Por que se preocupar em ser membro de
uma igreja local?
Já me fizeram essa pergunta antes. Às
vezes, ela é feita com uma genuína curiosidade: “Explique-me o que ser membro
significa”. Outras vezes, ela é feita com um quê de suspeita: “então, diga-me,
mais uma vez, porque eu devo me tornar um membro” – como se fazer parte da
igreja colocasse a pessoa automaticamente na lista de dízimos por débito
automático.
Para muitos cristãos, membresia soa como algo rígido, algo que você tem em um banco ou em um clube de campo, mas que é formal demais para a igreja. Mesmo quando se aceita que o Cristianismo não é uma religião solitária e que nós precisamos de uma comunidade e de comunhão com outros cristãos, nós, ainda assim, receamos nos tornar oficialmente parte de uma igreja. Para que isso? Por que encaixotar o Espírito Santo em categorias de membro/não membro? Por que se dar ao trabalho de pertencer a uma igreja local quando eu já sou membro da Igreja universal?
Alguns cristãos – por causa da
tradição da igreja ou da bagagem que possuem – podem não ser convencidos sobre
a membresia, não importa quantas vezes a palavra “membro” apareça no Novo
Testamento. Mas muitos outros estão abertos a ouvir sobre algo que eles não
conhecem direito.
Aqui vão algumas razões pela qual a
membresia importa.
1. Ao fazer parte de uma igreja, você
demonstra visivelmente seu compromisso com Cristo e com seu povo
Membresia é uma das formas de se
levantar a bandeira da fé. Você assume perante Deus e os outros que você é
parte desse corpo local de crentes. É fácil falar em termos quentinhos sobre a
igreja invisível – o corpo de crentes que estão perto ou longe, vivos ou mortos
–, mas é na igreja visível que Deus espera que você viva a sua fé.
Às vezes eu acho que nós não
ficaríamos clamando por viver em comunidade se já tivéssemos realmente
experimentado passar por isso. A verdadeira comunhão é algo difícil, pois temos
de lidar com pessoas muito parecidas conosco: egoístas, mesquinhas e
orgulhosas. Mas é para esse corpo que Deus nos chama.
Quantas cartas Paulo escreveu para
apenas uma pessoa? Apenas um punhado, as quais, em sua maioria, foram voltadas
para pastores. A maior parte de suas epístolas foram escritas a um corpo local
de crentes. Nós vemos a mesma coisa em Apocalipse. Jesus falou com congregações
individuais, como a de Esmirna, Sardes e Laodicéia. No Novo Testamento, não há
cristãos flutuando na terra do “só eu e Jesus”. Crentes pertencem a igrejas.
2. Fazer um compromisso é uma
declaração poderosa, em uma cultura de poucos compromissos
Muitas ligas de boliche exigem mais
de seus membros do que a igreja. Onde isso é algo real, então a igreja é um
triste reflexo da sua cultura. A nossa cultura consumista faz com que tudo seja
feito com o fim de atender as nossas preferências. Quando essas necessidades
não são atendidas, nós sempre podemos experimentar um outro produto, trabalho
ou esposa.
Juntar-se a uma igreja, nesse tipo de
ambiente, é uma afirmação contracultural. É dizer: “estou comprometido com esse
grupo de pessoas e eles estão comprometidos comigo. Estou aqui mais para dar do
que para receber”.
Mesmo que você vá ficar na cidade por
apenas alguns anos, não é uma má ideia participar de uma igreja. Isso faz com
que a sua igreja de origem (se você está estudando longe de casa, por exemplo)
saiba que você está sendo cuidado e faz com que a sua igreja atual saiba que
você quer ser cuidado por ela.
Mas a questão não é apenas sobre ser
cuidado, é sobre fazer uma decisão e ser fiel a ela – algo que a minha geração,
com a sua variedade de opções, acha difícil. Nós preferimos namorar a igreja –
tê-la por perto em eventos especiais, chamá-la para sair quando nos sentimos
sozinhos ou mantê-la por perto em dias chuvosos. A membresia é a única forma de
parar de namorar igrejas e se casar com uma.
3. Nós podemos ser excessivamente
independentes
No ocidente, isso é uma das melhores
e piores coisas sobre nós. Nós somos livres e pensadores críticos. Nós temos
uma ideia, e corremos em direção a ela. Mas quem está correndo conosco? E será
que estamos todos correndo na mesma direção? A membresia afirma formalmente:
“eu sou parte de algo maior do que eu. Eu não sou apenas um dentre três mil
indivíduos. Eu sou parte de um corpo”.
4. A membresia nos coloca sob
supervisão
Quando participamos de uma igreja,
estamos nos oferecendo uns aos outros para sermos encorajados, repreendidos,
corrigidos e servidos. Estamos nos colocando sob líderes e nos submetendo a sua
autoridade (Hebreus 13.7). Estamos dizendo: “Estou aqui para ficar. Eu quero
ajudá-lo a crescer em santidade. Você me ajuda a fazer o mesmo?”.
Mark Dever, no livro Nove Marcas de
uma Igreja Saudável (Editora Fiel, páginas 12 e 13), escreve:
Identificando-nos com uma igreja
particular, permitimos que os pastores e demais membros daquela igreja local
saibam que nós pretendemos manter um compromisso na frequência, na oferta, na
oração e no serviço. Nós ampliamos as expectativas de outros em relação a nós
mesmos nessas áreas, e tornamos claro que estamos sob a responsabilidade desta
igreja local. Nós asseguramos a igreja quanto ao nosso compromisso com Cristo
ao servir com eles, e pedimos o compromisso deles quanto a nos servir em amor e
nos encorajar em nosso discipulado.
5. Juntar-se à igreja ajudará seu
pastor e os seus presbíteros a serem pastores fiéis
Hebreus 13.7 diz: “Obedecei aos
vossos guias e sede submissos para com eles”. Essa é a sua parte como “leigo”.
E essa é a nossa parte como líderes: “pois velam por vossa alma, como quem deve
prestar contas”. Como pastor, eu levo muito a sério minha responsabilidade
perante Deus de cuidar das almas. Em quase todas as reuniões de presbíteros o
Manual de Instruções das Igrejas Reformadas da América – RCA Book of Church
Order – nos orienta a “procurar descobrir se qualquer membro da congregação
está em necessidade de cuidados especiais em relação a sua condição espiritual
e/ou não tem feito o uso adequado dos meios de graça”. Isso já é algo bem
difícil de se fazer em uma igreja como a nossa, onde há uma constante
rotatividade. Mas é ainda mais difícil quando nós não sabemos quem realmente é
parte desse rebanho.
6. Juntar-se à igreja lhe dá a
oportunidade de fazer promessas
Quando alguém se torna membro da
University Reformed Church, a igreja que eu pastoreio, ele promete orar,
ofertar, servir, comparecer aos cultos, aceitar a liderança espiritual da
igreja, obedecer aos ensinamentos e procurar as coisas que trazem unidade,
pureza e paz. Nós não devemos fazer essas promessas de qualquer jeito. Elas são
votos solenes. E nós devemos ajudar uns aos outros a nos mantermos fiéis a
elas. Se você não faz parte de uma igreja, você perde a oportunidade de fazer
essas promessas publicamente, convidando os presbíteros e o resto do corpo a
ajudarem você a se manter firme nessas promessas. Isso fará com que você, seus
líderes e toda a igreja percam grande benefícios espirituais.
Membresia é mais importante do que
muita gente pensa. Se você realmente quer ser um revolucionário contracultural,
aliste-se em uma classe de membresia, encontre-se com seus presbíteros e
junte-se a uma igreja local.
Por Kevin Deyoung
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