terça-feira, 3 de novembro de 2015

Jeremias: comprei o campo em Anatote. Jr 32.9-10,15-17, 24-27, 42-44.


Introdução:  Anatote é uma região de Israel, atualmente chamada de Anata. Um pequeno lugar ao norte de Jerusalém repleto de campos de trigo, oliveiras e figueiras, também de cisternas encravadas nas  pedreiras. Nesse território, nasceu profeta Jeremias que  exerceu ministério  entre entre 626 a 586 a.C, quando a nação estava um caos,  o culto a Baal havia sido estabelecido e até a abominável pratica do sacrifício humano (II Reis 21: 1-9). 


1)    A praticidade de Jeremias.
Quase todas as ideias e crenças do profeta Jeremias transformaram-se em ações, e suas ações acertaram tão bem o alvo que a história de sua época foi, em grande parte, a extensão de sua própria história pessoal.  Esse senso prático de Jeremias foi edificado na crença de que Deus é a mais importante realidade com a qual ele e as pessoas que com ele conviviam tinham de lidar (Mc 12.28-30).

Jeremias acreditava que cada pessoa foi criada para ter um relacionamento pessoal com Deus e sem o reconhecimento e o devido cuidado deste relacionamento, viveríamos vidas falsas (Jr 3.21,22; 32.33). A natureza, incluindo a humana, não suportará qualquer contradição absoluta. Ela deve ser convertida, não violada.

No ano 598 a.C os exércitos babilônicos tomaram a cidade de assalto e enviaram os principais líderes para o exílio. Onze anos se passaram  nos quais o povo que foi deixado conseguiu desfrutar certa liberdade pessoal, permanecendo, porém, politicamente sujeitos à Babilônia. Este foi um dos períodos mais sombrio de toda a sua história. Parecia que o juízo final seria naqueles dias. Em questão de semanas, talvez alguns dias, a cidade de Jerusalém seria pilhada e todos seriam enviados ao exílio. NÃO HAVIA QUALQUER ESPERANÇA!


Durante esse período – sombrio, desesperador – Jeremias foi mantido na prisão (Jr 32.2) sob a falsa acusação de ter colaborado com o inimigo, Babilônia. O profeta era uma figura muito impopular e assim, no que dependesse do povo, a prisão não seria um lugar inadequado para ele.  NESTA PRISÃO, Jeremias fez o que à época pareceu ser pura loucura: ele comprou um campo por 17 ciclos de prata que, aparentemente, nada valia. 



Por que era uma loucura? Os exércitos inimigos estavam acampados naquela área e perto de enviar todo o povo para o exílio.  O profeta estava aprisionado sem perspectivas de ser libertado. Neste momento, Jeremias comprou um campo no qual nunca plantaria uma oliveira, jamais podaria uma videira ou edificaria uma casa – uma área que provavelmente sequer veria.

Porque será que Jeremias comprou esse campo? Comprou o campo porque acreditava que as tribulações e dificuldades que todos atravessavam naquele momento da história estavam sendo utilizadas por Deus e que, no devido tempo, se mostrariam ser a salvação daquela terra (Rm 5.3-5). 

“Os mais belos hinos e poesias, foram escritos em tribulação, e do céu, as lindas melodias, Se ouviram, na escuridão”. Hino 126

“Ter esperança quando o horizonte mostra-se promissor é trivial e fácil. Somente quando a situação parece desesperadora e não pode ser revertida  é que a verdadeira esperança começa a se fortalecer. Como todas as virtudes cristãs isso é tão irracional quanto indispensável”.

Jeremias havia pregado o julgamento de Deus por anos a fio. Agora que o julgamento era iminente, ele passa a direcionar o objetivo daquela tribulação, qual seja, o de preparar as vidas para receber a promessa da salvação.  Ele profetizava: “Há mais aqui do que babilônios no portão: Deus está no meio deles”.  O julgamento é aqui, porém não se desesperem. É o julgamento de Deus. Enfrentem-no. Aceitem o sofrimento, vivenciem a ação purificadora. DEUS NÃO ESTÁ CONTRA VOCES, MAS ATUA A SEU FAVOR. O SENHOR NÃO OS ESTÁ REJEITANDO, MAS ATUA EM SUAS VIDAS (Jr 30.7, 30.15,17).

O julgamento não é a palavra final e nunca será. Ele é necessário devido aos séculos de corações endurecidos, e seu trabalho é abrir nossos corações para a realidade que existe além de nós, para romper a carapaça da autossuficiência, de modo que possamos experimentar a abundante graça do Deus misericordioso, que perdoa a restaura (Jr 31.2-4,17, 20).

2)    O campo em Anatote.
Certo dia, enquanto tudo isto acontecia, o primo de Jeremias, Hananeel, foi até o pátio da guarda onde o profeta estava encarcerado e ofereceu-lhe como opção de compra um pedaço de terra em Anatote, a cidade natal de Jeremias, localizada a cerca de cinco quilômetros de Jerusalém. Será que Hanannel estava falando sério? Estaria ele caçoando do profeta? Os exércitos babilônicos estavam acampados por toda aquela área (Jr 31.16,17). Imediatamente, Hanannel se aproximou e disse: “Compra agora o meu campo que está em Anatote, na terra de Benjamim, porque teu é o direito de posse e de resgaste; compra-o” (Jr 32.8).

Jeremias aceitou a oferta e comprou o campo. Ele pesou dezessete siclos de prata, chamou as testemunhas necessárias, assinou e selou a escritura. Então, ele instruiu a seu amigo, Baruque, que guardasse os documentos em um vaso de barro (Jr 32.14-15).

O profeta não tinha em mente construir uma casa para abrigá-lo durante a sua aposentadoria, mas vislumbrava a continuidade das promessas de Deus. Mesmo assim, ele não pode evitar o sentimento de estar agindo como um tolo (Jr 32.17,24,25). Enquanto ele ora, vem a confirmação (Jr 32.27,42,43).


 Conclusão:

  Promessa: O lugar onde Jeremias recebeu o ministério e a visão da amendoeira com o simbolismo de que Deus vela por Sua Palavra para cumprir,  Ele vigia seus filhos e os guarda atentamente.

Esperança: A experiência de ter a mensagem rejeitada, de ver os compatriotas em pecado e vitimados pelo cativeiro estava entristecendo e enfraquecendo Jeremias. Deus intervém para não deixá-lo perecer e mostrar que muitos iriam se arrepender.

 “Lembro-me da minha aflição e do meu delírio, da minha amargura e do meu pesar. Lembro-me bem disso tudo, e a minha alma desfalece dentro de mim. Todavia, lembro-me também do que pode me dar esperança: Graças ao grande amor do Senhor é que não somos consumidos, pois as suas misericórdias são inesgotáveis. Renovam-se cada manhã; grande é a sua fidelidade! “ Lamentação de Jeremias 3: 20-23

Presente: A dor do hoje não pode ser maior que a benção que chega com o amanhã.

Futuro: Sempre será resultado do que se plantou ontem. É preciso “plantar no tempo” para semear nele. O tempo é invisível, mas se faz real pelo que se vive, assim cada vida é um campo no tempo, onde a Palavra de Deus funciona como Anatote que não nos deixa perecer ou perder o ânimo.

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