quinta-feira, 3 de setembro de 2015

A absoluta importância do motivo

O que Deus leva em conta, em cada conduta nossa, é a motivação pela qual realizamos algo. O que fazemos é menos importante do que o motivo pelo qual fazemos. Por esta razão, qualquer coisa que realizamos, por melhor que seja seu resultado, se for praticada por motivos torpes, então não terá validade alguma para o Reino de Deus. Toda ação realizada por ira, despeito, inveja, cobiça ou interesse por reconhecimento (que é vaidade), é completamente contrária ao Senhor.

Nesta relação de motivos egocêntricos, os fariseus nos deixaram exemplos claros. Eles continuam sendo o mais triste exemplo de fracasso no relacionamento com Deus, mas não por causa de erros doutrinários, nem porque eram pessoas de vida abertamente pecaminosa. Todo o problema deles estava na qualidade dos seus motivos: Oravam, mas para serem ouvidos pelos homens, e, deste modo, suas motivações arruinavam as suas orações e as tornavam inúteis; contribuíam para o serviço do templo, porém, muitas vezes o faziam para escapar do seu dever para com os seus pais, e não para estar, de fato, cuidando das coisas de Deus; condenavam o pecado e se levantavam contra ele quando o viam nos outros, mas agiam assim motivados por sua justiça própria e por sua dureza de coração. Isso caracterizava tudo o que faziam. Suas ações eram sempre cercadas por aparências de santidade; e essas mesmas atividades, se fossem realizadas simplesmente para agradar o coração do Pai, seriam realmente boas e louváveis. Todavia, a fraqueza dos fariseus estava no fato deles buscarem a aplauso e o respeito humano, ou seja, ansiavam agradar a seu próprio ego mais do que satisfazer o coração de Deus.

Isso não é insignificante, antes é algo sério e precisa ser bem discernido e tratado. Afinal, o egocentrismo é o estilo de vida típico daqueles religiosos formais e ortodoxos que continuaram em sua cegueira até finalmente crucificarem o Senhor da glória, sem qualquer noção da gravidade do seu crime. Isso significa que motivações carnais não nos permitirão alcançar a revelação do Senhor, nos impedirão de vê-Lo como quem Ele realmente é. Jesus estava no meio dos fariseus, e apesar disto eles não O puderam reconhecer, porque estavam voltados somente para seus interesses pessoais, indiferentes aos reais interesses do Senhor.

 Atos religiosos praticados por motivos vis são duplamente maus – maus em si mesmos e maus por serem praticados em nome do Senhor. Isto equivale a pecar em nome dAquele Ser que é impecável, a mentir em nome dAquele que não pode mentir e a odiar em nome dAquele cuja natureza é amor.

Por tudo isso, é extremamente necessário que os crentes, especialmente os mais ativos, freqüentemente separem um tempo para sondar a sua alma, a fim de certificarem-se dos seus motivos.

Muitos louvores são cantados para exibição; muitos sermões são pregados para mostrar talento; muitas igrejas são fundadas como um insulto contra outra igreja. Mesmo a atividade missionária pode tornar-se competitiva, e a conquista de almas pode degenerar, tornando-se uma espécie de marketing eclesiástico para satisfazer a carne. Não nos esqueçamos que os fariseus eram grandes missionários e rodavam o mar e a terra para fazer um converso.

Um bom modo de evitar a armadilha da atividade religiosa vazia é comparecer diante de Deus com a Bíblia aberta em I Coríntios 13. Esta passagem, embora seja considerada uma das mais belas da Bíblia, é também uma das mais severas dentre as que se acham nas Escrituras Sagradas. O apóstolo toma o serviço religioso mais elevado e o rebaixa à futilidade, se não for motivado pelo amor. Sem amor, os profetas, mestres, oradores, filantropos e mártires são despedidos sem recompensas.

Enfim, podemos dizer que, aos olhos de Deus, somos julgados não tanto pelo que fazemos e sim por nosso motivos para fazê-lo. Não “o quê” mas “por quê” será a pergunta importante que ouviremos, quando nós, os santos, comparecermos ao tribunal de Cristo, a fim de prestarmos contas dos atos praticados enquanto estivemos no Corpo.

Então, que desde já possamos ser achados como homens e mulheres que sempre perguntam: “Pai, qual minha efetiva motivação para agir desta maneira? Por que quero realizar tal procedimento em Sua casa? O que anseio receber em troca de tal ação?”. Que o Espírito Santo venha nos revelar nossos próprios corações.

A. W. Tozer


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