Jeremias: comprei o
campo em Anatote. Jr 32.9-10,15-17, 24-27, 42-44.
Introdução: Anatote é uma região de Israel,
atualmente chamada de Anata. Um pequeno lugar ao norte de Jerusalém repleto de campos de
trigo, oliveiras e figueiras, também de cisternas encravadas nas
pedreiras. Nesse território, nasceu profeta Jeremias que exerceu
ministério entre entre 626 a 586 a.C, quando a nação estava um
caos, o culto a Baal havia sido estabelecido e até a abominável pratica
do sacrifício humano (II Reis 21: 1-9).
1) A praticidade de Jeremias.
Quase todas as ideias e crenças do
profeta Jeremias transformaram-se em ações, e suas ações acertaram tão bem o
alvo que a história de sua época foi, em grande parte, a extensão de sua
própria história pessoal. Esse senso
prático de Jeremias foi edificado na crença de que Deus é a mais importante
realidade com a qual ele e as pessoas que com ele conviviam tinham de lidar (Mc
12.28-30).
Jeremias acreditava que cada pessoa
foi criada para ter um relacionamento pessoal com Deus e sem o reconhecimento e
o devido cuidado deste relacionamento, viveríamos vidas falsas (Jr 3.21,22;
32.33). A natureza, incluindo a humana, não suportará qualquer contradição
absoluta. Ela deve ser convertida, não violada.
No ano 598 a.C os exércitos
babilônicos tomaram a cidade de assalto e enviaram os principais líderes para o
exílio. Onze anos se passaram nos quais
o povo que foi deixado conseguiu desfrutar certa liberdade pessoal,
permanecendo, porém, politicamente sujeitos à Babilônia. Este foi um dos
períodos mais sombrio de toda a sua história. Parecia que o juízo final seria
naqueles dias. Em questão de semanas, talvez alguns dias, a cidade de Jerusalém
seria pilhada e todos seriam enviados ao exílio. NÃO HAVIA QUALQUER ESPERANÇA!
Durante esse período – sombrio,
desesperador – Jeremias foi mantido na prisão (Jr 32.2) sob a falsa acusação de
ter colaborado com o inimigo, Babilônia. O profeta era uma figura muito impopular e assim, no que dependesse
do povo, a prisão não seria um lugar inadequado para ele. NESTA PRISÃO, Jeremias fez o que à época
pareceu ser pura loucura: ele comprou um campo por 17 ciclos de prata que,
aparentemente, nada valia.
Por que era uma loucura? Os exércitos inimigos estavam
acampados naquela área e perto de enviar todo o povo para o exílio. O profeta estava aprisionado sem perspectivas
de ser libertado. Neste momento, Jeremias comprou um campo no qual nunca
plantaria uma oliveira, jamais podaria uma videira ou edificaria uma casa – uma
área que provavelmente sequer veria.
Porque será que Jeremias comprou esse campo? Comprou o campo porque acreditava que
as tribulações e dificuldades que todos atravessavam naquele momento da
história estavam sendo utilizadas por Deus e que, no devido tempo, se
mostrariam ser a salvação daquela terra (Rm 5.3-5).
“Os mais belos hinos e poesias, foram
escritos em tribulação, e do céu, as lindas melodias, Se ouviram, na
escuridão”. Hino 126
“Ter esperança quando o horizonte mostra-se promissor é trivial e fácil.
Somente quando a situação parece desesperadora e não pode ser revertida é que a verdadeira esperança começa a se
fortalecer. Como todas as virtudes cristãs isso é tão irracional quanto
indispensável”.
Jeremias havia pregado o julgamento
de Deus por anos a fio. Agora que o julgamento era iminente, ele passa a
direcionar o objetivo daquela tribulação, qual seja, o de preparar as vidas
para receber a promessa da salvação. Ele
profetizava: “Há mais aqui do que babilônios no portão: Deus está no meio
deles”. O julgamento é aqui, porém não
se desesperem. É o julgamento de Deus. Enfrentem-no. Aceitem o sofrimento,
vivenciem a ação purificadora. DEUS NÃO ESTÁ CONTRA VOCES, MAS ATUA A SEU
FAVOR. O SENHOR NÃO OS ESTÁ REJEITANDO, MAS ATUA EM SUAS VIDAS (Jr 30.7,
30.15,17).
O julgamento não é a palavra final e
nunca será. Ele é necessário devido aos séculos de corações endurecidos, e seu
trabalho é abrir nossos corações para a realidade que existe além de nós, para
romper a carapaça da autossuficiência, de modo que possamos experimentar a
abundante graça do Deus misericordioso, que perdoa a restaura (Jr 31.2-4,17, 20).
2)
O
campo em Anatote.
Certo dia, enquanto tudo isto
acontecia, o primo de Jeremias, Hananeel, foi até o pátio da guarda onde o
profeta estava encarcerado e ofereceu-lhe como opção de compra um pedaço de
terra em Anatote, a cidade natal de Jeremias, localizada a cerca de cinco
quilômetros de Jerusalém. Será que Hanannel estava falando sério? Estaria ele
caçoando do profeta? Os exércitos babilônicos estavam acampados por toda aquela
área (Jr 31.16,17). Imediatamente, Hanannel se aproximou e disse: “Compra agora
o meu campo que está em Anatote, na terra de Benjamim, porque teu é o direito
de posse e de resgaste; compra-o” (Jr 32.8).
Jeremias aceitou a oferta e comprou o
campo. Ele pesou dezessete siclos de prata, chamou as testemunhas necessárias,
assinou e selou a escritura. Então, ele instruiu a seu amigo, Baruque, que
guardasse os documentos em um vaso de barro (Jr 32.14-15).
O profeta não tinha em mente
construir uma casa para abrigá-lo durante a sua aposentadoria, mas vislumbrava
a continuidade das promessas de Deus. Mesmo assim, ele não pode evitar o
sentimento de estar agindo como um tolo (Jr 32.17,24,25). Enquanto ele ora, vem
a confirmação (Jr 32.27,42,43).
Conclusão:
Promessa: O lugar onde
Jeremias recebeu o ministério e a visão da amendoeira com o simbolismo
de que Deus vela por Sua Palavra para cumprir, Ele vigia seus filhos e os
guarda atentamente.
Esperança: A experiência de
ter a mensagem rejeitada, de ver os compatriotas em pecado e vitimados pelo
cativeiro estava entristecendo e enfraquecendo Jeremias. Deus intervém para não
deixá-lo perecer e mostrar que muitos iriam se arrepender.
“Lembro-me da minha aflição e do meu delírio, da minha amargura e
do meu pesar. Lembro-me bem disso tudo, e a minha alma desfalece dentro de mim.
Todavia, lembro-me também do que pode me dar esperança: Graças ao grande amor
do Senhor é que não somos consumidos, pois as suas misericórdias são
inesgotáveis. Renovam-se cada manhã; grande é a sua fidelidade! “ Lamentação de
Jeremias 3: 20-23
Presente: A dor do
hoje não pode ser maior que a benção que chega com o amanhã.
Futuro: Sempre será
resultado do que se plantou ontem. É preciso “plantar no tempo” para semear
nele. O tempo é invisível, mas se faz real pelo que se vive, assim cada vida é
um campo no tempo, onde a Palavra de Deus funciona como Anatote que não nos
deixa perecer ou perder o ânimo.
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