terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Jesus é superior. Hebreus 1.1-4.

Introdução. O ano aproximado é 65 d.C. Faz apenas uns trinta e cinco anos que nosso Senhor foi crucificado, ressuscitou dos mortos e subiu aos céus, de onde mandou o Espírito Santo à sua igreja no dia de Pentecostes. Muitos cristãos são agora da segunda geração de crentes, alguns apóstolos estão vivos (Hb 2.3). Vieram à fé pela pregação e testemunho das testemunhas oculares originais.

Nesses dias os cristãos hebreus não se encontravam em situação boa. Existe o perigo de sua nova fé encontrada em Cristo estar enfraquecida (3.12-14). Alguns nem se dão ao trabalho de freqüentar regularmente a igreja (Hb 10.25), enquanto muitos que vão aos cultos não prestam muita atenção à pregação (Hb 2.1). Alguns estão com as mãos descaídas (Hb 12.12). Em vez de serem perspicazes e capazes de ensinar a fé a outros, demonstram pouco interesse em prosseguir na vida cristã. Não aprenderam as coisas básicas do evangelho, tampouco as verdades mais profundas (Hb 5.12).

A primeira seção, capítulo 1 ao 10.18, o apóstolo responde às principais perguntas que os crentes hebreus estão fazendo: por que não voltar ao judaísmo? O que temos, como cristãos, que não tínhamos antes? Parece que o autor está dizendo: “Deixem que eu lhe mostre o que nós temos”. Ele passa então a falar-lhe do Senhor Jesus Cristo, divino sacerdote, sacerdote-redentor, sacerdote-apóstolo, sacerdote-perfeito, sacerdote-eterno. “Possuímos tal sumo sacerdote” é a sua mensagem triunfal (Hb 8.1). E, Hebreus 10:19-25 é um resumo do restante do livro: “Tendo, pois, irmãos...aproximemo-nos...” A partir de 10.19 o apóstolo passa principalmente à exortação, toda ela baseada na gloriosa verdade de que “possuímos tal sumo sacerdote”.

Quanto a autoria do livro não temos certeza. Orígenes fez a famosa observação. "Só Deus sabe com certeza quem escreveu a Carta aos Hebreus." Tertuliano pensava que foi escrita Barnabé. Jerônimo diz que a Igreja latina não a recebia como de Paulo e ao falar do autor diz: "O escritor de Hebreus seja quem for." Agostinho sentia da mesma maneira. Lutero declarava que Paulo jamais podia tê-la escrito porque o pensamento não é dele e Calvino que "ele não podia convencer-se de que esta Carta fosse de Paulo".

1)    Deus falou (1.1-2). 

“Havendo Deus, outrora, falado”. Temos de observar que ele não falou apenas uma vez. Não disse tudo que tinha a dizer de uma vez. Falou “muitas vezes e de muitas maneiras”. Portanto, o Antigo Testamento é uma revelação progressiva. Às vezes falou em voz audível. Certa vez, escreveu algo com o próprio dedo. Às vezes usou visões. O mais usual era que seu Espírito viesse sobre um homem de tal forma que esse humano conseguiria expressar seus pensamentos em palavras exatamente como Deus queria.

Essa revelação era fragmentária e devia apresentar-se em forma tal que pudesse ser entendida apesar das limitações da época. Amós é "um clamor pela justiça social". Isaías compreendeu a santidade de Deus. Oséias, por causa de sua própria amarga experiência caseira, descobriu a maravilha do amor de Deus que perdoa. Cada profeta, a partir de sua própria experiência da vida, e da experiência de Israel, capta e expressa um fragmento, uma parte da verdade de Deus. Nenhum profeta tinha captado todo o círculo completo da verdade.  

No entanto, “Nestes últimos dias” pelo Filho. 


 Deus falou novamente. Mas desta vez, essa é a sua última revelação. A revelação de Deus em Jesus Cristo é de caráter superior porque é completa. É superior no tempo porque nenhuma revelação virá depois dela. É superior em seu destino porque foi feita a nós. É superior em seu agente porque, diferente do Antigo Testamento, que veio por meio de fracos profetas humanos, veio por meio do próprio Filho de Deus.

os profetas eram os amigos de Deus mas Jesus era o Filho; os profetas captaram parte da mente de Deus mas Jesus era a própria mente de Deus. Note-se que o autor de Hebreus não pretende diminuir os profetas; seu propósito era deixar bem assentada a supremacia de Jesus Cristo.

2)    Sete coisas sobre a superioridade de Jesus.


Cristo, o herdeiro. Nenhum bem pode ser encontrado fora dele, visto ser ele o herdeiro de todas as coisas.

 “Gerado pelo Pai antes de todos os mundos.” Gerar é ser pai de alguém; criar é fazer, construir algo. A diferença é a seguinte: na geração, o que foi gerado é da mesma espécie que o gerador. Um homem gera bebês humanos, um castor gera castorzinhos e um pássaro gera ovos de onde sairão outros passarinhos. Mas, quando fazemos algo, esse algo é de uma espécie diferente. Um pássaro faz um ninho, um castor constrói uma represa, um homem faz um aparelho de rádio – ou talvez algo um pouco mais parecido consigo mesmo que um rádio: uma estátua, por exemplo. Se for um escultor habilidoso, sua estátua se parecerá muito com um homem. Mas é claro que não será um homem de verdade; terá somente a aparência. Não poderá pensar nem respirar. Não tem vida. O que Deus gera é Deus, assim como o que o homem gera é homem. O que Deus cria não é Deus, assim como o que o homem faz não é homem. É por isso que os homens não são filhos de Deus no mesmo sentido em que Cristo o é. Podem se parecer com Deus em certos aspectos, mas não são coisas da mesma espécie. C.S. Lewis.

Cristo, o criador. Cristo é o fim de todas as coisas, mas é também o seu começo! O original em grego no versículo 2 diz que ele é aquele “por meio de quem (Deus) fez todas as eras” (Jo 1.3, Cl 1.16).

Cristo, o revelador (v.3). Ele é o “resplendor da glória de Deus e a expressão exata de seu ser”. Quando você ouve que o Filho é a glória da glória do Pai, tenha em mente que a glória do Pai lhe é invisível até que ela resplandeça em Cristo. O fulgor da substancia de Deus é tão forte que fere nossos olhos, até que ela se nos projete na Pessoa de Cristo. Segue-se disso que somos cegos para a luz de Deus, a menos que ela nos ilumine em Cristo (Jo 1.18, 14.8-10).

Cristo, o sustentador (v.3). O que impede o mundo de se desintegrar ou deixar de existir? Que poder mantém coesos todos os átomos e moléculas? Cristo, pois nele tudo subsiste (Cl 1.17).

Cristo, o redentor (v.3 ).Cristo, foi crucificado, sangrou e morreu ali e por esse ato fez a nossa “purificação dos pecados”. Retirou o pecado de cada crente de todos os tempos. Ele limpou a ficha deles. Destruiu cada obstáculo que impedia os crentes de desfrutarem da comunhão com Deus, tornando-os puro perante seus olhos.

Cristo, o dominador (v.3).  Ele foi crucificado, mas onde está Cristo agora? Ele não está morto, mas ressurreto. Não apenas ressurreto, mas elevado. Não apenas elevado, mas glorificado. O eterno Filho de Deus se tornou homem, está assentado como o Deus-Homem no lugar de sua glória anterior “à direita da Majestade nas alturas”. O fato de Cristo achar-se assentado nada mais nada menos que o reino que o Pai lhe conferiu, e o poder a que Paulo se refere outra coisa não é senão que em seu Nome todo joelho se dobrará (Fl 2.10). Assentar-se à direita do Pai significa simplesmente governar no interesse do Pai

Conclusão:
Cristo, o mais elevado (v.4).  

Nenhum anjo, mesmo o mais exaltado de todos, se atreveria a sentar-se na presença de Deus, muito menos à sua mão direita. Mas Cristo é mais elevado do que o mais elevado dos anjos. Ao contrário deles, não é um servo, é o Filho eterno. Esse é o nosso Senhor Jesus Cristo, profeta (por meio de quem Deus fala, v.2), sacerdote (por quem os pecadores se aproximam de Deus, v.3) e rei (reina como Deus, vs. 3 e 4).

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