terça-feira, 8 de março de 2016

Jesus, Sumo Sacerdote Heb. 4:14-16, 5:1-10.

Introdução: 
SERÁ QUE EXISTE CRISTINISMO SEM CRUZ? 
“Visto que temos um grande sumo sacerdote, Jesus, Filho de Deus, que penetrou nos céus (v. 14, Hb 1.3)”... Isto pode significar uma de duas coisas. No Novo Testamento advertimos diferentes usos do substantivo céu; pode significar o firmamento estrelado; o céu dos anjos, e o supremo céu; o céu da presença de Deus. Isto poderia significar que Jesus passou através de todos os céus que possam existir e está na própria presença de Deus.
Ele suportou tudo o que um homem tem que suportar. Passou por todas as experiências humanas. É em tudo semelhante a nós — exceto em que de tudo isso emergiu sem pecado. O fato de que Jesus fosse sem pecado significa necessariamente que conheceu abismos, tensões, assaltos e tentações que nós jamais conhecemos nem chegaremos a conhecer. Sua luta, longe de ser mais fácil, foi extremamente difícil.
1)                Um Deus humano.
a)                Compadeceu-se das nossas fraquezas. 


A idéia cristã de Deus como um pai amante está entretecida na malha mesmo de nossa mente e coração; mas era uma idéia nova. Para o judeu Deus era santo. A palavra santo tinha o significado de diferente; a idéia fundamental de Deus é que era diferente, que pertencia a uma esfera da vida e do ser completamente diferente da que é a nossa; que não participava de nenhum sentido de nossa experiência humana.
“Os estóicos, os pensadores gregos de mais vôo, diziam que o atributo primário de Deus era a apatheia entendendo por isso a incapacidade essencial de sentir algo”.
“os epicureus  afirmavam que os deuses viviam em perfeita felicidade e bem-aventurança. Viviam no que denominavam os intermúndio: os espaços entre os mundos. E ali em completo afastamento nem sequer eram conscientes do mundo”.
Os judeus tinham seu Deus diferente, os estóicos os deuses sem sentimento, os epicureus os deuses completamente separados. E neste mundo de pensamento se introduz a religião cristã com a concepção incrível de um Deus que deliberadamente suportou toda a experiência humana.
b)                É misericordioso. 

John Foster narra em um de seus livros como certo dia ao voltar para casa encontrou a sua filha desfeita em lágrimas frente à rádio. Perguntou-lhe por quê. Soube que o informativo desse dia continha a oração: "Os tanques japoneses entraram hoje em Cantão". A maioria das pessoas terão ouvido esta notícia sem o mais mínimo sentimento de condolência. Os estadistas talvez a terão escutado com um sentimento de lúgubre pressentimento. Para a grande maioria terá sido indiferente. Por que, então, a filha do John Foster se desfazia em lágrimas? Porque justamente tinha nascido em Cantão. Para ela Cantão significava uma casa, uma ama, uma escola, uns amigos e um lugar muito querido. A diferença consistia em que ela tinha estado ali.
O ter estado ali faz toda a diferença. E não há nenhum âmbito da experiência humana do qual Deus não possa dizer: "Eu estive ali". Quando temos uma história triste e lamentável que contar, quando a vida nos empapa nas lágrimas do sofrimento, não dirigimos a um Deus que seja absolutamente incapaz de entender o que nos aconteceu; vamos a um Deus que "esteve ali".
c)                 Capaz de nos ajudar.
Ele conhece nossos problemas porque passou por eles. A pessoa melhor para nos brindar informação e ajuda numa viagem é a que já fez antes a travessia. A pessoa melhor para nos ajudar a suportar uma enfermidade é a que passou por ela. Deus pode ajudar porque conhece tudo ( 2 Co 2.3-4).
2)    Qualificações essenciais para ser um sacerdote. 


a)     Representar o homem perante Deus  (enquanto a do profeta é representar Deus aos homens), ele mesmo tem de ser homem. Sendo homem, ele é capaz de condoer-se da fraqueza humana, pois ele mesmo é fraco. Ele também é um pecador, deve oferecer sacrifícios para si como pelos outros. Assim, a primeira qualificação do sacerdote é: a humanidade do sacerdote é essencial ao seu ofício.
 b)    Tem de ser chamado por Deus, como aconteceu com Arão. Arão não buscou ser sacerdote; não procurou tal oficio nem o merecia.Outros que buscaram tomar para si o oficio sacerdotal, como, por exemplo, os filhos de Corá (Nm 16.1-40), se depararam com o furor da ira e do juízo de Deus.
 3)    Jesus cumpriu perfeitamente essas qualificações (5.5-10).
a)     Cristo não tomou para si esse glorioso oficio. Ele foi designado por Deus Pai. Foi Deus quem lhe disse as palavras de geração eterna encontradas no Salmo 2.7 e 110.4: Proclamarei o decreto: o Senhor me disse: Tu és meu Filho, eu hoje te gerei.
e, Jurou o Senhor, e não se arrependerá: tu és um sacerdote eterno, segundo a ordem de Melquisedeque.  Mas não foi ao sacerdócio levitico que ele foi designado. Na eternidade, esse sacerdócio nem existia. Jesus foi consagrado “sumo sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque”.
 b)     Mas  o que dizer do segundo requisito, isto é, que ele deveria vir de entre os homens? O eterno Filho de Deus tornou-se homem, e podemos nos referir a “os dias da sua carne”! Durante esse tempo ele passou pela terrível experiência do Getsemani, suando gotas como de sangue (Lc 22.44) e orando para que fosse salvo “da morte”! Deus o ressuscitou da morte no poder de uma vida sem fim (Hb 7.16).
 c)     O que significa, então, quando ele diz no versículo 9 que Cristo foi “aperfeiçoado”? Não está se referindo a perfeição moral. Ele já tinha isso. Quer dizer que ele amadureceu, estava pronto, perfeitamente apto e ajustado à obra do sumo sacerdote e, porque estavam assim apto e pronto, tornou-se para todos quantos a ele obedecem autor da salvação eterna.

Conclusão: A pequena peça de teatro intitulada "O Longo Silêncio", diz tudo:
No fim dos tempos, bilhões de pessoas estavam espalhadas numa grande planície perante o trono de Deus. A maioria fugia da luz brilhante que se lhes apresentava pela frente. Mas alguns grupos falavam animadamente — não com vergonha abjeta, mas com beligerância.
"Pode Deus julgar-nos? Como pode ele saber acerca do sofrimento?" perguntou uma impertinente jovem de ca­belos negros. Ela rasgou a manga da blusa e mostrou um número que lhe fora tatuado num acampamento de con­centração nazista. "Nós suportamos terror. . . espanca­mentos. . . tortura. . . morte!"
Em outro grupo um rapaz negro abaixou o colarinho. "E que dizer disto?" exigiu ele, mostrando uma horrível quei­madura de corda. "Linchado. . . pelo único crime de ser preto!" Em outra multidão, uma colegial grávida, de olhos mal­criados. "Por que devo sofrer?", murmurou ela. "Não foi culpa minha."
Por toda a planície havia centenas de grupos como esses. Cada um deles tinha uma reclamação contra Deus por causa do mal e do sofrimento que ele havia permitido no seu mundo. Quão feliz era Deus por viver no céu onde tudo era doçura e luz, onde não havia choro nem medo, nem fome nem ódio. O que sabia Deus acerca de tudo o que o homem fora forçado a suportar neste mundo? Pois Deus leva uma vida muito protegida, diziam.
De modo que cada um desses grupos enviou o seu líder, escolhido por ter sido o que mais sofreu. Um judeu, um negro, uma pessoa de Hiroshirna, um artrítico horrivel­mente deformado, uma criança talidomídica. No centro da planície tomaram conselho uns com os outros. Finalmente estavam prontos para apresentar o seu caso. Antes que pudesse qualificar-se para ser juiz deles, Deus deve suportar o que suportaram. A decisão deles foi que Deus devia ser sentenciado a viver na terra — como ho­mem!
"Que ele nasça judeu. Que haja dúvida acerca da legi­timidade de seu nascimento. Dê-se-lhe um trabalho tão difícil que, ao tentar realizá-lo, até mesmo a sua família pensará que ele está louco. Que ele seja traído por seus amigos mais íntimos. Que ele enfrente acusações falsas, seja julgado por um júri preconceituoso, e condenado por um juiz covarde. Que ele seja torturado.
"Finalmente, que ele conheça o terrível sentimento de estar sozinho. Então que ele morra. Que ele morra de tal forma que não haja dúvida de que morreu. Que haja uma grande multidão de testemunhas que o comprove."
E quando o último acabou de pronunciar a sentença, houve um longo silêncio. Ninguém proferiu palavras. Nin­guém se moveu. Pois, de súbito, todos sabiam que Deus já havia cumprido a sua sentença.

Nenhum comentário:

Postar um comentário