terça-feira, 18 de outubro de 2016

Jesus e João Batista –João 3.27-30


Introdução:
No livro a “A cabana do Pai Tomás”, o velho escravo fora arrancado de sua velha casa, e colocado num vapor, sendo levado para um lugar desconhecido. Foi um momento difícil. “A fé do Pai Tomás vacilou. Isso parece indicar que, para ele, deixar para trás Tia Cloé e os filhos, bem como os velhos conhecidos era o mesmo que estar deixando Deus ali”.

Em um dado momento ele adormece e tem um sonho. “Sonhou que estava em sua casa, e que a pequena Eva lia para ele um trecho da Bíblia, como sempre fazia. Ele até escutava a voz dela: Quando passares pelas águas eu serei contigo... Porque eu o Senhor teu Deus, o Santo de Israel, o teu salvador”.Pouco depois, o pobre escravo estava-se contorcendo debaixo das cruéis chicotadas de seu novo dono. Mas, as chicotadas atingiram apenas o homem EXTERIOR, e não O CORAÇÃO, como acontecera anteriormente (2 Co 4.16: “Por isso, não desanimamos; pelo contrário, mesmo que o nosso homem exterior se corrompa, contudo, o nosso homem interior se renova de dia em dia”). 


1)  João Batista, um homem vocacionado.
João crescera no deserto da Judéia, junto aos Essênios. João se sensibilizou com a voz de Deus em meio ao vento do deserto; que conseguia ver a sua face entre o sol e sentia sua presença nas areias agitadas.

Foi João Batista que apontou Jesus como o cordeiro de Deus, que tiraria o pecado do mundo (Joao 1.36). Mas, veja qual foi a reação dele diante da perda da popularidade pra Jesus (v.37). Alguém comunica a João que o povo, e mesmo alguns de seus discípulos, estão passando a seguir a Jesus, a ouvir de seus ensinamentos e a ser batizados pelos discípulos dele. Mas João, o batista, respondeu:


Respondeu João: O homem não pode receber cousa alguma se do céu não lhe for dada. Vós mesmos sois testemunhas de que vos disse: Eu não sou o Cristo, mas fui enviado como seu precursor. O que tem a noiva é o noivo; o amigo do noivo está presente e ouve, muito se regozija por causa da voz do noivo. Pois esta alegria já se cumpriu em mim. Convém que ele cresça e que eu diminua” (João 3.27-30).

PESSOAS VOCACIONADAS ENTENDEM O PRINCIPIO DA MORDOMIA. Aqueles que foram interpelá-lo fizeram suas perguntas com base na suposição de que aquele povo PERTENCIA  a João, que ele tinha conquistado para si com seu carisma pessoal. E, se assim o fosse, estava perdendo algo: seu estrelato como profeta.

 João, não pensava assim. Ele pensava como um mordomo cristão. A função do mordomo é simplesmente cuidar de algo que pertence a outrem, até o proprietário volte para reaver sua propriedade. Portanto, João sabia, que as multidões que o deixavam para seguir a Cristo nunca tinham sido propriedade dele. Deus as colocara sob seus cuidados durante algum tempo, mas agora as estava recolhendo de volta. E para o profeta estava tudo bem (1 Pe 5.2).  

O que as multidões eram para ele, serão para nós nossa carreira, nossos bens, nossos dons naturais e espirituais, nossa saúde. Será que possuímos essas coisas ou apenas as gerimos em nome daquele que as confiou a nós? Quando um que é vocacionado perde, nada muda. Seu mundo interior continua o mesmo; talvez melhor.


PESSOAS VOCACIONADAS SABEM EXATAMENTE QUEM SÃO. Voces estão lembrados” , disse ele para aqueles homens, “que eu lhes falei que NÃO SOU O CRISTO?”. E saber que não era Cristo, era uma forma de saber quem ele era. Ele não tinha ilusões quanto à sua identidade pessoal. Isso já estava bem claro em seu mundo interior.

Mas para muitos, são incapazes de fazer distinção entre a função que exercem e sua própria pessoa. Para eles, o que fazem se confunde com o que são. É por isso que as pessoas que já detiveram grande parcela de poder tem muita dificuldade em abandoná-lo, e muitas vezes lutam até à morte para retê-lo. Ou, muitas mães passam por sérias crises de depressão quando o ultimo filho cresce e sai de casa.

Outro homem que não fosse vocacionado como João, teria cedido à tentação, e responderia: “Bom, eu não tinha pensado nas coisas exatamente nos termos em que as estão colocando, mas talvez estejam certos. Existe mesmo algo de messiânico em mim. Por que não aceitamos essa tese de que eu sou o Cristo, para ver o que acontece?”. Se por um acaso houve um momento em que a voz das multidões falou alto, a voz de Deus, que soava em seu interior, falou ainda mais alto.

PESSOAS VOCACIONADAS POSSUEM UM FIRME SENSO DE OBJETIVO. Quando perguntado a respeito da crescente popularidade daquele Homem de Nazaré, ele comparou sua missão com a de um padrinho de casamento: “O que TEM  a noiva é o noivo; o amigo do noivo (isto é, João) que está presente e o ouve, muito se regozija por causa da voz do noivo (Jo 3.29). A função do amigo é estar ao lado do noivo, cuidando para que atenção esteja voltada para ele.  Ou seja, Se Jesus Cristo era o noivo então a única preocupação de João Batista era ser o amigo dele, e nada mais.


PESSOAS VOCACIONADAS SABEM O QUE É UM COMPROMISSO FIRME. “Convém que ele cresça e que eu diminua” (Jo 3.30), disse ele aos que procuraram para saber de sua reação. Um homem mundano nunca teria dito o que ele disse, pois esse tipo de pessoa é compelido a buscar mais e mais atenção dos outros, mais e mais poder, mais e mais bens materiais. Para João, uma vez tendo concluído a tarefa para a qual fora designado – apresentar Cristo como o Cordeiro de Deus – sentia-se realizado, pronto para se retirar do cenário público.


Que diferença enorme entre a vida do Rei Saul e a de João Batista! O primeiro tentou defender sua gaiola dourada, e saiu derrotado; o outro se contentou com um lugar no deserto e a oportunidade de servir a Deus, e saiu vitorioso.

Conclusão: COMO JOÃO SE TORNOU O QUE ERA?

Primeiro, a influencia de seus pais, que lhe formaram o caráter desde os primeiros dias. A Bíblia ensina que Zacarias e Isabel eram pessoas profundamente espirituais, com extraordinária sensibilidade em relação ao chamado de João, que lhes fora relevado por meio de diversas visões de anjos. Então, desde os primeiros anos do filho, eles começaram a incutir essa missão em sua alma. Os pais de João devem ter morrido quando ele ainda era jovem. O fato é que, quando as Escrituras voltam a focalizá-lo, ele está sozinho, morando no deserto, afastado da sociedade para a qual, mais tarde, iria ser uma voz profética (Lc 3.1-3).

César estava em Roma, cuidando das coisas importantes que diziam respeito aos césares. Anás e Caifás se achavam em Jerusalém, procurando manter em ordem a religião organizada. Mas veio a Palavra de Deus a João, um homem insignificante, que se encontrava num lugar sem importância, um deserto.

Por que João? Por que Deus o chamou e ele atendeu. O chamado exigia total submissão aos desígnios de Deus, aos seus métodos de trabalho e ao seu conceito de sucesso.


E por que num deserto? O deserto tem uma conotação de dor, isolamento e sofrimento. E quem é que gosta de tais coisas? O deserto é um lugar difícil de viver, seja ele físico ou espiritual. Pois, no deserto, aprendemos a conhecer a aridez. No deserto aprendemos a confiar só em Deus. 

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