terça-feira, 25 de julho de 2017

Crescendo na graça e no conhecimento. 2 Pe 1.5-7



Introdução: As cartas do apóstolo Pedro estão classificadas entre as “epístolas gerais” por não se dirigirem a uma igreja ou a uma pessoa específica, mas ao povo de Deus em geral. A primeira carta teve o objetivo de consolar os irmãos que sofriam com as perseguições. A segunda carta foi escrita para exortá-los no sentido de crescerem espiritualmente (2Pe 1.12; 3.18). Gostamos de ser consolados, mas não exortados. Entretanto, não podemos recusar este precioso aspecto da Palavra do Senhor para nós. Exortação é admoestação e incentivo.

1)    Por isso
O que vem a seguir é consequência direta do que foi dito antes. O apóstolo não nos pede que façamos nada antes de primeiramente salientar e repetir o que Deus fez por nós em Cristo. O evangelho não é apenas a manifestação de uma fé geral acrescida da prática de algumas virtudes. O evangelho genuíno, em primeira instância não é uma exortação para que façamos algo; primeiramente ele é proclamação daquilo que Deus já fez por nós em Cristo.
                  
 O evangelho mostra que o homem não pode fazer nada para salvar-se, pois sem Cristo está morto em ofensas e pecados (Ef 2.1; Is 64.6). “Não há um justo sequer”; “todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus”. Qualquer homem, em suas melhores e mais altas condições, é uma criatura perdida; ele é um pecador condenado aos olhos de Deus. 
 

  
 Antes de o homem ser chamado para fazer algo, é preciso que tenha recebido algo de Deus: Cristo. Sem vida não é possível haver atividade, logo, a vida cristã começa com o novo nascimento em Cristo. Tudo o que nos conduz à vida e à piedade nos foi dado em Cristo (v.3; Ef 2.8,9). Por exemplo, não adianta fazer apelo a um morto. A única pessoa a quem você pode, com alguma lógica, dirigir um apelo é a pessoa que está viva. Quando alguém se torna um cristão, nasceu de novo. Enquanto antes estava morto, agora está vivo. Portanto, é preciso haver músculos, é preciso haver faculdades e propensões; todos os cristãos tem músculos espirituais. Portanto, diz Paulo “acrescentai à vossa fé a virtude...”.

Dois erros que ocorrem no seio da igreja. O primeiro, existem aqueles cristãos que acham que podem fazer-se cristãos por seus próprios esforços, que acham que, acrescentando estas virtudes à sua vida natural, podem habilitar-se para estar na presença de Deus. O segundo, alguns dizem: “é claro que ninguém pode fazer nada; a salvação é de Cristo; portanto, qualquer esforço ou qualquer tentativa que a pessoa faça no cultivo espiritual, ou qualquer esforço para disciplinar a vida cristã, é errado, e significa voltar às obras e tentar justificar-se pelos obras”.

2)    “Acrescentai”.
A melhor tradução é “suprir, fornecer, proporcionar”. Era usada para demonstrar a habilitação do coro em conexão com as peças gregas. Referia-se a alguém que custeava tudo o que era necessário ao bom funcionamento do coro para que as peças pudessem ser mais bem apreciadas. Fala do suprimento que proporciona e revela harmonia entre as partesÉ como a perfeição e o equilíbrio de um grande coro – o soprano, o contralto, o tenor e o baixo. Todas estas vozes são necessárias ao coro, e é preciso que não haja demasiado de um nem muito pouco de outro, ou se perderá o equilíbrio. 




3)    O caráter da nossa fé.

VIRTUDE. Que significa essa palavra? Virtude é a disposição de um indivíduo de praticar o bem; e não é apenas uma característica, trata-se de uma verdadeira inclinação, virtudes são todos os hábitos constantes que levam o homem para o caminho do bem.  (significados.com.br).  Para Pedro, no entanto, “VIRTUDE” aqui significa “poder moral”, ou, se lhes parece bem, energia moral – significa atividade ou vigor da alma.  Vejam lá, diz Pedro, que a sua fé seja uma fé viva, que seja uma fé ativa, que seja uma fé vigorosa, que seja uma fé máscula, que seja uma fé repleta de energia (Ef 5.18). 



CONHECIMENTO. O que será que significa essa palavra? Só pode significar “discernimento”, “entendimento”, “esclarecimento”. Primeiro, Pedro exorta a termos vida enérgica, vigorosa, alerta. “Não se acomodem a uma letargia e lassidão espiritual”, diz Pedro, “esperando que aconteça alguma coisa maravilhosa; ponham-se de pé e ajam, sejam vigorosos, agarrem a oportunidade, ponham “virtude” em prática”. Mas, é PRECISO QUE ESTE VIGOR, ESTA ENERGIA, ESTA ATIVIDADE SEJA GORVERNADA, CONTROLADA E QUALIFICADA POR INTELIGÊNCIA, ENTENDIMENTO E ESCLARECIMENTO. 


Pedro era por natureza um homem impulsivo, um retrato perfeito de energia descontrolada. Ele não era controlado, inteligente e esclarecido, às vezes fazia coisa que lamentava amargamente.

4)    Nossas disposições interiores.

 TEMPERANÇA. Quais seriam as duas coisas nas quais, como cristão, eu tenho que vigiar, e vigiar incessantemente? TENHO QUE VIGIAR A MIM MESMO. Embora, renascido, embora tenha a natureza divina, há um outro homem aqui. Há impulsos e desejos, há luxúria e paixões (Gl 5.16-17). Sempre há também o inimigo e o adversário de nossas almas que procura arrastar-nos para o pecado (1 Pe 5.8). Portanto, diz Pedro, lembremo-nos sempre da autodisciplina, vigiemos estas coisas que há em nosso íntimo, e tenhamos temperança (Cl 3.5-11; Gl 5.24). 



PACIÊNCIA. A paciência, a resistência na peleja cristã diz respeito à nossa postura frente ao mundo externo e pecaminoso. Deve haver firmeza na fé, perseverança. Pedro mesmo afirmara que não abandonaria a Cristo e depois o negou três vezes (Lc 22). Pedro aprendeu que não tem grande valor em se fazer grandes declarações de fé e grandes promessas, se não as cumprirmos. Devemos cultivar um caráter que seja resistente e que suporte com paciência perseverante todas as provas.


5)    Nossa relação com os outros.
PIEDADE. Antes de eu pensar em minhas relações com qualquer outra pessoa, sempre devo me certificar de que o meu principal motivo e a minha maior ambição na vida é honrar Deus, glorificar Deus e proclamar o Seu louvor. Depois, tendo posto isso em primeiro lugar, devemos considerar os irmãos na fé. 



BONDADE FRATERNAL. Ele está exortando estes cristãos primitivos a se amarem uns aos outros, e a serem pacientes uns para com os outros. COMO ISSO É DIFICIL, ÀS VEZES! Com que facilidade ficamos impacientes. Quanto dano tem causado ao corpo de Cristo pela falta de bondade fraternal. Em 1 Corintios 13, diz “o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor. O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. TUDO SOFRE, TUDO CRÊ, TUDO ESPERA, TUDO SUPORTA (vs. 4-7). 



Conclusão: “porque, se em vós houver e abundarem estas coisas, não vos deixarão ociosos nem estéreis no conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo. Pois aquele em que não há estas coisas é cego, nada vendo ao longe, havendo-se esquecido da purificação dos seus pecados” (2 Pe 1.8-90.




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