terça-feira, 5 de setembro de 2017

A origem do evangelho – Gl 1.6-24



Quem eram os judaizantes? Eram missionários que insistiam que todo cristão gentio deveria também se tornar judeu. Ensinavam que a salvação não se dava pela graça e pela fé somente; segundo eles, os convertidos, além de crer em Jesus, precisavam ser circuncidados, guardar a lei do sábado, abster-se de carne de porco e observar muitas outras prescrições da legislação mosaica. 



Estas pessoas atacavam constantemente o apostolo Paulo, afirmando: 1) Paulo não era apóstolo de verdade, pois não fazia parte dos Doze e não andara com Jesus; 2) Ele era um apóstolo de segunda categoria, e a mensagem que ensinava era invenção própria, não provindo de Deus; 3) a doutrina da salvação pela fé, que ele anunciava, era uma simples estratégia de garantir seu sustento por meio de pregação de um evangelho barato.

1)    Outro evangelho.  

Paulo afirma ser apóstolo não por meio de homem algum, mas por Jesus Cristo, pela vontade de Deus (v.1). Ele explica ainda a essência do evangelho que pregava: Cristo entregou a si mesmo pelos nossos pecados “para nos livrar deste mundo mau, segundo a vontade de nosso Deus e Pai” (v.4). Era esse evangelho que os judaizantes consideravam graça barata. 


Então, muitos membros das igrejas da Galácia estavam começando a dar ouvidos a esses falsos mestres (v.6). “Estou admirado de vocês estarem abandonando tão depressa”. A palavra grega é interessante e significa “transferir a fidelidade”. É usada com referência a soldados do exército que se rebelam ou desertam, e a pessoas que mudam de partido na política ou na filosofia.

Nos versículos 7 a 9, Paulo chega a pronunciar uma maldição contra todo aquele que pregasse um evangelho diferente do evangelho de Cristo e da graça que ele pregou – FOSSE UM ANJO, FOSSE UM APOSTOLO OU FOSSE O PROPRIO PAULO. Tal pregador seria amaldiçoado e relegado ao inferno por toda a eternidade. 



2)    O Evangelho.
A questão é: qual é a origem do evangelho de Paulo para que seja normativo, e para que as outras mensagens e opiniões sejam avaliadas e julgadas por ele? A resposta a esta pergunta pode ser encontrada nos versículos 11e 12: “Faço-vos, porém, saber, irmãos, que o evangelho por mim anunciado não é segundo o homem; porque eu não recebi nem o aprendi de homem algum, mas mediante revelação de Jesus Cristo”. O seu evangelho era “NÃO... SEGUNDO O HOMEM” (V. 11); “NÃO ERA INVENÇÃO HUMANA” (BLH). OU SEJA, “Eu o preguei mas não o inventei; também não o recebi de um homem, como se fosse uma tradição já aceita, passada de uma geração a outra. Também não me foi ensinado como se precisasse aprender de mestres humanos”.

Pelo contrário, Ele veio “MEDIANTE REVELAÇÃO DE JESUS CRISTO”. A palavra traduzida por “revelação” (APOKALIPSIS) está relacionada, em sua origem, ao ato de “tirar o véu”. Trata-se de uma palavra constituída por dois elementos: APO “a partir de” ou “saindo de”, e KALIPTO, que significa “véu”, ou seja, RETIRAR O VÉU. Ou seja, Ele está afirmando que a sua mensagem não é sua, mas de Deus; que o seu evangelho não é seu, mas de Deus; que as suas palavras não são suas, mas de Deus.

3)    O que aconteceu Antes de Sua Conversão de Paulo (vv. 13-14).
“Porque ouviste qual foi o meu proceder outrora. Paulo menciona dois aspectos da sua vida antes da regeneração: a perseguição à igreja, que ele agora reconhece ser “a igreja de Deus” (v.13), e ao seu entusiasmo pelas tradições dos seus pais (v.14). Em ambos, diz ele, era fanático. Consideremos a perseguição a igreja. Ele ia de casa em casa em Jerusalém, prendendo todos os cristãos que encontrasse, homens e mulheres, e arrastando-os para a cadeia (Atos 8.3). Quando os cristãos eram condenados à morte, ele votava contra eles (Atos 26.10). Não somente perseguia, mas queria devastar a igreja, estava determinado a acabar com ela. 



Ele fora igualmente fanático em seu entusiasmo pelas tradições judaicas. “Fui um dos judeus mais religiosos do meu tempo e procurava seguir com todo o cuidado as tradições dos meus antepassados” (v.14). Ele fora criado de acordo com “a seita mais severa” da religião judaica (Atos 26.5), ou seja, era um fariseu e vivia como tal.

4)    O que aconteceu na sua Conversão (vv. 15 e 16).
O contraste entre os versículos 13 e 14, de um lado, e os versículos 15 e 16, do outro, é dramaticamente abrupto. Nos versículos 13 e 14 Paulo está falando de si mesmo “perseguia eu a igreja de Deus... e a devastava ... quanto ao judaísmo avantaja-me ... sendo extremamente zeloso das tradições de meus pais”.  Mas nos versículos 15 e 16 ele começa a falar de Deus. Foi Deus, escreve, “que me separou antes de eu nascer”,  Deus “me chamou pela sua graça” e a Deus “aprouve revelar seu filho em mim”.


Primeiro, “Deus me separou antes de eu nascer”. Assim, como Jeremias (Jr 1.5: “Antes que eu te formasse no ventre te conheci, e antes que saísse da madre, te santifiquei; às nações te dei por profeta”. Portanto, Paulo, antes de nascer, foi separado para ser apóstolo.
Segundo, Deus me chamou pela sua graça, isto é, por seu amor totalmente imerecido. Paulo estivera lutando (Atos 26.14) contra Deus, contra Cristo, contra os homens. Ele não merecia misericórdia nem a pedira. Mas a misericórdia fora ao seu encontro e a graça o chamara.

Conclusão:  Aprouve Deus revelar seu filho em mim.
Deus deu a Paulo uma revelação particular, mas para uma comunicação pública aos gentios (Atos 9.15). E o que Paulo foi encarregado de pregar aos gentios não foi a lei de Moisés, como os judaizantes estavam ensinando, mas as boas novas de Cristo. Este Cristo fora revelado, diz Paulo, “em mim” (literalmente). E esta revelação foi tão intima, tornando-se de tal forma parte dele mesmo, que lhe possibilitou torna-la conhecida aos outros.


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