Jesus é superior. Hebreus 1.1-4.
Introdução.
O ano aproximado é 65 d.C. Faz apenas uns trinta e cinco anos que nosso Senhor
foi crucificado, ressuscitou dos mortos e subiu aos céus, de onde mandou o
Espírito Santo à sua igreja no dia de Pentecostes. Muitos cristãos são agora da
segunda geração de crentes, alguns apóstolos estão vivos (Hb 2.3). Vieram à fé
pela pregação e testemunho das testemunhas oculares originais.
Nesses
dias os cristãos hebreus não se encontravam em situação boa. Existe o perigo de
sua nova fé encontrada em Cristo estar enfraquecida (3.12-14). Alguns nem se
dão ao trabalho de freqüentar regularmente a igreja (Hb 10.25), enquanto muitos
que vão aos cultos não prestam muita atenção à pregação (Hb 2.1). Alguns estão
com as mãos descaídas (Hb 12.12). Em vez de serem perspicazes e capazes de
ensinar a fé a outros, demonstram pouco interesse em prosseguir na vida cristã.
Não aprenderam as coisas básicas do evangelho, tampouco as verdades mais
profundas (Hb 5.12).
A
primeira seção, capítulo 1 ao 10.18, o apóstolo responde às principais
perguntas que os crentes hebreus estão fazendo: por que não voltar ao judaísmo?
O que temos, como cristãos, que não tínhamos antes? Parece que o autor está
dizendo: “Deixem que eu lhe mostre o que nós temos”. Ele passa então a
falar-lhe do Senhor Jesus Cristo, divino sacerdote, sacerdote-redentor,
sacerdote-apóstolo, sacerdote-perfeito, sacerdote-eterno. “Possuímos tal sumo
sacerdote” é a sua mensagem triunfal (Hb 8.1). E, Hebreus 10:19-25 é um resumo
do restante do livro: “Tendo, pois, irmãos...aproximemo-nos...” A partir de
10.19 o apóstolo passa principalmente à exortação, toda ela baseada na gloriosa
verdade de que “possuímos tal sumo sacerdote”.
Quanto
a autoria do livro não temos certeza. Orígenes fez a famosa observação.
"Só Deus sabe com certeza quem escreveu a Carta aos Hebreus." Tertuliano
pensava que foi escrita Barnabé. Jerônimo diz que a Igreja latina não a recebia
como de Paulo e ao falar do autor diz: "O escritor de Hebreus seja quem
for." Agostinho sentia da mesma maneira. Lutero declarava que Paulo jamais
podia tê-la escrito porque o pensamento não é dele e Calvino que "ele não
podia convencer-se de que esta Carta fosse de Paulo".
1)
Deus falou
(1.1-2).
“Havendo
Deus, outrora, falado”. Temos de observar que ele não falou apenas uma vez. Não
disse tudo que tinha a dizer de uma vez. Falou “muitas vezes e de muitas
maneiras”. Portanto, o Antigo Testamento é uma revelação progressiva. Às vezes
falou em voz audível. Certa vez, escreveu algo com o próprio dedo. Às vezes
usou visões. O mais usual era que seu Espírito viesse sobre um homem de tal
forma que esse humano conseguiria expressar seus pensamentos em palavras
exatamente como Deus queria.
Essa
revelação era fragmentária e devia apresentar-se em forma tal que pudesse ser
entendida apesar das limitações da época. Amós é "um clamor pela
justiça social". Isaías compreendeu a santidade de Deus. Oséias,
por causa de sua própria amarga experiência caseira, descobriu a maravilha do amor
de Deus que perdoa. Cada profeta, a partir de sua própria experiência da
vida, e da experiência de Israel, capta e expressa um fragmento, uma parte da
verdade de Deus. Nenhum profeta tinha captado todo o círculo completo da
verdade.
No
entanto, “Nestes últimos dias” pelo Filho.
os profetas eram os amigos de Deus mas Jesus era o Filho; os profetas captaram parte da mente de Deus mas Jesus era a própria mente de Deus. Note-se que o autor de Hebreus não pretende diminuir os profetas; seu propósito era deixar bem assentada a supremacia de Jesus Cristo.
Cristo, o herdeiro. Nenhum bem pode ser encontrado fora dele,
visto ser ele o herdeiro de todas as coisas.
“Gerado pelo Pai antes de todos os
mundos.” Gerar é ser pai
de alguém; criar é fazer, construir algo. A diferença é a seguinte: na geração,
o que foi gerado é da mesma espécie que o gerador. Um homem gera bebês humanos,
um castor gera castorzinhos e um pássaro gera ovos de onde sairão outros passarinhos.
Mas, quando fazemos algo, esse algo é de uma espécie diferente. Um pássaro faz
um ninho, um castor constrói uma represa, um homem faz um aparelho de rádio –
ou talvez algo um pouco mais parecido consigo mesmo que um rádio: uma estátua,
por exemplo. Se for um escultor habilidoso, sua estátua se parecerá muito com
um homem. Mas é claro que não será um homem de verdade; terá somente a
aparência. Não poderá pensar nem respirar. Não tem vida. O que Deus gera
é Deus, assim como o que o homem gera é homem. O que Deus cria não é Deus,
assim como o que o homem faz não é homem. É por isso que os homens não são
filhos de Deus no mesmo sentido em que Cristo o é. Podem se parecer com Deus em
certos aspectos, mas não são coisas da mesma espécie. C.S. Lewis.
Cristo,
o criador. Cristo é o fim
de todas as coisas, mas é também o seu começo! O original em grego no versículo
2 diz que ele é aquele “por meio de quem (Deus) fez todas as eras” (Jo 1.3, Cl 1.16).
Cristo, o revelador (v.3). Ele é o “resplendor da glória de Deus e a expressão exata de seu ser”.
Quando você ouve que o Filho é a glória da glória do Pai, tenha em mente que a
glória do Pai lhe é invisível até que ela resplandeça em Cristo. O fulgor da
substancia de Deus é tão forte que fere nossos olhos, até que ela se nos
projete na Pessoa de Cristo. Segue-se disso que somos cegos para a luz de Deus,
a menos que ela nos ilumine em Cristo (Jo 1.18, 14.8-10).
Cristo, o sustentador (v.3). O que impede o mundo de se desintegrar ou
deixar de existir? Que poder mantém coesos todos os átomos e moléculas? Cristo,
pois nele tudo subsiste (Cl 1.17).
Cristo,
o redentor (v.3 ).Cristo, foi
crucificado, sangrou e morreu ali e por esse ato fez a nossa “purificação dos
pecados”. Retirou o pecado de cada crente de todos os tempos. Ele limpou a
ficha deles. Destruiu cada obstáculo que impedia os crentes de desfrutarem da
comunhão com Deus, tornando-os puro perante seus olhos.
Cristo, o dominador (v.3). Ele
foi crucificado, mas onde está Cristo agora? Ele não está morto, mas
ressurreto. Não apenas ressurreto, mas elevado. Não apenas elevado, mas
glorificado. O eterno Filho de Deus se tornou homem, está assentado como o
Deus-Homem no lugar de sua glória anterior “à direita da Majestade nas alturas”.
O fato de Cristo achar-se assentado nada mais nada menos que o reino que o Pai
lhe conferiu, e o poder a que Paulo se refere outra coisa não é senão que em
seu Nome todo joelho se dobrará (Fl 2.10). Assentar-se à direita do Pai
significa simplesmente governar no interesse do Pai
Conclusão:
Cristo, o mais elevado (v.4).
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