terça-feira, 25 de outubro de 2016

Disciplina do Jejum  - Mateus 6.16-18


Introdução: Com que frequência e com que extensão temos pensado a respeito disso? Que lugar o jejum ocupa em toda a nossa perspectiva da vida cristã e da disciplina nela envolvida? Sugiro que a verdade provável é que apenas mui raramente temos meditado sobre isso. Porventura já jejuamos alguma vez? Porventura já nos ocorreu pensar demoradamente sobre a questão do jejum? O fato é que toda essa questão parece haver sido inteiramente excluída de nossas vidas, e até mesmo de nosso pensamento cristão, não é verdade? Martin Lloyd-Jones.

1)    O que não é o jejum.

Resultado das excessivas práticas religiosas (Lc 18.10-14). É uma prática religiosa destituída de espiritualidade (Mt 6.1: “Guardai-vos de exercer a vossa justiça diante dos homens, com o fim de serdes vistos por eles; doutra sorte não tereis galardão junto de vosso Pai celeste”). Um exemplo são as vigílias, isto é, abstenção de dormir a fim de atender à oração. Paulo, nos adverte: “...com efeito, tem aparencia de piedade, como culto de si mesmo, e falsa humildade, e rigor ascético; todavia, não tem valor algum contra a sensualidade” (Cl 2.23). 


Algumas pessoas jejuam, porque esperam resultados diretos e imediatos do jejum. Ou seja, se alguém quiser auferir certos benefícios, então que jejue; se alguém jejuar, receberá benefícios imediatos.

2)    O jejum da Bíblia.
Nas Escrituras o JEJUM refere-se à abstenção de alimento para finalidades espirituais. É diferente da Greve de fome, cujo propósito é adquirir poder político ou atrair atenção para uma boa causa. É diferente, também, da dieta de saúde, cujo propósito é físico e não espiritual.

Na Bíblia, portanto, os meios normais de jejuar envolviam abstinência de qualquer alimento, sólido ou líquido, excetuando-se a água. No jejum de quarenta dias de Jesus, diz o evangelista que ele “NADA COMEU” e ao fim de desses quarenta dias “TEVE FOME”, e Satanás o tentou a comer, indicando que a abstenção era de alimento e não de água (Lc 4.2).


Às vezes se descreve o que poderia ser considerado JEJUM PARCIAL. O profeta Daniel, durante três semanas, não comeu “manjar desejável, nem carne nem vinho entraram na minha boca, nem me untei com óleo algum” (Dn 10.3). Temos, também o JEJUM ABSOLUTO, ou abstenção tanto de alimentos como de água. Que parece ser uma medida desesperada para atender a uma emergência extrema. Após saber que a execução aguardava a ela e ao seu povo, Ester instruiu a Mordecai: “Vai, ajunta a todos os judeus....e jejuai por mim, e não comais nem bebais por tres dias, nem de noite nem de dia; eu e as minhas servas também jejuaremos” (Et 4.16). Paulo fez um jejum absoluto de tres dias após seu encontro com o Cristo vivo (Atos 9.9).

O único jejum público anual exigido pela lei mosaica era realizado no dia da expiação (Lv 23.27). Era o dia do calendário judaico em que o povo tinha o dever de estar triste e aflito como expiação por seus pecados. Os jejuns eram convocados, também, em tempos de emergência  nacional: “Tocai a trombeta em Sião, promulgai um santo jejum, proclamai uma assembleia solene” (Jl 2.15). Quando o reino de Judá foi invadido, o rei Josafá convocou a nação para jejuar (2 Cr 20.1-4).


Em 1756 o rei da Inglaterra convocou um dia de solene oração por causa de uma ameaça de invasão por parte dos franceses. João Wesley registrou este fato em seu Diário, no dia 06 de fevereiro: “O dia de jejum foi um dia glorioso, tal como Londres raramente tem visto desde a Restauração. Cada igreja da cidade estava mais do que lotada, e uma solene gravidade estampava-se em cada rosto. Certamente Deus ouve a oração, e haverá um alongamento de nossa tranquilidade”.

3)    Jesus e o Jejum.
“Quando jejuardes, não vos mostreis contristados  como os hipócritas: porque desfiguram o rosto com o fim de parecer aos homens que jejuam”(Mt 6 v.16). Os hipócritas quando jejuavam não lavavam o rosto, nem ungiam suas cabeças; alguns, colocavam cinzas sobre as cabeças. Queriam chamar atenção ao fato que estavam jejuando, por isso mantiveram a aparência de miseráveis, infelizes.


As pessoas diziam: “Ele é uma pessoa de uma espiritualidade fora do comum. Olhe para ele, olhe o que ele está sacrificando e sofrendo por causa de sua devoção a Deus”. Jesus, no entanto, ensina: “Voce não deve soar a trombeta proclamando as coisas que você irá fazer. Você não deve pôr-se de pé nas esquinas das ruas ou em lugares proeminentes na sinagoga quando você for orar. E, da mesma maneira, você não deve chamar atenção ao fato que está jejuando.

“Tu, porém, quando jejuares, unge a cabeça e lava o rosto; com o fim de não parecer aos homens que jejuas, e, sim, ao teu Pai em secreto” (VS.Mt 6. 17-18). Ou seja, a única coisa que importa é que a nossa relação com Deus esteja correta, e que o nosso objetivo seja agradar ao Senhor. “E teu Pai que vêm em secreto, te recompensará”: “QUE OS HOMENS NÃO TE OUÇAM, NÃO TE AMEM E NEM TE LOUVEM”.

Conclusão: por que Jejuar?

Objetivo do Jejum
O jejum deve sempre centrar-se em Deus. Deve ser de iniciativa divina e ordenado por Deus. Como a profetisa Ana, precisamos cultuar em jejuns (Lc 2.37). Como no caso daquele grupo apostólico de Antioquia, “servindo ao Senhor” e “jejuando” devem ser ditos  de um só fôlego (Atos 13.2). C.H. Spurgeon escreveu: “Nossas temporadas de oração e jejum no Tabernáculo tem sido, na verdade, dias de elevação; nunca a porta do céu esteve mais aberta; nunca nossos corações estiveram mais próximos da Glória central”.

Deus interrogou o povo do tempo de Zacarias: “Quando jejuaste... acaso foi para mim que jejuaste, como efeito para mim?” (Zc 7.5).  João Wesley declarou: “Primeiro, seja ele (O JEJUM) feito para o Senhor com nosso olhar fixado unicamente nele. Que nossa intenção aí seja esta, e esta somente, de glorificar a nosso Pai que está no céu”.




Nenhum comentário:

Postar um comentário