terça-feira, 12 de julho de 2016

Abrão:  Correndo na frente de Deus – Gn 16.


Introdução:  No Brasil temos uma expressão que é o “jeitinho brasileiro” que é a mesma conotação para “quebrar um galho”  ou “dar um jeito”.  Mas a história do “jeitinho brasileiro” ou de “quebrar galho” pode ser traçada até suas origens na vida do homem que temos estudado no livro de Gênesis—Abrão.  Ele era campeão do jeitinho brasileiro antes de Pedro Alvares Cabral atravessar o mar e “descobrir” o Brasil.


1)    O dilema de Abrão.

Deus prometera a Abrão que seu herdeiro se originaria em seu corpo (Gn 15.4); o menino carregaria o seu DNA. O Senhor até mesmo selou sua promessa com uma cerimônia solene de aliança (Gn 15.17). Mas o tempo havia passado,  Abrão estava ficando velho (10 anos já se passaram em Canaã, ele já tinha 85 anos, e conforme vs. 1 sua esposa era, pelo que tudo indicava, estéril). Imagino dúvidas passando pela cabeça dele: Será que ele não entendia bem a promessa do Senhor?  Será que Deus esperava que ele mesmo fizesse algo?
Então, Sarai se cansou de esperar. A pressão para gerar um filho havia se tornado grande demais, por isso ela imaginou uma maneira de sair daquela situação complicada. Abrão, anos antes havia fugido para o Egito, numa época de fome. Lá no Egito, ele mentiu ao Faraó dizendo que Sarai era sua irmã, para não ser morto. Em troca o rei deu “ovelhas e bois, jumentos e jumentas, servos e servas, e camelos” (Gn 12.16). Entre os servos egípcios estava uma jovem chamada Hagar. Então, muito anos depois, Sarai disse a Abrão: “Já que o Senhor me impediu de ter filhos, possua a minha serva; talvez eu possa formar família por meio dela” (Gn 16.2). 
Sarai não podia gerar filhos, mas Abrão ainda assim poderia ser “pai” de uma nação”, independentemente de sua idade. Afinal de contas, Deus dissera “um filho gerado por você mesmo será o seu herdeiro” (Gn 15.4). Ele não havia estipulado que Sarai seria necessariamente a mãe. A criança nascida dessa união seria considerada como filha (o) da primeira esposa. Se o marido dissesse ao filho da escrava-esposa “você é meu filho”, então este se tornava seu filho adotivo e herdeiro. 


Mas o texto de Gênesis deixa claro, se bem de forma implícita, de que a promessa de uma descendência seria cumprida normalmente, sem subterfúgio, jeitão ou quebra-galho, através de Abrão e Sarai.  Se eles eram “uma só carne”, então a promessa para Abrão era uma promessa também para Sarai!  A promessa feita para 2 velhos já era sobrenatural!  O “jeitinho” só iria diminuir a glória de Deus!  Deus não precisa da ajuda humana!  O fato da promessa quando Abrão já tinha 75 e depois 85 anos deixava isso muito claro.  Já em Gn 15.2,3. Abrão havia questionado Deus sobre a maneira dEle cumprir a promessa, sugerindo que o herdeiro da casa seria o damasceno Eliezer.  Mas Deus esclareceu Não será esse o teu herdeiro; mas aquele que será gerado de ti será o teu herdeiro (15.4).  O brilho da glória de Deus, da provisão de Deus.
O interessante é que, em toda a discussão, ninguém procurou saber o que o Senhor achava. Sarai não orou. Abrão não sacrificou em um dos altares que havia construído. Como as coisas teriam sido melhores se Abrão tivesse saído na noite estrelada e dito: “Senhor, estamos ficando velhos, e a espera fica mais difícil a cada ano que passa. Nosso desejo tem se tornado quase insuportável. Pensamos em uma maneira de ter filho. Queremos saber se tu a aprovas”.
E nós? Nós também somos tentados a “dar um jeito” na vida quando as coisas não acontecem do jeito como gostaríamos.
Namoro: O exemplo clássico é o namoro, noivado e casamento.  Os padrões de Deus exigem espera, às vezes uma agonia de espera.  A tentação de correr na frente, dar um jeito, baixar o padrão de Deus, namoro um incrédulo, segurar um relacionamento pela atração física, cedendo à pressão de colegas, etc.  Tempo sempre é nosso aliado no relacionamento a dois!  Se é de Deus, o tempo só irá confirmar isso!  O caminho de Deus inclui pais, pastores, pureza e ética bíblica. 


 -Finanças: O perigo das dívidas...pegue agora, pague depois (não é pecado, mas também não é fé.  Até 50% das pessoas nas igrejas estão endividadas ao ponto de criar sérios obstáculos, preocupações, discussões, etc.
2 ) As consequências.
Os resultados da decisão de Sarai e de Abrão não demoraram a aparecer. A barriga de Hagar ainda não havia começado a crescer quando a serva começou a tratar Sarai com desprezo (Gn 16.4). A palavra hebraica para desprezo significa “pequeno, insignificante, sem valor, desonroso” (Pv 30.21-23).  Da perspectiva da Sarai, ela  sentia-se totalmente abandonada, a vítima da história, pois ela havia procurado o bem do marido, e ele não a protegeu.  Da perspectiva de Abrão, certamente não entendeu mulheres (cp. Einstein—“Ainda não entendo mulheres”).
A ideia de fazer Hagar conceber um filho substituto teve um efeito contrario ao desejado e, em vez de finalmente trazer alegria para o lar, causou desentendimento entre todos. Sarai disse a Abrão: “Caia sobre você a afronta que venho sofrendo. Coloquei minha serva em seus braços e, agora que ela sabe que engravidou, despreza-me. Que o Senhor seja o juiz entre mim e você”.
Abrão respondeu: “Sua serva está em suas mãos. Faça com ela o que achar melhor” (Gn 16.6). Essa foi sua maneira sutil de afirmar: “Foi você quem inventou isso tudo. Voce plantou, agora colha!”. Abrão, que em todo o texto é muito passivo, obedece a sua esposa (interessante que os termos usados refletem a narrativa do primeiro pecado quando Adão escutou sua esposa, e tomou do fruto proibido Gn 3.6), toma Hagar, tem relações e gera um filho.  Vemos o fruto do pecado em que a mulher toma a frente e o homem se torna passivo...
2)    Hagar: resgatada por Deus.

Vendida como escrava/serva 10 anos antes; fora da terra, longe dos familiares.  Considerada como “posse”, um instrumento para ser usado pelo patrão e patroa.  De repente, a alegria de ser, aparentemente, o cumprimento da promessa que Abrão esperava ao longo de 86 anos! Mas de repente, abandonada pelo pai do filho. Pela segunda vez em sua vida Abrão expõe uma mulher dele ao perigo! Humilhada ainda mais, mal-tratada pela patroa.  Sozinha, talvez numa estrada perigosíssima durante uma semana, uns 100 km de casa, grávida, rejeitada, sem marido, e agora ela está perdida.
O Anjo ministra graça na vida de Hagar, que afinal de contas, é inocente em tudo isso.  Ela era vítima, e mesmo tendo se exaltado contra a patroa, tudo começou com Sarai, não ela.  Nos vss. 13-16 lemos a resposta de Hagar à promessa do Senhor.  Ela é mais justa que Abrão e Sarai neste texto.  Ela acreditou no Senhor e na Sua Palavra.  Ela “invocou o nome do Senhor”, frase que já vimos em Gênesis (4.26) e que signficia “declarou os atributos, o caráter, de Deus”. 

O que aprendemos, e que Hagar sabia por experiência e Abrão e Sarai não, é que DEUS OUVE E DEUS VÊ.   Se o casal tivesse vivido assim pela fé nestes atributos de Deus, não teria falhado em sua fé!  Deus sabia que Sarai era estéril.  Deus sabia o quanto o casal desejava filhos.  Deus via.  E Ele teria ouvido seu clamor, se tivesse orado em vez de calculado.



Já aprendemos pelo nome do filho que iria nascer, Ismael, que Deus OUVE.  Agora Hagar declara que Deus é o Deus que VÊ também.  Deu nome à fonte (Beer-Laai-Roi = “poço de quem vive e me vê”) para comemorar para sempre o fato de que Deus nos ouve e vê—não fica alheio ao nosso sofrimento!  (Essa é a única vez na Bíblia que alguém da nome para Deus.)  Ela vai ao nosso encontro no momento da nossa aflição!  Ele sabe que somos vítimas, e Ele consegue até tirar bem do mal (50.20).

Em toda vida
Há uma pausa que é melhor do que a pressa progressiva,
Melhor do que derrubar ou realizar algo poderoso;
É a parada diante da vontade soberana.
Existe uma pressa que é melhor do que o discurso ardente,
Melhor do que suspirar ou chorar no deserto;
É acalmar-se diante da vontade soberana;
A pausa e a pressa entoam uma canção
Em uníssono, sempre em voz baixa,
Ó alma humana, o plano de Deus
Prossegue, não precisa da ajuda do homem!
Acalme-se e verá!
Tenha calma e saberá!




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