terça-feira, 10 de novembro de 2015

Na terra do Egito, voce vai cair. Jr 42:15-22.



“Nada poderia estar mais distante da verdade do que a crença fácil de que Deus somente Se manifesta na prosperidade, na melhoria dos padrões de vida, no avanço da medicina e na reforma dos abusos, na difusão do cristianismo organizado. No entanto, o verdadeiro progresso espiritual somente pode ser alcançado através da catástrofe e do sofrimento, alcançando novos níveis após a profunda purificação que acompanha conflitos importantes. Cada período de agonia mental e física, enquanto o velho está sendo removido e o novo ainda está para nascer, produz diferentes padrões sociais e visões espirituais mais profundas”.

1)    A alternativa egípcia.

Quando os israelitas se cansaram de viver pela fé, eles caminharam cerca de 400 Km a sudoeste, na direção do Egito, onde tudo era mais fácil e preciso. Eles levaram Jeremias consigo. A suprema ironia da vida do profeta foi haver terminado seus dias no Egito, um lugar que representava tudo aquilo que ele sempre censurou.

Esta não foi a primeira vez que Israel fez isso. A alternativa egípcia à fé tomava corpo, novamente. Quando Abraão, pai de todos os que vivem pela fé, cansou-se de viver por ela, ele rumou ao Egito (Gn 12.10-20). Ele esperava encontrar segurança entre os egípcios, mas, em vez disso, mergulhou na mentira e fez concessões. 



Na época do Êxodo, após os hebreus terem sido libertos da escravidão do Egito e serem treinados a viver pela fé no deserto, o desejo de voltar para a antiga condição era constante. É verdade que lá viviam como escravos, porém, pelo menos, desfrutavam de certa segurança. Eles sabiam o que esperar. A nuvem que os guiava era inconsistente como sucessor as sólidas e permanentes pirâmides. Mais tarde, quando a monarquia estava no apogeu, Salomão incorporou convicções egípcias à vida de fé ao casar-se com a filha do Faraó (1 Rs 9.16).

E agora, em 586, o povo volta ao Egito. Já não existia templo: culto; já não existia culto: ritual; já não existiam sacerdotes: tudo estava em silêncio. Portanto, para os israelenses, era muito mais fácil procurar refúgio no Egito. Em terras egípcias, não havia incertezas, riscos ou ambigüidade.

“O viver pela fé requer prontidão para se viver por algo que não se pode ver, controlar ou prever”. (Hb 11.1-2).

As terras eram geograficamente bem determinadas. O grande rio Nilo, uma linha de vida verde atravessando o deserto árido, dividia o país. Ao longo do rio havia vida; longe de seus margens havia morte. Não havia mistérios montanhosos, vales imprevisíveis ou situações inesperadas. 



As pirâmides e templos destacavam-se horizontalmente em linhas precisas. A exatidão matemática  de suas construções eram impressionante. As pirâmides organizavam e demarcavam as incertezas da morte.

Todos os deuses do Egito eram representados por imagens. Cada imagem era estilizada e com isso todo o sobrenatural era eliminado. Todos os deuses eram representados por animais: o gato, o falcão, a hiena, o touro, etc.  A espontaneidade era uma virtude desconhecida. Era uma religião de absoluto controle. 



2)    A escolha de Jeremias.
A cidade havia sido tomada pelos exércitos babilônios como Jeremias, exaustivamente, advertira. Todas as pessoas foram reunidas e enviadas ao exílio. As mentiras dos falsos profetas e sacerdotes foram, impiedosamente, evidenciadas. A integridade da pregação de Jeremias foi confirmada. Jeremias foi aprisionado com os demais. A jornada forçada para vencer os mais de 1.100 km de terras áridas até a Babilônia havia começado.

Mas, quando eles estavam distantes de Jerusalém cerca de oito quilômetros, o capitão babilônio, Nebuzaradã, recebeu ordens expressas do rei Nabucodonosor para que interrompesse a marcha e desse a Jeremias o direito de escolher entre ir ou ficar (Jr 40:1-4). Ele pode ir à Babilônia com a promessa de um tratamento especial, ou seja, sem correntes, sem privações, o direito de uma custódia protetora e uma concessão especial do próprio rei. Ou ele podia ficar em Jerusalém, a cidade na qual viveu e pela qual lutou por toda a sua vida. Mas uma cidade arrasada, castigada pela total escassez de recursos. Na época Jeremias estava com 65 anos!

Jeremias não se cansara de viver pela fé. Ele estava acostumado a recomeçar do nada. Afinal, foi isso que fez a vida toda.  Desde há muitos, ele havia desistido de contar com seus recursos; o profeta tinha por hábito contar com a graça de Deus, “a cada nova manhã”. Sem qualquer hesitação ele fez a sua escolha, decidindo permanecer em Jerusalém. Ele deu preferência aos excluídos, aos pobres e aos entulhos – o que restou do povo que ele acreditava ser a base para Deus edificar um povo para Sua glória.

A decisão tomada por Jeremias naquele dia, em Ramá, foi uma ação que caracterizou toda a sua vida. Ele escolheu estar onde Deus comandava, no centro da ação de Deus, no lugar da promessa divina, em meio à salvação do Senhor.

3)    Ainda não Era o fim.

Pouco tempo depois de Gedalias instalar-se como governador nomeado e Jeremias reiniciar o seu trabalho de desenvolver vidas entre o povo de Deus, um criminoso terrorista, Ismael, assassinou Gedalias, massacrou a todos os que estavam por perto e jogou os corpos em uma cisterna gigante, em um verdadeiro banho de sangue. Sua ação foi combatida por Joanã, que reuniu os sobreviventes, perseguiu Ismael e pôs-se em luta, buscando restaurar a ordem.

A primeira e melhor atitude que Joanã tomou foi procurar Jeremias e pedir-lhe que orasse pela orientação de Deus, e o profeta suplicou ao Senhor. Deus confirmou a decisão prévia de Jeremias: o povo deveria permanecer em Jerusalém (Jr 42.10-12).

No entanto, Joanã e os demais, não confiaram na Palavra de Deus e decidiram ir para o Egito. Um dos motivos foi medo. Medo da vingança dos babilônios pelo assassinato de Gedalias. Mas, a grande razão foi a recusa de viver pela fé. Eles não queriam aceitar os riscos e perigos  de depender de um Deus invisível. Eles desejavam a segurança e a estabilidade de uma economia sólida. O povo não queria assumir a árdua tarefa de reconstruir uma vida de fé em Deus: “Não; antes, iremos à terra do Egito, onde não veremos guerra, nem ouviremos som de trombeta, nem teremos fome de pão, e ali ficaremos” (Jr 42.14). Eles buscavam uma saída fácil.

Muitas pessoas escolheram viver no Egito em vez de perseverar na fé. A grande dificuldade com tal decisão é que a claridade dura enquanto durar a reunião. Não é um aprofundamento da realidade, mas uma fuga dela.

CONCLUSÃO: Jeremias foi levado a força pro Egito, um lugar em que ele não queria estar, tendo ao lado pessoas que o trataram de forma cruel, ele prosseguiu fiel e corajosamente, sob o fardo de uma impiedosa rejeição. Segundo a tradição, Jeremias foi apedrejado no Egito, pelos judeus.



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