma: sexo barato e frequente, mas sem nenhum amor! Essas três palavras são suficientes para mostrar que todas as ofensas sexuais, sejam elas públicas ou particulares “naturais” ou “anormais” entre pessoas casadas ou solteiras, devem ser classificadas como obras da carne. 



Segundo, temos a área da religião (v.20). Se a idolatria (eidololatria) é o descarado culto prestado a outros deuses, ou querer fornecer um substituto inadequado para Deus (Ex 20.4-5); feitiçaria (pharmakéia) é falsificar a obra do Espírito Santo. Em suma: deuses que não passam de peças decorativas; religião de espetáculo!

Terceiro, área do relacionamento (vs 20 e 21). Surgem oitos palavras que descrevem como a carne destrói os relacionamentos. A Bíblia na Linguagem de Hoje traduz por: “inimizades, brigas, ciumeiras, acessos de raiva, ambição egoísta, desunião, paixão partidária, invejas”.  Quatro delas são atitudes destrutivas: “Ambição egoísta” (Eritheia), a competitividade, uma motivação voltada para a busca do eu; “A INVEJA” (phthonoi) – a cobiça, o desejo secreto de possuir o que os outros tem; “CIUMES” (zelos), o zelo e a energia que vem de um ego faminto; “RIVALIDADE” (echthras), designando a hostilidade, uma atitude antagônica. 



E quatro descrevem o resultados dessas atitudes nos relacionamentos: “INIMIZADES” (eris), ser polemico e gostar de provocar brigas; “IRA” (thumoi), explosões de raiva; “DISCÓRDIAS”, divisões entre pessoas e “PARTIDARISMO” (aireseis), grupos partidários e rivais permanentes.

Quarto, há duas palavras que se referem ao abuso de substancias “bebedices” e “orgias”.  Estas duas palavras estão conectadas. As orgias não são sexuais, mas de bebedices. Uma das obras da carne é o vicio em substancias e comportamentos que criam o prazer.

Paulo dirige uma advertência severa para os que praticam essas coisas, pois “não herdarão o reino de Deus” (v.21). Que alguém se entregue continuamente à carne sem lutar contra ela significa demonstrar que o Filho não o redimiu e que o Espírito não o renovou.

4)    Fruto do Espírito
O termo fruto nos transporta para o mundo da agricultura e nos revela quatro fatos sobre como o Espírito opera: 1) o crescimento cristão é gradual, tanto quanto o crescimento de um nabo ou de uma batata. Ninguém consegue ver o crescimento botânico – só se pode medi-lo depois de algum tempo; 2) O crescimento do fruto do Espírito é inevitável. Haverá crescimento; se alguém tem o Espírito dentro de si – se é cristão -, o fruto crescerá; 3) O fruto do Espírito tem raízes internas. Pense na macieira. As maçãs dão vida à arvore? Não! As maçãs não dão vida; elas são sinal de que a árvore está viva; 4) o fruto do Espírito sempre cresce em conjunto.

Amor, alegria e paz: essas virtudes se referem principalmente a nossa atitude para com Deus. Amor do cristão é seu amor a Deus, sua principal alegria estar em ter Deus como seu deleite, sua beleza e seu valor e paz é descansar na sabedoria e no controle de Deus.

Longanimidade, benignidade, bondade. São virtudes sociais, principalmente voltadas para o próximo e não para Deus. Longanimidade é a paciência para com aqueles que nos irritam ou perseguem – sem perder a cabeça. Benignidade: é uma questão de disposição, gentileza e Bondade: são palavras e atos.

Fidelidade, Mansidão e domínio próprio: Fidelidade é a certeza de poder confiar em uma pessoa cristã, ter coragem, e fiel à própria palavra. Mansidão: é a atitude de humildade em que Cristo tem (Mt 11.29) e Temperança: domínio próprio, autocontrole (Pv 16.32).

Conclusão

DEVEMOS CRUFICIAR A CARNE (V.24): A crucificação da carne não é uma coisa feita a nós MAS POR NÓS. O que isso significa? “Se alguém quiser vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me” (Mc 8.34). TOMAR A CRUZ SIGNIFICA RENUNCIA! Temos que crucificar nossa velha natureza IMPIEDOSAMENTE; a carne é malina, tem que morrer. Nossa crucificação será dolorosa; quando lutamos intimamente com nossos pecados. A nossa crucificação tem que ser DECISIVA. Não podemos acariciar pecados; os criminosos que eram pregados na cruz não sobreviviam. 




Devemos andar no Espírito: é andar deliberadamente ao longo do caminho com a linha que o Espírito estabele para nós. 


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