terça-feira, 15 de março de 2016

Está na hora de crescer- Hebreus 5:11-14 e 6:1-8.


O autor conhecia muito bem a mentalidade do povo a quem se dirigia e, assim, ao dizer que Cristo é o Sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque (Hb 5.10), um pensamento lhe ocorre. Ele deseja dizer mais sobre o assunto, mas o que adianta? Os hebreus não o entenderão (11 a).

A verdade que ele acabara de mencionar é uma das mais profundas da fé cristã e bastante difícil de explicar. Porém, os hebreus são “tardios em ouvir” (v.11). A palavra que usa aqui é muito expressiva: nothoros significa tardio de mente, torpe em entender, duro de ouvido, néscia e insensatamente esquecido. Não captam muito rapidamente as verdades espirituais. Aprendem muito devagar.

1)    O cristão que recusa crescer (Hb 5.11-13). 



Os hebreus eram cristãos durante muitos anos, mas ainda viviam como meninos e estavam longe da maturidade. “Neste estágio da vida, vocês deveriam ser mestres da vida cristã. Mas, em vez disso, o que aconteceu? Ainda estão na alfabetização, tendo, novamente, necessidade de alguém que lhes ensine as coisas mais básicas da fé cristã”. A diferença entre o cristão maduro e o menino está no tipo de alimento: leite e alimento sólido (1 Co 3.2; 14;20; Ef 4.14-15).

Voces estão como crianças que nasceram há muito, mas ainda não são capazes de se alimentar de comidas sólidas. Precisam de leite, não de alimentação. Não conseguem enfiar os dentes em nada consistente. Não avançaram além do que estavam quando nasceram de novo. Limitando-se ao leite, vocês permanecem criancinhas quando já deviam estar crescidos. São inexperientes na palavra da justiça, porque não conseguem entender mais, porque não estão preparados para tanto. Não conhecem a Palavra, não sabem como manejá-la. Não surpreende que não consigam entender como Cristo “é sumo sacerdote para sempre segundo a ordem de Melquisedeque”!

A palavra usada para rudimentos é stoiqueia. O termo tem uma variedade de significados. Em gramática significa as letras do alfabeto, o A B C; em física os quatro elementos básicos dos quais se compõe o mundo; em geometria os elementos de prova como o ponto e a linha reta; em filosofia os primeiros princípios com os quais começam os estudantes. O autor lamenta que depois de muitos anos de cristianismo seus fiéis não tenham superado o elementar; são como os meninos que não conhecem a diferença entre o bem e o mal.

Temos de ter em mente duas figuras: uma de um bebê que cresce e outra de uma escola. Qual a sua posição nessa escola? A de um infante aprendendo as primeiras coisas do maternal ou a de mestre? Somente o crente maduro pode ingerir alimento sólido. E como chegam a tal condição? É “pela prática” (v.14) que “tem as suas faculdades exercitadas para discernir não somente o bem, mas também o mal”. Sabem discernir a verdade do erro e o bom comportamento daquele que é mau.

2)    O perigo da apostasia (Hb 6.1-3).
Esse texto insiste conosco que não fiquemos apenas nos alimentando de leite, mas progridamos para o alimento sólido, que não nos contentemos com ficar na classe dos bebês e, sim, progridamos na escola a ponto de nos tornar mestres. O “pondo de parte” do versículo 1 não significa esquecimento e, sim, “deixar para trás para progredir”.  O apostolo menciona seis doutrinas básicas, que se agrupam em tres pares. O primeiro par fala da salvação; o segundo, das ordenanças; o terceiro trata do estado final.  AQUELE QUE CONHECE E COMPREENDE APENAS ISSO AINDA É UM BEBÊ QUE DEPENDE DO LEITE PARA SOBREVIVER.

O PRIMEIRO “PAR”, ou seja, “arrependimento de obras mortas e da  fé em Deus (v.1). Você entende nitidamente como sua vida cristã começou? Ela começou com a dolorosa percepção de que nós jamais conseguimos agradar a Deus. Portanto, resolvemos dar as costas a tudo o que vivíamos no passado. Entregamo-nos a ele, pedindo que nos perdoe os pecados e nos salve.

O segundo “par” central da passagem, ou seja, a doutrina “de batismos e da imposição de mãos”. Por meio do Espírito Santo fomos iniciados na vida espiritual. Esta experiência é o que nos torna membros da igreja de Jesus Cristo. O sinal externo e visível é o batismo em água. “Imposição de mãos” é quando diáconos ou presbíteros eram ordenados ou homens eram separados para a implantação de igrejas ou ministérios semelhantes (Atos 6.6).

O terceiro “par” , fala da “ressurreição dos mortos e o juízo eterno” (v.2). Voce sabe claramente para onde leva a vida cristã? Leva ao dia quando ressurgiremos da morte e seremos, até mesmo fisicamente, como Cristo. No juízo final Deus reconhecerá abertamente quem pertence a ele, nos dando a salvação, mediante o sangue de Jesus no Calvário.

3)    Uma terrível advertência (Hb 6.4-8)
A parábola do semeador (Mc 4.1-9) faz uma comparação com esses versículos. Essa parábola nos ensina que quando a Palavra de Deus é pregada, encontra reações diferentes. Primeiro, existem aqueles que ouvem a palavra, mas ela não tem nenhum efeito sobre eles (Mc 4.14-15). Em segundo lugar, há aqueles que a recebem com entusiasmo imediato, mas rapidamente perdem o interesse, isto porque descobrem que há um preço a pagar para andar no caminho de Deus (Mc 4.16-17). Então, em terceiro, existem pessoas que acolhem a Palavra de Deus e ela tem sobre eles um efeito duradouro (Mc 4.18-19). A semente germina, o broto cresce forte, para o alto, e parece  que tudo vai bem. Mas ao mesmo tempo, outra coisa também cresce, ou seja, “os cuidados do mundo”, o engano das riquezas e o desejo por outras coisas estrangulam a Palavra de Deus, que se torna infrutífera.

Finalmente, há quem recebe a palavra e é transformada para sempre (Mc 4.20). A semente germina, cresce, produz fruto e permanece. Em alguns casos, a semente se multiplica trinta vezes – o fruto do Espírito se evidencia e há transformações de caráter. Nos outros casos, o fruto se multiplica sessenta vezes – a semelhança do caráter de Cristo fica ainda mais evidente. E existem alguns casos em que o fruto se multiplica cem vezes – pessoas que se tornam santas e piedosas!

Conclusão: Casos para ilustrar o assunto: João e José!

João
foi “iluminado” – teve uma experiência autentica de conversão. “Provou o dom celestial”, ou seja, conheceu alguns dos benefícios e bençãos do evangelho. Teve uma experiência autentica com o Espírito Santo. Podemos descrevê-lo como “participante do Espírito Santo”. Para João, a Palavra de Deus é “boa” – ele gosta de ouvi-la quando pregada e tem prazer na sua leitura. Ele “provou os poderes do mundo vindouro”.Em suma, João é um crente autentico e os versos 4-5 o descrevem com exatidão.

Agora, José
. Ele também foi “iluminado” – teve uma experiência espiritual definitiva que fez com que visse a verdade do evangelho. “Provou o dom celeste”, ou seja, conhece algumas das bençãos e benefícios do evangelho. Teve uma experiência com o Espírito Santo. Para José a Palavra de Deus é “boa” ele gosta de ouvi-la quando pregada e tem prazer na sua leitura. Com certeza, os versículos 4-5 o descrevem corretamente.

Conclusão: o verdadeiro crente e o apóstata se tornam distinguíveis.

João teve todas as experiências descritas nos versículos 4-5. Mas não caiu e nem se afastou. Sua vida espiritual é de sempre prosseguir. Continua a se expor a Palavra de Deus e, pelo uso constante, torna-se hábil na palavra de justiça (Hb 5.12-14). Ele se forma, passando de um regime de leite para alimento sólido. Prossegue e, de aluno, passa a ser mestre. Continua olhando, o tempo todo, para Jesus Cristo, o seu sumo sacerdote (Hb 4.14-16). João é como um campo onde cai a chuva – a chuva da Palavra e do Espírito de Deus – e esse fruto produz deleitoso e agradavel a Deus.

Quanto a José, experimentou tudo o que está na lista dos versículos 4-5. Sua dificuldade é que, além de tudo isso, outras coisas cresceram em sua vida. Essas outras coisas acabam se tornando maiores, sufocando a Palavra. Seu interesse na Palavra começou a minguar. Ele não se expõe mais à Palavra como antes, porque seu apetite foi afetado. Seu entendimento, que antes crescia, aos poucos vai se paralisando. Perde a vontade de comer comida sólida e, com o passar do tempo, até mesmo o leite.  Para José, “os cuidados deste mundo” acabaram se tornando mais importante do que a misericórdia e a graça de Deus. A “fascinação da riqueza” o engana e “as demais ambições, concorrendo” regem sua vida. Nas palavras do versículo 6, escolheu “cair”.


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