domingo, 14 de agosto de 2016

ABRAÃO: um pai...


"Abraão, esperando contra a esperança, creu, para vir a ser pai de muitas nações, segundo lhe fora dito: Assim será a tua descendência. "(Em 4.18.)
Você é pai? Convive com alguém que seja? Caso tenha res­pondido "Sim" a uma dessas duas perguntas, conhece de perto os extraordinários desafios que estão relacionados à paternida­de. Ser pai é algo nobre e compensador, mas é, também, uma responsabilidade muito grande. E, como afirma o dito popular, "não existe escola para ensinar a ser pai". Por isso, bons exem­plos nessa área se tornam especialmente valiosos.
A palavra "pai" está inseparavelmente ligada à figura de Abraão. A começar pelo significado do seu nome de nascimen­to - "Pai exaltado" - e daquele outro pelo qual o Senhor passou a chamá-lo - "Pai de multidões" (Gn 17.5). Os israelitas sempre se orgulharam de intitular-se "filhos de Abraão" (Jo 8.33), e de se referirem a ele como "Pai Abraão" (Lc 16.24). Além disso, o Novo Testamento o chama de "pai de todos os que crêem" (Rm 4.11). Não há dúvida: Abraão foi o pai que todo filho quer ter e que todo homem deseja ser.

Quais são as marcas de um pai exaltado?

 Um pai exaltado é um homem de fé
A trajetória de Abraão foi marcada por seu relacionamento com Deus, e esse relacionamento, por sua vez, distinguiu-se pela fé. Ainda em Harã, "pela fé, Abraão, quando chamado, obedeceu, a fim de ir para um lugar que devia receber por he­rança; e partiu sem saber aonde ia" (Hb 11.8). Atender ao cha­mado divino, escolhendo andar pela fé, foi para Abraão uma decisão única e irreversível. Todavia, essa confiança demons­trada inicialmente precisou amadurecer ao longo dos anos... e das provas.

A Bíblia nos diz que a fé de Abraão lançou raízes desde o princípio, mas frutificou lentamente. Ele cometeu muitos erros, cada um dos quais aconteceu justamente quando a sua fé vaci­lou. Por duas vezes, escondeu que Sara fosse sua mulher, com medo de ser morto (Gn 12.13; 20.2). Também aceitou ter um filho com sua serva, Agar, por receio de que a promessa divina não se cumprisse (Gn 16.3). Abraão teve várias experiências negativas, mas amadureceu com elas. Assim, quando precisou enfrentar o teste supremo - a ordem para sacrificar Isaque -sua fé triunfou maravilhosamente (Gn 22.12). 



Com Abraão, aprendemos que decidir crer é uma coisa que fazemos de uma vez por todas, mas aprender a crer é algo que leva tempo. "Eu não tenho fé", dizemos, muitas vezes, ao nos depararmos com situações difíceis ou reconhecermos nos­sas falhas pessoais. Nessas horas, o exemplo de Abraão nos serve de consolo. Se até o "Pai da fé" teve os seus momentos de dúvida, então certamente não somos um caso perdido! A histó­ria de Abraão nega, definitivamente, a idéia da "santificação instantânea"'. O crescimento é sempre um processo gradual. Ele não se assemelha a uma curva que fazemos de uma só vez, e sim a uma ponte que atravessamos devagar. Assim cresce, também, a nossa fé.

Ter fé em Deus (a qual se fortalece com o tempo e a experi­ência) é algo importante para qualquer pai. Primeiro, porque só com a ajuda de Deus ele poderá cumprir sua missão. Segundo, porque existem coisas que seus filhos precisam e que apenas o Senhor pode dar. E, em terceiro lugar, porque sua vida espiritual se constituirá num modelo para os seus descendentes. Um pai terreno que ensina os seus filhos a confiar no Pai celestial pre­senteia-os com um rico tesouro, que haverá de abençoá-los por toda a vida.

Um pai exaltado é um homem de caráter

Assim como se esforçou por andar corretamente diante do Senhor, Abraão se portou dignamente perante os homens. Ele foi alguém que, com suas palavras e ações, conquistou o res­peito de seus contemporâneos e das gerações que o sucede­ram. Abraão era um homem dedicado ao seu trabalho, fiel aos seus amigos, sóbrio em suas declarações e honrado nos seus atos. Uma pessoa honesta, corajosa e leal.

Quando o pai de Abraão, Terá, deixou Ur dos caldeus, ele se dispôs a acompanhá-lo. Chamado por Deus para peregrinar em Canaã, levou consigo o órfão Ló. Quando os pastores de ambos começaram a se desentender, generosamente permitiu que seu sobrinho escolhesse para si a melhor terra. Abraão também guer­reou para libertar Ló e outros cativos de exércitos invasores, re­cusou-se a receber despojos do rei de Sodoma e entregou os dízimos de seus bens a Melquisedeque. Ele recebeu anjos em sua casa e intercedeu pelos pecadores. Estabeleceu um pacto com Abimeleque e comprou uma propriedade de Efrom. Em cada uma dessas ações, Abraão procurou ser justo e misericordioso. Assim, tornou-se conhecido como um homem íntegro.

Um pai exaltado é alguém que zela pelo seu nome. Ele faz isso honrando os seus compromissos e cumprindo com a sua palavra. Infelizmente, vivemos numa época em que muitos, embora se di­zendo comprometidos com Deus, não evidenciam compromisso com a ética. Eles mentem, traem, distorcem, caluniam, encobrem e sonegam. Seu comportamento não é marcado pela santidade. Sua fala não se caracteriza pela verdade. Assim, por mais que de­sejem apontar um bom caminho para seus filhos, vêem suas me­lhores intenções desfazer-se sob o impacto de seu mau exemplo. É como disse um jovem ao pai que tentava corrigi-lo:
"O que você faz grita tão alto que eu não escuto o que você diz."

As pessoas que mais marcaram a minha vida não foram gran­des pregadores nem operadores de sinais. Foram homens e mulheres simples que, com seu proceder amoroso, me ensina­ram o que é ser um cristão. Ao longo dos anos, tenho buscado imitá-los, certo de que a prova da presença de Deus na vida de uma pessoa se manifesta no seu caráter.

Um pai exaltado é um homem de família

Isso é algo tão óbvio que, à primeira vista, nem precisaria ser mencionado. Entretanto, a verdade é que um grande núme­ro de homens não vive para seus lares. São pais ausentes, que relegam a educação dos filhos às esposas e gastam todo o seu tempo no trabalho. São pais omissos, que não acompanham o desempenho escolar das crianças nem se preocupam em co­nhecer suas companhias. São pais negligentes, os quais não se empenham em fornecer os valores morais e espirituais dos quais os pequeninos precisam para se tornar pessoas de bem.


Paternidade envolve responsabilidade. Não é um aspecto pe­riférico da vida de um homem: é sua prioridade! Aprendemos isso com o exemplo de Abraão. Ele foi alguém que viveu para os seus. Esforçou-se por ser um bom provedor, e também para estar por perto sempre que necessitassem dele. Foi atencioso com seu pai Terá, e generoso com seu sobrinho Ló. Tratou Sara com res­peito, e Isaque, com ternura. Embora fosse um dos homens mais ricos de sua época, considerava o lar seu verdadeiro tesouro. Outros personagens bíblicos não foram tão sábios. Jacó negli­genciou a educação dos filhos na sua ânsia de enriquecer, e Davi deixou de dar à sua família a atenção que ela merecia. Abraão, contudo, priorizou a sua casa. Por isso, até hoje seu nome está associado à palavra "pai".

Stephen Kanitz, colunista da revista Veja, relatou num de seus artigos certa experiência que marcou sua vida. Ele disse que, no começo da carreira, teve um almoço de negócios com um grande empresário. Tratava-se de alguém muito famoso, por quem nutria especial admiração. Para sua surpresa, no meio da refeição o homem começou a chorar. Mal podendo controlar os soluços, ele lhe disse:

"Amanhã é o casamento da minha filha, e eu simplesmente não a vi crescer."
Kanitz havia imaginado sair daquele encontro com algumas dicas profissionais, mas ao invés disso o que extraiu foi uma lição de vida. Decidiu que jamais colocaria sua profissão acima da família. Na sua opinião, essa foi a melhor escolha que fez. Afinal, nenhum sucesso no mundo compensa o fracasso no lar. Talvez seja a hora de rever suas prioridades. Filhos carecem de coisas que o dinheiro não pode comprar. Querem ver seus pais cuidando bem de suas mães. Desejam ouvir declarações de amor. Esperam receber manifestações de carinho. Precisam de conselhos, limites e disciplina. Necessitam de presença, afa­gos e elogios. Pais que se dedicam às suas famílias terão muito do que se alegrar mais tarde. Verão que tomaram a melhor de todas as decisões. Suas vidas serão um sucesso, e jamais um fracasso.


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