Não confie em Falsas
Palavras - Jr 7:1-15.
Introdução: “Há muitas pessoas hoje que amam o reino
celestial de Jesus, PORÉM POUCAS QUE CARREGAM A SUA CRUZ; muitas ansiando por
conforto, MAS POUCAS QUE SUPORTAM SOFRIMENTOS. Longa é a fila das pessoas que
compartilham de seu banquete, PORÉM CURTA É A FILA DOS QUE COMPARTILHAM DE SEU
JEJUM. Todos desejam tomar parte em seu júbilo, MAS SOMENTE UNS POUCOS ESTÃO
DISPOSTOS A SOFRER POR SUA CAUSA. Há muitos que seguem a Jesus até o partir do
pão, POUCOS QUANDO O MOMENTO É DE BEBER O CÁLICE DO SOFRIMENTO. Muitos que reverenciam
seus milagres, POUCOS QUE SEGUEM NA INDIGNIDADE DE SUA CRUZ”. Thomas à Kempis.
1) O reinado de Manassés.
Manassés foi o pior dos reis a reinar
sobre os hebreus. Ele reinou em Jerusalém por 55 anos, uma metade de século maligna e sombria. Ele incentivou a
prática de cultos pagãos, envolvendo todas as comunidades em orgias sexuais. Ele
Instituiu prostitutas em santuários
espalhados por todo o país. Ele importou mágicos e feiticeiros dos povos
vizinhos que escravizaram o povo com toda a sorte de superstições,
manipulando-os com suas magias e encantos. Certo dia, o rei Manassés, colocou
seu próprio filho no altar durante um ritual de magia negra e o queimou como
sacrifício (2 Rs 21.1-6).
O grande Templo de Salomão em
Jerusalém fora profanado. Ídolos sob forma de bestas e monstros, a luxuria e o
desejo desenfreado profanavam aquela santo lugar. Os assassinatos eram
frequentes. Manassés arrastou o povo para um lamaçal muito mais fétido do que
qualquer coisa já vista no mundo (2 Rs 21.7-9).
Jeremias nasceu na última década do
reinado de Manassés. Este era o mundo onde Jeremias aprendeu a andar, falar a
brincar. Não há como imaginar um lugar pior e mais impróprio para uma criança
crescer (Sl 12.8).
Os 55 anos de caos moral quase
levaram a fé no verdadeiro Deus ao esquecimento total. Algumas pessoas idosas
recordavam os oráculos proféticos e os atos do verdadeiro culto. Rumores de
santidade eram, sem dúvida, motivo de fofoca e comentários maldosos. AS POUCAS
PESSOAS A MANTER A FÉ REAL VIVIAM DE MANEIRA SOLÍTÁRIA. Então, Manassés morreu
e seu filho, Amom, o sucedeu no trono. O mal continuou, o rei foi assassinado.
Então, Josias, filho de Amom, com apenas oito anos de idade, herdou o trono.
2) As reformas de Josias.
Dá-se inicio, então, a um dos mais
notáveis capítulos na história do povo judeu. Neste precoce rei havia um
espírito inocente e incorrupto que Deus usou para trazer vida nova a Israel. A
pergunta era: “Como estabelecer um sistema de governo melhor? O que ele, como
rei, poderia fazer para restaurar a saúde e a bondade naquela lixeira moral que
Jerusalém se tornara? Então, Josias escolheu o lugar de culto.
As vidas das pessoas são reflexos do
culto que praticam. O sentido da vida e os valores foram estabelecidos naquele
local sagrado. O tipo de culto define o tipo de vida. Se o culto prestado for
corrupto, a vida será corrupta. Por 55 anos, a luxúria e a violência nas
dependências da casa do Senhor tinham ultrapassado os limites daquele local e
corrompido as vilas, ruas e lares da nação. Josias começou a restauração por
uma faxina completa no templo.
Hilquias, o sumo sacerdote, encontrou
um antigo livro (2 Rs 22.8). Era o livro de Deuteronômio. Imagine o impacto que
aquela leitura provocou (2 Rs 22:10-13). E agora, Josias? A única coisa que
havia herdado de seus antecessores no trono foram 55 anos de corrupção moral.
Mas, agora, ele tinha diante de si aquele poderoso documento que falava sobre o
amor de Deus e nosso culto a Ele. Aos ouvidos de Josias, aquela leitura foi
como “um raio a atingir-lhe diretamente”.
Diante disso, Josias baniu todo e
qualquer vestígio de uma falsa adoração. As prostitutas, que desfrutavam um
lugar especial no Templo, foram completamente banidas. Os magos e os adivinhos
que haviam estabelecido seus negócios dentro do templo foram expulsos. Toda a
imundície gerada em meio século de corrupção foi varrida para fora da cidade e
para fora do país. Nos antigos lugares
era possível obter-se a realização de qualquer desejo repulsivo, a libertação
de qualquer ambição assassina. A religião nada mais era do que um auxilio
sobrenatural para realizar tudo o que se desejasse: poder econômico, garantir
uma boa colheita, sentir-se bem, assassinar a pessoa odiada, ter vantagens
sobre seu vizinho etc. AGORA, SOBRE O REINADO DE JOSIAS, A RELIGIÃO ERA CENTRALIZADA
EM TORNO DE UM SÓ DEUS.
3)
Jeremias na tribuna de honra.
Durante essa reforma a Bíblia nos
fornece fragmentos de seus sermões. “Poluíste
a terra com as tuas devassidões e com a tua malicia” (Jr 3.2). O povo havia
abandonado o Deus que os amou e os chamou para Seu povo, entregando-se,
inconsequentemente, a qualquer deus ou deusa que conheciam. Jeremias rogava ao
povo: “Lavrai para vós outro campo novo e
não semeeis entre espinhos”. O arado é uma figura metafórica simbolizando o
arrependimento que prepara o solo do nosso coração para receber o que Deus tem
para nós. Jeremias foi ferino e sarcástico em suas palavras: “Agora, pois, ó assolada, por que fazes
assim, e te vestes de escarlata, e te adornas com enfeites de ouro, e alargas
os olhos com pintura, se debalde te fazes bela?” (“Jerusalém, voce está
condenada! Por que se veste de vermelho? Por que usa joias e pinta os olhos?
Não adianta nada você querer ficar bonita! Os seus amantes a rejeitaram, e o
que eles querem é matá-la, BNTH) (Jr 4.30). Ou seja, você acha que pode
mudar seu destino com o uso de cosméticos? Você
precisa mudar interiormente. Em tudo, Jeremias trazia uma luz de esperança:
“Assim diz o Senhor: ponde-vos à margem
no caminho e vede, perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho; andai
por ele e achareis descanso para a vossa alma” (Jr 6.16). Ou seja, existem
antigos caminhos, bem marcados e sinalizados, que conduzem à excelência e a
Deus.
4) Apenas uma reforma superficial.
Não demorou muito para Jeremias
perceber que a reforma fora apenas de fachada, sem profundidade. Tudo parecia
ter mudado, mas, na essência, nada realmente mudara. As transformações
exteriores haviam sido tremendas, porém, as internas eram imperceptíveis.
Encontramos Jeremias nos portões do
templo de Jerusalém pregando um estranho sermão. “Templo do Senhor, templo do Senhor, templo do Senhor é este” (Jr
7.1-4). Eles estavam no lugar certo, diziam as palavras corretas, mas ELAS é que não estavam certas. A
reforma era necessária, porém não era suficiente. Porque a religião não é uma
questão de arranjos, lugares ou palavras, mas tem a ver com a vida e amor, com
misericórdia e obediência e com pessoas dotadas de uma fé passional.
Ir à igreja para cantar hinos não nos
torna mais santos como, da mesma forma, ir a uma cocheira e relinchar não nos
transformem em um cavalo. As palavras também são relevantes, igualmente
importantes. O que e como nos expressamos verbalmente exterioriza o que há de
mais intimo e pessoal em nós. Porém, a continua repetição de palavras sagradas
não cria um relacionamento pessoal com Deus, da mesma forma que repetir “eu amo
você” vinte vezes ao dia não nos torna apaixonados fenomenais.
O local e as palavras podem apenas
servir de fachada respeitável para um eu interior corrupto. Esta é, exatamente,
a acusação que Jeremias faz contra o povo, de estarem usando o Templo de Deus
como covil de salteadores (Jr 7.11). Esta foi a acusação de Jeremias: “Voces encontraram um abrigo seguro, não
foi? Este templo limpo e acima de qualquer suspeita. Vocês passam toda a semana
lá fora, fazendo o que bem entendem, aproveitando-se do próximo, explorando os
fracos, amaldiçoando as pessoas que não se sujeitam aos seus planos, e então,
retornam para este local sagrado, onde tudo está em ordem, protegido e
insuspeito” (Jr 7.9,10; 2 Tm 3.5).
O lado exterior é muito fácil de
reformar do que o interior. Frequentar assiduamente uma boa igreja, e repetir
certas palavras assiduamente mais fácil de se fazer do que se esforçar para
manter uma vida de justiça e amor entre as pessoas com as quais trabalha e
convive.
Conclusão: “Mas ide agora ao meu
lugar que estava em Siló, onde, no principio, fiz habitar o meu nome, e vede o
que lhe fiz, por causa da maldade do meu povo de Israel” (Jr 7.12). Siló, o
maior centro de culto do povo hebreu, teve um começo esplendoroso. No entanto,
tudo o que silo representou resumia-se agora a um monte de pedras em meio a um
campo de ervas daninhas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário