quinta-feira, 9 de junho de 2016

Josué e as muralhas de Jerico.


O nome de Josué ficou eternamente ligado ao sucesso nas campanhas militares. De fato, ele parece ter sido um homem nascido para triunfar. Já nos primeiros dias que se seguiram à saída do Egito, destacou-se como líder numa batalha entre Israel e os amalequitas (Êx 17.9)- Aquela foi a primeira de muitas vitórias. Depois de cumprir eficientemente várias ou­tras missões, Josué' ganhou o respeito e a confiança de toda a nação. Ele se tornou auxiliar imediato de Moisés, sendo pos­teriormente designado para sucedê-lo, introduzindo os hebreus na terra prometida.
Entretanto, houve um momento na vida de Josué em que ele se viu perante um obstáculo quase intransponível. Jerico - ci­dade considerada por muitos a mais antiga do mundo - inter­punha-se entre ele e a conquista de Canaã. O general israelita já havia travado muitas lutas, mas nunca sitiara uma cidade. E os muros de Jerico representavam um desafio e tanto. Eles com­punham uma inexpugnável fortificação estratégica, formada por um conjunto de duas espessas muralhas paralelas, cada qual com dois metros de largura e dez metros de altura2. Josué sabia que tomar Jerico não seria fácil. Entretanto, era uma tarefa ne­cessária: se os israelitas não o fizessem, teriam sempre uma cidade inimiga às suas costas, o que poria em risco a sua sobre­vivência.
Assim como Josué, também nos encontramos às vezes diante de problemas que parecem não ter solução. Grossas mura­lhas interpõem-se entre nós e nossos sonhos. Graves dificulda­des ameaçam barrar nosso avanço. Inimigos poderosos nos in­juriam e atacam, afirmando que jamais os superaremos. Em ocasiões semelhantes, qual é o nosso procedimento? Desisti­mos? Batemos em retirada? Ou será que nos lançamos desespe­rados ao conflito, colecionando frustrações e derrotas? Às ve­zes, o que fazemos é murmurar contra os céus, queixando-nos das adversidades. Josué, porém, agiu de uma forma que lhe garantiu a vitória. E nós temos a oportunidade de aprender com seu exemplo, identificando nas suas atitudes os ingredientes de uma verdadeira fórmula do sucesso.

Humildade

Josué assumiu uma postura humilde. Esse foi o primeiro passo na direção da vitória. A Bíblia diz que "estando Josué ao pé de Jerico, levantou os olhos e olhou; eis que se achava em pé di­ante dele um homem que trazia na mão uma espada nua; che­gou-se Josué a ele e disse-lhe: És tu dos nossos ou dos nossos adversários? Respondeu ele: Não; sou príncipe do exército do Senhor e acabo de chegar. Então, Josué se prostrou com o rosto em terra, e o adorou, e disse-lhe: Que diz meu senhor ao seu servo?" (Js 5.13,14.) Prostrar-se em adoração foi um ato de hu­mildade e reconhecimento. Perguntar pelas ordens de Deus foi um indício de submissão e obediência. Assim, Josué mostrou que sabia qual era o seu lugar. Mais do que isso: ele percebeu que a situação estava lhe proporcionando a oportunidade de uma experiência mais íntima com Deus.

Grandes problemas trazem sempre grandes oportunidades. Eles nos dão a chance de reavaliar nossa capacidade. Permi­tem-nos exercitar nossa modéstia. Levam-nos a buscar uma maior dependência. Além disso, eles favorecem nosso cresci­mento espiritual, pois é nas horas das maiores provações que temos os vislumbres mais claros do poder divino. Depois de enfrentar sua "Jerico" pessoal, Jó disse ao Senhor: "Eu te co­nhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te vêem" (Jó 42.5).

E Martinho Lutero escreveu: "Eu nunca entendi o significado da Palavra de Deus até que entrei em aflição". Homens e mulheres de fé têm aprendido, ao longo dos séculos, que as provações são seguidas de bênçãos.

Humildade é o reconhecimento dos nossos limites e a confi­ança no ilimitado poder de Deus. É um ingrediente fundamental para uma receita de sucesso. Como afirmou o sábio, "diante da honra vai a humildade" (Pv 18.12). Quando somos modestos, podemos contar com os recursos de Deus, e não apenas com os nossos. Josué, mesmo ocupando a mais alta posição de autori­dade em sua nação, não deixou de admitir suas limitações, de buscar a direção do Senhor e de se submeter a ele. Será que, nos momentos de lutas, temos feito o mesmo?

Confiança

O general israelita revelou ter confiança em Deus e nas suas orientações. As ordens que recebeu foram as seguintes: "Vós, pois, todos os homens de guerra, rodeareis a cidade, cercando-a uma vez; assim fareis por seis dias. Sete sacerdotes levarão sete trombetas de chifre de carneiro adiante da arca; no sétimo dia, rodeareis a cidade sete vezes, e os sacerdotes tocarão as trombetas. E será que, tocando-se longamente a trombeta de chifre de carneiro, ouvindo vós o sonido dela, todo o povo gri­tará com grande grita; o muro da cidade cairá abaixo, e o povo subirá nele, cada qual em frente de si" (Js 6.3-5).

O que Deus mandou Josué fazer deve ter lhe parecido estra­nho. Ele bem poderia ter respondido: "Mas, Senhor, não é assim que se conquista uma cidade!" Josué era um guerreiro experi­mentado. Ele sabia que nenhuma batalha jamais havia sido vencida daquela maneira. Talvez tenha pensado: "Se eu passar essas or­dens adiante, meus soldados deixarão de me respeitar. E se fizer­mos o que Deus está falando, nossos inimigos dirão que ficamos loucos. Eles rirão de nós e falarão que o sol do deserto fritou nossas cabeças!" Entretanto, se algum desses pensamentos cru­zou a mente de Josué, logo foi varrido para longe. Ele decidiu fazer o que lhe fora mandado, porque confiava no Senhor.

Os dicionários definem fé como "confiança em alguém ou em alguma coisa, crença nos dogmas de uma religião, fideli­dade em honrar os compromissos". Mas a minha definição pessoal de fé é a seguinte: fé é confiar a ponto de obedecer. Toda vez que fazemos o que o Senhor nos diz, estamos exer­citando nossa fé. Mas quando dizemos que cremos em Deus e apesar disso não lhe obedecemos, enganamo-nos a nós mes­mos, porque a verdade é que não confiamos nele. É a certeza de que Deus nos ama e deseja o melhor para nós que nos leva a seguir suas orientações, mesmo quando não somos capazes de entendê-las. Os métodos do Senhor podem nos parecer estranhos, mas nunca deixam de ser eficazes.

O Senhor mandou que Naamã mergulhasse sete vezes no rio Jordão, e ele foi curado da sua lepra. O Salvador disse ao cego de nascença que se lavasse no tanque de Siloé, e ele voltou enxer­gando. A Bíblia nos manda amar nossos inimigos, perdoar aos nossos ofensores, vencer o mal com o bem e voltar a outra face aos nossos agressores. Diz aos que enfrentam problemas finan­ceiros que sejam fiéis na entrega de seus dízimos, e exorta os solitários a não se envolverem em relacionamentos contrários à vontade de Deus. Essas e outras orientações podem nos parecer difíceis. Porém, se as seguirmos com fé, veremos que elas nos conduzirão ao sucesso, porque o Senhor, que as deu, é fiel.

Persistência

O último ingrediente na receita vitoriosa de Josué foi a per­severança. O Senhor lhe disse que, para que os muros de Jerico caíssem, teriam de ser rodeados por sete dias, e no último dia, por sete vezes. Isso significa que durante um bom tempo o ge­neral israelita seguiu as diretrizes divinas sem que nada aconte­cesse. Aquilo certamente foi um grande teste para a sua fé. É dessa forma, igualmente, que a nossa confiança costuma ser provada. Seguir em frente quando nossos esforços parecem in­frutíferos não é fácil. Por outro lado, nunca ninguém alcançou nada sem empenho e persistência.

Uma mulher orou durante quarenta anos pela conversão do marido alcoólatra. Outra intercedeu vinte anos pelo filho re­belde até vê-lo render-se a Jesus. Muitos outros exemplos po­deriam ser somados a estes, ensinando-nos uma importante lição: Deus está disposto a dar-nos o triunfo, mas permitirá antes que lutemos por ele, a fim de fortalecermos nossos músculos espirituais. Assim, os que desistem diante da primeira demora podem acabar privados da bênção que lhes estava reservada. "Não é digno de saborear o mel quem se afasta da colméia por causa da picada das abelhas", escreveu Shakespeare. A vitória sorri para aquele que, à humildade e à confiança, acrescenta a perseverança.

Thomas Edison conseguiu fazer funcionar a primeira lâmpa­da elétrica na sua centésima tentativa. Naquela ocasião, um re­pórter lhe perguntou:
-     Depois de fracassar noventa e nove vezes, não pensou em desistir?
-     Eu não fracassei noventa e nove vezes. Apenas descobri, noventa e nove vezes, como algo não funcionava, respondeu Edison.

Essa é uma maneira interessante de ver as coisas! Não enca­re suas tentativas como insucessos, e sim como exercícios. Le­vante-se. Persevere. Tente outra vez. Mostre que sabe o que quer! Você não deve desistir dos seus sonhos, mas precisa pro­var que está à altura deles. Na hora certa, Deus estenderá suas mãos, e os muros cairão.

Mantendo uma postura adequada, Josué e os israelitas al­cançaram seu objetivo.
"No sétimo dia, madrugaram, ao subir da alva e, da mesma sorte, rodearam a cidade sete vezes; somente na­quele dia rodearam a cidade sete vezes. E sucedeu que, na sétima vez, quando os sacerdotes tocavam as trombetas, disse Josué ao povo: Gritai, porque o Senhor vos entregou a cidade... Gritou, pois, o povo, e os sacerdotes tocaram as trombetas. Tendo ouvido o povo o sonido da trombeta e levantado grande grito, ruíram as muralhas, e o povo su­biu à cidade, cada qual em frente de si, e a tomaram." Os 6.15,16,20.)
A fórmula de Josué provou ser eficiente. Os israelitas vence­ram sua batalha mais difícil, e prosseguiram na conquista da terra que Deus lhes havia prometido. Da mesma forma, quando enfrentamos nossos desafios com humildade, confiança e per­sistência, podemos aguardar bons resultados. O Senhor não nos abandonará. Ele não deixará de nos conceder aquilo de que necessitamos e que sabe ser o melhor para nós. Então, sigamos em frente. Vamos colocar de lado o desespero e a afobação, e agir da maneira como Deus nos tem orientado. Afinal, não exis­te sucesso maior do que estar em harmonia com a vontade do Senhor.

Fonte:Marcelo Aguiar - Lições de Fé.


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