Na terra do Egito, voce vai cair. Jr
42:15-22.
“Nada poderia estar mais distante da verdade do que a crença
fácil de que Deus somente Se manifesta na prosperidade, na melhoria dos padrões
de vida, no avanço da medicina e na reforma dos abusos, na difusão do
cristianismo organizado. No entanto, o verdadeiro progresso espiritual somente
pode ser alcançado através da catástrofe e do sofrimento, alcançando novos níveis
após a profunda purificação que acompanha conflitos importantes. Cada período
de agonia mental e física, enquanto o velho está sendo removido e o novo ainda
está para nascer, produz diferentes padrões sociais e visões espirituais mais
profundas”.
1) A alternativa egípcia.
Quando os israelitas se cansaram de
viver pela fé, eles caminharam cerca de 400 Km a sudoeste, na direção do Egito,
onde tudo era mais fácil e preciso. Eles levaram Jeremias consigo. A suprema
ironia da vida do profeta foi haver terminado seus dias no Egito, um lugar que
representava tudo aquilo que ele sempre censurou.
Esta não foi a primeira vez que
Israel fez isso. A alternativa egípcia à fé tomava corpo, novamente. Quando
Abraão, pai de todos os que vivem pela fé, cansou-se de viver por ela, ele
rumou ao Egito (Gn 12.10-20). Ele esperava encontrar segurança entre os egípcios,
mas, em vez disso, mergulhou na mentira e fez concessões.
Na época do Êxodo, após os hebreus
terem sido libertos da escravidão do Egito e serem treinados a viver pela fé no
deserto, o desejo de voltar para a antiga condição era constante. É verdade que
lá viviam como escravos, porém, pelo menos, desfrutavam de certa segurança. Eles
sabiam o que esperar. A nuvem que os guiava era inconsistente como sucessor as
sólidas e permanentes pirâmides. Mais tarde, quando a monarquia estava no
apogeu, Salomão incorporou convicções egípcias à vida de fé ao casar-se com a
filha do Faraó (1 Rs 9.16).
E agora, em 586, o povo volta ao Egito.
Já não existia templo: culto; já não existia culto: ritual; já não existiam
sacerdotes: tudo estava em silêncio. Portanto, para os israelenses, era muito
mais fácil procurar refúgio no Egito. Em terras egípcias, não havia incertezas,
riscos ou ambigüidade.
“O viver pela fé requer prontidão
para se viver por algo que não se pode ver, controlar ou prever”. (Hb 11.1-2).
As terras eram geograficamente bem
determinadas. O grande rio Nilo, uma linha de vida verde atravessando o deserto
árido, dividia o país. Ao longo do rio havia vida; longe de seus margens havia
morte. Não havia mistérios montanhosos, vales imprevisíveis ou situações
inesperadas.
As pirâmides e templos destacavam-se
horizontalmente em linhas precisas. A exatidão matemática de suas construções eram impressionante. As pirâmides
organizavam e demarcavam as incertezas da morte.
Todos os deuses do Egito eram
representados por imagens. Cada imagem era estilizada e com isso todo o
sobrenatural era eliminado. Todos os deuses eram representados por animais: o gato, o falcão, a hiena, o touro, etc. A espontaneidade era uma virtude desconhecida. Era uma
religião de absoluto controle.
2) A escolha de Jeremias.
A cidade havia sido tomada pelos exércitos
babilônios como Jeremias, exaustivamente, advertira. Todas as pessoas foram
reunidas e enviadas ao exílio. As mentiras dos falsos profetas e sacerdotes
foram, impiedosamente, evidenciadas. A integridade da pregação de Jeremias foi
confirmada. Jeremias foi aprisionado com os demais. A jornada forçada para
vencer os mais de 1.100 km de terras áridas até a Babilônia havia começado.
Mas, quando eles estavam distantes de
Jerusalém cerca de oito quilômetros, o capitão babilônio, Nebuzaradã, recebeu
ordens expressas do rei Nabucodonosor para que interrompesse a marcha e desse a
Jeremias o direito de escolher entre ir ou ficar (Jr 40:1-4). Ele pode ir à
Babilônia com a promessa de um tratamento especial, ou seja, sem correntes, sem
privações, o direito de uma custódia protetora e uma concessão especial do próprio
rei. Ou ele podia ficar em Jerusalém, a cidade na qual viveu e pela qual lutou
por toda a sua vida. Mas uma cidade arrasada, castigada pela total escassez de
recursos. Na época Jeremias estava com 65 anos!
Jeremias não se cansara de viver pela
fé. Ele estava acostumado a recomeçar do nada. Afinal, foi isso que fez a vida
toda. Desde há muitos, ele havia
desistido de contar com seus recursos; o profeta tinha por hábito contar com a
graça de Deus, “a cada nova manhã”. Sem qualquer hesitação ele fez a sua
escolha, decidindo permanecer em Jerusalém. Ele deu preferência aos excluídos,
aos pobres e aos entulhos – o que restou do povo que ele acreditava ser a base
para Deus edificar um povo para Sua glória.
A decisão tomada por Jeremias naquele
dia, em Ramá, foi uma ação que caracterizou toda a sua vida. Ele escolheu estar
onde Deus comandava, no centro da ação de Deus, no lugar da promessa divina, em
meio à salvação do Senhor.
3) Ainda não Era o fim.
Pouco tempo depois de Gedalias
instalar-se como governador nomeado e Jeremias reiniciar o seu trabalho de
desenvolver vidas entre o povo de Deus, um criminoso terrorista, Ismael,
assassinou Gedalias, massacrou a todos os que estavam por perto e jogou os
corpos em uma cisterna gigante, em um verdadeiro banho de sangue. Sua ação foi
combatida por Joanã, que reuniu os sobreviventes, perseguiu Ismael e pôs-se em
luta, buscando restaurar a ordem.
A primeira e melhor atitude que Joanã
tomou foi procurar Jeremias e pedir-lhe que orasse pela orientação de Deus, e o
profeta suplicou ao Senhor. Deus confirmou a decisão prévia de Jeremias: o povo
deveria permanecer em Jerusalém (Jr 42.10-12).
No entanto, Joanã e os demais, não
confiaram na Palavra de Deus e decidiram ir para o Egito. Um dos motivos foi
medo. Medo da vingança dos babilônios pelo assassinato de Gedalias. Mas, a
grande razão foi a recusa de viver pela fé. Eles não queriam aceitar os riscos
e perigos de depender de um Deus invisível.
Eles desejavam a segurança e a estabilidade de uma economia sólida. O povo não
queria assumir a árdua tarefa de reconstruir uma vida de fé em Deus: “Não;
antes, iremos à terra do Egito, onde não veremos guerra, nem ouviremos som de
trombeta, nem teremos fome de pão, e ali ficaremos” (Jr 42.14). Eles buscavam
uma saída fácil.
Muitas pessoas escolheram viver no
Egito em vez de perseverar na fé. A grande dificuldade com tal decisão é que a
claridade dura enquanto durar a reunião. Não é um aprofundamento da realidade,
mas uma fuga dela.
CONCLUSÃO: Jeremias foi levado a força pro Egito, um lugar em que ele
não queria estar, tendo ao lado pessoas que o trataram de forma cruel, ele
prosseguiu fiel e corajosamente, sob o fardo de uma impiedosa rejeição. Segundo
a tradição, Jeremias foi apedrejado no Egito, pelos judeus.
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