terça-feira, 5 de abril de 2016

TEMPO, INTIMIDADE E ALIANÇA – Ct 8.6-7



Introdução: Frases sobre o casamento:
“Matrimonio – mar alto para o qual ainda não se inventou bússola”.

"De todas as formas, casem-se. Se conseguirem uma boa esposa, serão duplamente abençoados. Se conseguirem uma má esposa, voces se tornarão filósofos". Sócrates. 

“Um antigo provérbio árabe afirma que o casamento começa com um príncipe beijando um anjo e termina com um careca olhando para uma mulher gorda do outro lado da mesa”.

Luis Fernando Veríssimo, em seu livro Novas Comédias da Vida Privada, conta a história do relacionamento entre Maria Tereza e Noberto. Durante o namoro e os primeiros anos do casamento, Noberto gostava de pegar na mão de sua companheira e, diante dos amigos, referir-se a ela como “Quequinha”. Mas, com o passar do tempo, Maria Tereza passou a ser chamada de “a mulher aqui” e, às vezes, de “esta mulherzinha”. À medida que conta a história da degradação desta relação, Veríssimo constantemente faz uso das seguintes palavras:

O tempo, o tempo.
O amor tem mil inimigos, mas o pior deles é o tempo.
O tempo ataca em silêncio.
O tempo usa armas químicas...
O tempo captura o amor e não mata na hora.
Vai tirando uma asa, depois a outra.

1)   Definições: intimidade, tempo e aliança.
Intimidade:  é a matéria-prima de relacionamentos sadios e estáveis. Na medida em que uma relação aprofunda, duas pessoas vivem momentos de felicidade e de angustia,os quais se tornam parte de uma memória comum. Assim duas histórias tornam-se uma única (1 Pe 3.6).


“. . . e te prometo ser fiel na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, amando-te e respeitando-te todos os dias da minha vida.”

Tempo: o tempo tem o poder de oferecer o espaço necessário para solidificação de uma relação sadia e a concretização de uma cumplicidade conjugal. Por outro lado, o tempo também pode correr uma relação de lembranças ordinárias contadas com irreverência numa roda de amigos. Pouco a pouco o afeto se vai, as palavras de carinho desaparecem e os toques tornam-se mera cordialidade.


Quando o tempo corrói os sentimentos, duas pessoas se veem confusas quanto ao que fazer com toda a intimidade adquirida ao longos dos anos. Momentos foram vividos juntos, juras foram feitas, limitações expostas, confissões verbalizadas e sonhos descritos. E, agora? O que fazer com tudo isso? Romper? Depois de anos de intimidade, o que é meu ou o que é teu?”

Aliança: é o acordo estabelecido entre duas pessoas de buscarem, ao longo da vida, a felicidade do outro. É o compromisso de permanecerem juntas dedicando-se uma a outra, mesmo quando o sentimento se mostrar instável. É um compromisso aonde as virtudes são celebradas e as limitações acolhidas, é uma decisão mesmo quando a beleza física da juventude se esvai ou a paixão da adolescência se dissipa.

Stephen Kanitz, numa ocasião escrita por ocasião de seu 30º aniversário de casamento, escreve:
Quando você prometer amar alguém para sempre, está prometendo o seguinte: “Eu sei que nós dois somos jovens e que vamos viver até os 80 anos de idade. Sei que fatalmente encontrarei centenas de mulheres mais bonitas e mais inteligentes que você ao longo de minha vida e que você encontrará dezenas de homens mais bonitos e mais inteligentes que eu. É justamento por isso que prometo amar você para sempre e abrir mão desde já dessas dezenas de oportunidades conjugais que surgirão em meu futuro. O objetivo do casamento não é escolher o melhor par possível mundo afora, mas construir o melhor relacionamento possível com quem você prometeu amar para sempre”.

2)     Um casal altamente bíblico.



Um anseio de intimidade. O livro de Cantares tem inicio numa declaração que manifesta todo o desejo humano por intimidade: Cantares 1.2:

“Beija-me com os beijos de tua boca; porque melhor é o teu amor do que o vinho”.



O vinho tem a capacidade de criar um clima de suposta intimidade. Pessoas embriagadas falam umas com as outras como se fossem intimas. No entanto, passado o efeito do álcool, sentem-se envergonhadas pelo que foi dito.

Nos dias atuais, temos muitos casamentos sendo estabelecidos sobre “muito vinho”. Como: apartamentos decorados, viagens para o exterior, eventos sócias, bens materiais, funcionam como uma espécie de vinho na relação.  Por isso, o casal do livro de Cantares opta por construir uma relação baseada na verdadeira intimidade: “muitos beijos e pouco vinho”, eles querem construir um relacionamento concreto com o outro, enquanto pessoa, e não com as coisas e eventos que giram em torno da relação.

Uma dificuldade: Encontros e desencontros (Ct 3.1,2; 5.5,6-8).

Já era tarde, e a Sulamita estava deitada esperando ansiosamente a volta do seu marido para casa. Finalmente, quando ele chegou, ela estava aborrecida com a sua demora e hesitou em abrir-lhe a porta: “Deixe-me entrar, minha querida, meu amor, minha pombinha sem defeito...(v.2). Enquanto isso, a Sulamita tentava decidir o que devia fazer: “O meu amor passou a mão pela abertura da porta, e o meu coração estremeceu” (v.4). Salomão percebeu que estava sendo rejeitado e resolveu ir embora. Quando a esposa abriu a porta, não adiantava mais. Ele havia partido: “Então abri a porta para o meu amor, mas ele já havia ido embora. Como eu queria ouvir a sua voz! Procurei-o, porém não o puder achar; chamei-o, mas ele não respondeu” (v.6).

Mas, o que isso nos mostra? Primeiramente, que a intimidade não é algo que alcançamos da noite para o dia. Ela carece de tempo e das variadas experiências, boas e ruins. Em segundo lugar, a intimidade implica em encontros e desencontros. Por último, a intimidade só é alcançada por aqueles que perseveram.

Uma demanda: Aliança (Ct 8.6).


O selo na antiguidade era o símbolo maior de um acordo estabelecido, um compromisso assumido ou uma aliança feita. Enquanto o selo no coração aponta para uma decisão íntima, o selo no braço fala de uma decisão pública. E qual é a decisão? Um homem e uma mulher não mais pertenceriam a si mesmos, mas um ao outro.
O amor é comparado com a morte. Estranha comparação, não é? No entanto, a ideia aqui aponta para o caráter definitivo da decisão de amar ao outro. Portanto, o amor não como um sentimento, mas como uma decisão ou atitude.

“Doravante, não será o amor que sustentará o casamento, mas o casamento sustentará o amor” Dietrich Bonhoeffer: a aliança (o casamento) deve sustentar o amor (sentimento, romance) e não o contrário.

Somente quando as bases de um amor estão firmadas numa aliança, é que podemos experimentar o que diz Cantares 8.7.



As muitas águas e as correntezas são sinônimos das adversidades enfrentadas que sobreveem ao amor. Os bens oferecidos em troca do amor, representam as propostas sedutoras que tentam sabotar o amor dedicando-o a outra pessoa que não o cônjuge.

Conclusão: “O segredo do casamento”, Sttephen Kanitz
 Hoje em dia o divórcio é inevitável, não dá para escapar.
Ninguém aguenta conviver com a mesma pessoa por uma eternidade. Eu, na realidade, já estou em meu terceiro casamento – a única diferença é que me casei três vezes com a mesma mulher. Minha esposa, se não me engano, está em seu quinto, porque ela pensou em pegar as malas mais vezes do que eu.
O segredo do casamento não é a harmonia eterna. Depois dos inevitáveis arranca-rabos, a solução é ponderar, se acalmar e partir de novo com a mesma mulher.

O segredo no fundo, é renovar o casamento, e não procurar um casamento novo. Isso exige alguns cuidados e preocupações que são esquecidos no dia-a-dia do casal. De tempos em tempos, é preciso renovar a relação. De tempos em tempos, é preciso voltar a namorar, voltar a cortejar, voltar a se vender, seduzir e ser seduzido.

Bibliografia:
Biblia da Familia
Feitos para Durar - Ricardo Agreste
Biblia Almeida - comentário. 

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